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Comunidade

por Teresa Power, em 18.04.16

- David, hoje vais ter um encontro nos Salesianos. Tens aqui o lanche para partilhares com os teus amigos.

- Achas que os meus amigos vão estar lá?

- Alguns, seguramente! E será uma grande oportunidade para fazeres novos amigos. Vamos, que já são horas!

O David saiu para o seu encontro de crianças e pré-adolescentes, entusiasmado e cheio de expetativa. Ainda eu lhe dizia adeus à porta, e já a Clarinha perguntava:

- Mãe, vens comigo esta noite ao concerto-oração? Gostava tanto que fosses tu a acompanhar-me!

Conhecem as músicas da Claudine Pinheiro? Se ainda não, procurem no Youtube algumas, para escutar, porque vale mesmo a pena! A Claudine é leitora deste blogue quase desde o primeiro momento. Já nos encontrámos algumas vezes, não só nos encontros do E-vangelizar, mas também para fazer um belíssimo piquenique, no verão passado. Recordo com saudade os belos momentos que partilhámos no "nosso" lago no Caramulo. Sábado à noite, a Claudine teve mais um momento divino da sua magnífica missão de evangelização através da música. Por mail, convidou-nos a estar presentes, visto ser apenas a trinta quilómetros da nossa casa.

- Vens comigo, mãe? - A Clarinha mal podia esperar pelo concerto.

- Claro que vou. Anda, ajuda-me a arrumar esta casa!

O David regressou a casa ao fim da tarde, feliz, suado, transbordante de alegria.

- Estivemos na barriga da baleia, mãe!

- Da baleia? Qual baleia?

- Aquela que engoliu Jonas! Nem imaginas: o ginásio era a barriga da baleia, e para entrarmos tínhamos de passar pelos seus dentes, a sua boca aberta, bem desenhada na porta. Foi tão giro! E brincámos nos insufláveis. E vimos um filme. E rezámos, cantámos e fizemos muitas coisas!

- Muitas coisas?

- Muitas. Olha, havia uma pizza gigante para comer! Deliciosa! E trago presentes. Livros, postais...

Pouco depois, a Clarinha e eu saíamos para o concerto, rezando juntas o terço na meia hora de viagem. Foi a nossa vez de ficarmos deliciadas, coração cheio, lágrimas nos olhos. A Claudine não canta só com a voz maravilhosa que Deus lhe deu: canta com o sorriso, com os olhos, com os braços abertos, amplos, estendidos, com os gestos, com o coração. E o Miguel toca guitarra com a alma toda a sair-lhe pelos dedos. Não há palavras para descrever tamanha beleza! A pequena igreja paroquial de Valmaior estava cheia, e os aplausos foram sinceros e sentidos.

Domingo de manhã foi dia de primeira comunhão, na nossa paróquia. Vestidos brancos, coroas de flores, velas acesas, crianças. Crianças expectantes, de sorrisos nervosos, de olhar límpido. Jesus que vem e que desce a cada coração pela primeira vez. Ah, o primeiro beijo... A igreja está cheia, os adultos fazem algum barulho e há certamente muita dispersão da atenção. Mas nos corações infantis daqueles meninos e daquelas meninas, o Amado foi recebido num silêncio que nada nem ninguém conseguiu perturbar.

Depois do almoço, o grupo de discernimento vocacional Monte Horeb, de Barcelos, veio a nossa casa. A Paula conheceu-nos a partir deste blogue também quase desde o início, e desde então já nos encontrámos várias vezes, incluindo num retiro Famílias de Caná, em Castelo de Neiva. Como orientadora deste grupo, quis oferecer aos jovens a oportunidade de conhecer o dia-a-dia e a vida de fé de uma família católica, como exemplo possível de vocação matrimonial. Que grande festa foi o nosso encontro! Conversámos a tarde inteira, lanchámos em abundância, cantámos, vimos a magia do Francisco, brincámos com os novos gatinhos e, por fim, rezámos, ao ritmo natural que tem a oração familiar na nossa casa.

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Caiu a noite... Já deitada, enquanto faço o meu exame de consciência, revejo os acontecimentos e a festa deste fim-de-semana: o encontro catequético do David, o concerto-oração com a Claudine, a missa festiva, os jovens do Monte Horeb... Encontros paroquiais, encontros de famílias, encontros virtuais que, pouco a pouco, se tornam reais e acontecem em Igreja...

Comunidade. Ser cristão é sempre, sempre, ser comunidade. Somos batizados em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo, e vivemos este sentido trinitário, comunitário, desde o primeiro instante de Igreja. Ninguém é cristão sozinho, porque em Jesus, todos formamos um único corpo, o Corpo Místico, onde todos nos tornamos membros uns dos outros.

Nestes dias pascais, a Igreja tem como leitura favorita os Atos dos Apóstolos, recheados de histórias e aventuras comunitárias. Aí lemos que, apesar de todos os problemas e pecados das primeiras comunidades - tão semelhantes aos problemas e pecados das nossas, e das de todos os tempos - os primeiros cristãos eram já imagem e semelhança deste Deus Trinitário, este Deus-Comunidade:

 

"A multidão dos que tinham abraçado a fé tinha um só coração e uma só alma. Ninguém chamava seu ao que lhe pertencia, mas entre eles tudo era comum. Com grande poder, os Apóstolos davam testemunho da ressurreição do Senhor Jesus, e uma grande graça operava em todos eles." (At 4, 32-33)

 

Que o Senhor nos ajude a fazer, cada vez mais, comunidade, uns com os outros, em Igreja, nas nossas casas, nas nossas paróquias, nos nossos movimentos, na Internet... Ámen!

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Com os jovens... Na Casa de Maria

por Teresa Power, em 21.03.16

- Acordem, meninos, depressa! Já está na hora! Temos de ir para Braga!

Não é fácil, ao sábado, acordar às seis e um quarto da manhã... Os meninos esfregam os olhos e voltam-se na cama:

- Só mais cinco minutos!

Uma hora mais tarde, no carro, rezamos o terço, e pedimos a intercessão de S. José, nesta sua solenidade, para o dia que temos diante de nós. Será a nossa primeira Missão Stop, e precisamos que todos os anjos e os santos nos acompanhem!

