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Sarau de Natal

por Teresa Power, em 30.12.15

- Meninos, hoje durante o dia todos preparam uma peça para o sarau de Natal - Anuncia o Niall ao pequeno-almoço.

Grande excitação:

- Uma peça? Pode ser uma canção?

- Um truque de magia?

- Um poema?

- Ou uma história...

- Uma rima!

- O que quiserem. E claro, também vamos fazer a representação completa da história do Natal. Decidam entre vocês as personagens e procurem as roupas apropriadas!

Todos lançam mãos à obra. Não há tempo a perder, e os saraus na nossa casa costumam ser bem divertidos. Ninguém quer ficar para trás! Durante todo o dia, trocam-se segredinhos, procuram-se histórias, o Francisco fecha-se no quarto a preparar a sua magia, a Lúcia escreve a sua peça numa folha de papel e ensaia a Sara a preceito.

Jantamos cedo, para termos tempo para o nosso sarau. Ainda não são oito horas quando a festa começa! Eu sou a narradora:

 

"Por aqueles dias, saiu um édito da parte de César Augusto para ser recensada toda a terra... Também José, deixando a cidade de Nazaré, na Galileia, subiu até à Judeia, à cidade de David, chamada Belém..." (Lc 2)

 

- Depressa, Sara, não deixes cair as asas! Anda, sobe para a cadeira! Isso...

 

"E quando eles ali se encontravam, completaram-se os dias de Maria dar à luz. E ela teve o seu filho primogénito, que envolveu em panos e recostou numa manjedoura, por não haver lugar para eles na hospedaria." (Lc 2)

 

- Truz-truz! Ó da casa!

O António é um S. José muito compenetrado.

- Olha, Maria, ninguém nos abre a porta! Anda, está ali uma gruta!

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 "Na mesma região encontravam-se uns pastores que pernoitavam nos campos, guardando os seus rebanhos durante a noite. Um anjo do Senhor apareceu-lhes, e a glória do Senhor refulgiu em volta deles. E tiveram muito medo. O anjo disse-lhes: «Não temais, pois anuncio-vos uma grande alegria, que o será para todo o povo. Hoje, na cidade de David, nasceu-vos um Salvador, que é o Messias Senhor. Isto vos servirá de sinal: encontrareis um menino envolto em panos e deitado numa manjedoura.»" (Lc 2)

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- Sara, podes voltar para o teu lugar, que a pastorinha já vai visitar o Jesus. Isso, vai batendo as tuas asas!

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 "Tendo Jesus nascido em Belém da Judeia, no tempo do rei Herodes, chegaram a Jerusalém uns magos vindos do Oriente..."

(Mt 2)

 

- Olha o Francisco com o telescópio que a Lúcia recebeu no Natal!

- Achas que os magos tinham telescópio?

- Bem, acho que não tinham cachecóis de Portugal. Mas vamos ouvir a história...

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 "Os magos puseram-se a caminho. E a estrela seguia adiante deles, até que, chegando ao lugar onde estava o Menino, parou. Ao ver a estrela, sentiram imensa alegria; e, entrando na casa, viram o Menino com Maria, sua mãe. Prostrando-se, adoraram-no; e abrindo os cofres, ofereceram-lhe presentes: ouro, incenso e mirra." (Mt 2)

 

- O que é "prostrando-se"?

- É adorando com a cabeça por terra, assim...

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 - Vamos cantar?

- Toca, David, na tua guitarra nova! A Clarinha acompanha no bandolim. Vamos cantar...

- O Menino está dormindo nas palhinhas deitadinho!

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Depois desta belíssima representação, chega a hora de cada um fazer a sua peça no sarau. O David explica-nos o significado de algumas palavras bíblicas, como "confins" da terra. Segundo podemos perceber, o seu pequeno missal mensal traz muitas informações interessantes!

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 A Clarinha canta-nos uma canção de Natal acompanhada do seu novo bandolim, enquanto com os pés toca outros instrumentos, no mínimo, interessantes:

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A Lúcia e a Sara leem juntas uma bela história. A Sara está tão bem ensaiada pela irmã, que não falha uma única das suas falas, memorizadas a rigor! Ora vejam como são difíceis as falas da Sara: "Uma história de Jesus" e "Eu sou a Sara, de três anos". Quanto à Lúcia, a sua versão dos acontecimentos de há dois mil e quinze anos atrás é simplesmente fantástica!

