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Oito centímetros de vida e a bioética

por Teresa Power, em 10.02.15

A semana passada, uma leitora deste blogue enviou-me a primeira fotografia do seu bebé:

ecografia.jpg

O anúncio de uma nova vida é sempre um momento que nos transcende e, com maior ou menor intensidade, nos perturba. O ser minúsculo que Deus nos entrega, neste dom que é a maternidade, vem desalinhar a nossa vida, desarrumar as nossas ideias, desiquilibrar o nosso barco. E nem sempre é fácil acolher...

Para a mãe que me enviou esta fotografia, não está a ser fácil! Ainda há em Portugal patrões que despedem as mulheres grávidas, e algumas famílias olham para o futuro com muita apreensão. Que será deste menino? Pergunta-se ela. E a alegria que sente por ser novamente mãe, é toldada por algum receio e algum desalento.

No entanto, mesmo com medo, com perturbação, com dor, esta mãe está decidida a lutar pela felicidade do seu filho. Ela sabe que, antes de ser seu filho, este menino, com oito centímetros de comprimento, é filho de Deus; e antes de ser amado por ela, é amado, imensamente amado por Deus!

 

Já ouvi, na minha escola, alguns comentários de passagem entre adolescentes: "Se correr mal, sempre se pode fazer um aborto." Mas também já fui testemunha de três adolescentes que levaram a sua gravidez até ao fim, regressando às aulas pouco depois dos bebés nascerem e levando-os consigo. Num dos casos, bem engraçado, o bebé ficava na salinha dos funcionários, num bercinho arranjado pelos professores, com roupinhas também arranjadas por nós, e era cuidado um pouco por todos, durante as aulas da menina. Nos intervalos, o bebé fazia a delícia das amigas da nova mamã (mais até do que da própria mamã...).

 

A vida é o primeiro dom do amor de Deus. Até que ponto estamos dispostos a defendê-la? Conhecemos as fronteiras da ciência e os atropelos que se vão fazendo no campo da bioética? Embriões congelados, técnicas de reprodução medicamente assistida, aborto, contracepção... Os cristãos merecem ser esclarecidos nestas matérias. Jesus deixou um mandamento muito claro a todos os que, de alguma forma, têm o dever de guiar os outros, sejam pais ou consagrados:

 

"Seja a vossa palavra sim, se for sim, não, se for não." (Mt 5, 37)

 

Para ajudar a clarificar a palavra e o pensamento, está a ser apresentado, um pouco por todo o país, o Manual de Bioética para Jovens. A sua leitura, clara e concisa, faz bem também aos menos jovens! E os debates nas sessões de apresentação têm sido muito interessantes. O Francisco irá assistir a esta apresentação no dia 14 de março, aqui em Anadia, feita precisamente pela sua tia, professora na Faculdade de Farmácia de Coimbra. Entretanto, recebi este cartaz, sobre a apresentação do manual em Vila Nova de Famalicão, no dia 20 deste mês de fevereiro. De certeza que haverá ainda outras datas e outros lugares. Informem-se, que vale a pena!

 

 

E se quiserem, hoje, depois de ler este post, façam comigo uma oração por esta mãe, agradecida pelo dom do seu filho, e por todas as mães em dificuldade...

 

"Por vezes, ao contemplarmos a maravilha que somos,

arrebata-nos uma vertigem"

(Jean-Marie Le Méné, Manual de Bioética)

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publicado às 06:25

A Imaculada Conceição e a lei do aborto

por Teresa Power, em 09.12.14

No dia da Imaculada Conceição, na nossa paróquia acontece também a bênção das grávidas. É um momento muito bonito da Eucaristia, em que as mães que aguardam o nascimento dos seus filhos inclinam as cabeças para receber a bênção, geralmente diante do altar.

- Fiquei nervoso quando ouvi o senhor padre anunciar que ia abençoar as grávidas - Disse-me o Niall na brincadeira - É que estava muito curioso para ver se tu te ias aproximar para receber a bênção!

Dei-lhe um encontrão divertido.

