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Dunbrody Famine Ship

por Teresa Power, em 18.08.14

No nosso último dia da Irlanda fizemos uma visita a um navio-museu, visita absolutamente inesquecível: o Dunbrody, em Newross, réplica do verdadeiro Dunbrody, que não resistiu a uma última tempestade no mar do Norte.

Como muitos outros navios da altura, o Dunbrody, construído em 1845, foi um Famine Ship - o navio da Grande Fome. De facto, na década de 1840 a Irlanda foi assolada por uma grande fome, devido a uma doença na plantação de batatas, alimento base da cultura irlandesa. Um milhão e meio de pessoas morreram de fome, outro milhão e meio emigrou para os Estados Unidos.

A emigração para os Estados Unidos fazia-se em veleiros, também conhecidos por "navios-caixão" (Coffin-ships), pois apenas metade das pessoas que embarcavam chegavam ao destino. Visitando a réplica do Dunbrody - que graças à compaixão do seu capitão, foi o Navio da Fome que mais sobreviventes teve - ficámos a perceber porquê...

 

A visita ao navio faz-se com um convite: querem embarcar para a América? Se sim, venham conhecer a vossa casa durante os próximos dois meses!

Meninos e meninas, pedimos descupa, mas as vossas férias de verão serão todas passadas aqui, e convosco estarão mais duzentas pessoas!

Poderão vir ao convés durante meia hora todos os dias em que o tempo o permitir, especialmente para despejar o balde (há cerca de dez baldes para duzentas pessoas, não se preocupem...) e cozer o pão, que comerão acompanhado com água da chuva:

 

Lamentamos, mas não há mais nada para comer nos próximos dois meses! Se molharem o pão na água, ele ficará suficientemente mole...

Vamos visitar a acomodação lá em baixo?

 

Para além das duzentas pessoas, terão também a companhia de outras tantas ratazanas. David, queres segurar numa? Não te preocupes, é só a brincar...

Quanto às camas, terão de fazer turnos para dormir nestes belos beliches, claro! Lá para o final da viagem haverá mais espaço disponível...

 

Neste momento da nossa aventura, fomos visitados por duas actrizes espantosas, que vestidas a rigor de acordo com a época, descreveram os horrores da viagem em detalhes na primeira pessoa. Impressionante! Falaram dos "funerais" de famílias inteiras em alto mar, dos orfãos, da fome e da doença que já vinham de casa e que no navio se agravavam até ao extremo... Regressámos à superfície com uma sensação estranha no estômago e a vontade de respirar ar fresco. Mas a vista do leme animou-nos: que bom, podermos conduzir a nossa vida por águas bem mais tranquilas...

 

O Dunbrody é-nos distante...

 

Mas não o é para tantos irmãos nossos ainda hoje, assolados pela fome, pela guerra, pelos maus tratos, pela indigência e pela dor extrema. E se o nosso "coração de pedra" nem sempre se une à dor dos que sofrem, o Coração de Deus está sempre próximo. O maior atributo de Deus é o amor compassivo. Porque "compaixão" significa "sofrer com". Quem ama, sofre profundamente com a dor do amado. A Cruz de Jesus, que se identificou até ao fim com a nossa condição humana, é assim o mais belo hino ao amor de Deus!

 

Muitos séculos antes de Jesus nascer, três jovens foram condenados à fogueira por acreditarem no Deus de Israel. Enquanto contemplava as chamas, incapazes de matarem a grandeza daqueles crentes, o rei apercebeu-se de algo surpreendente:

 

"Não foram três os jovens que eu condenei à fogueira? Porque vejo eu quatro homens, sendo o aspecto do quarto homem semelhante a um filho de deuses?" (Dn 3, 24-25)

 

Deus nunca nos deixa sós, nem no fogo, nem na tempestade. Nunca! Os emigrantes irlandeses não iam sós naqueles terríveis navios: com eles, no meio dos ratos, do frio, da imundície, da tuberculose, do choro, da dor, viajava Jesus. Se não acreditamos nisto, é vã a nossa fé...