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 O António fala-nos da difícil tarefa de S. José, a bater de porta em porta. Nas mãos tem um belo desenho, que ilustra na perfeição a sua narrativa:

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 O Francisco conta-nos toda a história do Natal num único truque de magia. Que delícia, ver como a Rainha de Corações dá à luz o Messias, que é o Rei de Corações! Os Corações de Maria e de Jesus também podem ser representados num baralho de cartas, pois então!

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Por fim, a mãe e o pai declamam dois poemas de Natal.

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 O sarau chega ao fim. São nove e meia da noite, e os mais pequeninos têm de dormir. Mas ninguém quer que a festa termine. A Sara vem ter comigo de mansinho e faz-me uma pergunta:

- Podemos fazer tudo outra vez?

- Não, Sara, não podemos fazer tudo outra vez. Mas vamos terminar com uma canção. Queres cantar sozinha, enquanto bates as tuas asas de anjinho?

A Sara concorda. Deixo-vos com a sua canção, e desejos de um 2016 cheio de bênçãos do Senhor!

Venham a Fátima, fazer retiro e passar a Porta Santa connosco! É já no dia 2, e queríamos tanto encher a sala maior do Centro Paulo VI! Ainda faltam muitas famílias para o conseguirmos, mas Natal é tempo de milagres. Inscrevam-se! Na coluna lateral deste blogue têm toda a informação necessária!

 

 

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Natal

por Teresa Power, em 28.12.15

- Sara, amanhã é dia de Natal! Não chores!

A Sara estava triste porque não queria ir embora. Estávamos na casa das avós, onde passámos toda a tarde e a consoada de dia 24. Depois de um belo jantar, cantámos cânticos de Natal em volta do presépio e agora chegara a altura de ir para casa. Mas a Sara não queria ir embora.

- Amanhã, Sara, quando acordares é Natal! Sabes o que é Natal?

A Sara sabia:

- Jesus vai nascer.

- Pois é, Jesus vai nascer. E para celebrar tão grande festa, tu vais ter prendas!

Por esta não esperava a Sara.

- Prendas?

- Sim! - Os manos conhecem todos os segredos do Natal: - Amanhã, quando acordares, acordas o papá e a mamã, porque eles têm a chave da sala bem guardada debaixo da almofada...

- Claro! Não queremos correr o risco de ter os presentes todos desembrulhados às duas da manhã, como já quase aconteceu! E não se atrevam a acordar-nos antes das seis horas, que nós só abrimos a porta às seis!

A expetativa das prendas de Natal convenceu a Sara a entrar no carro para regressar a casa. A viagem de regresso, pelas estradas desertas, sob a luz das estrelas e ao som dos cânticos de Natal, é em si mesma uma oração.

Sete da manhã, dia de Natal:

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E quando a porta se abriu, que alegria! Papel de embrulho por todo o lado, gritos de excitação, a sala transformada em cenário de fantasia...

Depois, entre exclamações de felicidade, ajoelhámos e agradecemos ao Menino todas as bênçãos deste ano e deste Natal.

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E depois de um pequeno almoço de festa, com bolos e panquecas, chegou o momento principal do Natal: a missa.

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 O dia foi de festa, entre muitas brincadeiras com os primos e tempo de conversa calma para os adultos. Natal é também esta disponibilidade para estar com a família alargada, sem pressas.

- Meninos, vamos rezar o terço - Anunciei, na viagem de regresso de Coimbra até casa. Geralmente, o terço leva pouco mais de quinze minutos a rezar, mas desta vez durou a viagem inteira, cerca de meia hora. É que a cada mistério da alegria, aproveitei para contar a história do Natal com todos os pormenores. Há tantos detalhes que as crianças desconhecem, e que tornam a história tão bela! Porque ficou Maria perturbada com o anúncio do anjo? Como se chamava a terra onde vivia Isabel? Porque teve Maria de ir a Belém? Quem estava no Templo à espera de Jesus, quando Maria e José O foram apresentar?

- Vamos para o último mistério da alegria - Anunciei, já muito perto de casa. - Quem sabe qual é?

- Eu sei! Eu sei!

- Então diz lá, António.

- Jesus e os médicos!

- ???????

