Saltar para: Posts [1], Pesquisa e Arquivos [2]


Estrela

por Teresa Power, em 30.05.16

A nossa querida gata Tiger tem sido uma mãe exemplar. Já deu à luz duas ninhadas, e de cada vez entregámos a famílias nossas amigas todos os gatinhos exceto um, ficando assim sempre com uma cria em casa, o que nos tem permitido observar a forma carinhosa com que as gatas cuidam dos seus bebés.

Mas na semana passada ficámos muito tristes: a Estrela, a gatinha multicolor que conservámos desta última ninhada, desaparecera. A Tiger parecia irrequieta e confusa, sem nenhum dos seus gatinhos para amamentar e lamber, e os meninos suspiravam de tristeza, imaginando cenários de frio e fome para a pequena Estrela.

- Ela não morreu atropelada, isso tenho eu a certeza - Dizia o Niall, que ao serão se dedicava a percorrer a berma da estrada para cima e para baixo, à procura de sinais da Estrela. - Certamente que alguém a viu sobre o muro e a levou para sua casa.

- Achas que tratam bem dela? - Perguntava a Lúcia especialmente, muito preocupada.

- Sim, Lúcia, não tenhas medo!

Mas nem a Lúcia, nem ninguém descansou. Até que sábado de manhã bem cedo, enquanto passeava os cães, o Niall ouviu um miar aflitivo para além do jardim. Depois de procurar um bocado, descobriu a Estrela, escondida sob um carro. Feliz, aproximou-se e pegou nela com jeitinho, para logo a trazer para casa abrigada dentro do seu casaco.

- Olha, Teresa, o que eu encontrei! - Disse-me assim que abriu a porta.

Dei um pulo de alegria: - Dá cá, vou acordar a Lúcia com a gatinha!

E assim fiz: devagarinho, enfiei a gatinha na cama da Lúcia, que abriu os olhos de espanto e deu um salto como não é nada habitual nas manhãs de sábado.

- Ah! Voltaste, Estrela! Ah, querida Estrela!

DSC06560.JPG

Mas se pensam que a maior festa foi a da Lúcia, estão bem enganados...

- Vamos levar a gatinha à mãe dela - disse eu por fim, pegando na Estrela e levando-a para o jardim. A Tiger estava por lá, muito parada, como costume. Pousei a gatinha no chão e chamei a Tiger. E de repente, num salto único e simultâneo, mãe e filha entrelaçaram-se, rebolando depois pelo chão. Finalmente, ronronando de pura felicidade, a Tiger lambeu a Estrela de alto a baixo, enquanto a Estrela mamava, e assim ficaram, imóveis, por longo, longo tempo.

Durante o resto do dia, mãe e filha não se separaram. No jardim, nos sofás, sobre as camas dos meninos, no meio dos bonecos e dos brinquedos, mãe e filha brincaram uma com a outra, intercalando lambidelas e mamadas com um quieto ronronar.

DSC06559.JPG

DSC06586.JPG

DSC06591.JPG

Os pensamentos que às vezes me passam pela cabeça poderiam ser considerados sacrílegos, se Jesus não se tivesse também lembrado de comparações semelhantes... Sim, ao olhar para as duas gatas tão felizes com o reencontro, lembrei-me do Evangelho.

Nem sempre é fácil entender afirmações chocantes de Jesus, como por exemplo:

 

"Há mais alegria no céu por um só pecador que se converte do que por noventa e nove justos que não precisam de conversão."

(Lc 15, 7)

 

Jesus fez esta afirmação, se bem se lembram, depois de contar a história do pastor que deixa noventa e nove ovelhas sozinhas para ir buscar uma única que andava perdida. Jesus com ovelhas, eu com gatos...

Como? Mais alegria por um que regressa do que por noventa e nove que nunca sairam de casa? O reencontro da mãe Tiger com a filha Estrela não podia ser melhor ilustração. Quanta alegria! Naturalmente que a Tiger teria preferido que a sua gatinha nunca tivesse saído de casa, mas lá que a alegria que sentiu com o seu regresso foi mil vezes superior à que sentia antes da sua partida, lá isso foi.

Assim também com o Senhor, quando de todo o coração regressamos ao aconchego do seu abraço paternal. É que todos os dias, ao fim da tarde, Ele sobe ao cimo da colina e prescruta o horizonte, desejoso de que seja esse o dia do nosso regresso...

 

"Quando ainda estava longe, o pai viu-o e, enchendo-se de compaixão, correu a lançar-se-lhe ao pescoço e cobriu-o de beijos." (Lc 15, 20)

 

DSC06581.JPG

 

 

Autoria e outros dados (tags, etc)

publicado às 06:00

Harmonia - ou convivência forçada?

por Teresa Power, em 24.07.15

A nossa casa é uma casa extremamente barulhenta, entre crianças, galinhas, gatos e cães; mas é também uma casa extremamente pacífica. Senão vejam:

Jack e Branquinho.JPG

 Sim, os cães e os gatos gostam de se enroscar uns nos outros e de brincar em grande grupo!

