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O jardim e o deserto

por Teresa Power, em 23.05.16

Os dias têm sido difíceis cá por casa. Primeiro foi a gripe, que decidiu atacar a família um a um, num mês que, nos anos anteriores, já costumava ser, para nós, de praia e afins. Olhem só para a imagem do nosso início de maio:

DSC06524.JPG

 Depois, uma série de problemas profissionais nas nossas vidas, que nos têm deixado um pouco em baixo, bem como toda a problemática da escola que escolhemos para os nossos filhos e que eles não querem deixar.

Maio é também o mês em que festejamos a entrada do Tomás no céu, há dez anos atrás. Nestes dias, e enquanto vou arrumando a casa e limpando o pó às estantes, preciso de um grande esforço de vontade para evitar folhear os albuns de fotografias ou remexer na caixa das recordações; porque se busco um Tomás terreno, corro o risco de me desligar do verdadeiro Tomás, que é eterno, como tão bem explica o Papa Francisco em A Alegria do Amor:

"O amor possui uma intuição que lhe permite escutar sem sons e ver no invisível. Isto não é imaginar o ente querido como era, mas poder aceitá-lo transformado, como é agora. Jesus ressuscitado, quando a sua amiga Maria Madalena O quis abraçar intensamente, pediu-lhe que não O tocasse para a levar a um encontro diferente." (nº255)

Tomás.jpg

Como se não bastasse, a canalização na nossa casa tem-nos dado muito que fazer: o contador da água sempre a rodar, a conta mensal de água sempre a triplicar, e nós sem descobrir a origem do problema. Foi preciso esburacar o jardim um pouco por todo o lado para ir arranjando furo atrás de furo, mas parece que ainda não está tudo no sítio... Um quadro desolador:

DSC06556.JPG

Mas não é a qualidade da saúde da nossa família ou a qualidade da canalização da nossa casa que mais nos tem entristecido: é a qualidade moral do nosso país, lei após lei, decisão após decisão. Vamos esburacando o "jardim" à procura de um furo, e quando o encontramos, já outro faz rodar o contador da água e elevar a fatura moral para níveis insuportáveis. Os "buracos na relva" são tantos, que já não podemos falar de um "jardim à beira-mar plantado", mas antes de um deserto... O pecado, que destruiu o Jardim do Paraíso, continua a corromper todos os nossos jardins.

No início deste mês, como todos os anos, as estradas encheram-se de peregrinos a caminho de Fátima. E quando o Papa Bento XVI nos veio visitar, foram milhares a querer vê-lo de perto. Ouvi dizer que já está tudo lotado em Fátima para a visita do Papa Francisco, que ainda nem sequer foi confirmada. Pergunto-me o que estará errado na educação católica do nosso povo. Onde estão os milhares, quando chega a hora de votar ou de nos manifestarmos? Que fizemos da nossa fé? O que queremos verdadeiramente dizer, quando afirmamos que somos católicos? Como podem as pessoas afirmar-se católicas, ir à missa, comungar, e simultaneamente apoiar ou mesmo militar em partidos que aprovam o aborto, a eutanásia, as barrigas de aluguer e tudo o mais que por aí vem? Tantas perguntas que me têm ocupado a mente e o coração...

E as Famílias de Caná a surgir, cada vez com maior clareza, dentro de mim como uma resposta do Senhor. O "vinho melhor" que Jesus prometeu e ofereceu em Caná já está entre nós, nesta ânsia de evangelizar toda a família, dos mais pequeninos aos mais crescidos, dos bebés batizados assim que nascem aos avós que não se cansam de contar histórias da Bíblia.

Permitam-me que vos lance um desafio: vamos fazer uma grande corrente de oração e jejum por Portugal! Vamos oferecer ao Senhor as nossas "bilhas" e suplicar-Lhe que faça hoje o milagre de Caná, para que o vinho da fé, da esperança e do amor nunca acabe no nosso país! Comecemos hoje mesmo a rezar e a jejuar do que acharmos melhor, e façamo-lo a sério, para doer. Estão dispostos? Nove dias por Portugal, todos os leitores de Uma Família Católica e todos os que, a partir de vocês, se quiserem unir a nós!

 

"Então se abrirão os olhos do cego, os ouvidos do surdo ficarão a ouvir, o coxo saltará como um veado, e a língua do mudo dará gritos de alegria; porque as águas jorrarão no deserto, e as torrentes na estepe. A terra queimada mudar-se-á em lago, e as fontes brotarão da terra seca..." (Is 35, 5-7)

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publicado às 06:00


44 comentários

De Teresa Power a 23.05.2016 às 11:38

"A minha fé não tem nada a ver com o partido que eu escolho." É precisamente isso que eu acho que está a acontecer entre os católicos do nosso país. Se a nossa fé não tem nada a ver com o partido que escolhemos, então ela é uma coisa pessoal e íntima. E se a fé é apenas uma coisa pessoal e íntima, então ela não é, com toda a certeza, a fé católica, que nos lança no mundo, em todas as áreas da vida, para sermos fermento na massa, luz na escuridão.
Ninguém pode ser contra os casamentos homossexuais para si, mas ser a favor deles para os outros. A fé católica não é algo que acrescentamos, como uma cereja no topo de um bolo, a alguns escolhidos. A fé católica faz-nos fazer escolhas que consideramos as corretas para todos, e não apenas para nós, e portanto, propô-las ao mundo. Ninguém pode deixar o seu catolicismo à porta quando entra na sede do seu partido ou no local de voto. Ninguém pode deixar o seu catolicismo à porta em nenhuma, absolutamente nenhuma área da sua vida.

De Anónimo a 23.05.2016 às 11:47

Então nesse caso devo abster-me. Ficar em casa e não votar.
Porque nenhum partido, seja ele de direita ou de esquerda, defende a família e valores como justiça, verdade, liberdade e paz.

De Anónimo a 23.05.2016 às 12:15

Presumo que este anónimo é o mesmo de cima e tenho muita pena, Teresa, mas concordo com ele. Sou católico e também eu faço distinção entre os casamentos homossexuais e o aborto. Não sou homossexual, digo já, mas se querem casar, quem sou eu para os obrigar a viver à margem de uma instituição que para eles é fundamental, não vindo mal ao mundo se a ela tiverem acesso? Já acho que vem mal ao mundo com as adopções homossexuais porque há terceiros envolvidos. Se os católicos só pudessem votar num partido que cumpre todos os mandamentos da fé católica, tínhamos de nos abster todos. Partidos religiosos há no Islão e não gosto. Acho que temos de defender os nossos valores mas perceber que um governo não pode impor os nossos valores a todos. Também não queremos que eles nos imponham os deles e eles não nos obrigam (apenas um exemplo) a casar com pessoas do mesmo sexo.

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