Pois... Que outros "doutores" conhece o António? Por entre gargalhadas, fui explicando a diferença entre os médicos e os doutores da Lei. A oração do Rosário é para nós a forma mais simples e eficaz de ensinar a Palavra.

Chegou a noite, e com ela, a hora de oração familiar. O dia foi perfeito, e há que agradecer. Agora temos mais dois belos instrumentos a encher de música esta nossa oração:

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 E apesar de só terem passado doze horas desde que o David e a Clarinha descobriram os seus presentes de Natal, o som já é maravilhoso!

A Árvore de Jessé está pronta, cada símbolo uma história de amor...

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Por sobre o Presépio, as estrelinhas das nossas obras de misericórdia iluminam a noite...

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Que segredos de misericórdia guardará cada uma delas?

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"Anuncio-vos uma grande notícia: Hoje, na cidade de David, nasceu-vos um Salvador!" (Lc 2, 11)

 

Feliz Natal!

 

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Feliz Natal!

por Teresa Power, em 24.12.15

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O mais velho de muitos irmãos

por Teresa Power, em 21.12.15

Escrito pelo Francisco:

 

Eu gosto de imensa coisa, tenho sempre imenso para fazer, muitas atividades… mas também tenho muitos irmãos. Nem sempre é fácil conciliar a magia, cubo mágico, invenções e construções que vou fazendo com a tarefa de grande responsabilidade, divertida (e trabalhosa) de tomar conta dos meus irmãos, em particular da Sara. Esta, quando só eu é que estou a tomar conta dela, passa o tempo agarrada a mim e a querer fazer tudo o que faço, seja ilusões com fogo ou projetos com eletricidade. Claro que assim que ouço “podes tomar conta da Sara uns minutinhos (ou umas horas)?” tenho de parar imediatamente qualquer atividade mais perigosa do que resolver um cubo mágico, se não quero sarilhos…

Mas com a prática comecei a conseguir fazer tudo ao mesmo tempo, continuar a trabalhar com os mais pequenos ao colo ou agarrados às minhas pernas enquanto me atiram almofadas à cara. Sei os riscos de me sentar ao computador para editar um novo vídeo para o meu canal do youtube, mas já sei as técnicas para ter a Sara ao meu colo sem que ela clique no “Delete” demasiadas vezes e o António e a Lúcia suficientemente sossegados para não ficar com ruido de fundo numa gravação.

Faço muitos espetáculos de magia com crianças e treinar com os meus irmãos dá muito jeito para saber o que é que eles compreendem e não compreendem, ou evitar pequenos erros de ofício no que toca a motivar as crianças (não quero que, depois de um espetáculo meu, vão para casa enrolar uma corda à volta do pescoço e tentar soltar!). Se vejo que o António tenta imitar-me logo a seguir, já sei que tenho de ter cuidado com aquele truque, se vejo a Lúcia com ar de quem está a apanhar uma seca, vou logo ao documento onde tenho a rotina do espetáculo e apago esse truque da lista…

Mas não é tudo! Isto ajuda-me a ser muito mais paciente. Não é fácil estar a meio de soldar um LED a dois cabos num emaranhado de fios e ser interrompido pelo David a pedir ajuda com uma conta de dividir. E também não é fácil estar a ajuda-lo e pensar que o ferro de soldar pode estar a queimar a mesa de trabalho… Tenho de ter paciência e ordenar as tarefas por ordem de importância na minha mente: 1º Ajudar os manos, 2º salvar o trabalho no PC antes que a Sara o elimine. É uma luta na minha consciência, pois o cubo mágico de 5x5x5 está quase resolvido e demorou 10 min para chegar aquele ponto e o António está perigosamente entusiasmado com ele, mas a Clarinha está a precisar de ajuda para o teste do dia seguinte. Tenho que ir contra a minha vontade para seguir o lema JOY: Jesus first, Others second, You last.

 

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A festa na Terra...

por Teresa Power, em 17.12.15

Na cozinha, a Clarinha aproveita a tarde livre para fazer queques de chocolate...

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 ... que ao jantar serviu num... prato também de chocolate, e também feito por ela! Vejam lá quem é artista?

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Os queques e o prato desapareceram num instante...

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 Parabéns, Tomás!

- Quem gosta dos bolinhos em honra do Tomás?

- Eu!

- Eu!

- Eu!