DSC03405.JPG

DSC03413.JPG

 Se repararem bem nestas fotos, verão como os gatinhos se entretêm a observar os franguinhos, sem um único gesto ofensivo. Afinal, nasceram quase ao mesmo tempo!

Mais ainda: numa noite de inverno, no ano passado, descobri que a Tiger - a mãe dos gatinhos - dormia encostada às galinhas, provavelmente à procura de calor... A sério!

Já observaram esta oliveira florida? Aposto que não conheciam esta espécie, capaz de produzir flores brancas tão belas...

DSC03552.JPG

Ora aqui fica a solução deste enigma: não, as flores não são da oliveira, mas de uma lindíssima trepadeira que decidiu abraçar a nossa oliveira, casando-se com ela vestida de alvura!

DSC03554.JPG

DSC03555.JPG

Às vezes, também os nossos filhos experimentam momentos de intensa harmonia. Vejam, por exemplo, a felicidade dos mais novos, quando o Francisco se oferece para os ajudar a construir objetos especiais em lego:

lego 1.JPG

Ou a alegria da Sara, aos saltos nas ondas com os mais velhos:

DSC02882.JPG

O David só se aventura nas ondas grandes se a Clarinha ou o Francisco estiverem por perto...

CAM00480.jpg

E o António também!

CAM00488.jpg

 Reparem neste trabalho conjunto na cozinha, enquanto a mãe escreve um "post"... O David lê a receita a partir do tablet da Clarinha, a Lúcia vai encontrando o material necessário, a Clarinha faz o bolo e a Sara, claro, rapa as tigelas!

cozinhar 2.JPG

Depois, o piquenique no jardim sabe bem melhor:

piquenique no jardim 3.JPG

 - Lúcia, a Sara quer uma história, mas eu tenho de ir levar a Clarinha ao treino! Contas-lha tu?

- Sim, mamã!

Lùcia a ler à Sara.JPG

Os cães, os gatos e as galinhas não têm alternativa senão dar-se bem. A nossa casa não permite que vivam separados, e a porta do galinheiro está constantemente a ser aberta por mãozinhas pouco cuidadosas, que se esquecem de a fechar... A oliveira e a trepadeira também não têm alternativa: o espaço é pouco e ambas precisam de crescer!

Quanto aos nossos filhos... Bem, talvez o segredo não seja muito diferente! Um mesmo espaço continuamente partilhado por uma família numerosa, e multiplas ocasiões para se servirem uns aos outros e para cuidarem uns dos outros...

 As férias são tempo privilegiado para que os irmãos brinquem juntos, trabalhem juntos, se aborreçam juntos, discutam juntos, e se ajudem uns aos outros. Nos dias que correm, é frequente as férias separarem as famílias: os mais novos têm de frequentar o ATL, porque os pais trabalham; os jovens participam em inúmeras atividades longe de casa... Tudo faz parte e tudo é bom, claro! Mas corremos o grande risco de transformar as férias em mais uma sessão de "cada um por si".

Para que os irmãos aprendam a ser irmãos, é necessário que nós, pais, lhes ofereçamos contínuas oportunidades de cuidarem uns dos outros, dando-lhes responsabilidades de acordo com as suas idades e capacidades. Que não falte, nas férias, um tempo largo para unir pais e filhos e para unir os irmãos entre si!

 

"Como é bom e agradável os irmãos viverem em harmonia!" (Sl 133)

 

Autoria e outros dados (tags, etc)

publicado às 06:10

Crescer

por Teresa Power, em 18.06.15

Num dia de manhã, na semana passada, entrámos na garagem e tivémos uma bela surpresa: a Tiger decidira que chegara a hora de tirar os seus quatro gatinhos do ninho, e de os pousar suavemente no chão, para descobrirem o mundo.

Que entusiasmo! Os meninos não sabiam para onde se virar: de todo o lado apareciam gatinhos, pequenas bolas de pelo tropeçando umas nas outras e miando baixinho. A Tiger, muito senhora de si, vigiava os filhotes a uma distância segura, aproximando-se quando pressentia perigo e oferecendo-lhes de mamar, cheirando-os e lambendo-os quando os ouvia queixar.

Pela primeira vez, os nossos filhos puderam pegar nos gatinhos e acariciá-los. Até então, eles não saíam do ninho, e para não interferirmos na ordem da natureza, ninguém lhes tocava. Que festa, naquela garagem! Para aí em casa poderem - sobretudo os mais novos - partilhar da nossa alegria, aqui ficam dois pequenos vídeos deste dia fantástico:

 

- Os teus meninos estão a crescer, não é verdade, Tiger? - Perguntei-lhe suavemente, acariciando-a - E tu percebeste que chegou a hora de os fazer sair do ninho, mesmo que ainda tropecem um pouco e andem cambaleantes... No ninho, nunca iriam fortalecer as pernas. Tiveste toda a razão!