 

 

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publicado às 06:59

o "green", a ginástica e o cuco

por Teresa Power, em 13.08.14

Escrito pela Clarinha:

 

"Adorei as férias na Irlanda. Foi uma grande aventura! Para além das paisagens e do sítio acolhedor onde ficámos, adorei ver os primos e a família toda. É tão bom ter uma família grande! Há sempre tanto para fazer e contar!

Achei curiosa a maneira como as pessoas se tratam na rua, nas lojas, nos parques, etc. São todos muito simpáticos e delicados e tratam-se como se se conhecessem, com um sorriso. É giro.

 

Em alguns dias juntávamos a família toda em casa dos meus avós, e como não é uma casa muito grande, era um reboliço. Nas escadas, a Sara não parava de subir e descer (para desespero da minha mãe), os mais velhos na sala conversavam e riam. Eu, o Francisco e os da nossa idade brincávamos e os pequeninos, contentes, faziam jogos todos juntos. Só havia um momento muito curtinho em que todos se calavam: era quando o relógio do cuco dava as horas, e um cuco minúsculo saía da sua casinha para cantar, enquanto dois lindos bailarinos também minúsculos dançavam. Todos tinhamos de nos calar porque os pequeninos queriam ouvir! O tempo passava muito depressa na casa dos avós, porque pareceu-me que estava sempre na hora do cuco cantar.

Tenho duas primas da minha idade com quem me dou muito bem. Há muito tempo que só falava com elas por e-mail, mas agora quando nos vimos não queríamos separar-nos de novo. Fizemos muitos jogos, cantámos e até fizemos ginástica!

Todos os bairros têm grandes relvados onde as crianças da vizinhança brincam, quer chova quer faça sol. Aí é possível fazer tanta coisa! Adorei fazer ginástica nesses relvados! Deixo-vos um pequeno vídeo da minha experiência com a ginástica em Kennedy Park, um imenso parque botânico perto da casa dos meus avós. Espero que gostem!"

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publicado às 07:02

Para onde fores, irei contigo

por Teresa Power, em 12.08.14

As férias na Irlanda chegaram ao fim. Despedimo-nos com muita saudade dos avós, que não víamos há dois anos... Estes belos pais de dez filhos (incluindo o Brian) e avós de vinte e três netos até ao momento (o irmão mais novo do Niall vai casar no próximo verão).

Ainda estávamos nós a almoçar em casa dos avós, quando começaram a chegar os oito irmãos do Niall, acompanhados das respectivas famílias. E de repente, a casa transbordava de gargalhadas e de uma confusa animação. Os meninos não sabiam para onde se virar, com quem brincar e a quem atender, tantos eram os abraços, os presentes, os sorrisos! Voltaremos um dia, fica a promessa...

 

Enquanto dois irmãos do Niall nos conduzem em dois carros (é o que faz sermos muitos...) de volta a Dublin, para o aeroporto, ponho-me a pensar em Rute, a bela noamita... Ao casar com um judeu, Rute deixou para trás tudo o que conhecia e amava. E mesmo depois de enviuvar, Rute nunca mais abandonou a sua nova família, partindo com a sogra para Israel, enfrentando o desconhecido de cabeça levantada e coração aberto. A sua entrega fez dela avó do Rei David, segundo a genealogia bíblica! Assim, Rute, a estrangeira, tornou-se família de Jesus.

Quando o Niall e eu decidimos casar e ficar a viver em Portugal, o Niall também teve de deixar muita coisa para trás. Foi e é difícil, e para mim também, pois ambos adoramos a Irlanda. Mas a nossa casa é em Portugal, e é em Portugal que somos plenamente felizes.

 

"Por onde fores, irei contigo, onde pousares, lá pousarei eu. O teu povo será o meu povo e o teu Deus será o meu Deus. Onde morreres, aí morrerei e serei sepultada. Que o Senhor me trate como quiser. Somente a morte me separará de ti!" (Rt 1, 16-17)

 

É na verdade esta promessa que torna afinal tudo tão simples e tão belo...