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Depois da refeição, a oração familiar. A vela do Tomás ilumina o Canto de Oração, e todos lhe querem pegar...

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A festa na Terra terminou, mas no céu nunca terminará! No terceiro domingo do Advento, Domingo da Alegria, o Papa Francisco lembrou-nos que, aos cristãos, não é consentida a tristeza, pois já fomos salvos por Jesus, como anunciou o profeta Sofonias:

 

"Não desfaleçam as tuas mãos, Jerusalém: o Senhor teu Deus está no meio de ti, como poderoso salvador. Por causa de ti, Ele alegra-se, renova-te com o seu amor, exulta de alegria como nos dias de festa." (Sof 3, 14-18)

 

Um dia não haverá mais choro, nem mais tristeza, nem mais dor, nem mais morte. Um dia... Mas esse dia já começou, há dois mil e quinze anos atrás! E o nosso menino do Natal aponta-nos para um outro Menino, de um Natal que nunca terá fim. Afinal foi esse mesmo Menino que nos inspirou a dar ao Tomás o segundo nome de Emanuel, que quer dizer Deus-Connosco... Nem nós imaginávamos o quanto!...

Alegremo-nos e façamos festa, porque o Senhor está connosco! Ámen.

 

 

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Parabéns, Tomás!

por Teresa Power, em 16.12.15

Terias hoje onze anos. Como será fazer anos no céu? Haverá uma festa especial? O teu anjo da guarda saltará de alegria à tua volta? Jesus tomar-te-á nos braços com carinho a duplicar? Será que o bolo de anos de Maria é melhor que o meu?... São perguntas assim que os teus irmãos me fazem neste dia, quando acendemos a tua vela e te cantamos os parabéns, à mesa do jantar.

E no entanto, nada do que possamos responder se assemelha sequer à festa que tu vives... S. Paulo, que teve visões e êxtases sem fim, e que subiu, segundo contou, ao sétimo céu, reconhecia contudo que o céu verdadeiro, aquele que só conhece quem já não vive na Terra, esse céu é infinitamente melhor que a nossa mais bela imaginação. Escreveu ele:

 

"Nem olho viu, nem ouvido ouviu, as maravilhas que Deus tem preparadas para aqueles que ama..." (1Cor 2, 9)

 

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Eu sei que, se pudesses escolher, não quererias regressar a esta Terra de sombras. Eu sei que, aí onde estás, a tua capacidade de amar se aprofunda a cada instante de eternidade que passa, e hoje me amas mais do que qualquer um dos teus irmãos. Eu sei, com a sabedoria que só a fé pode dar, que és feliz, plenamente feliz, e que a tua alegria é completa. Há muito que deixei de me demorar em pensamentos estéreis, desejando uma realidade diferente da que é nossa... Hoje, quando vejo no colégio os meninos que deveriam ser os teus colegas de turma - sim, eu sei bem quem eles são, porque nunca os perdi de vista... - já não me deixo tomar pela nostalgia do que podia ter sido, mas não é. Tudo isso, querido filho, passou, porque Deus me concedeu a graça de querer apenas o que Ele quer. Deus, Tomás, só Deus nos basta...

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Obrigada, meu Deus, porque criaste o Tomás!

 

 

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Cubos, fé e amigos

por Teresa Power, em 15.12.15

O primeiro período está a chegar ao fim. Para o Francisco, foi o primeiro período da sua vida numa escola que não o Colégio Nossa Senhora da Assunção. Outro dia, quando fui ao Colégio buscar os mais novos, encontrei sentados nos degraus da entrada dois meninos do primeiro ciclo com o Cubo de Rubik na mão, procurando animadamente resolvê-lo. Sorri para comigo, enquanto pensava: "Marcas do Francisco no Colégio..." De facto, foi o Francisco a levar a "moda" do cubo para o colégio, "moda" que vai passando de criança para criança, de jovem para jovem, arrancando meninos aos telemóveis e aos jogos de computador para o entusiasmo com um desafio tri-dimensional, como o Francisco gosta de explicar.

Entretanto, na Escola Básica e Secundária de Anadia, onde eu leciono e o Francisco frequenta o 12º ano por não ter possibilidade de escolher Física no Colégio neste ano letivo, há já um pequeno grupo de alunos de cubo na mão, nos intervalos. Não foram precisas mais do que algumas semanas para o Francisco contagiar vários colegas com o seu entusiasmo por desafios e quebra-cabeças!

