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Galinhas no choco

por Teresa Power, em 30.06.14

O nosso jardim rebenta de vida nova! Como contei aqui, temos três novos gatinhos:

 

 

E no galinheiro, saltitam e esgravatam cinco novos pintaínhos! Ontem, quando nasceram, ninguém saía de junto do galinheiro... Aqui ficam 20 segundos de animação:

 

 

Os meninos não se cansam de brincar com os gatinhos e de contemplar os pintaínhos! Os meninos, e não só: eu e o Niall divertimo-nos imenso a admirar estes pequenos milagres da natureza, e damos por nós parados diante do galinheiro, com um sorriso nos lábios, enquanto a mãe galinha ajuda os seus pequeninos a encontrar alimento.

 

Contemplar a vida nascente é sempre já uma forma de rezar. Tudo na natureza nos fala de Deus e nos conduz a Deus, se a soubermos ler! Jesus também estava acostumado a ver galinhas com os seus pintaínhos, e muito provavelmente cresceu, como os meus filhos, a escutar o seu cacarejo constante. Imagino Nossa Senhora, com Jesus Menino pela mão, mostrando-lhe as galinhas e falando-lhe de Deus, como eu procuro também fazer aos meus filhos... Tenho a certeza de que muitas das parábolas de Jesus surgiram na sua mente como recordações das palavras sábias e extremamente simples da sua mãe!

Um dia, ao entrar em Jerusalém para a sua derradeira visita, Jesus chorou sobre a cidade e lembrou-se destas imagens da sua infância:

 

"Quantas vezes, Jerusalém, Eu quis juntar os teus fihos como a galinha junta a sua ninhada debaixo das asas, e tu não quiseste!" (Lc 13, 34)

 

A imagem de um Deus Amor que nos reune com carinho sob as suas "asas" atravessa toda a Bíblia. Mas ontem, diante daquela galinha feliz com os seus pintaínhos, foi uma outra imagem que me veio à mente:

Sabem que para nascerem estas lindas bolinhas de penas foi preciso que a galinha estivesse três longas semanas sentada sobre os seus ovos, sem se mexer? Bem, eu só descobri isto quando vim viver para o campo... Eu sabia, vá lá, que as galinhas precisam de chocar os ovos, mas não sabia que precisavam de estar tão quietas sobre eles durante tanto tempo! De dois em dois dias deixam o choco para comer e esticar um pouco as pernas, mas não se demoram mais de cinco minutos, pois se o fizerem, os pintaínhos morrem dentro do ovo! Os meus filhos ficam sempre muito admirados a olhar para as galinhas chocas: como é que elas conseguem?

- Não se admirem assim tanto! - Expliquei-lhes eu então - Para o Francisco nascer, eu também tive de ficar, não apenas três semanas, mas cinco longos meses de cama!

Pois é... A minha primeira gravidez terminuou num aborto espontâneo, com toda a dor psicológica que isso acarreta. Sim, sofri muito então, sem imaginar que havia de sofrer ainda muito mais, anos mais tarde, com a morte do Tomás! Ainda bem que não conhecemos o futuro... Quando engravidei novamente, tive algumas perdas de sangue e contracções constantes. O obstetra recomendou-me repouso absoluto, e eu obedeci, cheia de medo de perder o meu bebé. Fui uma bela "galinha choca", muito quietinha durante um verão inteiro! Enquanto os meus amigos iam à praia, eu ficava ali, na cama... Depois, claro, veio a recompensa, e que recompensa!

 

Sei que não sou a única mamã a quem recomendam repouso absoluto durante a gravidez. Sei que não sou a única mamã a enfrentar perdas, a ver os seus sonhos desmoronarem-se, a sofrer derrotas... Sei que há mamãs aí desse lado a lerem este blogue deitadas na cama, para que os seus bebés possam nascer! Nada é em vão. Deus dá sentido a todas as nossas dores, e nem sequer precisamos de esperar pela vida futura para experimentarmos a sua recompensa... A felicidade está ao alcance da mão!

