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Goooooooolo!

por Teresa Power, em 31.01.14

O Papa Francisco censurou os cristãos que são capazes de gritar goooooooolo quando a sua equipa vence, mas têm vergonha de dançar e cantar para Deus, louvando-O na Eucaristia ou nos grupos de oração. A sua homilia, que podem ler aqui, é muito clara: precisamos de aprender a louvar!

 

Cá em casa exultámos quando lemos esta homilia do nosso querido Papa. Todas as noites, a nossa oração familiar começa com cantos e danças, guitarras e pandeiretas, braços no ar e palmas. Todos participam, do maior ao mais pequeno. Não acreditam? Ora vejam:

 

 

Talvez alguns perguntem onde está  o silêncio necessário à oração nesta grande algazarra. O silêncio vem mais tarde, depois da algazarra - e depois dos sete, oito anos... Por enquanto, o importante é o louvor gratuito do Senhor. O importante é que as crianças entendam a oração como festa, convívio familiar, momento de alegria e de boa disposição. O importante é que as crianças associem o nome de Deus a "Pai", a "Amigo" e a "Companheiro". O importante é que as crianças tenham gosto em rezar. O importante é que todos entendam que melhor que Jesus não há! O resto, Deus fará...

 

 

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publicado às 09:36

Conversas com Maria

por Teresa Power, em 30.01.14

Quando ontem fui buscar os mais pequenos ao infantário, uma das educadoras chamou-me, perdida de riso, para me contar uma história passada com a Lúcia. Acontecera durante a hora semanal de catequese a que, neste infantário católico, os pequeninos têm direito. Estava-se a falar de Nossa Senhora, e a Lúcia pôs o dedo no ar.

- Sim, Lúcia? - Perguntou a educadora.

- Os meus pais foram a Fátima e estiveram com Nossa Senhora - afirmou então a nossa filha - e conversaram com ela!

 

 

Em casa, à hora de jantar, procurei manter um ar sério enquanto explicava à Lúcia e, já agora, aos seus irmãos, que Nossa Senhora não costuma conversar assim cara a cara com muita gente. A Lúcia ficou admirada: então Nossa Senhora não tinha aparecido aos pastorinhos? Porque não havia de aparecer aos seus pais também? Ela não via nisso nada de extraordinário. Pareceu-me que, para a Lúcia, falar com os habitantes do céu é perfeitamente normal.

Então resolvi refazer o meu raciocínio, e disse algo mais ou menos assim:

- Fátima é uma das casas de Nossa Senhora. É verdade. E quando vamos a Fátima, e temos fé, e levamos o nosso terço e caminhamos no Santuário, acabamos por nos cruzar com ela. Ela anda por ali, e se estivermos atentos, ela sorri-nos e conduz-nos, como sempre faz, a Jesus. Tens toda a razão, Lúcia: o pai e a mãe foram a Fátima e rezaram muito. Falaram com Nossa Senhora no coração, e ela respondeu-nos na vida...

 

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publicado às 08:55

Estará Cristo dividido?

por Teresa Power, em 29.01.14

Esta pergunta de S. Paulo, em tom de provocação, foi o lema da semana de oração pela unidade dos cristãos, este ano. Na verdade, desde o seu início que os cristãos tiveram de lutar contra a divisão. Os doze apóstolos não podiam ser mais diferentes uns dos outros! E como se não bastasse, pouco depois de Jesus ressuscitar veio juntar-se ao grupo "um de fora", alguém que não comera com Jesus, que não sofrera com Ele, que não testemunhara os seus milagres nem escutara as suas palavras: Paulo. As suas cartas e o livro dos Actos dos Apóstolos reflectem muitos dos conflitos que entretanto surgiram na Igreja por causa deste "intruso" escolhido pelo próprio Jesus!

 

No dia 25 de Janeiro, o papa afirmou aquilo que todos sabemos: "a divisão dos cristãos é um escândalo". E contudo, ela continua! Todos os anos temos uma semana de oração pela unidade. Quando a semana termina, regressamos às nossas vidas e às nossas divisões, e durante mais um ano inteirinho não voltamos a pensar no assunto... É de facto escandaloso.

