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Planeamento familiar II

por Teresa Power, em 01.11.14

Hoje é dia de festa: Dia de Todos os Santos, conhecidos e desconhecidos, casados, consagrados, sacerdotes, solteiros, jovens, crianças, idosos… Cá em casa não há "Halloween" (que está cada vez mais associado a cultos satânicos), mas em vez disso, há certamente quem se disfarce do seu santo padroeiro! Depois mostro-vos - claro, noutro post

 

“São poucos os que se salvam?” Perguntaram um dia os discípulos a Jesus. No Apocalipse, encontramos a resposta:

 

"Depois disto, apareceu na visão uma multidão imensa que ninguém podia contar, de todas as nações, tribos, povos e línguas. Estavam de pé com túnicas brancas diante do trono e diante do Cordeiro, e com palmas na mão..." (Ap 7, 9)

 

Todos somos chamados à santidade. A Palavra de Deus é antiga:

 

“Sede santos, como Eu, o Senhor, sou santo.” (Lv 19, 2)

 

O Niall e eu escolhemos fazer este caminho de santidade através um do outro, pelo sacramento do matrimónio. Da nossa procura da perfeição faz parte esta atribulada história sobre o planeamento familiar. Aqui fica pois o próximo capítulo desta nossa “novela", na sequência deste post:

 

Eu sei que é costume o casamento acontecer na terra da noiva. Mas nós decidimos antes casar em Fátima, na terra da nossa Mãe comum, Maria. Portanto, na véspera do casamento, tanto eu como o Niall andávamos a passear por Fátima – ele com a sua família, eu com a minha, evitando encontrarmo-nos, para não estragar a surpresa do dia seguinte.

E foi assim que, separadamente e sem combinarmos, ambos nos fomos confessar (apesar de o termos feito há muito pouco tempo em Aveiro), para que o nosso “traje nupcial” fosse realmente uma "túnica branca" diante do "Cordeiro". Em Fátima é tão fácil aceder ao sacramento da reconciliação!

De novo – separadamente e sem combinarmos – ambos fizemos a mesma pergunta ao sacerdote que nos confessou: como podíamos planear a nossa família? E finalmente, sob o olhar maternal de Maria, que sempre nos valeu, a tão procurada resposta chegou:

- O que tu queres saber está na Humanae Vitae, a encíclica do Papa Paulo VI. Podes comprá-la na livraria ali ao lado. E aproveita para comprar também um livro sobre o Método Billings.

- Sobre o quê? - Eu era mesmo ignorante...

- Sobre o Método Billings. O Método da Ovulação, descoberto pelo casal Billings. B-I-L-L-I-N-G-S.

 

Este sacerdote (terá sido o mesmo para os dois?) estava pois em sintonia com o que, agora, o papa Francisco diz à Igreja: "A única forma de ajudar nesta crise da família é ser claro nas ideias e nos valores." (Homilia do encontro internacional com o movimento de Schoenstatt, 25 de outubro)

Ao sair do confessionário, dirigi-me imediatamente à livraria Verdade e Vida, onde encontrei os dois livros. E nesse mesmo dia, na minha ânsia de obter respostas, li grande parte de ambos! Li pelo menos o suficiente para deitar fora a tal caixinha do medicamento que me fora prescrito; e para deixar de me afligir com o tema.

 

Durante o dia do nosso casamento, consegui trocar algumas palavras a sós com o Niall (sabem como é difícil falar a sós nesse dia!), e ainda nos rimos com as coincidências da nossa aventura da véspera. Só eu comprara os livros, pois na altura o Niall não conseguia ler bem português.

casamento Niall e Teresa 1.jpg

Os esposos Billings, médicos australianos e católicos, já tinham nove filhos quando a encíclica Humanae Vitae (Paulo VI, 1968) foi publicada, e não tinham qualquer intenção de canalizar a sua inteligência para contestar os ensinamentos papais; mas há algum tempo que a vinham canalizando para auxiliar a Igreja nesta grande e nobre tarefa de acompanhar os casais no seu planeamento familiar. A obediência, como eu disse neste post, é fonte de imensa criatividade! Eles acreditavam que Deus dotara a mulher de sinais evidentes e simples da sua fertilidade. Restava saber: que sinais?