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 - Mãe, hoje estou muito contente - Disse-me o Francisco outro dia, quando entrou no carro para regressar comigo a casa depois das nossas aulas.

- Então, tiveste entrega de algum teste?

- Não. Estou contente por outra razão. Sabes, um dos meus colegas, com quem me estou a dar particularmente bem, agradeceu-me ter vindo para esta escola.

- Que bom! E que te disse ele?

- Disse-me que sempre foi uma criança e um adolescente entusiasmado com a vida, a ciência, os desafios, enfim, todas as coisas que a mim me entusiasmam também. No entanto, para se poder integrar nos grupos e escolas por onde foi passando, foi esquecendo essa sua paixão. Há já muito tempo que não agarrava novos desafios... Então eu cheguei a esta escola com o cubo, o ilusionismo, os sites de ciência e de desafios que vejo na net, o meu canal e toda esta minha forma de encarar a vida, e ele redescobriu a sua antiga paixão. Agora, disse-me ele, está de novo entusiasmadíssimo com projetos, ideias e desafios, e agradeceu-me por isso.

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Sorri, enquanto conduzia por entre a chuva. Deus faz destas coisas, e não me admirava nada que Ele tivesse conduzido o Francisco até esta escola por causa deste rapaz!

Outro dia, num debate sobre a existência de Deus na aula de Português, a propósito de um poema de Pessoa, o Francisco descobriu que só tinha na turma uma colega católica assumida. Depois de uma troca de argumentos apaixonada e divertida, sob a moderação da professora, a turma regressou à sua natural bonomia. Feliz, o Francisco contou-me que os colegas tinham ficado surpreendidos com alguns dos seus argumentos. "Foi giro falar destas coisas na escola", disse-me, mais tarde.

O que faz com que o Francisco não tenha vergonha de se afirmar cristão, em qualquer grupo onde se insira? O que lhe dá esta confiança de ser ele próprio e esta vontade de "arrancar amigos ao sofá", como costuma dizer? O testemunho de vida cristã não passa apenas pela forma de viver a religião, mas também pela forma de estar na vida de todos os dias e em todos os campos do saber humano. E as obras de misericórdia espirituais incluem o esforço de sair de nós próprios para ir ao encontro do outro e o ajudar a ir mais longe, corrigindo-o, desafiando-o, acompanhando-o no caminho.

Uma das perguntas que as pessoas mais fazem ao Francisco e à Clarinha, nos nossos encontros e retiros, é esta: "Viver a fé da forma que o fazem não vos afasta dos amigos?" Eles riem-se sempre, sem entender o que querem as pessoas dizer com esta pergunta, pois nunca, até hoje, deixaram de ter amigos ou de ser altamente respeitados na escola, seja ela escola católica ou - como o Francisco me está a provar - estatal.

Pela nossa parte, o Niall e eu escutamos muitas vezes também outra pergunta: "Não têm medo que os vossos filhos percam a fé e os valores cristãos, no contacto com os colegas e a escola em geral?" Mas como podemos nós ter medo, se todos os dias, sem exceção, rezamos em família e fazemos evangelização familiar? Não confiaremos nós nas promessas do Senhor, que nunca Se deixa vencer em generosidade? S. Paulo dá-nos uma Palavra magnífica:

 

“Se Deus está por nós, quem estará contra nós?
Em tudo somos vencedores
Naquele que nos amou.
Pois estou convencido de que
nem a morte, nem a vida,
nem os anjos, nem os poderes celestiais,
nem o presente, nem o futuro,
nem as forças cósmicas,
nem a altura, nem a profundeza,
nem qualquer outra criatura
poderá separar-nos do amor de Deus
manifestado em Jesus Cristo, nosso Senhor.”

(Rom 8, 31-39)

 

Na nossa "Declaração de missão", que o Niall e eu escrevemos pouco depois de nos casarmos e que temos emoldurada na parede da sala, está escrito: "Queremos ser luz em casa, na escola, no trabalho, na Igreja, em todo o lado..." Queremos estar onde as pessoas estão, queremos estar no mundo sem ser do mundo, queremos ajudar os outros a descobrir o melhor de si próprios, queremos viver plenamente e sem medo a nossa vocação de leigos, que é precisamente a de iluminar, com a nossa presença, os ambientes da vida de cada dia...