Hoje, como Maria de Nazaré e o seu Menino, contemplo as galinhas no meu galinheiro e penso em Deus. Hoje penso também  em todas as mamãs que aguardam, um pouco impacientes, a chegada dos seus bebés. Que ninguém se ofenda com a comparação... Se o próprio Deus Se comparou, na Bíblia, a uma galinha reunindo os seus pintaínhos! É para essas mamãs este post.

 

 

 

 

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publicado às 07:51

Abrir as prisões

por Teresa Power, em 29.06.14

Refeição familiar. Depois de cantarmos o nosso obrigado ao Senhor, começamos a comer e a conversar. Geralmente falamos todos ao mesmo tempo, mas hoje eu tenho uma notícia para dar:

- Meninos, a Meriem foi finalmente libertada!

Consegui a atenção de todos:

- Aquela mãe que também é doutora e teve uma bebé na prisão?

- Sim, essa mesma.

- Que bom! E já está em casa?

- Não propriamente. Quer dizer, já saiu da prisão, mas agora tem de ficar protegida numa casa especial até poder apanhar um avião e fugir para muito, muito longe.

- E para onde quer ela ir?

- Para a América. Temos de rezar para que consiga! Sabem que durante o tempo em que esteve na prisão, Meriem foi muitas vezes visitada por líderes muçulmanos para a convencerem a mudar de religião? Bastava ela dizer que sim, e era logo libertada!

- E porque é que ela não fingia que sim?

- David, se ela fizesse isso estava a negar Jesus!

- Mas seria só faz de conta!

- Jesus não quer que tenhamos medo. Jesus quer um povo de corajosos! Ele disse:

 

"Não temais os que matam o corpo e não podem matar a alma (...) Todo aquele que se declarar por Mim, diante dos homens, também Me declararei por ele diante do meu Pai que está no Céu. Mas aquele que Me negar diante dos homens, também o hei-de negar diante do meu Pai que está no Céu." (Mt 10, 28.32-33)

Meriam-Ibrahim

Imagem retirada de wwwthegardian.com

 

Imagem retirada de euroasianews.com

 

Demos glória a Deus pela libertação de Meriem Ibrahim, porque hoje como ontem, Jesus continua a abrir as prisões do medo, do fundamentalismo, da tristeza, e a trazer-nos para fora! Meriem esteve acorrentada durante vários meses, grávida de fim de tempo e a cuidar de um filho de ano e meio. Acorrentada, Meriem deu à luz uma menina. A foto que temos dela, no dia a seguir ao parto, sem condições de higiene, sem epidurais, sem marido a seu lado, sem carinho, é de plena felicidade, a foto de uma mãe que acaba de ver o rosto do seu bebé pela primeira vez.

Meriem esteve sempre acorrentada, mas o seu coração esteve sempre livre. Quando lhe perguntaram o que tencionava fazer agora, Meriem respondeu: "Está tudo nas mãos de Deus." Ah, uma confiança assim dá-nos asas para voarmos em liberdade!

Numa das imagens que temos dela, depois da libertação, vemo-la rodeada das Missionárias da Caridade, as missionárias da Madre Teresa de Calcutá. Tinha de ser! Estas irmãs são fortes como o aço e estão sempre na primeira linha de socorro aos mais necessitados.

 

Celebramos hoje S. Pedro e S. Paulo, os dois pilares da Igreja que deram a vida por Jesus. Com eles, quero celebrar também todos os santos modernos, homens e mulheres, que não se curvam diante dos ídolos deste mundo e são capazes de testemunhar Jesus Cristo até dar a vida por Ele. Isso sim, é ser cristão! Como me envergonho das vezes em que, por preguiça, deixei de anunciar Jesus, cheguei tarde à missa, falhei à minha oração pessoal ou familiar, preferi os meus interesses legítimos em vez dos do Senhor, ou aleguei o meu direito ao descanso para não ir ajudar um irmão...