Nesse dia, o Niall e eu conversámos sobre a sabedoria da natureza, que inscreve nos genes dos animais as leis do crescimento. A nós, Deus dotou-nos de menos instinto, mas em contrapartida, ofereceu-nos uma inteligência superior, capaz de discernir os sinais dos tempos, como Jesus dizia aos seus ouvintes.

Cá em casa, também os nossos filhos estão a crescer. O que a Tiger descobriu por instinto, nós somos chamados a descobrir por atenção à voz do Senhor... Os nossos filhos nunca "fortalecerão as suas pernas" se não os colocarmos no chão para que caminhem. O importante, como a Tiger nos demonstrou, é manter a atenção em alerta máximo e o abraço pronto a acolher. Depois - como a Tiger - há que confiar: se fizermos bem o nosso trabalho, colheremos os seus frutos. Diz-nos a Bíblia:

 

"Habitua o menino no caminho a seguir, e mesmo velho, não se afastará dele." (Pro 22, 6)

 

Senhor, que eu seja sempre capaz de acompanhar o crescimento dos meus filhos, sabendo identificar os tempos certos para os retirar suavemente do ninho e os encorajar no chão da sua aventura! Ámen.

 

 

Autoria e outros dados (tags, etc)

publicado às 06:24

A cobra

por Teresa Power, em 03.06.15

Cheguei a casa apenas com os dois mais novos - A Sara e o António - e, como costume, abri a porta da cozinha para que ambos pudessem brincar alegremente no jardim. De repente, os cães começaram a ladrar aflitivamente. Deixei o que estava a fazer e corri para o jardim. Os cães estavam à porta da garagem, numa grande algazarra. Aproximei-me, curiosa. Que teria acontecido? Entrei na garagem, e no momento em que passei pela porta, um enorme e prolongado "zzzzzzzzzzzzzzzzz" fez-me gelar. Não havia dúvidas de que era uma cobra. Mas onde? Sem me mexer, fui procurando com os olhos, até que dei um salto para trás: a cobra estava mesmo ao meu lado, no cimo do escadote que está à entrada da garagem.

cobra.JPG

- O que se passa, mamã? - Perguntou então o António, entrando na garagem com a Sara. Com um grito, afastei-os e levei-os para a cozinha. Depois telefonei ao Niall.

- Estou quase a chegar a casa - Respondeu-me ele. - Por favor, não faças nada! Eu morria de pena se não chegasse a tempo de ver a cobra!

O Niall tem uma paixão por cobras. Em jovens, ambos fizemos expedições na natureza com um sacerdote jesuíta profundamente conhecedor de cobras, que aliás possuía várias no seu gabinete, o padre Carlos Azevedo Mendes. Uma das coisas que nos ensinou foi precisamente a não ter medo e a saber como lhes pegar.

- Niall, mas há os gatinhos e os pitinhos!

Mesmo que esta cobra fosse inofensiva para o ser humano, eu sabia que uma das funções que a natureza lhe atribui é manter controladas as ninhadas de ratos e afins. Os nossos quatro gatinhos e os quatro pintaínhos que entretanto também nasceram corriam sério risco.

- Tens razão. Retira imediatamente os gatinhos do armário e tranca a garagem.

Entrei na garagem com um salto. Rapidamente, abri o armário e reuni os quatro gatinhos num cestinho, que levei para dentro de casa, para deleite da Sara e do António. Depois tranquei a cobra na garagem, e suspirei de alívio.

O Niall chegou entretanto. Entusiasmado, dirigiu-se à garagem, onde foi recebido por um enorme "Zzzzzzzzzzz".

- Ena, que bonita! Mas está tão agressiva! Mantém as crianças longe. Vou baixar o escadote, para ser mais fácil apanhá-la. Depois levo-a para longe da nossa casa, fica descansada.

Assim que o Niall baixou o escadote, uma cena curiosa aconteceu: a Winnie e o Jack, os nossos dois rafeiros atiraram-se à cobra e agarraram-na com os dentes, à vez, chicoteando-a contra o chão com violência. Em menos de dez segundos - para frustração do Niall e para meu alívio - a cobra estava morta.