- Não gozes!

O Niall piscou-me o olho. Não, desta vez, a bênção não foi para mim!

 

Mas também não costuma ser para muita gente. É triste ver como são pouco numerosas as mulheres grávidas no nosso país, que está cada vez mais envelhecido. Falta riso, falta choro, falta o barulho alegre das crianças e dos bebés nas Eucaristias, nas praças, nos parques infantis, e até nas escolas. Já contei aqui no blogue a surpresa que foi encontrar tantos bebés na Irlanda, e como até o próprio ar parece diferente quando soam por todo o lado as suas gargalhadas.

É difícil criar um filho em Portugal. Eu tenho seis, e não tenho direito a abono de família, por exemplo!

Mas é muito fácil matar um filho em Portugal. Se o filho tiver menos de dez semanas de vida no útero, basta assinar um papel e tomar uns comprimidos. Já está. Tudo pago com o dinheiro que não chega para pagar os abonos de família; passando à frente de quem aguarda operações para melhorar a sua vida.

Tenho uma amiga que um dia, grávida do quarto filho e num grande sofrimento psicológico, decidiu abortar. Dizia-me ela:

- O aborto é legal, por isso posso fazê-lo, embora me custe muito.

Respondi-lhe que sim, que o aborto era legal de acordo com a lei dos homens; mas o referendo português não alterara uma vírgula na Lei de Deus.

 

No final da Caminhada pela Vida, no passado dia 4 de Outubro, foi apresentada uma proposta de lei que visa conseguir algumas alterações à lei do aborto. Por exemplo, não permitir que o aborto seja equiparado a uma gravidez a nível de subsídios e isenções; propor realmente alternativas à mulher que quer abortar, e alternativas válidas, de apoios existentes a todos os níveis; não ouvir apenas a mulher grávida, mas conversar também, sempre que possível, com o pai ou com familiares que possam ajudar a gravidez a ir para a frente; e muitas outras pequenas alterações, mas capazes de obter grandes resultados. Talvez a minha preferida seja esta: exigir que a mulher grávida veja uma ecografia do seu bebé antes de abortar...

São precisas 35 mil assinaturas para que esta iniciativa legistativa possa ser entregue no parlamento e levada a plenário. A recolha de assinaturas acontecerá até ao fim deste mês, pelo que todos precisamos de nos empenhar nesta causa.

O Papa Francisco tem repetido muitas vezes uma ideia fundamental, quando se fala em aborto: este tema não é religioso, mas científico. Não há dúvida alguma - embora a cegueira de alguns não tenha limites - de que uma pessoa é uma pessoa desde o momento da sua concepção, sendo essa a única fronteira temporal capaz de marcar o início da vida humana. Todas as outras distinções - mórula, embrião, feto, bebé, criança, jovem, adulto - são pontos marcados mais ou menos arbitrariamente numa recta contínua.

Se quiserem assinar e recolher assinaturas para esta proposta de lei, façam-no aqui.

Entretanto, fiquemos com a alegria exuberante dos bebés Jesus e João Baptista, que se cumprimentaram ainda no seio das suas mães, Maria e Isabel:

 

"Bendita és tu entre as mulheres e bendito é o fruto do teu ventre! Quando soou em meus ouvidos a voz da tua saudação, o bebé saltou de alegria no meu ventre." (Lc 1, 42-44)

DSC00088.JPG

Que os bebés portugueses ainda não nascidos não cresçam com medo de morrer, mas antes saltem de alegria no ventre acolhedor de suas mães. Ámen!

 

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publicado às 06:24

Galinhas no choco

por Teresa Power, em 30.06.14

O nosso jardim rebenta de vida nova! Como contei aqui, temos três novos gatinhos:

 

 

E no galinheiro, saltitam e esgravatam cinco novos pintaínhos! Ontem, quando nasceram, ninguém saía de junto do galinheiro... Aqui ficam 20 segundos de animação:

 

 

Os meninos não se cansam de brincar com os gatinhos e de contemplar os pintaínhos! Os meninos, e não só: eu e o Niall divertimo-nos imenso a admirar estes pequenos milagres da natureza, e damos por nós parados diante do galinheiro, com um sorriso nos lábios, enquanto a mãe galinha ajuda os seus pequeninos a encontrar alimento.