Escreveu S. Paulo:

 

"Ainda não resististes até ao sangue na luta contra o pecado!" (Hb 12, 4)

 

Dá-nos, Senhor, uma fé, um amor e uma fortaleza assim! É dessa matéria que se fazem os santos.

 

 

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publicado às 08:02

Coração de Mãe

por Teresa Power, em 28.06.14

Com a cabeça no meu ombro, o David escutava atentamente mais um capítulo do livro Aventuras na Terra de Jesus, de que já falei aqui. Eu lia:

 

"Maria tinha-lhes pedido que fossem levar um doce que preparara para a anciã. Era incrível como ela conquistara rapidamente toda a Cafarnaum. Tinha chegado há pouco e já fizera amizade com quase toda a gente. Possuía um dom especial. As pessoas começavam logo a confidenciar com ela as suas preocupações e os seus mais secretos anseios" (P. 64)...

 

- Ena pá, Maria é mesmo assim, não é, mãe? - Atalhou o David, com um sorriso aberto na boca. - Eu acho que Maria gosta sempre de nos ajudar!

 

Alguns dias mais tarde, eu lia no mesmo livro:

 

"Ana (uma personagem simpática destas aventuras) falou de Maria com um carinho enorme. Já a sentia como sua própria mãe. O Gonçalo e o Diogo ouviram-na explicar essas coisas que eles já sabiam bem, pois conheciam Maria há muito tempo..." (p.86)

 

- É mesmo verdade! - Interrompeu novamente o David - A gente sente mesmo Maria como nossa mãe. Eu sinto! - E depois, voltando-se para a Lúcia, que segue a história à sua maneira, bem encostada a mim mas com atenção intermitente: - Sabes, Lúcia, Maria é mesmo nossa Mãe! É Mãe de Jesus e nossa. É de todos!

 

Faz-nos bem contemplar Maria. Em ninguém como nela se manifestou a graça de Deus e a salvação operada pela cruz de Jesus! Não há nem haverá sobre a Terra criatura de Deus mais humilde, mais simples, mais bondosa, mais amável, mais paciente, mais generosa do que Maria. Se houvesse, Deus tê-la-ia escolhido para Mãe de Jesus!

Faz-nos bem contemplar Maria. Quando o fazemos, damo-nos conta de que Deus não nos pede grandes coisas, mas sim pequenas coisas feitas com um grande amor, como dizia a Madre Teresa de Calcutá. Maria mostra-nos que a santidade está ao alcance de todos, dos mais pequeninos aos maiores, e que não depende de feitos extraordinários, de uma inteligência superior, de estudos ou de classes sociais. A santidade faz-se todos os dias, dizendo "sim" à vontade de Deus.

Maria é a "imagem e semelhança" (Gn 1, 27) de Deus, a realização perfeita do sonho de Deus para o ser humano. Como é bom saber que esta "imagem e semelhança" é simples, simples, simples... E nós somos tão complicados!

Escreveu o Papa Francisco na sua carta A Alegria do Evangelho, nº286:

"Maria é aquela que sabe transformar um curral de animais na casa de Jesus, com uns pobres paninhos e uma montanha de ternura. É aquela que tem o coração trespassado pela espada, que compreende todas as penas."

 

Podermos chamar Mãe a Maria é um dos mais belos presentes do amor de Deus. Que felicidade a nossa, ter uma Mãe assim! Hoje, dia do Imaculado Coração de Maria, rezo para que todos os cristãos experimentem esta alegria, como o David.  Afinal, foi o que experimentaram Isabel e João Baptista, quando Maria os visitou:

 

"Donde me é dado que venha ter comigo a Mãe do meu Senhor? Pois logo que chegou aos meus ouvidos a tua saudação, o menino saltou de alegria no meu seio." (Lc 1, 43-44)

 

 

 

 

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publicado às 07:53

Sagrado Coração de Jesus

por Teresa Power, em 27.06.14

Celebramos hoje a solenidade do Sagrado Coração de Jesus. Respondendo ao nosso desafio, várias famílias decidiram pôr mãos à obra e construir também uma imagem do Sagrado Coração de Jesus, para colocar à porta da sua casa. E como prometido, aqui fica hoje, numa grande homenagem ao Senhor, as fotos recebidas:

 

Da Raposa, a Olívia, mãe de uma Família de Caná fantástica, enviou esta bela montagem:

 

 

No mail, dizia assim: "Como prometido mando a foto do nosso Sagrado Coração de Jesus, fruto dos nossos serões e que hoje, depois de eu colocar a parte dos espinhos (encontrada também numa "Náturia" cá perto), ficou pronto para simbolizar a nossa casa! Os vizinhos vão ficar muito intrigados, provavelmente nem vão perceber, a não ser que perguntem! Mas o importante é que as meninas entenderam e ficaram felizes por também nós termos um Sagrado Coração de Jesus que nos guia, nos protege e nos ensina a amar!
O nosso foi feito com: papel "crepe" vermelho para as flores, cartão para a estrutura, restos de cartolina das chamas do Pentecostes, troços de videira para a cruz (como dizia Jesus: "Eu Sou a videira") e silvas com os espinhos dos nossos pecados. Ficou simples, tal como nós!" Simples e belo, Olívia!

 

A Maria de Jesus, de S. Pedro do Sul, outra maravilhosa mãe de Família de Caná, enviou esta foto:

 

 

Também a Maria de Jesus nos explicou o trabalho e o amor depositados neste belíssimo Coração: "Como as meninas ainda são pequenas e eu achei importante que elas participassem na elaboração do coração, este foi feito em cartolina, papel crepom e raminhos secos do nosso quintal. A Margarida ajudou a enrolar o papel vermelho para imitar flores (pequenos gestos de amor que damos a Jesus), a Inês amachucou os papéis amarelos para representar o fogo, ajudando depois a colar ambos, a mãe atou os raminhos e assim se fez um singelo coração de Jesus." Lindo, Maria de Jesus!

 

Ao longo do mês, esta família pôs também em prática uma ideia muito engraçada: todos os dias, as duas meninas fazem o seu exame de consciência. Se durante o dia foram capazes de fazer boas obras, oferecem um pequeno coração de cartão a Jesus, colando-o no cartaz no Canto de Oração:

 

Hoje, na missa, a segunda leitura é tirada da 1ª Carta de S. João. Diz assim:

 

"Caríssimos, amemo-nos uns aos outros porque o amor vem de Deus, e todo aquele que ama nasceu de Deus e chega ao conhecimento de Deus. Aquele que não ama não chegou a conhecer a Deus, pois Deus é amor. E o amor de Deus manifestou-se desta forma no meio de nós: Deus enviou ao mundo o seu Filho Unigénito, para que, por Ele, tenhamos a vida. É nisto que está o amor: não fomos nós que amámos a Deus, mas foi Ele mesmo que nos amou e enviou o seu Filho como vítima de expiação pelos nossos pecados." (1Jo 4, 7-10)

 

Celebrar o Sagrado Coração de Jesus é anunciar esta boa notícia a toda a terra: o Criador do Universo, o Deus que rege o destino do cosmos tem Coração! Somos amados pelo próprio Amor! E tudo o que façamos de bom e de belo na nossa vida, fazemo-lo porque primeiro, Ele nos amou. Que a nossa vida seja então um grande "obrigado" a Jesus...

 

 

 

 

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publicado às 07:23

Meia hora

por Teresa Power, em 26.06.14

Escrito pela Clarinha:

 

"Há alturas do dia em que me sinto cansada. Nessas alturas é perigoso estar ao pé de mim! Quando os manos me pedem para brincar, não faço um esforço para que eles se divirtam. E ficamos todos tristes.