No galinheiro, os pintaínhos saíram debaixo das asas da sua mamã:

 

E os gatinhos regressaram ao seu armário, onde a mamã se apressou a lambê-los vigorosamente e a dar-lhes de mamar:

DSC02490.JPG

Quais as "cobras sibilantes" que pretendem roubar-nos as nossas "ninhadas"? Deveremos nós, pais, separar os nossos filhos dos contactos humanos "perigosos", impedindo que se relacionem com todo o tipo de pessoas, nomeadamente na escola e noutros lugares lícitos? Não o creio. Afinal, a Boa Notícia do Evangelho é que Jesus, o Filho de Deus, se senta à mesa com os publicanos e as prostitutas, recusando o medo farisaico do contágio. E o que está bem para Jesus, está bem para mim.

Mais perigosos são os canais abertos de "cobras" para o interior das nossas casas e dos corações dos nossos filhos, através dos livros, de várias redes sociais, dos programas de televisão e dos jogos de computador que são visionados sem qualquer discriminação e que nenhum pai ou mãe consegue acompanhar convenientemente. Na verdade, muito do que por aí se produz nos meios de comunicação social tem um objetivo claro ou oculto de destruir os valores da nossa civilização cristã.

Se substituirmos o tempo gasto em visionamentos deste tipo por conversas familiares honestas e profundas em torno de valores, estaremos a equipar os nossos filhos com o necessário para saberem escolher as suas amizades e avaliar os comportamentos de quem os rodeia. Diz-nos S. Paulo:

 

"Tudo o que é verdadeiro, tudo o que é nobre, tudo o que é justo, tudo o que é puro, tudo o que é amável, tudo o que é respeitável, tudo o que possa ser virtude e mereça louvor, ocupe o vosso pensamento." (Fl 4, 8)

 

É o que nós procuramos fazer todos os dias, no tempo de oração familiar, quando confrontamos o dia de cada um com a Palavra de Deus! E para uma maior certeza da vitória, confiamos no auxílio daquela que esmagou a serpente com o calcanhar...

DSC02470.JPG

Autoria e outros dados (tags, etc)

publicado às 06:12

Os gatinhos e a paternidade de Deus

por Teresa Power, em 28.05.15

Os nossos gatinhos têm sido uma fonte de animação cá em casa. Lembram-se de como deixámos a Tiger e os seus quatro filhotes fechados na garagem, para que ela se ajeitasse com eles durante a noite e encontrasse um ninho fofo para os criar? Pois bem, no dia seguinte, logo de madrugada, descalços e em pijama, corremos para a garagem. Estávamos desejosos de ver como os gatinhos tinham passado a noite.

Qual não foi a nossa desilusão quando, ao entrar na garagem, não encontrámos sinais dos gatinhos! Que se teria passado? Procurámos debaixo da mesa, dentro da máquina da roupa, sobre as estantes de sapatos e ferramentas, até que a porta entreaberta de um roupeiro chamou a atenção:

DSC02382.JPG

 Naquele armário só temos roupa fora de uso, à espera que sirva a alguém. Cá em casa, reciclamos a roupa entre irmãos e entre família e amigos. Será que...? Decidimos espreitar:

DSC02400.JPG

DSC02394.JPG

Que belo ninho a Tiger arranjou! Não teríamos escolhido melhor!

A Tiger saiu do ninho, e pudemos contemplar os seus filhotes:

DSC02384.JPG

Ei-los!

DSC02413.JPG

Temos dois branquinhos como o pai, um todo preto e um preto e branco. Não são lindos?

Ontem fiz este curto filme, para poderem também aí em casa, com os vossos filhos se for o caso, contemplar esta maravilha da natureza que é o instinto maternal em ação:

 

Quando contemplo a ternura de uma gata ou de qualquer outra mãe do reino animal; quando contemplo a ternura de uma mãe humana para com o bebé, não posso deixar de pensar no amor infinito de Deus...

Diz-nos o Génesis que fomos criados à imagem e semelhança de Deus. Portanto, se a natureza é capaz de gestos maternais desta intensidade, é poque antes de existirmos, já Deus era maternal. Jesus tratava-O por Pai, Pai que é também Mãe, e muito mais do que Mãe. S. Paulo diz-nos:

 

"Dobro o meu joelho diante do Pai, do qual procede toda a paternidade que há no céu e na terra." (Ef 3, 14-15)

 

Que a contemplação da natureza e a intensidade dos nossos próprios sentimentos nos desafie a acreditar no amor infinito que Deus tem por cada um de nós!

 

 

 

Autoria e outros dados (tags, etc)

publicado às 06:16

Uma bênção especial

por Teresa Power, em 18.05.15

O Retiro de Neiva foi magnífico, e para nós, o fim-de-semana foi verdadeiramente especial. Amanhã ou depois conto-vos tudo... Mas hoje quero falar-vos da nossa surpresa ao regressarmos a casa, domingo ao fim da tarde. Vínhamos cansados e felizes, e trazíamos o carro completamente atulhado de material, desde fatos de banho molhados (sim... ) a restos de piquenique. À nossa espera, como costume, estavam a Winnie e o Jack, que ladraram e saltaram de alegria até mais não poderem; estavam as galinhas, que cacarejaram excitadas ao escutarem as nossas vozes; e estavam os nossos gatinhos.