A ideia desta missão surgiu no dia em que o padre Pedro Boléo Tomé, sacerdote da Opus Dei, em Braga, foi convidado para orientar um retiro para jovens crismandos de duas paróquias da região. Há já algum tempo que nós partilhávamos com o padre Pedro a vontade de realizar uma Missão Stop, onde pudéssemos dar testemunho da nossa vocação conjugal e familiar a partir de uma abordagem da Teologia do Corpo, que S. João Paulo II tão bem desenvolveu e que o padre Pedro conhece em profundidade. Assim, o padre Pedro lembrou-se de convidar a Família Power para o ajudar neste retiro, e nós aceitámos com imensa alegria.

- Quem consegue ver primeiro o Sameiro?

- Onde? Onde?

- No cimo do monte? Ah, já estou a ver!

- É aquela cúpula? Que lindo!

O retiro tem lugar na Casa das Irmãs da Sagrada Família, no Sameiro, mesmo por detrás da Basílica. Quando Nossa Senhora escolhe assim lugares privilegiados para os nossos retiros, não consigo evitar a comoção. Que ternura maternal para connosco, chamar-nos à sua Casa na montanha! A chuva cai em abundância quando chegamos ao Sameiro, mas decidimos ali mesmo visitar a Basílica, atravessando a sua Porta Santa, no final do dia, de regresso a casa.

E o retiro começa...

Quarenta jovens. Alguns receios. Alguma resistência. Alguns telemóveis bastante ocupados com trocas de mensagens...

Quarenta pares de olhos que, pouco a pouco, se vão iluminando. Quarenta rostos que, pouco a pouco, se vão abrindo em sorrisos partilhados. Quarenta pares de mãos que, pouco a pouco, vão abandonando os telemóveis para se erguerem em cânticos de louvor e para aplaudir o Senhor...

O padre Pedro fala-nos ao coração e, com uma humildade e uma simplicidade cativantes, explica-nos como a Lei que Deus inscreveu nos nossos genes é perfeitamente inteligível à razão daqueles que buscam a felicidade. Com vídeos e histórias, desafia-nos a buscar o belo amor, o amor que, como o de Jesus, dá a vida pelo outro.

O Niall e eu partilhamos a nossa história desde os tempos de namoro. Foi engraçado, para mim, vasculhar nos albuns antigos, nos meus diários espirituais, na caixa em que guardo as cartas diárias do Niall durante os três anos de namoro... Ena, tantas memórias recuperadas! É giro partilhar histórias e memórias, lágrimas e gargalhadas...

O Francisco, com a sua magia evangelizadora, e o Niall, com os seus jogos divertidos, animam os momentos entre ensinamentos, permitindo a todos libertar a tensão e criar laços.

A Eucaristia é de festa: hoje, solenidade de S. José, Dia do Pai, partilhamos o testemunho grandioso de alguém que soube amar até dar a vida, em cada dia, por Maria e Jesus.

A adoração, os cânticos, o terço que vamos meditando, tudo nos ajuda a baixar as defesas e a aproximar-nos uns dos outros.

 

"Escrevo-vos, jovens, porque sois fortes, a Palavra de Deus permanece em vós e vencestes o Maligno." (1Jo 2, 14)

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(Reparem ao fundo... Parece que anda alguém a subir aos telhados...)

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(Ilusionismo... e Bíblia?)

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(Que se passa com os sapatos de toda a gente? Será algum jogo maluco?...)

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 O retiro chega ao fim. Os jovens estão contentes e trauteiam as canções aprendidas. Chegou a hora de irmos visitar a Mãe, na sua Casa do Sameiro, como prometido. O padre Pedro acompanha-nos.

A chuva cai de mansinho, as cores do poente espreitam por entre as gotas de chuva, os sinos tocam a repique enchendo o ar de som. Tocam tão alto, que quase temos de gritar para nos fazermos ouvir. É estonteante.

De repente, os sinos calam-se. E a majestade silenciosa da montanha domina sobre tudo.

Como é bom contemplar a Criação ali, na Casa da Mãe! Felizes, os meninos sobem e descem a grandiosa escadaria. Depois entramos juntos na Basílica e saudamos Maria, que nos acolhe com o seu sorriso materno...

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Cubos, fé e amigos

por Teresa Power, em 15.12.15

O primeiro período está a chegar ao fim. Para o Francisco, foi o primeiro período da sua vida numa escola que não o Colégio Nossa Senhora da Assunção. Outro dia, quando fui ao Colégio buscar os mais novos, encontrei sentados nos degraus da entrada dois meninos do primeiro ciclo com o Cubo de Rubik na mão, procurando animadamente resolvê-lo. Sorri para comigo, enquanto pensava: "Marcas do Francisco no Colégio..." De facto, foi o Francisco a levar a "moda" do cubo para o colégio, "moda" que vai passando de criança para criança, de jovem para jovem, arrancando meninos aos telemóveis e aos jogos de computador para o entusiasmo com um desafio tri-dimensional, como o Francisco gosta de explicar.

Entretanto, na Escola Básica e Secundária de Anadia, onde eu leciono e o Francisco frequenta o 12º ano por não ter possibilidade de escolher Física no Colégio neste ano letivo, há já um pequeno grupo de alunos de cubo na mão, nos intervalos. Não foram precisas mais do que algumas semanas para o Francisco contagiar vários colegas com o seu entusiasmo por desafios e quebra-cabeças!

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 - Mãe, hoje estou muito contente - Disse-me o Francisco outro dia, quando entrou no carro para regressar comigo a casa depois das nossas aulas.

- Então, tiveste entrega de algum teste?

- Não. Estou contente por outra razão. Sabes, um dos meus colegas, com quem me estou a dar particularmente bem, agradeceu-me ter vindo para esta escola.

- Que bom! E que te disse ele?