Mas noutras alturas estou completamente ao contrário. Foi o que aconteceu ontem: a minha mãe pediu-me a mim e ao Francisco para tomarmos conta dos manos enquanto ela trabalhava no computador. Cada um tomava conta durante meia hora. Decidimos que primeiro seria eu. Comecei a fazer jogos com eles, corríamos, riamo-nos, deitavamo-nos no sofá durante dez segundos a descansar e começávamos a correria de novo. Foi uma meia hora bem divertida. No final, todos molhados nas costas, fomos beber um copo de água. Finalmente tinha acabado a minha meia hora, mas os manos suplicaram-me que não parássemos de brincar.

Quando nos oferecemos aos outros e os ajudamos a estar felizes, sentimos cá dentro um pequeno lume aceso e nós próprios nos sentimos felizes! É como se tivéssemos estado a fazer algo para nos agradar a nós próprios!"

 

 Apetece-me concluir este texto da Clarinha com uma citação de S. Paulo:

 

"Recordai-vos das palavras que o próprio Senhor Jesus disse: «A felicidade está mais em dar do que em receber»" (Act 20, 35)...

 

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publicado às 07:33

O som do mar

por Teresa Power, em 25.06.14

Cá em casa, somos grandes fãs da praia em junho e primeira quinzena de julho, quando o areal está suficientemente desimpedido e podemos brincar à vontade. Assim, nos dias em que não tenho exames para vigiar ou reuniões na escola, costumo meter os seis no carro e lá vamos nós, felizes, passar a manhã à beira-mar. Infelizmente, a chuva tem estragado os nossos belos planos! Ontem passámos o dia inteiro em casa, o que causou uma certa impaciência nos mais novos.

- Quero ir ao mar! - Gritava o António, mal disposto.

- Também eu, António, mas está a chover!

- Vamos amanhã? - Perguntava a Lúcia.

- Amanhã não, porque tenho de ir à escola. Vamos depois de amanhã.

- Isso é muito tempo!

Lembrei-me então de uma pequena brincadeira:

- Meninos, vão buscar os búzios que estão no armário da entrada. Aqueles grandes que apanhámos na Irlanda quando a Lúcia era bebé!

Trouxeram-mos a correr. Expliquei-lhes que, se colocassem os búzios ao ouvido, poderiam escutar o marulhar das ondas e o som da brisa com cheiro a maresia... Em silêncio, eles puseram-se à escuta:

 

Às vezes ponho-me a imaginar o que teria experimentado Abraão quando, pela primeira vez, escutou a voz do Deus Único. Talvez a voz de Deus tenha soado um pouco como o som do mar num búzio... Misteriosa, e contudo tão simples, distante, e contudo tão perto! Abraão precisou de silenciar muitas vozes à sua volta, para se poder concentrar nesta voz nova que queria transformar toda a sua vida. Não deve ter sido nada fácil!

E assim terá acontecido também a Moisés, Samuel, David, Isaías, Maria de Nazaré, José de Nazaré. O mar que se esconde num búzio, o Deus do universo que se esconde no mais profundo do coração humano...

 

Naquela noite, Samuel escutou uma voz que chamava: "Samuel! Samuel!" Levantando-se de um salto, Samuel correu ao quarto de Eli, pensando ter sido ele a chamar. Mas estava enganado! Por quatro vezes a voz repetiu: "Samuel! Samuel!" À quarta vez, Samuel percebeu Quem o chamava. E respondeu prontamente: "Fala, Senhor, que o teu servo escuta" (1Sm 3, 10),

 

Há momentos na vida em que precisamos de desligar todas as vozes do mundo: desligar as vozes da televisão, especialmente daqueles programas sem conteúdo ou com conteúdo contrário aos valores cristãos; desligar as vozes dos homens, especialmente quando são maledicentes; desligar as vozes interiores dos nossos medos e revoltas, fundamentalismos e lamúrias. Estaremos então em condições de escutar a voz de Deus! Ela far-se-á ouvir devagar e muito baixinho, como o som do mar num búzio qualquer...

Façamo-lo diariamente, num tempo pessoal e familiar de oração. E façamo-lo também durante um dia inteiro de retiro. Porque não experimentam? Inscrevam-se no Retiro Famílias de Caná em Proença-a-Nova! Estaremos lá à vossa espera. Mas acima de tudo, Jesus estará lá à vossa espera. Se puderem vir com a familia toda, óptimo. Mas não deixem de vir porque o pai não alinha, ou porque estão divorciados, ou porque ainda não têm filhos, ou porque ainda não estão casados!