- Mãe, reparaste como a Tiger está magrinha? - Disse-me o David, abraçando a gatinha às riscas. - Acho que vocês se esqueceram de lhe deixar comida! Vou tratar dela.

O Niall e eu estávamos tão ocupados a descarregar os carros que não demos importância à observação do David. Mas de repente, o Niall deu um grito:

- Meninos! Venham todos!

Corremos atrás da sua voz, e quase esbarrámos uns com os outros à entrada do quarto da Clarinha. E foi então que... Bem, antes de estragar a surpresa, espreitem connosco:

DSC02370.JPG

DSC02372.JPG

DSC02373.JPG

 Pois... Debaixo da cama da Sara, encontrámos isto:

DSC02379.JPG

Não imaginam a excitação e a alegria cá em casa! Se a casa já estava de pernas para o ar, com a chegada das nossas mini-férias (leia-se Retiro Famílias de Caná), a surpresa que a Tiger nos fez tornou tudo muito mais interessante! 

É verdade que desconfiávamos da sua gravidez, pois o seu cio fora notório, e a barriguita estava bem crescida, mas não tínhamos a certeza de nada. Chegar a casa e descobrir quatro gatinhos amorosos foi verdadeiramente um presente do Senhor!

A Sara estava muito orgulhosa da predileção que a Tiger demonstrara pela sua caminha. Naturalmente que a Tiger teve os seus gatinhos no jardim, pois a nossa casa ficou bem fechada durante o fim-de-semana, mas bastou abrir as portas dos quartos, para deixar entrar o ar, e logo a Tiger transportou os seus filhotes para o quarto das meninas.

Depois do jantar, e porque a Sara queria ir dormir, foi preciso pegar nos gatinhos e levá-los com cuidado para um novo abrigo, que o Niall preparou na garagem. Será aí que, esperamos, eles vão crescer, certamente sob o olhar atento de muitas crianças! 

Quando pudermos, mostraremos fotos atualizadas destes nossos novos gatinhos. Não querem um aí para casa, quando estiverem desmamados?...

DSC02368.JPG

DSC02380.JPG

DSC02381.JPG

Enquanto contemplava a ternura da mãe gata com os seus gatinhos, e a ternura dos meus filhos com tão bela surpresa, pensei nas palavras da Bíblia:

 

"Todas estas bênçãos estarão contigo, se ouvires a voz do Senhor, teu Deus. Serás abençoado na cidade e abençoado nos campos. Bendito o fruto das tuas entranhas, o fruto da tua terra, o fruto do teu gado, as crias dos teus bois e os filhotes das tuas ovelhas. Bendito o teu cabaz e a tua arca. Bendito serás quando entrares, e bendito quando saíres." (Deut 28, 2-6)

 

Nós entrámos e saímos, porque ouvimos a voz do Senhor, que nos enviou em missão a Castelo de Neiva, a Viana do Castelo e a Barcelos. E as suas bênçãos estão connosco numa abundância perfeitamente desmedida... até sob a forma de gatinhos pequeninos! Obrigado, Senhor!

 

Autoria e outros dados (tags, etc)

publicado às 06:20

Uma pequena fresta

por Teresa Power, em 29.11.14

Como alguns de vós se devem lembrar, temos quatro gatinhas, que foram abandonadas à nossa porta e que nos vimos caridosamente forçados a acolher. São simpáticas, alegres, brincalhonas e bonitas, mas também são bastante inconvenientes, pois não suportam um "não" como resposta. Assim, se um de nós abre uma frestinha da porta ou da janela, logo as quatro saltam para dentro de casa, e num ápice estão na cozinha, em cima da banca, o que me irrita bastante. Já vos mostrei num vídeo engraçado como até a Sara, na altura com vinte e dois meses, aprendeu a enxotar as gatas para o jardim (podem rever o vídeo aqui).

Mas não importa o quanto eu me zangue com elas, a insistência continua. Num destes dias, andava eu em arrumações pela casa, fechando gavetas e apanhando lixo do chão, e olhem só o que eu vi... Decidi pegar na máquina e fotografar, para vocês poderem ver que não estou a exagerar:

gato 3.JPG

gato 5.JPG

gato 6.JPG

gato 7.JPG

Depois ri-me sozinha: uma pequena fresta na porta ou na janela, e as gatas saltam para dentro de casa; uma pequena fresta nas gavetas (os mais novos, em vez de retirar os brinquedos das gavetas, retiram as gavetas dos móveis), e logo se ajeitam, confortáveis, sobre as roupas... Não pedem muito, realmente!

 

Amanhã começa o Advento. Jesus vai bater à nossa porta com insistência e pedir-nos que abramos, nem que seja apenas uma pequena fresta... 