- Disse-me que sempre foi uma criança e um adolescente entusiasmado com a vida, a ciência, os desafios, enfim, todas as coisas que a mim me entusiasmam também. No entanto, para se poder integrar nos grupos e escolas por onde foi passando, foi esquecendo essa sua paixão. Há já muito tempo que não agarrava novos desafios... Então eu cheguei a esta escola com o cubo, o ilusionismo, os sites de ciência e de desafios que vejo na net, o meu canal e toda esta minha forma de encarar a vida, e ele redescobriu a sua antiga paixão. Agora, disse-me ele, está de novo entusiasmadíssimo com projetos, ideias e desafios, e agradeceu-me por isso.

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Sorri, enquanto conduzia por entre a chuva. Deus faz destas coisas, e não me admirava nada que Ele tivesse conduzido o Francisco até esta escola por causa deste rapaz!

Outro dia, num debate sobre a existência de Deus na aula de Português, a propósito de um poema de Pessoa, o Francisco descobriu que só tinha na turma uma colega católica assumida. Depois de uma troca de argumentos apaixonada e divertida, sob a moderação da professora, a turma regressou à sua natural bonomia. Feliz, o Francisco contou-me que os colegas tinham ficado surpreendidos com alguns dos seus argumentos. "Foi giro falar destas coisas na escola", disse-me, mais tarde.

O que faz com que o Francisco não tenha vergonha de se afirmar cristão, em qualquer grupo onde se insira? O que lhe dá esta confiança de ser ele próprio e esta vontade de "arrancar amigos ao sofá", como costuma dizer? O testemunho de vida cristã não passa apenas pela forma de viver a religião, mas também pela forma de estar na vida de todos os dias e em todos os campos do saber humano. E as obras de misericórdia espirituais incluem o esforço de sair de nós próprios para ir ao encontro do outro e o ajudar a ir mais longe, corrigindo-o, desafiando-o, acompanhando-o no caminho.

Uma das perguntas que as pessoas mais fazem ao Francisco e à Clarinha, nos nossos encontros e retiros, é esta: "Viver a fé da forma que o fazem não vos afasta dos amigos?" Eles riem-se sempre, sem entender o que querem as pessoas dizer com esta pergunta, pois nunca, até hoje, deixaram de ter amigos ou de ser altamente respeitados na escola, seja ela escola católica ou - como o Francisco me está a provar - estatal.

Pela nossa parte, o Niall e eu escutamos muitas vezes também outra pergunta: "Não têm medo que os vossos filhos percam a fé e os valores cristãos, no contacto com os colegas e a escola em geral?" Mas como podemos nós ter medo, se todos os dias, sem exceção, rezamos em família e fazemos evangelização familiar? Não confiaremos nós nas promessas do Senhor, que nunca Se deixa vencer em generosidade? S. Paulo dá-nos uma Palavra magnífica:

 

“Se Deus está por nós, quem estará contra nós?
Em tudo somos vencedores
Naquele que nos amou.
Pois estou convencido de que
nem a morte, nem a vida,
nem os anjos, nem os poderes celestiais,
nem o presente, nem o futuro,
nem as forças cósmicas,
nem a altura, nem a profundeza,
nem qualquer outra criatura
poderá separar-nos do amor de Deus
manifestado em Jesus Cristo, nosso Senhor.”

(Rom 8, 31-39)

 

Na nossa "Declaração de missão", que o Niall e eu escrevemos pouco depois de nos casarmos e que temos emoldurada na parede da sala, está escrito: "Queremos ser luz em casa, na escola, no trabalho, na Igreja, em todo o lado..." Queremos estar onde as pessoas estão, queremos estar no mundo sem ser do mundo, queremos ajudar os outros a descobrir o melhor de si próprios, queremos viver plenamente e sem medo a nossa vocação de leigos, que é precisamente a de iluminar, com a nossa presença, os ambientes da vida de cada dia...

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Missão STOP

por Teresa Power, em 10.11.15

És jovem - tens entre 16 e 26 anos aproximadamente - e queres aprofundar a espiritualidade das Famílias de Caná, ou simplesmente refletir sobre a vivência do amor cristão? Então a Missão STOP é para ti! Marca na tua agenda: dia 6 de dezembro, em Braga, das 9h30 às 17h30.

As inscrições, como sempre, são online, aqui: Missao_STOP_Programa

 

São cada vez mais os jovens que me escrevem, falando-me da forma prática e simples como o blogue tem influenciado a sua vida e a sua fé. São jovens suficientemente amadurecidos para procurar viver a sua própria vida de fé, não necessariamente na sequência da sua vivência familiar, mas a partir dos sonhos que vão alimentando para o seu futuro. Alguns destes jovens perguntam-me: "Teresa, eu gostava de participar num retiro Famílias de Caná, mas os meus pais não têm qualquer interesse. Como posso participar sozinho, se o retiro é para famílias?"Têm toda a razão! A resposta chegou. Parece-nos ser vontade de Deus que o movimento nascente das Famílias de Caná tenha também uma vertente mais juvenil, dirigida a jovens dos 16 aos 26, aproximadamente. As Seis Bilhas podem ser vividas pelos jovens com radicalidade!

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Foi a pensar nos Jovens de Caná que surgiu a Missão STOP - um desafio a parar, escutar, olhar, pensar, rezar, e depois avançar.

A trabalhar connosco temos um sacerdote muito especial, o Padre Pedro Boléo Tomé, a viver em Braga. Conhecemo-nos por causa do blogue, já trocámos largas dezenas de mails, já tivemos a honra de ter o padre Pedro a jantar na nossa casa, e agora teremos a honra de o ter a trabalhar connosco nesta missão magnífica. O Padre Pedro tem uma longa experiência de trabalho com jovens e uma sólida preparação para trabalhar a Teologia do Corpo - o pensamento de S. João Paulo II em relação ao tema da sexualidade e do amor humano. Estamos desejosos de o escutar!

Quanto a nós - o Niall e eu - iremos falar da nossa história, desde o namoro na Alemanha ao casamento em Fátima, do planeamento familiar à morte do Tomás, da oração de namorados à atual oração familiar, do tempo para os filhos ao tempo para os dois. Temos andado muito divertidos, recordando o passado, partilhando memórias nem sempre coincidentes, relendo cartas de amor... Acho que o encontro promete!