 

Talvez o Senhor já tenha chamado algumas vezes... Samuel respondeu à quarta vez. E nós?

 

 

 

 

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publicado às 07:59

No cimo da árvore

por Teresa Power, em 24.06.14

Anteontem à noite, no meio da chuva que caía com força, ouvimos uns miados aflitivos em Náturia, no descampado por detrás da nossa casa. Depois de uma boa meia hora a escutar os mesmos sons, o Niall decidiu enfrentar a chuva e procurar o autor de tantos gemidos. Passados alguns minutos, regressou a casa e saiu de novo, desta vez munido de um escadote. Fiquei à espera, curiosa. Quando regressou, trazia isto nos braços:

 

- Que é isto, Niall? Não nos bastava a Pantufa (afinal não é o Pantufa, mas a Pantufa) e a Branquinha?

Ele encolheu os ombros, resignado:

- Não podia deixá-los a chorar no cimo de uma árvore, podia? Quem abandona assim os gatos não tem coração. Mas eu tenho!

Cá em casa, a animação tem sido grande. Quatro gatinhos pequeninos, todos a correr e a saltar por todo o lado, é bastante divertido! Especialmente quando se tem menos de sete anos. A Sara então, fica tão entusiasmada, que não sabe para onde se virar! E eles, claro, depois de experimentarem uma vez a sua mão sapuda, fogem dela a sete pés!

 

 

 

A Pantufa já gosta de se deitar aos pés de Nossa Senhora:

 

A Branquinha, que encontrámos há cerca de duas semanas na horta (provavelmente "oferecida" pelo mesmo vizinho que "ofereceu" a Bella) é muito pequenina, mas muito patriota:

 

O Tiger e o Riscas (ou serão a Tiger e a Riscas?) são do mesmo tamanho da Branquinha, e desconfiamos que sejam irmãos pela forma carinhosa com que se enroscaram uns nos outros, depois do salvamento espectacular do Niall. 

Agora precisamos de arranjar casas para dois ou três destes gatinhos. Se conhecerem alguma aqui perto, digam!

 

Aquela árvore no meio da tempestade e da noite, os gatinhos a miar aflitos lá em cima, o Niall encharcado empoleirado num escadote... Jesus disse no Evangelho:

 

"Não se vendem dois pássaros por uma pequena moeda? E nem um deles cairá por terra sem o consentimento do vosso Pai! Quanto a vós, até os cabelos da vossa cabeça estão todos contados! Não temais, pois valeis muito mais do que os pássaros." (Mt 10, 29-31)

 

É tão difícil acreditar nisto! Eu sei que tenho repetido esta ideia neste blogue de tempos a tempos. E continuarei a repetir, pois estou convencida de que esta Palavra é absolutamente fundamental na nossa vida. Acreditaremos nós verdadeiramente nela? Acreditaremos nós que Deus cuidou daqueles gatinhos, ao ponto de chamar o Niall para os ir buscar ao cimo da árvore? Acreditaremos nós que valemos muito, mas muito mais do que um gatinho? E que, por nós, Deus está disposto a subir a qualquer árvore, debaixo de qualquer tempestade, para nos resgatar?

Bem, Deus já o fez... Por nós, Jesus subiu à Arvore da Cruz e, de braços abertos, deu a vida para nos resgatar! Quando acreditaremos verdadeiramente nisto? No dia em que o fizermos, seremos profundamente felizes...

