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Não fiques triste...

por Teresa Power, em 26.02.16

-Meninos, nem imaginam a bela notícia que li hoje no blog da Olívia.

- O que é? É sobre a bebé Lúcia?

- Não, é sobre a Maria.

- A minha amiga?

- Sim, Lúcia, a tua amiga. Imagina tu! Este ano, a mãe está a dar-lhe a catequese em casa, porque na sua aldeia há poucas crianças e ela não tinha oportunidade de caminhar com um grupo. Outro dia, o senhor padre foi lá a casa e disse... Esta é a boa notícia: disse que a Maria estava muito bem preparada, e portanto podia fazer a sua primeira comunhão já no domingo de Páscoa. Não é lindo?

- Que maravilha! Ela deve estar muito feliz!

- Ah, o senhor padre reconheceu o trabalho da Olívia!

- Vai ser um domingo de Páscoa muito bonito!

- E tu, Lúcia? Não dizes nada?

Mas a Lúcia não diz nada. Aliás, de repente, e como acontece com alguma frequência, os seus olhos enchem-se de lágrimas.

- Que se passa? Não ficaste feliz pela Maria?

A Lúcia diz que sim com a cabeça.

- Então...

- Mãe - Desabafa finalmente - Por que é que eu não posso fazer a primeira comunhão também na Páscoa? Não estou tão preparada como a Maria?

A Lúcia senta-se ao meu colo e conversamos um bocadinho.

- Lúcia, tu vais fazer a tua primeira comunhão com o teu grupo de amigos. Não é maravilhoso? E tens dois catequistas tão bons! Vai ser uma festa muito bonita. Não fiques triste!

A Lúcia limpa os olhos com as costas da mão.

- Mas eu queria tanto receber Jesus... Queria ter Jesus no meu coração!

- Já falta pouco, Lúcia! Vais ver...

 

À noite, sentada ao computador, contei à Olívia a reação da Lúcia. E na quarta-feira passada, ao abrir a caixa do correio, tive uma surpresa.

- Lúcia, olha só o que chegou para ti! Uma carta! - Chamei, entusiasmada. 

A Lúcia veio a correr. Com os olhos iluminados, pegou na carta, sentiu o seu peso, cheirou-a, revirou-a entre os dedos.

- É da Maria! - Disse, por fim.

- Não vais abrir?

- Vou. - Com gestos decididos, a Lúcia abriu a carta. Lá dentro, estava este lindo desenho:

 

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O entusiasmo destas duas crianças perante Jesus-Eucaristia emocionou-me. Durante muito tempo, fiquei a pensar na forma relaxada, pouco entusiasmada, frequentemente indiferente com que recebemos Jesus em cada missa. Quando foi que os nossos corações se tornaram dormentes, frios, de pedra? Quando foi que perdemos a fé límpida que o batismo nos deu? Por que permitimos nós que a rotina mate o amor? Teremos realmente fome? Teremos realmente sede? Recordei-me da promessa de Deus, ecoando desde os confins da Bíblia:

 

"Tirarei do teu peito o coração de pedra e dar-te-ei um coração de carne..." (Ez 11, 19)

 

Senhor, cumpre hoje de novo a tua promessa, a promessa de transformares os nossos corações de pedra em corações de carne, corações capazes de sentir fome, capazes de sentir sede, capazes de sofrer a tua ausência, capazes de Te desejar loucamente, capazes de pulsar apenas por Ti...  Ámen!

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publicado às 06:00

Corpo de Deus

por Teresa Power, em 09.06.15

No domingo (ou na quinta-feira anterior, noutros países, tal como acontecia cá até há dois anos atrás), a Igreja celebrou a Solenidade do Santíssimo Corpo e Sangue de Cristo. Este mistério da Presença de Jesus no Pão e no Vinho consagrados já tinha sido celebrado na quinta-feira santa, naturalmente; mas nesse dia santíssimo, a nossa meditação centrou-se na instituição do sacramento, que antecipa a morte de Jesus na cruz. No domingo, a celebração do Corpo de Deus - o Corpo de Jesus, oferecido todo, até ao fim - centra-se na festa, na alegria, no louvor, na ação de graças.