Ao longo do dia teremos tempos de oração, Eucaristia, possibilidade de confissões e, claro, muita brincadeira juvenil. Não revelamos tudo, para não estragar a surpresa!

Divulguem nos vossos grupos de jovens e inscrevam-se, para que a grande festa de Caná chegue cada vez mais longe! Jesus tem uma simpatia particular pelos jovens, como nos conta Marcos no episódio do Jovem Rico:

 

"Jesus olhou para ele com afeição" (Mc 10, 21)

 

E por falar no Padre Pedro... Há uns tempos,  partilhei aqui no blogue o nosso entusiasmo por um livro da sua autoria: Aventuras na Terra de Jesus. Hoje, terça-feira, o padre Pedro vai lançar a obra completa das Aventuras na Terra de Jesus, em Lisboa. Gostava tanto de estar presente! Tenho a certeza de que alguns de vós gostarão de participar neste lançamento e de adquirir este livro maravilhoso para ler aos mais novos! Aqui fica, pois, o convite que recebi, e que partilho convosco:

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Jovens inspiradores

por Teresa Power, em 28.10.15

- Francisco e Clarinha, que tal se concorressem aos Jovens Inspiradores? Acabo de receber um mail da APFN. Parece-me que têm ambos o perfil adequado!

- Que disparate! - Responde-me o Francisco, encolhendo os ombros - Que tenho eu de inspirador? Não faço nada de especial, mãe.

- Nem eu! - Continua a Clarinha.

- Tudo depende do que entenderem por inspirador - Explico - Ser inspirador é mais uma forma de estar na vida do que qualquer outra coisa. Não se trata de um concurso de talentos!

Silêncio.

- Por exemplo, a forma como ambos ocupam os tempos livres é sem dúvida inspiradora para a juventude. Vocês não perdem um minuto do dia com futilidades! Ambos têm passatempos muito interessantes. A Clarinha pode falar das prendas que faz para oferecer às amigas com a sua máquina de costura. E o Francisco pode falar do tempo que gasta a aprender ilusionismo, e de como depois faz render o seu talento animando festas de anos e encontros de famílias.

- Já estou a entender - Diz a Clarinha, muito séria - Acho que também pode ser inspirador o facto de eu gostar de tomar conta dos manos e fazer bolos para os seus lanches...

- Claro! E porque não falar da tua perseverança na ginástica? Sorrindo através do esforço...

- Bem, eu levei a moda do "cubo mágico" para o colégio, há alguns anos atrás...

- Sim, Francisco, e continuas a ser modelo de jovem para muitos dos meninos que lá andam, aliando o estudo sério ao divertimento de qualidade. Isso é ser inspirador!

- Fala do teu guindaste hidráulico! E do teu canal, claro!

Sorrio:

- Bem, aqui têm o link do concurso. Agora fica nas vossas mãos!

 

Na quarta-feira passada, o Francisco e a Clarinha souberam que tinham ambos sido selecionados para a grande final do concurso Jovens Inspiradores. Que bela surpresa, para quem concorrera sem muita esperança! Agora era preciso ir a Lisboa para as entrevistas e para uma tarde festiva, no sábado. O Niall, naturalmente, ofereceu-se para os levar. Aproveitariam também para visitar uns amigos, que os acompanhariam na grande final.

As entrevistas foram momentos muito engraçados para ambos. O Francisco teve ocasião de resolver o cubo de Rubik diante do júri, e a Clarinha mostrou orgulhosamente a mochila feita por ela. 

- Francisco, sendo o mais velho de uma família numerosa, deves estar um pouco cansado de cuidar de crianças... Quantos filhos queres ter? - Perguntou o júri, já no final.

- Os que vierem - Foi a resposta pronta.

A da Clarinha não foi muito diferente:

- Muitos!

Por fim, gargalhadas descontraídas perante a pergunta do costume:

- Não ver televisão, não ter Facebook e não ter telemóvel não te faz sentir mal junto dos amigos?

 

Entretanto, em casa, eu e os quatro mais novos aguardamos notícias com o telemóvel na mão. A tarde vai passando, com muita chuva, e os meninos estão impacientes:

- Quando chega o pai?

- Quero o mano!

- Hoje a Clarinha não brinca comigo?

O telemóvel vibra. É um sms a chegar. Abro, e leio em voz alta:

"O FRANCISCO GANHOU!"

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       (fotografia na página do Facebook da APFN)

 

 Tento falar com o Niall ao telemóvel, mas ele está ocupado a bater palmas e a escutar as amáveis palavras dos promotores do concurso.

- Mamã, o júri disse que eu também devia ter ganho o prémio, mas só podia ganhar um, pois concorremos ambos no mesmo grupo dos catorze aos dezassete - Conta-me à noite a Clarinha, muito feliz - E disse também que toda a nossa família está de parabéns, porque para educar dois jovens assim é preciso que a família seja toda ela inspiradora. Ficas contente?

Fico, sim, fico contente... Penso na Carta de S. Paulo ao seu querido Timóteo:

 

"Permanece firme naquilo que aprendeste e de que adquiriste a certeza, bem ciente de quem o aprendeste. Desde a infância conheces a Sagrada Escritura, que te pode instruir, em ordem à salvação pela fé em Cristo Jesus." (2Tm 3, 14-15)

 

Mas que prémio foi esse que o Francisco recebeu?

- Recebi um computador Touchscreen, fantástico! Mas como eu já tenho um ótimo computador, este fica para a Clarinha. Ela estava a precisar de um... - Explica-me o Francisco, com simplicidade.

Sorrio, agora com muito mais orgulho. Fico a pensar no que significa ser inspirador... A própria forma de se receber um prémio pode ser inspiradora! Afinal, foram mesmo ambos os vencedores... São nove horas da noite, e os meus seis filhos estão reunidos em torno de uma caixa de cartão. A Clarinha abre-a, muito feliz, e retira de lá o seu computador, novinho em folha. Todos querem ver como funciona. O Francisco vai ajudar a instalar o que for necessário. As exclamações de alegria são muitas e barulhentas...