 

Em Fátima, na semana passada, o Niall e eu participámos numa Eucaristia concelebrada por católicos, ortodoxos e anglicanos. E todos comungámos o mesmo Pão e bebemos do mesmo Cálice. Enquanto os teólogos vão debatendo as suas questões, a Igreja de Cristo tem de ir procurando viver a unidade no terreno. É preciso que o espírito se antecipe à letra, ou arriscamos esperar mais alguns milénios pela unidade pedida por Jesus.

 

 

 

 

Cá em casa, os frutos do ecumenismo são belos e doces: com a Família Duggar, uma família americana evangélica, aprendemos muitas coisas, entre elas, a contar histórias da Bíblia aos nossos filhos; com uma família metodista suiça, que conheci quando tinha quinze anos, aprendemos a cantar antes das refeições; com as igrejas pentecostais, aprendemos a louvar o Senhor cantando e dançando; com os ortodoxos, descobrimos ícones belíssimos, que veneramos e contemplamos...

 

A unidade não significa anulação da diversidade. Pelo contrário! É maravilhoso sermos todos tão diferentes e termos formas tão diferentes de rezar e evangelizar. Mas não pode haver unidade sem os dois grandes focos que permitiram a unidade dos cristãos no seu início:

- a Eucaristia, Corpo e Sangue de Jesus, que faz da Igreja uma mesma família, porque um único Corpo onde corre o mesmo sangue, e sangue divino;

- e Maria, a Mãe que congregava em oração os doze apóstolos. Maria, oferecida por Deus à Igreja como Mãe, para que a Igreja seja família e não um partido ou uma ONG. Maria que em Fátima, na sua Casa, congregou cristãos de confissões tão diversas, todos de terço na mão!

"A Deus nada é impossível" (Gen 18, 14; Lc 1, 37), repete-nos a Bíblia...

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publicado às 08:50

Tempo para brincar

por Teresa Power, em 28.01.14

Uma das vantagens de ter uma família numerosa é que há sempre gente suficiente para jogar ao "lencinho vai na mão"!

 

 

 

Dez minutos entre o jantar e a oração familiar. Dez minutos carregados de gargalhadas, de correrias e de atropelos - até os cães fugiram da sala com medo de ficarem esmagados debaixo de uma criança!

 

Diz o Eclesiastes que há um tempo para tudo...

 

"Tempo para nascer e tempo para morrer

Tempo para plantar e tempo para colher

Tempo para matar e tempo para curar

Tempo para destruir e tempo para construir

Tempo para chorar e tempo para rir

Tempo para abraçar e tempo para separar

Tempo para guardar e tempo para deitar fora

Tempo para rasgar e tempo para costurar

Tempo para calar e tempo para falar..." (Ecl 3, 1-8)

 

Que bela sabedoria, esta a de saber que tempo nos é pedido que vivamos em cada momento!

Apetece-me continuar:

 

Tempo para fazer carreira e tempo para criar uma família

Tempo para viajar pelo mundo e tempo para ajudar nos trabalhos de casa

Tempo para fazer retiro e tempo para brincar!

 

Quando, ao entardecer da vida, olhar para trás, espero sentir-me feliz pelas escolhas que fiz no tempo que me foi dado. Porque todas as escolhas implicam deixar de lado outras escolhas, também elas atractivas...

Um dia terei tempo para muitos prazeres que agora não são, de forma alguma, prioridade. Na sala, tenho seis filhos à minha espera...

 

Pois bem, agora é tempo para brincar!

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publicado às 09:06

Chamaste? Aqui estou!

por Teresa Power, em 27.01.14

Nestas semanas, a primeira leitura da missa diária tem sido retirada dos dois Livros de Samuel. A história é fascinante, e os meus três filhos mais velhos escutam-na com gosto e muito divertidos, como se de uma telenovela se tratasse. O chamamento de Samuel, a escolha de Saul, a unção de David, a derrota de Golias, a morte de Saul, e todas as histórias do reinado de David merecem ser contadas aos nossos filhos.

 

Recordo aqui uma história passada com a Lúcia, no verão do ano passado. Ela brincava alegremente no jardim com os irmãos, e eu fazia o jantar, na cozinha, com a porta aberta para vigiar as brincadeiras e atender aos choros dos mais novos. De repente, a Lúcia entrou na cozinha a correr.