A tradição diz que, neste dia, a Igreja deve sair à rua em solenes procissões. É preciso afirmar publicamente que acreditamos na Presença Real de Jesus entre nós, no sacramento da Eucaristia. Não será constrangedora esta caminhada de fé? Não será demasiado forte, para quem não é católico ou - e isto acontece cada vez mais - mesmo sendo, não acredita no milagre da Eucaristia? Sim, é. É preciso passar pela vergonha da nossa fé, pela humilhação de acreditar em algo tão pouco intelectual, tão pouco politicamente correto, tão desprezível aos olhos do mundo. Como pode aquele pedaço de pão ser Corpo de Deus? Como pode Deus abaixar-se tanto? A Eucaristia é e será sempre uma pedra de escândalo, como escandalosa foi a morte de Jesus numa cruz, Rei que morre como escravo. Na verdade, de todos os dons que Deus nos faz, este é o maior: o dom do seu amor entregue até ao fim.

Aqui em Anadia, o domingo foi um dia particularmente quente, e às seis horas da tarde só apetecia tomar um duche frio... No entanto, às seis horas da tarde começava a procissão, com a presença de todas as paróquias das redondezas. Não podíamos faltar! Embora não tenhamos ido todos, porque os mais pequeninos estavam mesmo muito rabugentos e cansados com o calor, e a caminhada ao sol ainda seria longa, fomos alguns. 

O sol brilhava no céu, o suor escorria dos nossos rostos, mas diante de nós caminhava Jesus, o nosso verdadeiro Sol, o Senhor, o Rei, o Amigo, o Esposo:

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- Vês, David, ali debaixo vai o Senhor, no ostensório... Vês a hóstia consagrada? Não percas Jesus de vista...

- Eu sei que é Jesus. Sei muito bem! E estou a olhar para Ele, sempre que me lembro!

- Isso, David. Não O percas de vista...

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No chão, pétalas de rosas... As rosas desfolhadas da nossa fraqueza, do nosso pecado, da nossa falta de fé. E o Senhor tudo recolhe com carinho, contente com a nossa humildade.

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- Não O percas de vista, Clarinha... Francisco, estás a tirar fotografias?

- Sim, mãe, e vou meditando também. É difícil concentrar-me neste calor, mas vou meditando!

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Os altifalantes espalham pela cidade as palavras de Jesus: Pai Nosso...

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E o eco devolve-as, depois de tocarem os corações: Que estais nos céus...

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Quem está acostumado a visitar o sacrário e a perder-se alguns minutos em contemplação diante de Jesus-Eucaristia, sabe bem como Ele é fonte fresca nos dias de maior deserto interior.

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"Quem tem sede, venha a Mim e beba! Quem crê em Mim, como diz a Escritura, do seu seio correrão rios de água viva!" (Jo 7, 37-38)

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Não O percas de vista...

Jesus, que eu fixe em Ti o meu olhar e proclame sem medo que sim, que estás presente na Eucaristia, que estás presente e com poder, que ninguém Te vence em humildade, que só Tu para Te baixares até à poeira do chão e levantares o pecador, que o teu amor é suficiente para saciar a nossa fome e a nossa sede, e que um dia, inundará a Terra!

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 Ámen.

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publicado às 06:20

Crismado

por Teresa Power, em 01.05.15

O Domingo do Bom Pastor foi, na nossa família, um domingo muito especial: o dia do Crisma do Francisco, o primogénito!

O dia amanheceu tranquilo. O Francisco estava sereno, como é seu costume. Quando se vestiu a rigor, todo soltámos uma exclamação de espanto. Afinal, não é seu hábito preocupar-se com o vestuário, e raramente o vemos assim:

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Mas este domingo era mesmo um dia muito especial, e o cuidado exterior devia simplesmente refletir toda a beleza interior do seu coração, purificado pelo sacramento da confissão e preparado ao longo de anos de catequese e oração: o Francisco ia ser ungido testemunha de Jesus pelo seu bispo, D. António Moiteiro. Que honra, o sacramento do crisma! Que voto de confiança da parte de Deus, ao ungir-nos suas testemunhas!