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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publicado às 07:10

Brian

por Teresa Power, em 11.08.14

O dia 8 de agosto é, para a família do Niall, um dia especial: o aniversário da morte do Brian, o irmão mais chegado do Niall – tinham um ano de diferença – que morreu num trágico acidente no rio aos dezoito anos. Como sempre quando vimos à Irlanda, estivemos presentes neste dia festivo.
Festivo? Bem, sim! Às dez da manhã, a família reúne-se na igreja para a missa. É o momento em que todos os Powers, grandes e pequenos, crentes e menos crentes, “praticantes” e “não praticantes” (na família do Niall há uma grande variedade!), se reúnem diante de Jesus para honrar a memória do Brian, para rezar por ele ou com ele. Depois, a família visita o túmulo do Brian, no cemitério em redor da igreja como é costume aqui na Irlanda.

Segue-se o tradicional chá com scones e bolos na casa dos pais do Niall – e é aí que a festa acontece! A casa dos meus sogros transborda literalmente de crianças e adultos, e ouvem-se gritinhos de excitação, gargalhadas, conversas divertidas e brincadeiras por todos os cantos. Os scones quentinhos, fornada atrás de fornada, cobrem-se de geleias e  manteiga irlandesa, o chá bem escuro vai enchendo chávena após chávena.


O Brian brincou lado a lado com o Niall durante toda a sua infância. Agora está presente na alegria e no convívio dos irmãos e dos sobrinhos, que em seu nome se reúnem todos os anos para celebrar a vida…
Para os meus filhos, o “dia do Brian” ficará memorável pelo magnífico convívio com primos e tios. Não o esquecerão nunca, tenho a certeza!

 

"O Senhor é que tira a vida e a dá" (1Sm 2, 6).

 

Deus é o Senhor da vida e da morte, a Ele pertence o passado, o presente e o futuro. Na eternidade, todos nos encontraremos para festejar o dia sem ocaso. Até lá, esforcemo-nos por Lhe entregar o que é d’Ele, sem medo nem revolta, aceitando a vida como ela é, e seremos felizes…

 

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publicado às 05:57

Chuva

por Teresa Power, em 10.08.14

O tempo meteorológico na Irlanda é muito engraçado: tão depressa está um céu lindo, azul, sem uma única nuvem, como logo a seguir começa a chover. Ficamos sem saber de onde surgiram de repente tantas nuvens escuras, e ainda estamos a reflectir no assunto, quando o vento as afasta novamente para longe e o sol retoma o seu brilho. E assim passamos o verão! Não admira, portanto, que os Irlandeses tenham uma atitude muito descontraída em relação ao tempo, e por exemplo deixem a roupa a “secar” lá fora enquanto vem o sol, vem a chuva, volta o sol e volta a chuva. Eu, pelo contrário, passo o dia a trazer o estendal para dentro e de novo para fora!


Esta inconstância do clima faz dos irlandeses pessoas muito agradecidas: assim que um raiozinho de sol espreita no céu, logo o seu sorriso se ilumina e cumprimentam-nos na rua com um simpático “What a nice day!” A praia na Irlanda é uma experiência divertida, porque temos de alternar – e com bastante rapidez – entre os fatos de banho e os impermeáveis. O ideal é fazer como aqui se faz: levar o impermeável por cima do fato de banho…
Como convivo com irlandeses há vinte anos, há muito que aprendi a divertir-me na praia com sol ou com chuva, com frio ou com calor. E confesso que prefiro estar na praia a caminhar por entre as rochas, a procurar caranguejos, a chapinhar com a Sara à beira-mar, a espreitar as flores na relva que chega quase à água, do que deitada a tostar ao sol, como é tradição em Portugal – e como eu nunca consegui fazer, por dificuldade inata em estar parada! As crianças, então, riem a valer enquanto vestem o impermeável por cima do fato de banho…