- Mamã, tu chamaste?

-Não, querida, não chamei! - Respondi. Ela hesitou um instante. Depois continuou, pensando em voz alta:

- Se não foste tu que me chamaste, então foi Jesus!

- Se calhar foi, Lúcia. Por que não falas com Ele?

E ali mesmo, no chão da cozinha, a Lúcia ajoelhou-se, fechou os olhos, pôs as mãos em oração e disse baixinho:

- Fala, Jesus, e eu escuto.

Depois, com a mesma rapidez com que se ajoelhara, levantou-se e saiu para o jardim a correr.

 

A Lúcia conhece muitas histórias da Bíblia, mas uma das suas preferidas é a do chamamento de Samuel. Há uns anos atrás, o nosso pároco filmou a "hora da história bíblica" cá em casa... Vejam lá donde nasceram as ideias da Lúcia!

 

 

 

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publicado às 10:11

Tempo de casal

por Teresa Power, em 25.01.14

Num destes dias, uma jovem mãe abordou o Niall na universidade:

- Ouvi dizer que tem muitos filhos...

- Não são muitos, são seis - respondeu ele.

- Sim, muitos - continuou ela - Queria fazer-lhe uma pergunta: como faz para os pôr a dormir à noite?

O Niall deu uma gargalhada. A pergunta já é habitual! Depois respondeu:

- É bastante simples. Quando são horas de ir para a cama, eles vão! E mais não sei...

 

Ninguém nasce a saber ser mãe e pai. Como tudo na vida, também a maternidade e a paternidade se aprendem. E a melhor escola são os filhos, claro! O nosso primeiro filho pôs-nos a vida "de pernas para o ar". Às dez da noite ainda tinhamos a cozinha por arrumar, e às vezes era meia-noite e o bebé estava mais acordado do que nós. Foram precisos vários filhos para aprendermos algumas técnicas básicas de organização familiar. Agora, ao fim de sete filhos, temos a cozinha arrumada às oito e os três mais novos deitados antes das oito e meia. Com um só filho, nunca teria tempo para escrever este blogue!

Os nossos filhos mais novos são tão felizes como os mais velhos; mas nós somos muito mais felizes agora do que então. E porquê? Porque as rotinas das crianças oferecem-nos uma margem fantástica para o nosso tempo de casal.

 

Tempo de casal. Tempo em que estamos apenas os dois, para nos lembrarmos de que, antes de sermos pais, somos marido e mulher. Tempo para conversar, para rir à gargalhada, para ler um livro ou ver um filme juntos. Tempo para rezar em casal. Tempo para falar da educação dos filhos e dos nossos projectos e sonhos pessoais. Tempo para desabafarmos sobre os problemas do trabalho ou outros. Tempo para namorar.

 

Há dias em que a rotina dos banhos, jantar e deitar é particularmente difícil, condimentada com muitas birras, lutas entre irmãos e choros. Nesses dias, eu e o Niall trocamos um olhar cúmplice enquanto deitamos também uma olhada ao relógio da parede. Depois sorrimos um para o outro:

- Já só falta meia hora - diz-me ele. A luz que brilha ao fundo do túnel dá-nos um reforço de paciência, e os gestos rotineiros tornam-se mais fáceis.

 

 

Estou convencida de que uma das razões para tantos divórcios hoje em dia é a falta deste tempo conjugal. Nenhuma relação sobrevive sem ele! Para nós, o tempo de casal é diário, embora não tenha todos os dias a qualidade desejada. Penso que, no mínimo, todos os casais precisam e merecem de um serão por semana sem crianças e sem assuntos de trabalho. Não é preciso sair de casa nem fazer as crianças sair de casa: basta organizar um pouco a rotina diária! Claro que, de vez em quando, é preciso um tempo mais alargado, talvez até um fim-de-semana a dois. Os avós são óptimos aliados para ficarem a tomar conta das crianças!