 

Eram dezanove os jovens preparados pelo Niall para este grande dia. Entraram no santuário em procissão solene, e tal como os meninos da primeira comunhão no domingo anterior, também eles se mantiveram ao longo da coxia central, ao lado das respetivas famílias.

- Estais dispostos a ser testemunhas de Cristo? - Perguntou o senhor bispo, depois de todos os jovens, um a um, responderem "presente!" à chamada.

- Sim, estamos.

- E nós estaremos cá para ver! - Foi a resposta do senhor bispo, arrancando uma bela gargalhada à assembleia.

Os jovens fizeram o ofertório, as leituras e a oração dos fiéis. Na sua alegria, não esqueceram os migrantes que atravessam o Mediterrâneo todos os dias, os cristãos perseguidos, os sacerdotes desanimados, os jovens do mundo inteiro.

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Ao lado do senhor bispo, o David acolitava. Estava muito feliz, porque era a segunda vez que acolitava ao lado do seu Pastor, e porque ia fazer a sua segunda comunhão. Antes de começar a missa, o David teve este diálogo caricato com a São, também acólita:

- Sabes, São, estou muito contente porque agora já não tenho fome na missa.

- Ai não? E porquê?

- Porque já vou comer a hóstia!

A São escondeu um sorriso:

- Pobre David, passavas assim tanta fome?

- Pois...

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Num momento de grande beleza, os jovens crismandos foram junto do círio pascal acender a sua vela batismal. O sacramento do crisma é precisamente isto: tomar na sua própria mão a Luz recebida em bebé. No dia longínquo do seu batismo, a fé foi-lhes dada de presente, de uma forma totalmente gratuita, sem lhes dar tempo para dela tomar consciência, para a pedir, ou sequer desejar - tal como o dom da vida, que ninguém pede ou deseja, mas simplesmente acolhe. O batismo é o parto que nos lança na grande família da Igreja de Cristo.

Mas o crisma é diferente: o crisma é o assumir deste dom, o reafirmar do batismo, agora em plena consciência e adultez.

A vela do Francisco está minúscula, pois costumamos acendê-la em casa, durante a oração familiar, duas a três vezes por ano - e dezasseis anos representam muita cera!

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Por fim, chegou o tão aguardado momento. Enquanto invocávamos o Espírito, cantávamos sem cessar: "Vem, Espírito de verdade! Vem, Espírito de Santidade! Vem, Espírito de Caridade! Vem, nós Te esperamos!"

Um a um, com os padrinhos a seu lado, os jovens aproximaram-se do senhor bispo, que ungiu a sua testa com óleo, marcando-os com o selo do Espírito. Depois, ao ouvido de cada um e com um carinho verdadeiramente paternal, desafiou-os à santidade.

- Segue o exemplo de S. Francisco de Assis - Sussurrou o senhor bispo ao Francisco. - E deixa-te inspirar pelo nosso Papa Francisco!

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Antes da Eucaristia terminar, os jovens crismados leram uma simpática e comovente mensagem de agradecimento ao Niall, seu catequista desde que chegámos a Mogofores, tinham eles nove ou dez anos. O Niall contemplava o seu grupo com serena alegria, enquanto na sua mente já surgiam planos para os conduzir ainda mais além como grupo de jovens...

Estávamos todos felizes, com os olhos a brilhar. Os nossos "meninos" eram agora adultos na fé.

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Um último presente: um crucifixo e uma pagela com uma oração, que o Niall escolhera com cuidado para lhes oferecer:

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Na sua homilia, o senhor bispo desafiou os jovens a colocar os seus pés nas pegadas de Jesus, seguindo o seu caminho sem se desviar. Enquanto o Niall entregava a cada crismado a cruz e a pagela, cantámos o cântico que escrevi há alguns anos e que as Famílias de Caná e a nossa paróquia tanto gostam de cantar, pedindo a Jesus que nos ajude a nunca retirar os nossos pés das suas pegadas.

(Se quiserem cantar connosco, vão à tag "cânticos", e encontrarão um vídeo caseiro com este nosso cântico).

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"Põe teus pés nas minhas pegadas e acerta o teu passo comigo

Elas estão de sangue manchadas, mas meu passo é alegre e decidido!