 

A experiência tão simples com a meteorologia irlandesa faz-me sempre reflectir na nossa atitude na vida… O sol e a chuva dos acontecimentos, dos temperamentos das pessoas que nos rodeiam e das nossas próprias emoções alternam na vida com a mesma rapidez com que o sol e a chuva da natureza alternam na Irlanda. Podemos ter uma atitude rezingona, queixando-nos sempre que o “tempo” não é do nosso agrado; ou podemos “deixar a roupa lá fora” através da chuva e do sol, sabendo que acabará por secar… Podemos aprender a sorrir ao mais pequenino raio de “sol”, contentes com o que Deus nos dá, e enfiar um impermeável quando chega a “chuva”, sem refilar, contentes com o que Deus nos tira. Como com a meteorologia, há muito pouco que possamos realmente controlar na nossa vida, embora a ciência e a técnica nos procurem convencer do contrário. Resta-nos aprender a controlar a nossa forma de reagir! Dizia o pobre Job, na belíssima história de sofrimento e fé da Bíblia:

“O Senhor mo deu, o Senhor mo tirou, bendito seja o nome do Senhor!” (Job 1, 21)

 



 

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publicado às 06:41

Mão na mão

por Teresa Power, em 09.08.14

Quando estamos na casa de férias ou na casa dos avós, aqui na Irlanda, a Sara corre e pula por todo o lado, feliz. Mas assim que pomos um pé fora de casa e vamos, por exemplo, até ao mar, ou caminhar nas falésias, ou jogar à bola no “green”, a Sara diz imediatamente uma das poucas frases que consegue construir na perfeição:
- Dá cá a mão!
Um de nós tem então de lhe oferecer a mão, ou apenas um dedo, e a Sara lá se aventura em território desconhecido. Não pensem que é fácil! Ela é exigente, e pode puxar-nos a mão – e por consequência, toda a nossa pessoa – aos ziguezagues pela praia, durante as duas horas em que estivermos à beira-mar. Temos de aprender a comer, a pôr creme solar, a vestir e despir casacos e a desatar sapatos com uma só mão, porque a outra está permanentemente ocupada!
Conseguem identificar a Sara nesta imagem? É fácil, não è?...

E nesta?

De mão na nossa mão, a Sara é capaz de tudo…

Crescer, eu sei, é aprender a precisar cada vez menos desta mão estendida; mas crescer é também aprender a precisar cada vez mais de uma outra Mão… Por isso Jesus nos disse:


“Se não vos tornardes como uma criança, não entrareis no Reino dos Céus.” (Mt 18, 3)


Quando precisar de me aventurar na vida e avançar para o desconhecido; quando o caminho diante dos meus pés me parecer difícil, escorregadio, irregular; quando tiver medo e me faltar a coragem, quero repetir a oração da Sara: “Dá cá a mão!”


“Mesmo que tenha de atravessar vales tenebrosos
Nada temo, porque estás comigo.
A tua mão e o teu cajado dão-me confiança…” (Sl 22/23)

 

 

 

 

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publicado às 06:40

Os Guardiães da Luz

por Teresa Power, em 08.08.14

Há muito, muito tempo, entre os séculos V e XIII, os monges irlandeses habitavam este simples mosteiro à beira-mar:

 

 


Há muito, muito tempo, no século XIII, o Lorde de Leinster construiu aquele que é hoje o farol operacional mais antigo do mundo, o farol de Hook:

Para o farol iluminar a noite e os navios, que frequentemente embatiam contra as falésias magníficas da costa, era necessário transportar uma tonelada de carvão por dia até ao cimo. Quem estaria disponível para o fazer? O lorde de Leinster teve uma ideia: convidou os monges a abandonar o seu mosteiro frio e húmido e a habitar no farol. Ofereceu-lhes os campos em redor para cultivar e o acesso livre às águas cheias de peixe do mar, e em troca pediu-lhes para manterem o fogo sempre aceso no cimo do farol.
Assim, todos os dias os monges carregavam uma tonelada (uma tonelada!!!) de carvão pela escada em caracol até ao cimo do farol. Todos os dias os monges rezavam as suas orações, celebravam a missa e entoavam salmos e hinos ao Senhor. O farol – casa da luz, “lighthouse” – tornou-se assim verdadeiramente Casa da Luz. E os monges ficaram conhecidos como os Guardiães da Luz – “The Keepers of the Light”.