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Como um amigo com o seu amigo

por Teresa Power, em 14.12.15

Foi há cinco ou seis anos atrás, não me lembro bem. No Colégio, iria haver uma vigília de oração, e o Francisco, acompanhado pelo Niall, iria participar pela primeira vez, enquanto eu ficava em casa com os outros meninos.

Passava das onze da noite quando o Niall e o Francisco chegaram a casa. Vinham contentes, mas cansados.

- Então, Francisco, rezaste muito? - Perguntei, enquanto lhe aquecia um copo de leite achocolatado.

- Nem por isso - Respondeu-me.

Fiquei confusa:

- Como assim, nem por isso? Então estiveste mais de duas horas numa vigília de oração, e não rezaste muito?

O Francisco suspirou, e respondeu com simplicidade e sem qualquer malícia:

- Mamã, eu explico: a vigília foi muito bonita, mas havia tanto para ler, tanto para dizer, que não sobrava tempo para falar com Jesus!

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Quando perguntaram a Santa Teresinha como gastava ela o seu tempo de oração, Santa Teresinha respondeu: "Excetuando o Ofício Divino, não tenho ânimo para procurar nos livros belas orações. Isso cansa-me a cabeça, pois são tantas, e cada uma mais bonita do que a outra! Não poderia recitá-las todas e, não sabendo qual delas escolher, faço como as crianças que não sabem ler. Digo simplesmente a Jesus o que Lhe quero dizer, sem procurar belas frases, e Ele sempre me entende."

Faz-me pensar em Moisés, o maior dos profetas, exaltado pela Bíblia como nenhum outro, e porquê? Diz o Livro do Êxodo:

 

"Moisés falava com Deus face a face, como um amigo com o seu amigo." (Ex 33, 11)

 

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O Menino de Belém é o rosto mais perfeito da ternura e da simplicidade. Diante de um recém-nascido, todos os nossos pensamentos elevados se derretem como cera, e as palavras complicadas ficam desconfortáveis. Quantas palavras tolas, quantas canções trauteadas improvisamos nós quando temos o nosso bebé ao colo?

Rezar em família ou rezar em grupo não precisa de ser complicado, nem precisa de nos pôr nervosos, tímidos ou aflitos, como tantas vezes acontece. Diante do Senhor que nos reúne, podemos meditar, lendo a Bíblia, o Catecismo, os escritos dos santos. A Via Stellae é uma proposta de meditação que vos ofereço neste tempo de Advento e Natal, e os meus livros Os Mistérios da Fé contêm meditações curtas baseadas na Palavra de Deus para todas as épocas litúrgicas, podendo ser trabalhadas individualmente, em família ou em grupo.

Mas depois de meditarmos nos mistérios do amor de Deus, encontremos tempo de silêncio, para que todos possam falar com o Senhor como um amigo com o seu amigo, no íntimo do coração, como o Francisco teria gostado de fazer naquela longa vigília. Na família ou em grupos familiares, em que nos sentimos à vontade uns com os outros, estas palavras soltas e breves podem ser partilhadas em voz alta, com simplicidade, entrecortadas por silêncios orantes.

Cá em casa, durante a oração familiar, meditamos na Palavra e nos ensinamentos da Igreja, rezamos algumas - muito poucas - orações vocais, cuidadosamente selecionadas e todas elas bíblicas, como o Shemá e a Consagração à Mãe de Caná, ou as orações do terço. Mas o tempo forte de oração é feito de palavras simples e espontâneas, que agradecem, que intercedem, que louvam, que adoram, que pedem, que exprimem o amor... Como um amigo com o seu amigo.

 

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Retiro de Natal e peregrinação à Porta Santa de Fátima

por Teresa Power, em 09.12.15

É com imensa alegria que convidamos todos os leitores deste blogue e todas as Famílias de Caná a virem fazer connosco o Retiro de Natal, no próximo dia 2 de janeiro, sábado, em Fátima! Aqui fica o programa: Programa Retiro Natal 2016

Para podermos decidir qual o tamanho da sala do Centro Paulo VI que reservaremos (gostaríamos que fosse o auditório principal...), pedíamo-vos uma breve inscrição online, aqui.