 

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Um Jovem de Caná

por Teresa Power, em 08.10.15

Na véspera do Retiro da Quinta do Conde, o Francisco foi para Lisboa de comboio. Durante a viagem, como costume, rezou o terço em silêncio, enquanto contemplava a paisagem. Mal tinha acabado de o fazer, quando a senhora sentada a seu lado abriu a carteira e dela retirou também um terço.

- Que pena não ter tirado o seu terço antes! - Riu-se o Francisco com simpatia - Acabo de rezar o meu. Podíamos ter rezado juntos!

- Tu és católico? - Quis saber a senhora, certamente surpreendida com o comentário.

- Sim, sou católico. Pertenço ao movimento Famílias de Caná, não sei se conhece!

- Espera lá... Tu não és o filho da Teresa Power?

Não sei se a simpática interlocutora do Francisco acabou por rezar o seu terço, mas sei que continuaram a conversar durante bastante tempo. Quando, no dia seguinte, o Francisco me contou esta história, eu pensei precisamente no que significa ser um Jovem de Caná, um jovem feliz com a sua fé católica, um jovem sem medo de partilhar a sua alegria com todos os que se sentarem a seu lado, um jovem capaz de rezar em todo o lugar.

Nem sempre é fácil para o Francisco interromper as suas atividades para vir rezar o terço em família, todos os serões. Mas mesmo com um suspiro mais ou menos audível, mesmo com algum esforço e alguma pressa, o Francisco deixa o que está a fazer para se sentar ao nosso lado, no sofá, e rezar. Já não se trata, como quando era mais novo, de uma imposição familiar, uma rotina anterior ao seu próprio nascimento. O episódio do comboio veio mostrar-nos que a oração é, para o Francisco, uma imposição pessoal, um ato de vontade, uma decisão consciente de um crismado que cresceu e se sente adulto na sua fé.

O Francisco pertence a esta primeira geração de Jovens de Caná que os retiros têm trazido à luz. Quantos haverá já espalhados pelo nosso país? Alguns vão comentando no blogue, outros lêem e meditam, mas todos têm esta ânsia de crescer na alegria da sua fé católica, partilhando a vida e dando testemunho do amor de Deus.

Foi entre estes jovens participantes em retiros Famílias de Caná que o Francisco encontrou a sua namorada, há um ano atrás. Juntos, procuram aprofundar a maravilha do namoro cristão, para também no namoro serem luz na escuridão do mundo. Para nós, pais, é uma honra podermos acompanhar o desabrochar de uma nova etapa da vida cristã do nosso filho mais velho. Aí vai ele, abrindo caminho aos irmãos...

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Como Famílias de Caná, não poderemos fazer alguma coisa pelos jovens que já vivem ou se preparam para futuramente viver um namoro cristão? Claro que sim! Queremos urgentemente oferecer-lhes encontros temáticos, baseados na Teologia do Corpo de S. João Paulo II. Já temos, em Braga, um sacerdote disposto a acompanhar-nos nestes encontros, acostumado a abordar o tema com mestria. Haverá por aí jovens interessados, a quem um dia de encontro pudesse agradar? Escrevam-me para o mail!

Este ano, o Francisco deixou o Colégio que frequentava desde pequenino, para frequentar a minha escola. O Colégio não lhe permitia a opção de Física no 12º ano, e o futuro engenheiro não podia ficar sem a disciplina, pois a física é uma das suas grandes paixões. Ora reparem só na mesa de trabalho do Francisco durante as férias de verão:

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O Francisco aceitou a mudança algures entre um encolher de ombros e uma dor de estômago, mas adaptou-se rapidamente.  A escola nova é também a oportunidade de conhecer novos amigos, novos professores, novas formas de aprender e ensinar, novos desafios - e não há nada que ele mais aprecie que um desafio novinho em folha! Quanto aos amigos do Colégio, estão apenas à distância de um passeio de bicicleta...

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No seu canal do Youtube, o Francisco tem partilhado magia, aventuras, desafios, gargalhadas. Visitem-no online e comuniquem o link aos vossos filhos e jovens amigos!

Na semana passada, o Francisco dirigiu-se à porta para atender o carteiro. Era a sua prenda de anos que chegava, uma encomenda da Amazon. Recebeu a encomenda e, contendo a curiosidade, escondeu-a no armário do meu quarto. Hoje o Francisco faz dezassete anos. Quando acordar, irá abrir a prenda que ele próprio escolheu, recebeu e escondeu... Já lá vai o tempo em que acordava a meio da noite para abrir as suas prendas, incapaz de controlar a ansiedade. Aprender a esperar assim é também crescer!

Parabéns, Francisco, e bem-hajas pelo privilégio de partilhar contigo estes dezassete anos de vida! Como S. Paulo a Timóteo, também eu te digo hoje:

 

"Ninguém escarneça da tua juventude; antes, sê modelo dos fiéis, na palavra, na conduta, no amor, na fé, na castidade. Não descures o carisma que há em ti!" (1Tm 4, 12.14)

 

Ámen.

 

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Uma praia, umas vasilhas de barro e um retiro

por Teresa Power, em 25.05.15

 

Escrito pelo Francisco:

 

No dia do retiro, eu e a Clarinha acordámos os dois com o mesmo pensamento: “Qual será a atividade que o meu pai preparou para os jovens do retiro?”. Ele arranja sempre cada uma! Nunca sabemos se vamos fazer um estandarte, uma ponte, um mosaico de arroz, uma torre de papel, um boneco de lego… e o mais surpreendente é que há sempre uma ligação entre estas atividades e a palavra de Deus. “O que será desta vez?”

Depois da missa, o Niall reuniu os jovens e, feitas as apresentações, dirigimo-nos para o mar, uma praia a 200 metros da casa do retiro. Realmente, com aquele espaço fantástico, aquele sol acolhedor, aquele bater das ondas nas rochas, a praia é o melhor sítio para fazer seja o que for! Portanto foi nas dunas, sob a sombra natural das árvores que nos rodeavam, que tivemos o nosso ensinamento da manhã, a partir do livro da minha mãe, Os Mistérios da Fé.