Ontem subimos as escadas em caracol até ao cimo, para escutar esta história e contemplar a Criação...

 

 


O rei Henrique VIII expulsou os monges do farol, mas não conseguiu destruir a sua história.
Caminhando com a minha família pelas falésias, brincando junto do mar, escalando as rochas, contemplando o horizonte, não posso deixar de pensar no símbolo magnífico que a História criou: os monges habitando um farol, o farol transformado em mosteiro, a luz que brilha no cimo, os guardiães da luz transportando diariamente o carvão até ao cume…

 

 

 


"Vós sois a luz do mundo. Não se pode esconder uma cidade situada sobre um monte, nem se acende a candeia para a colocar debaixo do alqueire, mas sim em cima do candelabro, e assim alumia a todos os que estão em casa. Assim brilhe a vossa luz diante dos homens, de modo que, vendo as vossas boas obras, glorifiquem o vosso Pai, que está no céu." (Mt 5, 14-16)


Será que a minha casa, a minha família e a minha vida são verdadeiramente “Lighthouses”, Casas da Luz? Estarei eu disposta a transportar todos os dias o carvão necessário para que a luz nunca deixe de brilhar? Serei eu capaz de transformar qualquer farol em mosteiro, a minha casa em igreja doméstica? Serei eu Guardiã da Luz que recebi no dia do meu baptismo?
Também a mim, como àqueles monges, Deus ofereceu uma casa, um trabalho e uma paisagem para cultivar e amar. Em troca, pede-me que nunca deixe a Luz apagar…

 

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publicado às 06:47

Crianças e mais crianças

por Teresa Power, em 06.08.14

Desde o primeiro dia que vim à Irlanda, há vinte anos atrás, que fiquei apaixonada por este país. O verde, as falésias de cortar a respiração, os pastos e as vaquinhas, os caminhos estreitos por entre pequenas quintas, tudo me encantou desde o primeiro momento. No entanto, não é essa a vista mais bonita da Irlanda. Vou mostrar-vos qual é:

 

 

Estas fotos foram tiradas num parque infantil, a meio da semana. Sim, como disse ontem no post, a Irlanda transborda de crianças! Durante todo o dia de hoje, passeando no Kennedy Park, não encontrei famílias com menos de três filhos. É realmente fantástico caminhar por entre tanta algazarra e tanta alegria! Eu sei que sou suspeita, porque adoro estar rodeada de pequeninos (acho que já tinham reparado...) mas acreditem que é mesmo giro! Rezemos com força para que o nosso país apoie verdadeiramente as famílias, e para que as famílias cristãs não tenham medo de ter filhos... Não há nada mais bonito que um parque infantil a abarrotar! A sério.

 

"Crescei e multiplicai-vos e enchei a terra" (Gen 1, 28)

 

Reconhecem os Powers portugueses?

 

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publicado às 21:54

The green

por Teresa Power, em 06.08.14

A Irlanda está a transbordar de crianças. É realmente giro ver tantas famílias numerosas - embora ainda não me tenha cruzado com nenhuma do tamanho da nossa - e ver crianças em todas as esquinas. Os meus cunhados falam de um "baby boom" e explicaram-me que as escolas têm cada vez mais alunos. Seria tão bom poder dizer o mesmo de Portugal! Talvez daqui a uns anos...

Conseguem identificar alguns dos Powers portugueses nesta foto de brincadeiras em família, no jardim da irmã mais velha do Niall?