          Nós, Jesus, Tu e eu! Juntos na Cruz, juntos no céu! (2x)

Põe teus pés nas minhas pegadas, não te canses de evangelizar

Elas estão de sangue manchadas, mas por elas a Vida vais encontrar!"

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E agora, é hora de ser testemunha de Jesus, como os Apóstolos depois do Pentecostes:

 

"Eles, partindo, foram pregar por toda a parte; e o Senhor cooperava com eles, confirmando a Palavra com os sinais que a acompanhavam." (Mc 16, 20)

 

 Que assim seja. Ámen! Aleluia!

 

 

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publicado às 06:20

O papa da Eucaristia

por Teresa Power, em 21.08.14

Hoje é dia de S. Pio X. Uma pequena pesquisa na net fez-me perceber a grandeza deste papa, que morreu em 1914 e que imediatamente foi invocado como santo pelo povo: José (seu nome de baptismo) nasceu numa família humilde e numerosa, que fez grandes sacrifícios para o filho poder estudar. Quando se tornou padre e, finalmente, papa, José continuou a viver com simplicidade e pobreza, surpreendendo o mundo de então.

Mas se hoje falo de S. Pio X é por uma razão especial: foi este santo papa que permitiu aos católicos receber a comunhão todos os dias. Decretou ainda que a primeira comunhão fosse ministrada às crianças a partir dos sete anos de idade. A Eucaristia tornou-se, assim, verdadeiramente alimento dos cristãos, alimento quotidiano, frequente, acessível, oferecido gratuitamente aos pequeninos e humildes, como sempre foi desejo de Jesus. Muitos anos antes do Evangelho, no deserto, Deus alimentara o seu povo todos os dias com o pão do céu, o maná. E as suas instruções tinham sido bem claras: o maná devia ser recolhido todos os dias em quantidade suficiente para alimentar toda a família:

 

"Esse é o pão que o Senhor vos dá para comer. Eis o que o Senhor vos mandou: recolhei a quantia que cada um de vós necessita, de acordo com o número de pessoas; cada um recolherá para os que moram em sua tenda." (Ex 16, 16)

 

Todas as manhãs, durante quarenta anos, os israelitas recolheram o maná para alimentar as suas famílias. Que alegria, podermos nós também todos os dias, na Eucaristia, "recolher o maná" de que necessitamos para alimentar espiritualmente as nossas famílias!

 

Cá em casa, é raro conseguirmos ir à missa diariamente, embora esse seja o projecto para quando os bebés finalmente crescerem. Mas ao domingo é a grande festa! Os pequeninos suspiram pelo dia em que, finalmente, poderão receber a Eucaristia, trazendo Jesus no seu coração para casa. Por enquanto, os quatro mais novos limitam-se a ajoelhar e a contemplar a hóstia branca, irrequietos e brincalhões, quando o senhor padre a eleva para podermos adorar Jesus. Em breve o David se irá juntar ao "clube dos grandes" e comungar. Será um grande dia, o da sua comunhão!

 

Em honra de S. Pio X, que intuiu a necessidade que as crianças têm de receber Jesus-Eucaristia, recordo aqui as fotos da primeira comunhão do Francisco e, dois anos mais tarde, da Clarinha. Ambos viveram esse dia com uma alegria serena e interior...

 

 

 

Desde então, comungam todos os domingos!

Hoje, dia de S. Pio X, rezo para que a primeira comunhão das crianças das nossas catequeses não seja também a última, como infelizmente é tão comum acontecer...

Rezo para que as crianças não sonhem com o dia da sua primeira comunhão por causa das prendas, do dinheiro ou da festa que lhe irão dar...

Rezo para que os pais as continuem a levar à catequese, a rezar com elas e a comungar com elas...

Rezo para que os pais tenham pressa em ver chegar este dia, invertendo assim a tendência triste da sociedade moderna para adiar cada vez mais o baptismo dos filhos, a comunhão e o próprio matrimónio dos pais...

Rezo para que cada família se possa abeirar diaria ou semanalmente da Eucaristia e "recolher" o alimento necessário para todos!

S. Pio X, rogai por nós!

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publicado às 06:20



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