 

 

 

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publicado às 08:44

Guitarras e pandeiretas

por Teresa Power, em 23.06.14

A Cláudia e o Cristóvão são os jovens pais de três adoráveis meninas, todas com menos de quatro anos. No espaço de uma semana, conheceram este blogue e inscreveram-se no último retiro Famílias de Caná que fizémos . Foi uma inscrição pouco pensada, e ainda bem, porque quando pensamos muito surgem sempre obstáculos! O retiro fez-se, a Cláudia e o Cristóvão tiveram uma experiência memorável, e como vivem em Coimbra, a meia hora de Mogofores, ontem decidiram vir à missa aqui no Santuário para podermos estar de novo juntos. Depois almoçaram em nossa casa. Foi uma tarde maravilhosa! Entre muitas coisas, contaram-nos que, depois do retiro, decidiram aprender a tocar guitarra. Como não têm ninguém que os ensine, estão a fazer um curso online!

Mas... Que resolução estranha, pensam vocês. Sair do retiro com vontade de tocar guitarra?!

 

No Livro do Êxodo, escutamos como Moisés retirou o povo do Egipto, fazendo-o atravessar o Mar Vermelho, e como os carros e os cavalos do Faraó ficaram sepultados nesse mesmo mar. Assim que deram conta de estarem salvos, os Hebreus exultaram de alegria e louvaram o Senhor. Mas não o fizeram apenas com palavras! Ora leiam comigo:

 

"Maria, a profetisa, irmã de Aarão, tomou nas mãos uma pandeireta, e todas as mulheres saíram atrás dela com pandeiretas, a dançar." (Ex 15, 20)

 

Cá em casa, cantar e dançar para Deus é bastante comum. Até a Sara já sabe do que se trata! Numa das nossas orações, esta semana, não resisti e, enquanto cantavam, fui a correr buscar a máquina fotográfica. São trinta segundos que aqui vos deixo como "aperitivo" para o retiro (se ainda não se inscreveram, façam-no aqui):

Será isto oração? Assim se perguntam certamente alguns cristãos. A oração passa pelo silêncio, pela meditação da Palavra, pela repetição de algumas palavras ao ritmo do coração, como o terço, e passa também pela exultação, pela dança, pelo louvor feliz. Quando se é pequenino, como a Sara, talvez a oração seja simplesmente esta dança divertida, com a família bem disposta e reunida num único lugar. Para a Sara, a oração é certamente um dos momentos mais felizes do seu dia. Que melhor alicerce senão a alegria para fazer desabrochar numa criança o gosto pela oração? Antes de aprender a gritar "Goooooolo!" Antes de aprender a gritar "Cristiano Ronaldo!" eu quero que a Sara levante os braços e grite "Jesus!"
Uma das características mais marcantes das Famílias de Caná é a alegria. Com vidas mais ou menos difíceis, com mais ou menos saúde, com mais ou menos dinheiro, todos procuramos viver a fé como uma imensa festa, para glória de Deus. A Cláudia e o Cristóvão sairam da nossa casa a saber tocar alguns cânticos simples. Hoje já deve haver dança lá em casa! Mas não é preciso fazer um curso de guitarra - embora dê jeito... Se tiverem uma pandeireta, façam como Maria, a profetisa, e logo toda a família sairá atrás, a dançar!

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publicado às 07:24

Namorados de Deus

por Teresa Power, em 22.06.14

Oração da noite. Sentados junto ao Canto de Oração, meditamos nas leituras do missal.

- "O Senhor escolheu Sião para sua morada." (Sl 131/132)

- É para te imitar, mãe? - Como eu expliquei aqui, a Lúcia juntou-se recentemente à oração dos "grandes" e tem muito para aprender.

- Sim, Lúcia. Quando lemos um salmo, primeiro eu leio o refrão, depois vocês repetem.

- "O Senhor escolheu Sião para sua namorada." - "Imitou" a Lúcia, triufante. Gargalhada geral! Envergonhada, a Lúcia baixou os olhos.

- Não vale a pena rir, porque a Lúcia até tem razão - atalhei eu.

- Namorados de Deus? Que disparate, mãe! - Riu-se o David.