O almoço é livre, podendo quem quiser trazer merenda ou ir a um dos muitos restaurantes em Fátima. Nós levaremos a nossa merenda habitual. Durante a tarde percorreremos o Caminho dos Pastorinhos, meditando nos mistérios do Natal. Servir-nos-á de meditação o mesmo texto do ano passado, que deverão descarregar e levar convosco: Via Stellae

Como todos os nossos retiros, também este é aberto a todos, bebés, crianças, jovens, adultos. Venham, e aproveitem a ocasião para fazer uma obra de misericórdia espiritual - dar bom conselho - convidando uma família amiga a vir também!

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Neste Ano Santo, neste grande Jubileu da Misericórdia, o Santo Padre convida-nos a todos a fazer uma peregrinação a uma das Portas Santas, abrindo o coração à grande indulgência de Deus, ao Grande Perdão. Na Bula de Proclamação do Jubileu, o Santo Padre diz assim: "A peregrinação é um sinal peculiar no Ano Santo, enquanto ícone do caminho que cada pessoa realiza na sua existência. Também para chegar à Porta Santa, cada pessoa deverá fazer, segundo as próprias forças, uma peregrinação. Esta será sinal de que a própria misericórdia é uma meta a alcançar que exige empenho e sacrifício. Ao atravessar a Porta Santa, deixar-nos-emos abraçar pela misericórdia de Deus e comprometer-nos-emos a ser misericordiosos com os outros como o Pai o é connosco."

Depois, na Carta sobre as Indulgências deste ano santo, o Santo Padre especifica: "Espero que a indulgência jubilar chegue a cada um como uma experiência genuína da misericórdia de Deus, a qual vai ao encontro de todos com o rosto do Pai que acolhe e perdoa, esquecendo completamente o pecado cometido. Para viver e obter a indulgência os fiéis são chamados a realizar uma breve peregrinação rumo à Porta Santa, como sinal do profundo desejo de verdadeira conversão. É importante que este momento esteja unido, em primeiro lugar, ao Sacramento da Reconciliação e à celebração da santa Eucaristia com uma reflexão sobre a misericórdia. Será necessário acompanhar estas celebrações com a profissão de fé e com a oração por mim e pelas intenções que trago no coração para o bem da Igreja e do mundo inteiro."

 

Em Fátima, a Porta Santa foi aberta ontem, dia 8, ao mesmo tempo que o Santo Padre abria a Porta Santa na Basílica de S. Pedro. Assim, ao longo de todo este ano santo, a Porta de S. Tomé - o Apóstolo do Evangelho proclamado no Domingo da Misericórdia - na Basílica da Santíssima Trindade estará aberta para nos acolher nos braços do Pai, oferecendo-nos gratuitamente, por pura misericórdia, a grande indulgência. 

Façamos então a nossa peregrinação a esta Porta Santa, entregando-nos ao abraço do Pai! Teremos tempo para confissões, para um ensinamento sobre a Misericórdia, para a Eucaristia, para a meditação na Via da Estrela, a "Via Sacra do Natal", e por fim, para grande e alegre brincadeira, visitando as casas dos pastorinhos e saltitando nos seus montes.

O ano jubilar é uma oportunidade na vida que não podemos desperdiçar! Diz-nos o Senhor, com palavras que ecoam desde os tempos antigos, na Lei de Moisés:

 

"No dia do grande Perdão, fareis ressoar o som da trombeta através de toda a vossa terra. Este será para vós um jubileu!" (Lv 25, 9-10)

 

Que o som da trombeta a todos nos reuna, preparando desde já a reunião definitiva, um dia, em casa do Pai. Ámen!

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As obras da misericórdia e as estrelinhas do presépio

por Teresa Power, em 07.12.15

Hora de catequese e oração familiares. Nestes dias de advento, este tempo tem vindo a alongar-se alegremente. Em torno do presépio, aquecidos pela lareira, iluminados pelas luzes da Árvore de Jessé, vamos meditando e rezando. A novena da Imaculada Conceição e a Árvore de Jessé têm-nos dado a oportunidade de recordar e recontar várias histórias da Bíblia, no meio de grande animação. Também as leituras da missa do dia, neste tempo de Advento, são particularmente profundas e sugestivas, gerando grandes conversas entre nós. De olhos postos no presépio, vamos falando com o Senhor e deixando que Ele nos fale...