 

Contemplar a vida nascente é sempre já uma forma de rezar. Tudo na natureza nos fala de Deus e nos conduz a Deus, se a soubermos ler! Jesus também estava acostumado a ver galinhas com os seus pintaínhos, e muito provavelmente cresceu, como os meus filhos, a escutar o seu cacarejo constante. Imagino Nossa Senhora, com Jesus Menino pela mão, mostrando-lhe as galinhas e falando-lhe de Deus, como eu procuro também fazer aos meus filhos... Tenho a certeza de que muitas das parábolas de Jesus surgiram na sua mente como recordações das palavras sábias e extremamente simples da sua mãe!

Um dia, ao entrar em Jerusalém para a sua derradeira visita, Jesus chorou sobre a cidade e lembrou-se destas imagens da sua infância:

 

"Quantas vezes, Jerusalém, Eu quis juntar os teus fihos como a galinha junta a sua ninhada debaixo das asas, e tu não quiseste!" (Lc 13, 34)

 

A imagem de um Deus Amor que nos reune com carinho sob as suas "asas" atravessa toda a Bíblia. Mas ontem, diante daquela galinha feliz com os seus pintaínhos, foi uma outra imagem que me veio à mente:

Sabem que para nascerem estas lindas bolinhas de penas foi preciso que a galinha estivesse três longas semanas sentada sobre os seus ovos, sem se mexer? Bem, eu só descobri isto quando vim viver para o campo... Eu sabia, vá lá, que as galinhas precisam de chocar os ovos, mas não sabia que precisavam de estar tão quietas sobre eles durante tanto tempo! De dois em dois dias deixam o choco para comer e esticar um pouco as pernas, mas não se demoram mais de cinco minutos, pois se o fizerem, os pintaínhos morrem dentro do ovo! Os meus filhos ficam sempre muito admirados a olhar para as galinhas chocas: como é que elas conseguem?

- Não se admirem assim tanto! - Expliquei-lhes eu então - Para o Francisco nascer, eu também tive de ficar, não apenas três semanas, mas cinco longos meses de cama!

Pois é... A minha primeira gravidez terminuou num aborto espontâneo, com toda a dor psicológica que isso acarreta. Sim, sofri muito então, sem imaginar que havia de sofrer ainda muito mais, anos mais tarde, com a morte do Tomás! Ainda bem que não conhecemos o futuro... Quando engravidei novamente, tive algumas perdas de sangue e contracções constantes. O obstetra recomendou-me repouso absoluto, e eu obedeci, cheia de medo de perder o meu bebé. Fui uma bela "galinha choca", muito quietinha durante um verão inteiro! Enquanto os meus amigos iam à praia, eu ficava ali, na cama... Depois, claro, veio a recompensa, e que recompensa!

 

Sei que não sou a única mamã a quem recomendam repouso absoluto durante a gravidez. Sei que não sou a única mamã a enfrentar perdas, a ver os seus sonhos desmoronarem-se, a sofrer derrotas... Sei que há mamãs aí desse lado a lerem este blogue deitadas na cama, para que os seus bebés possam nascer! Nada é em vão. Deus dá sentido a todas as nossas dores, e nem sequer precisamos de esperar pela vida futura para experimentarmos a sua recompensa... A felicidade está ao alcance da mão!

Hoje, como Maria de Nazaré e o seu Menino, contemplo as galinhas no meu galinheiro e penso em Deus. Hoje penso também  em todas as mamãs que aguardam, um pouco impacientes, a chegada dos seus bebés. Que ninguém se ofenda com a comparação... Se o próprio Deus Se comparou, na Bíblia, a uma galinha reunindo os seus pintaínhos! É para essas mamãs este post.

 

 

 

 

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publicado às 07:51



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