- Sim, namorados de Deus. Ora vamos lá abrir a primeira página da Bíblia. Já está? Leiam comigo:

 

"No princípio, quando Deus criou os céus e a terra, a terra era informe e vazia, as trevas cobriam o abismo e o Espírito de Deus movia-se sobre a superfície das águas." (Gn 1, 1)

 

- Agora vamos ler a última página da Bíblia:

 

"O Espírito e a Esposa dizem: "Vem!" O que tem sede que se aproxime; e o que deseja beba gratuitamente da água da vida." (Ap 22, 17)

 

- Que diferença encontram entre a primeira e a última página da Bíblia, relativamente ao Espírito de Deus?

- No início está sozinho... - Arriscou o Francisco.

- E no fim tem uma esposa! - Concluiu a Clarinha.

- É isso mesmo! Então isso significa que a Bíblia inteira é... o tempo de namoro entre Deus e o seu povo! Tantas vezes na Bíblia Deus se refere ao povo como a sua amada! Deus quer que O amemos como o nosso melhor amigo.

- O namorado é o melhor amigo!

- Isso mesmo, Lúcia. É assim que Deus quer que O amemos: com amor exclusivo, com amor recíproco, como dois namorados. Deus passa o tempo a dizer-nos palavras de amor! Deus quer que Lhe digamos também palavras de amor. Por exemplo, podemos repetir: "Jesus, eu amo-Te!" E assim, pouco a pouco, fazemos a caminhada da Bíblia - vamos da nossa solidão à união com Deus! No céu, ela será completa...

 

 

 

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publicado às 07:34

Pirilampos

por Teresa Power, em 21.06.14

Estas últimas semanas têm sido muito cansativas, cheias de reuniões de avaliação, relatórios, acções de formação e milhares de papéis. O Niall também tem tido muito que fazer aos serões, diante do computador, pelo que o nosso tempo de casal tem sido muito limitado! Costumamos medir esta falha de tempo pela quantidade de gargalhadas que damos em conjunto. Ninguém me faz rir como o Niall, e se um dia nos deitamos sem nos rirmos com gosto, nota-se logo a diferença!

O nosso "tempo de casal" não precisa de ser longo. Às vezes são quinze minutos ao serão, depois de todos já estarem a dormir; outras, são quinze minutos de manhã, antes de todos acordarem. O importante é rirmo-nos juntos, brincarmos um com o outro, abraçarmo-nos, aprendermos a não levar muito a sério os conflitos que vão surgindo entre nós. Mas não podemos viver sem este tempo!

Nestes dois últimos serões, e para compensar a falta de gargalhadas dos últimos dias, decidimos fazer uma pequena caminhada ao serão. Quanto já todos os pequeninos dormem, deixamos o Francisco e a Clarinha a ler na sala e passeamos nas ruas à frente e atrás da nossa casa, suficientemente perto para o Francisco nos chamar se for preciso. Como não nos podemos afastar, damos várias voltas à casa antes de regressar.

Que noites tão bonitas! Ouvem-se as cigarras e as rãs a coaxar no riacho, as estrelas brilham no céu, e por todo o lado esvoaçam pirilampos. São milhares de luzinhas a piscar à nossa volta! Nunca me canso de contemplar a criatividade de Deus, que faz o dia e a noite e que cuida de cada insecto com amor. De mãos dadas, falamos dos filhos, falamos de Deus, falamos do nosso dia e dos problemas e alegrias que tivémos, falamos dos sonhos que temos e falamos das Famílias de Caná. De mãos dadas, rimos e abraçamo-nos. Parecemos dois namorados!

São só quinze minutos...

- Já? - Pergunta-nos o Francisco quando nos vê entrar em casa. E depois, com o seu sorriso divertido e levemente irónico - Mãe, deves estar muito cansada! Foi uma caminhada enorme!

Quem sorri divertida sou eu. Um dia ele irá compreender...

 

                              (a lua no nosso jardim...)

 

Quando Deus criou Adão e Eva, também gostava de os acompanhar nos seus passeios. Segundo consta, Adão, Eva e Deus costumavam "passear no jardim pela brisa da tarde" (Gn 3, 8)...

 

 

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publicado às 07:57

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