No livro True Life in God, que contém mensagens de Jesus a uma cristã ortodoxa dos nossos tempos e que está disponível online aqui, Jesus diz assim:

 

"Se ao menos vós soubésseis como Eu estou disposto a perdoar os crimes da vossa era, por um só olhar afetuoso que fosse, dirigido a Mim... um momento de saudade... um suspiro de hesitação... uma ligeira reflexão. Por um só sorriso à Minha Santa Face, Eu perdoarei e esquecerei. Não olharei sequer para as Minhas Chagas. Tirarei da Minha Vista todas as vossas iniquidades e os vossos pecados. Tivésseis vós apenas um momento de pesar, e todo o Céu celebraria esse vosso gesto, uma vez que o vosso sorriso e o vosso olhar afetuoso me seriam agradáveis como incenso e esse pequeno instante de pesar seria por Mim entendido como um novo cântico. (29 de Agosto, 1989)

 

Acreditemos ou não no carácter sobrenatural destas revelações (ainda não confirmadas ou recusadas pela Igreja), estas palavras são de um consolo infinito. Olhemos para trás, para a nossa história... Quando foi que abrimos uma frestinha na porta? Como foi que Jesus entrou? Como foi que, pouco a pouco, Jesus começou a transformar a nossa vida?

Para alguns, a fresta na porta foi uma leitura apressada de algum texto deste pobre blogue; para outros, uma oração hesitante; para outros ainda, um suspiro de tristeza perante a desarrumação da sua vida... Olhemos para trás: terá sido um convite para um retiro? O desafio de uma simples novena a Nossa Senhora, como o que ontem vos fiz e que foi tão bem acolhido?  As palavras de um cristão amigo? Um programa na televisão?

Pouco a pouco, demo-nos conta de que Jesus entrara, e começava a remexer as gavetas da nossa alma, à procura de um lugar confortável onde Se instalar... E quase sem darmos por isso, estávamos a caminhar com passadas de gigante na estrada da santidade!

 

"Eis que estou à porta e bato. Se alguém abrir, entrarei em sua casa e cearei com ele e ele comigo." (Ap 3, 20)

 

Ajuda-me, Senhor, a abrir uma pequena fresta na porta da minha vida e da minha alma! Entra, Senhor, como puderes, e desarruma as ideias, desinstala os medos e os preconceitos, e faz de mim, para Ti, uma nova gruta de Belém. Ámen!

 

 

Autoria e outros dados (tags, etc)

publicado às 06:25

Galinhas no choco

por Teresa Power, em 30.06.14

O nosso jardim rebenta de vida nova! Como contei aqui, temos três novos gatinhos:

 

 

E no galinheiro, saltitam e esgravatam cinco novos pintaínhos! Ontem, quando nasceram, ninguém saía de junto do galinheiro... Aqui ficam 20 segundos de animação:

 

 

Os meninos não se cansam de brincar com os gatinhos e de contemplar os pintaínhos! Os meninos, e não só: eu e o Niall divertimo-nos imenso a admirar estes pequenos milagres da natureza, e damos por nós parados diante do galinheiro, com um sorriso nos lábios, enquanto a mãe galinha ajuda os seus pequeninos a encontrar alimento.

 

Contemplar a vida nascente é sempre já uma forma de rezar. Tudo na natureza nos fala de Deus e nos conduz a Deus, se a soubermos ler! Jesus também estava acostumado a ver galinhas com os seus pintaínhos, e muito provavelmente cresceu, como os meus filhos, a escutar o seu cacarejo constante. Imagino Nossa Senhora, com Jesus Menino pela mão, mostrando-lhe as galinhas e falando-lhe de Deus, como eu procuro também fazer aos meus filhos... Tenho a certeza de que muitas das parábolas de Jesus surgiram na sua mente como recordações das palavras sábias e extremamente simples da sua mãe!

Um dia, ao entrar em Jerusalém para a sua derradeira visita, Jesus chorou sobre a cidade e lembrou-se destas imagens da sua infância:

 

"Quantas vezes, Jerusalém, Eu quis juntar os teus fihos como a galinha junta a sua ninhada debaixo das asas, e tu não quiseste!" (Lc 13, 34)

 

A imagem de um Deus Amor que nos reune com carinho sob as suas "asas" atravessa toda a Bíblia. Mas ontem, diante daquela galinha feliz com os seus pintaínhos, foi uma outra imagem que me veio à mente:

Sabem que para nascerem estas lindas bolinhas de penas foi preciso que a galinha estivesse três longas semanas sentada sobre os seus ovos, sem se mexer? Bem, eu só descobri isto quando vim viver para o campo... Eu sabia, vá lá, que as galinhas precisam de chocar os ovos, mas não sabia que precisavam de estar tão quietas sobre eles durante tanto tempo! De dois em dois dias deixam o choco para comer e esticar um pouco as pernas, mas não se demoram mais de cinco minutos, pois se o fizerem, os pintaínhos morrem dentro do ovo! Os meus filhos ficam sempre muito admirados a olhar para as galinhas chocas: como é que elas conseguem?