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Mas hoje é preciso fazer uma catequese especial, pois o Ano Santo da Misericórdia está à porta.

- Meninos, sabem quais são as sete obras da misericórdia corporais? Há muitas, claro, mas a Igreja fala em sete, para nos ajudar a concretizar alguns gestos que estão ao alcance de todos.

- E quais são?

- Ora escutem: dar de comer a quem tem fome, e dar de beber...

- ... a quem tem sede!

- Mamã, precisamos de levar pacotes de leite para a escola. É para uma campanha para a Casa do Gaiato!

- Ora aí está uma bela ideia. Outra obra: vestir os nus...

- Isso inclui as horas passadas ao ferro ou a dobrar roupa?

Gargalhadas.

- Acho que sim! Outra: visitar os presos, dar pousada aos peregrinos, enterrar os mortos, visitar os doentes...

- Na minha sala, quando um menino está doente na escola e não pode ir ao recreio, um de nós fica na sala com ele. Eu fico muitas vezes a fazer companhia!

- Que boa obra de misericórdia!

- Visitar a bisavó também conta?

- Conta, claro! E agora escutem: a Igreja também nos fala das obras de misericórdia espirituais. E olhem que bonitas: dar bom conselho...

- Eu costumo dar bons conselhos aos meus amigos.

- Então fazes uma obra de misericórdia, David. E aqui vai outra: corrigir os que erram, ensinar os ignorantes...

- A minha professora passa a vida a corrigir os meus erros! Ela faz muitas obras de misericórdia!

Gargalhadas.

- Pois faz, Lúcia. Ser professor pode ser uma bela obra de misericórdia, e eu sei-o bem! Outra: perdoar a quem nos faz mal...

- Eu perdoo aos manos quando eles destroem as minhas construções!

- E eu desculpei a Sara quando ela me rasgou o desenho.

- Escutem esta: consolar os tristes...

- Isso fazemos nós sempre na escola, junto dos amigos!

- E eu faço em casa convosco quando choram! Há outra obra de misericórdia muito interessante: suportar as fraquezas do próximo com paciência.

- Que significa isso?

- Significa que todos nós somos imperfeitos, e por vezes é difícil viver com a imperfeição dos outros. Especialmente se temos de lidar com essa imperfeição várias vezes por dia! É o que acontece na família. E ser misericordioso é ser capaz de aceitar os defeitos do outro, mesmo quando nos incomodam, com paciência...

- Como nós aceitamos quando gritas connosco?

- Ou como eu aceito quando os manos não me deixam estudar em paz.

- Mas nós também aceitamos que ocupes o quarto todo a fazer ginástica!

- E que não arrumes depois...

- Não ouvir à primeira conta?

- Temos de ser pacientes com os gatos e os cães?

- Se formos mais pacientes uns com os outros, estamos a fazer uma belíssima obra de misericórdia. E sabem qual é a última? Rezar pelos outros.

- Essa nós fazemos todos os dias!

- Ouçam então: ao longo do Advento, vamos fazer todos os dias várias obras de misericórdia, em casa, na escola, em todo o lado. Depois, durante a oração familiar, iremos colocar no presépio uma estrelinha. Quando chegar o Natal, o Canto de Oração será um céu estrelado, digno da noite de Natal.

- Podemos começar já?

- Fizeste uma obra de misericórdia hoje?

- Fiz! Deixei a Sara fazer o puzzle comigo, e ela rasgou uma peça...

DSC04983.JPG

DSC04984.JPG

 "«Senhor, quando foi que te vimos com fome ou com sede e te servimos, doente ou na prisão e te visitámos, peregrino ou estrangeiro e te acolhemos?» E o Rei responderá: «Sempre que fizestes estas coisas a um dos meus irmãos, a Mim o fizestes.»"

(Mt 25, 37-40)

 

No encontro de Aldeia de Caná de sábado, o Pedro e a Sandra fizeram-nos um belíssimo ensinamento sobre o Ano Santo e as obras de misericórdia. Para as crianças, levaram desenhos para colorir sobre o tema, que foram buscar a este blog. Os desenhos são realmente sugestivos e permitem-nos aprender de cor as obras da misericórdia. Querem usá-los aí em casa? Aqui ficam: obras de misericórdia

Feliz Ano Santo da Misericórdia para todos!

 

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publicado às 06:00

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