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O tema era… vasilhas!? Sim, começámos por meditar na passagem do Antigo Testamento que conta como uma viúva, vendo que lhe seriam tirados os filhos para se fazerem escravos se ela não pagasse uma certa quantia de dinheiro, foi ter com o profeta Eliseu a pedir ajuda. O profeta disse-lhe para pegar na única vasilha de azeite que ela tinha em casa e com ela encher todas as vasilhas que conseguisse encontrar. A mulher teve fé e assim fez. E o azeite multiplicou-se de modo a encher todas as vasilhas, que ela depois vendeu, podendo assim libertar os filhos. (2Rs 4, 1-7)

Tal como a maior parte das histórias do Antigo Testamento, esta história tem um paralelismo no Novo Testamento que nos é bem familiar: As Bodas de Caná! Foi à volta destas duas histórias, ambas envolvendo muita fé e vasilhas, que fizemos a nossa reflexão. Vimos que, tal como a viúva teve que dar o seu pouco e insignificante azeite e os criados nas Bodas de Caná tiveram que encher as talhas com a insignificante água, nós também temos que colocar os nossos dons, sofrimento, alegrias na nossa “vasilha” e oferece-la a Deus, para Deus os fazer render, valer muito mais. Por muito que façamos de bom, por muitos sacrifícios que façamos, se não oferecermos tudo a Deus, de nada nos vale. O importante é a união com Ele, que podemos viver todos os dias e lembrar na oração: "Nós, Jesus!"

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Para complementar toda esta reflexão, o meu pai sugeriu que construíssemos nós próprios as nossas vasilhas com barro (fiquei a perceber porque é que a mala que trouxemos estava tão pesada…). Acima eu disse que a praia é o melhor sítio para fazer seja o que for. Bem, eu estava errado, a praia é o pior sitio para fazer alguma coisa com barro! Foi um verdadeiro desafio, e muito divertido, fazer vasilhas de barro sem deixar a areia estragar tudo, sem deixar que a maré, que estava a subir, encharcasse os nossos sapatos…

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No final fizemos uma oração em silêncio, pedindo a Deus que fizesse as nossas “vasilhas” render.
Da parte da tarde continuámos as construções de barro e fomos passear pela praia, onde aproveitamos para rezar em voz alta, contra o vento…

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“Valeu a pena? Tudo vale a pena, se a alma não é pequena!” (Fernando Pessoa)

Sim, este dia valeu mesmo a pena, como todos os retiros. Muita reflexão, muita diversão, e voltamos para casa sempre mais alegres e com uma fé maior, com as nossas "vasilhas" a transbordar!

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publicado às 06:20

Ide e evangelizai

por Teresa Power, em 21.05.15

Domingo, dia 17 de maio. Acordámos felizes, na Casa dos Órfãos de Castelo de Neiva, depois do nosso retiro de sábado. O sol brilhava, e o mar batia com força na praia. Para o pequeno-almoço havia de tudo - dos "doze cestos cheios" (Jo 6, 13) com as sobras do retiro. Um banquete, logo de manhã!

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Eram oito horas quando o irmão Guillermo apareceu. Que capacidade de acolhimento tão grande, a deste irmão e da sua congregação! Não só nos proporcionou dormida completamente gratuita na Casa dos Órfãos, como se ofereceu para nos conduzir a Viana, à paróquia de Nossa Senhora de Monserrate, onde tínhamos um pequeno encontro com os pais da Catequese Familiar do Padre Vasco Gonçalves.

Viana é uma cidade linda! E o convento de S. Domingos pareceu-nos um lugar belíssimo para um próximo retiro. Depois da pequena apresentação que fiz, uma mãe veio falar comigo:

- Obrigada por me lembrar que posso falar de Deus aos meus filhos em todo o lugar... Às vezes acho que não tenho tempo, mas como nos disse há pouco, até numa curta viagem de carro podemos rezar. Bem-haja!

Fiquei feliz. Era mesmo essa a mensagem que eu queria passar...

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Às dez e meia, participámos na alegre eucaristia da paróquia, transbordante de vida.

 - Mãe, porque é que toda a gente fala de nós? - Perguntou a Lúcia no início da missa. O padre Vasco acabava de mencionar a Família Power, reportando-se ao encontro com os pais da catequese familiar.

- Parece que somos importantes, mas não somos, Lúcia! - Respondeu-lhe o David, antecipando-se a mim.

Era domingo da Ascensão do Senhor, e dia das Comunicações sociais. Um grande dia a celebrar pelos bloguistas católicos! Agradeci interiormente ao Senhor pelos blogues das Famílias de Caná, instrumento do seu amor junto de um público cada vez mais vasto. Também através da internet podemos pôr em prática as palavras de Jesus, ao subir ao Céu:

 

"Ide por todo o mundo e ensinai a Boa Nova a toda a criatura."

(Mc 16, 15)

 

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Depois da missa, despedimo-nos das famílias da Olívia, Lena e Isabel e rumámos até Barcelos, ao Colégio de La Salle. À nossa espera estava um grupo de jovens que queriam conversar comigo. Descemos para uma salinha muito acolhedora, enquanto os nossos filhos visitavam o Colégio e davam uns toques na bola no ginásio.

Fiquei absolutamente encantada com o grupo. Eram cerca de dez jovens, em caminhada desde há muitos anos com os Irmãos La Salle, primeiro como alunos do colégio, agora já nas suas vidas universitárias ou profissionais. Sentámo-nos ao redor de uma mesa, apresentaram-se, e depois começaram a perguntar. Tantas e tão belas perguntas! Por que razão dou tanta importância à oração do terço? Como ter uma família católica divertida? Como tornar a fé acessível aos mais novos? Podemos viver em comunidade de famílias? Em que consiste a visitação?

Entre os jovens, há uma que não esteve presente fisicamente, mas nunca deixou de estar presente na conversa dos seus amigos e nos pensamentos de todos: a Joana Lopes, de vinte e três anos. Esta jovem alegre e bonita encontra-se na Índia, numa missão de vários meses. Segundo me disseram os amigos, ela é a fã número um do nosso blogue. Assim, quando os vi falar por skype com ela, durante o almoço, resolvi meter-me na conversa:

- Olá Joana! Vai dando notícias para o meu mail dessa tua bela missão!