- Não se admirem assim tanto! - Expliquei-lhes eu então - Para o Francisco nascer, eu também tive de ficar, não apenas três semanas, mas cinco longos meses de cama!

Pois é... A minha primeira gravidez terminuou num aborto espontâneo, com toda a dor psicológica que isso acarreta. Sim, sofri muito então, sem imaginar que havia de sofrer ainda muito mais, anos mais tarde, com a morte do Tomás! Ainda bem que não conhecemos o futuro... Quando engravidei novamente, tive algumas perdas de sangue e contracções constantes. O obstetra recomendou-me repouso absoluto, e eu obedeci, cheia de medo de perder o meu bebé. Fui uma bela "galinha choca", muito quietinha durante um verão inteiro! Enquanto os meus amigos iam à praia, eu ficava ali, na cama... Depois, claro, veio a recompensa, e que recompensa!

 

Sei que não sou a única mamã a quem recomendam repouso absoluto durante a gravidez. Sei que não sou a única mamã a enfrentar perdas, a ver os seus sonhos desmoronarem-se, a sofrer derrotas... Sei que há mamãs aí desse lado a lerem este blogue deitadas na cama, para que os seus bebés possam nascer! Nada é em vão. Deus dá sentido a todas as nossas dores, e nem sequer precisamos de esperar pela vida futura para experimentarmos a sua recompensa... A felicidade está ao alcance da mão!

Hoje, como Maria de Nazaré e o seu Menino, contemplo as galinhas no meu galinheiro e penso em Deus. Hoje penso também  em todas as mamãs que aguardam, um pouco impacientes, a chegada dos seus bebés. Que ninguém se ofenda com a comparação... Se o próprio Deus Se comparou, na Bíblia, a uma galinha reunindo os seus pintaínhos! É para essas mamãs este post.

 

 

 

 

Autoria e outros dados (tags, etc)

publicado às 07:51

No cimo da árvore

por Teresa Power, em 24.06.14

Anteontem à noite, no meio da chuva que caía com força, ouvimos uns miados aflitivos em Náturia, no descampado por detrás da nossa casa. Depois de uma boa meia hora a escutar os mesmos sons, o Niall decidiu enfrentar a chuva e procurar o autor de tantos gemidos. Passados alguns minutos, regressou a casa e saiu de novo, desta vez munido de um escadote. Fiquei à espera, curiosa. Quando regressou, trazia isto nos braços:

 

- Que é isto, Niall? Não nos bastava a Pantufa (afinal não é o Pantufa, mas a Pantufa) e a Branquinha?

Ele encolheu os ombros, resignado:

- Não podia deixá-los a chorar no cimo de uma árvore, podia? Quem abandona assim os gatos não tem coração. Mas eu tenho!

Cá em casa, a animação tem sido grande. Quatro gatinhos pequeninos, todos a correr e a saltar por todo o lado, é bastante divertido! Especialmente quando se tem menos de sete anos. A Sara então, fica tão entusiasmada, que não sabe para onde se virar! E eles, claro, depois de experimentarem uma vez a sua mão sapuda, fogem dela a sete pés!

 

 

 

A Pantufa já gosta de se deitar aos pés de Nossa Senhora:

 

A Branquinha, que encontrámos há cerca de duas semanas na horta (provavelmente "oferecida" pelo mesmo vizinho que "ofereceu" a Bella) é muito pequenina, mas muito patriota:

 

O Tiger e o Riscas (ou serão a Tiger e a Riscas?) são do mesmo tamanho da Branquinha, e desconfiamos que sejam irmãos pela forma carinhosa com que se enroscaram uns nos outros, depois do salvamento espectacular do Niall. 

Agora precisamos de arranjar casas para dois ou três destes gatinhos. Se conhecerem alguma aqui perto, digam!

 

Aquela árvore no meio da tempestade e da noite, os gatinhos a miar aflitos lá em cima, o Niall encharcado empoleirado num escadote... Jesus disse no Evangelho:

 

"Não se vendem dois pássaros por uma pequena moeda? E nem um deles cairá por terra sem o consentimento do vosso Pai! Quanto a vós, até os cabelos da vossa cabeça estão todos contados! Não temais, pois valeis muito mais do que os pássaros." (Mt 10, 29-31)

 

É tão difícil acreditar nisto! Eu sei que tenho repetido esta ideia neste blogue de tempos a tempos. E continuarei a repetir, pois estou convencida de que esta Palavra é absolutamente fundamental na nossa vida. Acreditaremos nós verdadeiramente nela? Acreditaremos nós que Deus cuidou daqueles gatinhos, ao ponto de chamar o Niall para os ir buscar ao cimo da árvore? Acreditaremos nós que valemos muito, mas muito mais do que um gatinho? E que, por nós, Deus está disposto a subir a qualquer árvore, debaixo de qualquer tempestade, para nos resgatar?