Anos de estudo deram origem ao Método Billings, com uma eficácia (reconhecida pela OMS) igual ou superior à da pílula, e sem qualquer tipo de contra-indicação. Os dois cientistas receberam vários doutoramentos honoris causa e correram o mundo divulgando o seu método junto de todo o tipo de populações, das mais cultas às mais analfabetas, inclusive na China, sempre ao serviço da Igreja e da vida.

                (O casal Billings com S. João Paulo II)

 

Os métodos de planeamento familiar natural, com destaque para o Método da Ovulação, ou Método Billings, são portanto saudáveis e ecológicos, o que não deixa de ser importante numa sociedade cada vez mais preocupada com as questões do ambiente. Mas acima de tudo, estes métodos são compatíveis com a visão de matrimónio que nos é proposta por Jesus no Evangelho.

 

Dentro do livro sobre o Método Billings, vinha um folheto informativo sobre uma das associações que, em Portugal, promove o planeamento familiar natural: o MDV (Movimento de Defesa da Vida). Durante o nosso primeiro ano de casados, estando eu já grávida pela primeira vez (uma gravidez que terminou num aborto espontâneo), tivemos a oportunidade de fazer este curso, realmente fascinante. Finalmente, alguém me ajudava a contemplar e a entender a beleza do ciclo feminino e da sexualidade humana!

Só muito mais tarde conheci a "Teologia do Corpo", as catequeses de S. João Paulo II que, ao longo de quatro anos de pontificado, aprofundaram o tema do matrimónio. Uma maravilha! Vale a pena comprar livros ou ver vídeos sobre o tema.

 

Na sequência do post de ontem, vários leitores deste blogue tiveram a gentileza de me informar que nos sábados dia 8 e dia 15 deste mês de novembro vai decorrer em Lisboa novo curso de planeamento familiar natural, promovido pela Associação Família e Sociedade. Este curso tem a grande vantagem de proporcionar aos casais acompanhamento médico na sua aprendizagem do método proposto. A ficha de inscrição vem no site. Nem  esta associação, nem o MDV têm qualquer orientação confessional, pelo que todos, sem excepção, estão convidados a fazer estes cursos. Aliás, segundo me informaram, a grande procura não vem de casais católicos, mas de casais... ecologistas!

 

Foi fácil aprender o planeamento familiar natural? Não. Desengane-se quem achar que o pode conseguir sem capacidade de renúncia, sem grandes doses de paciência e sem um imenso amor!

Valeu a pena aprender o planeamento familiar natural? Sim, absoluta e infinitamente. A liberdade de amar com todo o meu ser e de me sentir amada e respeitada nos momentos de fecundidade e de infecundidade cíclica, a descoberta do poder do desejo e do poder da renúncia são inestimáveis. Nada se lhes compara!

Resulta, o planeamento familiar natural? Connosco, resultou a cem por cento! Aliás, neste momento conheço tão bem o meu corpo, que seria quase impossível engravidar sem querer... Temos o número de filhos que decidimos ter, decisão essa que nunca é definitiva, mas a cada ciclo retomada em clima de oração. Uma das diferenças em relação à pílula é que não decidimos hoje que queremos engravidar daqui a alguns meses, mas decidimos hoje que queremos engravidar... hoje! A contracepção nunca nos permitiria ter tomado algumas das decisões que tomámos, num momento de paixão, e que resultaram em "surpresas" maravilhosas

 

Este post já vai longo… Deixo-vos ainda dois links: este para o testemunho de um casal cristão durante o recente sínodo dos bispos; e este para o testemunho de casais muito jovens no jornal i. O primeiro fez-me sorrir, porque me revi nos seus argumentos; o segundo deixou-me cheia de santa inveja: quem me dera ter tido esta clareza de pensamento no dia do meu casamento! Boas leituras…

 

Que a Festa de Todos os Santos seja para as famílias cristãs um verdadeiro desafio à santidade, donde emana a fonte da felicidade. Repetindo as palavras do Papa Francisco no sábado passado, "os únicos que renovaram a Igreja foram os santos." Ámen!

 

 

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publicado às 06:30


11 comentários

De rod a 03.11.2014 às 23:33

Muitos parabéns pela beleza do vosso blog!
Afinal têm dois filhos no céu!
Parabéns pelos 8!
R

De Teresa Power a 04.11.2014 às 06:55

Bem vindo, rod! É verdade, temos dois :) A Família Power já tem um pezinho no céu! Só falta os outros chegarem lá também! Ab Teresa

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