Ela sorriu e acenou:

- O vosso vídeo do dia da família é lindo! Vi-o aqui na Índia!

Dei uma gargalhada. O nosso vídeo chegou à Índia! No dia das comunicações sociais... E vivam os blogues católicos! Mas um "viva" especial para os jovens que, como a Joana, têm a coragem de aceitar os desafios do Senhor e partir em missão para longe da sua família e dos seus amigos. Deus, que nunca Se deixa vencer em generosidade, abençoá-los-á a cem por um, enchendo as suas vidas de felicidade plena. Rezo para que também os meus filhos saibam dizer sim a tudo o que Jesus lhes propuser!

 

Depois da nossa conversa, esperáva-nos um almoço muito especial: uma bela e enorme paelha, especialidade do irmão Guillermo, espanhol. Que delícia! À volta da mesa, com os irmãos, os jovens e outros membros da pastoral do colégio, sentimo-nos família de Deus. Quanta simplicidade, quanta amizade, quanta partilha se gera nas almas que buscam o Senhor!

Depois, o irmão Guillermo levou os nossos filhos a visitar o seu museu da natureza. Embora nunca tenha estudado biologia, o irmão Guillermo orienta o Clube da Natureza no Colégio, cativando com a sua sabedoria e amizade os jovens alunos, especialmente os mais difíceis, que há muitos ali... Ficámos deslumbrados. Tenho tanta pena de não ter tirado uma única fotografia para vos mostrar! Mas estávamos tão entretidos a ver e a conversar, que nos esquecemos completamente de fazer a "reportagem".

E chegou a hora de regressar. O fim-de-semana fora maravilhoso, e para ficarem com uma ideia do impacto que teve na nossa família, deixo-vos com este diálogo caricato entre a Lúcia e eu, no carro a caminho de casa:

- Mãe, é agora que vamos para casa?

- É. Lúcia.

- Ah! Sabes, já não me lembro como é a nossa casa...

- ???????

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publicado às 06:10

Crismado

por Teresa Power, em 01.05.15

O Domingo do Bom Pastor foi, na nossa família, um domingo muito especial: o dia do Crisma do Francisco, o primogénito!

O dia amanheceu tranquilo. O Francisco estava sereno, como é seu costume. Quando se vestiu a rigor, todo soltámos uma exclamação de espanto. Afinal, não é seu hábito preocupar-se com o vestuário, e raramente o vemos assim:

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Mas este domingo era mesmo um dia muito especial, e o cuidado exterior devia simplesmente refletir toda a beleza interior do seu coração, purificado pelo sacramento da confissão e preparado ao longo de anos de catequese e oração: o Francisco ia ser ungido testemunha de Jesus pelo seu bispo, D. António Moiteiro. Que honra, o sacramento do crisma! Que voto de confiança da parte de Deus, ao ungir-nos suas testemunhas!

 

Eram dezanove os jovens preparados pelo Niall para este grande dia. Entraram no santuário em procissão solene, e tal como os meninos da primeira comunhão no domingo anterior, também eles se mantiveram ao longo da coxia central, ao lado das respetivas famílias.

- Estais dispostos a ser testemunhas de Cristo? - Perguntou o senhor bispo, depois de todos os jovens, um a um, responderem "presente!" à chamada.

- Sim, estamos.

- E nós estaremos cá para ver! - Foi a resposta do senhor bispo, arrancando uma bela gargalhada à assembleia.

Os jovens fizeram o ofertório, as leituras e a oração dos fiéis. Na sua alegria, não esqueceram os migrantes que atravessam o Mediterrâneo todos os dias, os cristãos perseguidos, os sacerdotes desanimados, os jovens do mundo inteiro.

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Ao lado do senhor bispo, o David acolitava. Estava muito feliz, porque era a segunda vez que acolitava ao lado do seu Pastor, e porque ia fazer a sua segunda comunhão. Antes de começar a missa, o David teve este diálogo caricato com a São, também acólita:

- Sabes, São, estou muito contente porque agora já não tenho fome na missa.

- Ai não? E porquê?

- Porque já vou comer a hóstia!

A São escondeu um sorriso:

- Pobre David, passavas assim tanta fome?

- Pois...

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Num momento de grande beleza, os jovens crismandos foram junto do círio pascal acender a sua vela batismal. O sacramento do crisma é precisamente isto: tomar na sua própria mão a Luz recebida em bebé. No dia longínquo do seu batismo, a fé foi-lhes dada de presente, de uma forma totalmente gratuita, sem lhes dar tempo para dela tomar consciência, para a pedir, ou sequer desejar - tal como o dom da vida, que ninguém pede ou deseja, mas simplesmente acolhe. O batismo é o parto que nos lança na grande família da Igreja de Cristo.

Mas o crisma é diferente: o crisma é o assumir deste dom, o reafirmar do batismo, agora em plena consciência e adultez.

A vela do Francisco está minúscula, pois costumamos acendê-la em casa, durante a oração familiar, duas a três vezes por ano - e dezasseis anos representam muita cera!

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Por fim, chegou o tão aguardado momento. Enquanto invocávamos o Espírito, cantávamos sem cessar: "Vem, Espírito de verdade! Vem, Espírito de Santidade! Vem, Espírito de Caridade! Vem, nós Te esperamos!"

Um a um, com os padrinhos a seu lado, os jovens aproximaram-se do senhor bispo, que ungiu a sua testa com óleo, marcando-os com o selo do Espírito. Depois, ao ouvido de cada um e com um carinho verdadeiramente paternal, desafiou-os à santidade.

- Segue o exemplo de S. Francisco de Assis - Sussurrou o senhor bispo ao Francisco. - E deixa-te inspirar pelo nosso Papa Francisco!

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Antes da Eucaristia terminar, os jovens crismados leram uma simpática e comovente mensagem de agradecimento ao Niall, seu catequista desde que chegámos a Mogofores, tinham eles nove ou dez anos. O Niall contemplava o seu grupo com serena alegria, enquanto na sua mente já surgiam planos para os conduzir ainda mais além como grupo de jovens...