Bem, Deus já o fez... Por nós, Jesus subiu à Arvore da Cruz e, de braços abertos, deu a vida para nos resgatar! Quando acreditaremos verdadeiramente nisto? No dia em que o fizermos, seremos profundamente felizes...

 

 

 

Autoria e outros dados (tags, etc)

publicado às 08:44

Se queres um amigo, cativa-me!

por Teresa Power, em 22.05.14

Que será que os meninos estão tão concentrados a observar, atrás dos arbustos?

Eu mostro-vos:

Sim, o Pantufa é o nosso mais recente amiguinho de quatro patas! Como disse no post sobre a Bella, os gatinhos na nossa casa não parecem durar muito. Talvez porque tenhamos uma estrada à frente e outra atrás, ou talvez porque a liberdade do jardim aberto e dos telhados vizinhos seja atraente... O facto é que os nossos gatos não têm sete vidas, mas o oposto - precisamos de sete gatos para conseguir a duração de uma vida de gato! Assim, por alturas da Páscoa, a Bella e o Charlie deixaram-nos no espaço de uma semana. Nunca os encontrámos mortos na estrada, pelo que mantemos uma secreta esperança de um dia os rever. Mas entretanto, recebemos o Pantufa. Não é bonito?

A Sara parece achar que sim. E sem dar qualquer importância ao pavor do gatinho, que só se quer esconder, persegue-o pelo jardim com determinação:

 

 

Finalmente, a sua persistência é recompensada:

 

E agora, o Pantufa já ronrona, feliz, ao nosso colo ou deitado no sofá, como se aqui tivesse nascido!

 

"Se queres um amigo, cativa-me", disse a Raposa ao Principezinho, no clássico do Exupéry. A amizade dá trabalho! Educar também. Como professora, sei bem o trabalho que dá cativar um aluno rebelde. E sei que é muito mais fácil desistir e fingir que não conseguimos...

E como mãe?

 

Disse Jesus:

 

"O que quiserdes que vos façam os homens, fazei-o também a eles." (Mt 7, 12)

 

Uma das palavras que me mais me marcou na minha vida de mãe foi esta, lida quando o Francisco e a Clarinha eram muito pequeninos, e escrita a partir destas palavras de Jesus que citei em cima:

 

"Faça aos seus filhos aquilo que gostava que os outros lhes fizessem". (Os Pais e a Educação Emocional, Pergaminho, capítulo 1)

E inversamente, "Não faça aos seus filhos aquilo que não gostava que os outros lhes fizessem."

 

Se alguém gritasse com os meus filhos como eu às vezes grito? Se alguém lhes dissesse o que eu às vezes digo? Porque não havemos de ser tão simpáticos com os nossos filhos como com os filhos dos outros, que vêm lanchar a nossa casa? Porque não havemos de ser tão simpáticos com os nossos filhos como queremos que os pais dos seus amigos e os seus professores sejam?...

Esta máxima da educação emocional tem-me ajudado imenso a controlar, ou pelo menos a esforçar-me por controlar a minha irritação com as crianças pequenas ao longo de todo o processo de educação de seis traquinas. E a perceber que também em casa é preciso cativar... Como a Sara com o Pantufa, precisamos de brincar, de chamar, de sentar no chão ao seu lado, de rir ao seu lado, de tropeçar na relva ao seu lado, até que eles - aos dois anos como aos doze - se sintam seguros na nossa companhia e se deixem afagar...

 

 

 

Autoria e outros dados (tags, etc)

publicado às 08:47



Subscrever por e-mail

A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.

subscrever feeds


livros escritos pela mãe

Os Mistérios da Fé
NOVO - Volume III

Volumes I e II



Pesquisa

Pesquisar no Blog  


Arquivos

  1. 2016
  2. J
  3. F
  4. M
  5. A
  6. M
  7. J
  8. J
  9. A
  10. S
  11. O
  12. N
  13. D
  14. 2015
  15. J
  16. F
  17. M
  18. A
  19. M
  20. J
  21. J
  22. A
  23. S
  24. O
  25. N
  26. D
  27. 2014
  28. J
  29. F
  30. M
  31. A
  32. M
  33. J
  34. J
  35. A
  36. S
  37. O
  38. N
  39. D
  40. 2013
  41. J
  42. F
  43. M
  44. A
  45. M
  46. J
  47. J
  48. A
  49. S
  50. O
  51. N
  52. D