 

 

Mas nem só em jardins se brinca na Irlanda. Aqui, a lei de planeamento urbanístico obriga à construção de um "green" - um espaço relvado público - ao fim de um certo número de casas. Assim, não importa se os jardins de cada família são grandes ou pequenos, todas as crianças podem correr e jogar à bola pertinho das suas casas, fazendo amigos entre os vizinhos e partilhando brincadeiras. "Brincar na rua", este conceito que no nosso país está morto e enterrado, é portanto um conceito muito actual na Irlanda. Eu não podia simpatizar mais com ele! A infância quer-se com liberdade, com brincadeira e com muitos, muitos amigos. Para uma criança crescer feliz, precisa de aprender a partilhar, a gerir conflitos, a conviver com quem é simpático e quem não é, a dar e a receber. Muito mais do que brinquedos, as crianças agradecem ter amigos com quem brincar!

Os nossos filhos aderiram de alma e coração à ideia do "green". Brincaram com o pai no "green" da sua infância, jogando à bola e subindo às árvores, brincaram com os primos nos "greens" das suas casas, e brincam alegremente com as crianças irlandesas que vão conhecendo no "green" do aldeamento de férias onde estamos. Ora vejam lá se não é uma belíssima ideia! Os nossos governantes são capazes de inventar leis tão disparatadas... Não acham que a lei da obrigatoriedade de um "green" perto das nossas casas seria uma lei realmente inteligente?

 

 

 

 

Leis justas e generosas, leis que protegem as crianças e as famílias, leis que defendem os idosos e incentivam a natalidade são leis que fazem dos nossos países nações cristãs. Diz o salmista:

"Feliz a nação que tem o Senhor por seu Deus,
o povo que Ele escolheu para sua herança..." (Sl 32/33)

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publicado às 06:52

Desconforto

por Teresa Power, em 05.08.14

Uma das grandes coisas das férias – pelo menos das férias das pessoas comuns, que não têm acesso a hotéis de cinco estrelas ou a cruzeiros no Mediterrâneo - é permitir-nos algum grau de desconforto na vida. E porque é que isso é uma grande coisa? Porque nas férias damo-nos conta de que não precisamos de tanto quanto julgávamos para sermos felizes e para nos divertirmos a valer! De repente, descobrimos que podemos viver sem os objectos que, durante o ano, julgamos indispensáveis, a net não funciona com a rapidez que desejávamos, podemos habitar casas mais pequenas ou viver em tendas, e descobrimos que esse desconforto relativo não diminui em nada, antes aumenta a nossa alegria. E isso é fantástico! 

O Papa Francisco disse numa homilia que não se pode ser cristão passando pela vida numa viagem de primeira classe (26-9-13).  Diante dos problemas gravíssimos que o nosso mundo atravessa, os cristãos não podem fazer das férias uma busca do conforto e do luxo que são negados a tantos irmãos nossos! As férias cristãs não podem nunca ser ocasiões de busca de nós mesmos, de busca egotística de prazer pessoal. Precisamos de aprender a viver com menos coisas e mais alegria, menos conforto e mais tempo de família. Isso sim transforma as férias em grandes ocasiões da felicidade cristã! Disse Jesus:


 “As raposas têm tocas, os pássaros têm ninhos, mas o Filho do Homem não tem onde repousar a cabeça.” (Mt 8, 20)


Jesus, o Filho de Deus, passou por esta vida com muito menos conforto do que nós, simples criaturas:

E por falar em repouso… Reparem nesta fotografia:

E reparem agora nesta, algumas horas mais tarde…

Não, não são sardinhas alinhadas numa lata de conserva: são quatro crianças alinhadas numa cama de casal atravessada – a solução ideal para a falta de camas na casa de férias! O inconveniente é naturalmente o tempo que demoram a adormecer, no meio de muitos pontapés; a vantagem são as gargalhadas…
Mas depois de uma noite mais ou menos agitada, chega a recompensa (eu não me esqueci da promessa de belas fotos neste blog...):


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publicado às 06:07



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