Estávamos todos felizes, com os olhos a brilhar. Os nossos "meninos" eram agora adultos na fé.

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Um último presente: um crucifixo e uma pagela com uma oração, que o Niall escolhera com cuidado para lhes oferecer:

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Na sua homilia, o senhor bispo desafiou os jovens a colocar os seus pés nas pegadas de Jesus, seguindo o seu caminho sem se desviar. Enquanto o Niall entregava a cada crismado a cruz e a pagela, cantámos o cântico que escrevi há alguns anos e que as Famílias de Caná e a nossa paróquia tanto gostam de cantar, pedindo a Jesus que nos ajude a nunca retirar os nossos pés das suas pegadas.

(Se quiserem cantar connosco, vão à tag "cânticos", e encontrarão um vídeo caseiro com este nosso cântico).

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"Põe teus pés nas minhas pegadas e acerta o teu passo comigo

Elas estão de sangue manchadas, mas meu passo é alegre e decidido!

          Nós, Jesus, Tu e eu! Juntos na Cruz, juntos no céu! (2x)

Põe teus pés nas minhas pegadas, não te canses de evangelizar

Elas estão de sangue manchadas, mas por elas a Vida vais encontrar!"

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E agora, é hora de ser testemunha de Jesus, como os Apóstolos depois do Pentecostes:

 

"Eles, partindo, foram pregar por toda a parte; e o Senhor cooperava com eles, confirmando a Palavra com os sinais que a acompanhavam." (Mc 16, 20)

 

 Que assim seja. Ámen! Aleluia!

 

 

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Crismandos e o fogo do Pentecostes

por Teresa Power, em 22.04.15

O Niall é o catequista responsável pelo crisma, na nossa paróquia. Antes do último encontro que tiveram, vi o Niall muito atarefado em casa com um pedaço de cartão, tesoura e fita-cola. Depois vi-o no santuário, a receber os jovens. Era esta a sua figura:

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Com a ajuda do "bispo Niall" e num clima descontraído, os jovens ensaiaram os gestos da cerimónia do crisma, que está aí tão próxima. Depois conversaram sobre o Espírito Santo, capaz de incendiar o mundo inteiro, como fez no dia de Pentecostes, ao descer sobre um punhado de homens simples e rudes.

Poderão os jovens aspirar à santidade, vivendo numa sociedade com tantas solicitações contrárias? Claro que sim. Penso, por exemplo, no Beato Marcel Callo. Conhecem? É o primeiro santo escuteiro. Nasceu em 1921, em França, e morreu em 1945, no Campo de Concentração de Mauthausen...

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                                                  (Marcel Callo)

Marcel nasceu numa família católica de nove filhos e alimentou, desde criança, a sua amizade por Jesus. Se no outro dia vos falei num casal de imperadores, hoje falo-vos de um jovenzinho operário, que aos treze anos já trabalhava numa impressão gráfica. Desejoso de testemunhar a sua fé no mundo do trabalho, ligou-se à Juventude Operária Católica (JOC) e ao Escutismo. Nessa altura, como então, não era fácil ser testemunha de Cristo, e Marcel foi ridicularizado muitas e muitas vezes. Mas nunca desistiu do seu primeiro amor, Jesus. Marcel estava decidido a levar Jesus a todos os jovens trabalhadores, e nas quaresmas ia de porta em porta, com outros Jocistas, convidando as pessoas para a missa da Páscoa.

Aos vinte anos, Marcel apaixonou-se pela jovem Marguerite Derniaux. O seu namoro foi um namoro cheio de Deus: rezavam juntos as mesmas orações e participavam juntos na missa diária. Tencionavam casar-se no mesmo dia em que um dos irmãos de Marcel seria ordenado sacerdote.

Quando a Alemanha invadiu a França em 1940, Marcel decidiu agir. Com alguns amigos, tornou-se "missionário das estações dos comboios",  ajudando muita gente a fugir.

Mas em 1943, Marcel é deportado para a Alemanha, onde é forçado a trabalhar onze horas por dia, com fome, frio e desconforto de toda a espécie. Marcel encontra na fábrica o local ideal para evangelizar. Sem se deixar abater, mete mãos à obra e descobre outros jocistas e escuteiros. Depois procura entre os prisioneiros um padre para celebrar a Eucaristia e confessar - um padre alemão. Sem receio, convida outros deportados para participar na Eucaristia, conseguindo converter muitos prisioneiros.

Marcel não sabe que a sua correspondência com a noiva está a ser intercetada, e que os seus gestos católicos estão a ser alvo de suspeita. Em abril de 1944, Marcel é enviado para o Campo de Concentração de Mauthausen. Mesmo aí, no meio dos mais duros trabalhos e das mais horríveis torturas, com fome, sede e frio, Marcel mantém a fé, a esperança e o amor. Procurando imitar os cristãos dos Atos dos Apóstolos, Marcel não deixa que nada destrua a sua felicidade. Todos os dias procura novas formas de testemunhar Jesus e ajudar os companheiros. Assobiando a divisa escuta ou jocista, Marcel dá sinal para todos rezarem, silenciosamente, uma Avé-Maria. Às vezes, um amigo sacerdote também prisioneiro passa-lhe uma caixinha onde está escondida a Eucaristia: eis a sua maior alegria!

Por fim, Marcel cai doente, com tuberculose, e é transferido para uma "enfermaria", tendo direito a uma enxerga onde se amontoam aos cinco por cama. No último dia, Marcel cai nas latrinas. O coronel que o leva nos braços nunca esquecerá a expressão de felicidade pura do seu olhar moribundo. Tem vinte e três anos.

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                                                       (Marcel Callo)

Os jovens que, no domingo, vão ser crismados na nossa paróquia, certamente nunca precisarão de testemunhar a sua fé dando a vida por Jesus. Mas certamente também que não lhes faltarão ocasiões para testemunhar a sua fé como Marcel fez: no trabalho, no namoro, com os amigos, na paróquia. O seu entusiasmo juvenil deverá ser capaz de incendiar o mundo. Como disse Jesus:

 

"Eu vim trazer o fogo à Terra, e que quero Eu senão que ele se ateie?"

(Lc 12, 49)

 

 

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