 

Há sete anos que o Niall e eu não passávamos uma noite sem filhos. Não se podem mandar seis filhos para casa da avó todos ao mesmo tempo, não é verdade? Como a avó só costuma receber dois de cada vez, sempre nos sobram quatro. Ontem, finalmente, aconteceu: aproveitámos um retiro internacional e ecuménico em Fátima, e tivémos dois dias de sonho na terra de Nossa Senhora. Valeu bem a pena! Foi um encontro intenso com o Senhor e sua mãe, com a Igreja, e um com o outro. Os nossos filhos não podiam estar mais felizes, bem tratados pela avó, que se adaptou rapidamente ao barulho, à brincadeira e até à bicharada. E agora estamos de regresso para junto de quem mais amamos no mundo...

 

 

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publicado às 09:50

Filhos únicos

por Teresa Power, em 23.01.14

Um dos comentários que mais costumo ouvir da parte de quem não acha grande graça a famílias numerosas é este:

- Eu só tenho um filho porque, sabes, gosto de lhe dar atenção!

Até há pouco, a minha resposta costumava ser isto:

-?????????

Mas um dia encontrei as palavras adequadas:

- Eu também gosto de dar atenção aos meus filhos. É por isso que tenho seis filhos únicos!

 

Quem tem vários filhos entende bem a verdade desta afirmação. O amor, por natureza, multiplica-se, nunca se divide. Ama-se um filho com a mesma intensidade com que se amam dez. O crescimento da família não altera em nada o amor que se sente; altera sim a forma como se educa, como se lida com a vida, como se enfrentam as dificuldades.

Comenta-se às vezes com surpresa: "Como é possível dois irmãos tão diferentes, educados pelo mesmo pai e pela mesma mãe!" Mas dois irmãos não são nunca educados "pelo mesmo pai e pela mesma mãe": o pai e a mãe também cresceram de um filho para o outro! A educação que vamos dando aos nossos filhos não é estática, pois a cada dia que passa, nós aprendemos a ser melhores pais e melhores mães. E vamos cometendo menos erros, esperamos! Assim, é natural que, numa família numerosa, os filhos mais novos sejam bastante diferentes dos mais velhos. E a nossa atitude em relação à sua educação também!

 

 

Fomos criados à imagem e semelhança de Deus, diz-nos o Livro do Génesis, 1, 26. É por essa mesma razão que somos capazes de amar muitos filhos. O amor de Deus por nós é um amor de Pai de família numerosa. É da sua paternidade e maternidade que todos nós recebemos o dom da paternidade e da maternidade. É Deus, e só Deus, que nos pode ajudar a amar um filho ou a amar dez com igual intensidade. Deus ama cada um de nós como se ninguém mais existisse sobre a terra, tal como eu amo cada um dos meus filhos como se ama um filho único.

Se um dos meus filhos está doente, toda a minha atenção se centra nele, sem que eu deixe de amar os outros. Quando o Tomás morreu, o meu mundo desabou, como se nenhum filho mais eu tivesse - e depois reconstruiu-se porque afinal eu tinha mais filhos, e eles precisavam de mim. Se eu estou triste, doente, em pecado, longe de Casa, Deus está centrado em mim como se fosse única no universo.

 

A madre Teresa de Calcutá dizia que Deus só sabe contar até um!

Passando em Jericó, comprimido pela multidão, Jesus olhou para o cimo da árvore e chamou Zaqueu pelo seu nome: "Zaqueu, desce depressa, que hoje tenho de ficar em tua casa!" (Lc 19, 5)

Caminhando pelas ruas, apertado por gente de todo o lado, Jesus virou-Se para ver quem O tinha tocado no manto... Os discípulos pensaram, com razão, que Ele tinha enlouquecido: "Vês que a multidão Te comprime de todos os lados, e ainda perguntas: 'Quem Me tocou?'" (Mc 5, 31)

 

Diante de Deus, nunca sou mais um na multidão. Sou verdadeiramente filho único de um Pai de família numerosa.

 

 

 

 

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publicado às 09:01

O mais importante

por Teresa Power, em 22.01.14

- Mamã, Religião e Moral é mais importante do que Matemática, certo?

- Certo, David.

- Então porque é que eu tenho Matemática todos os dias e só tenho Religião e Moral uma vez por semana?

 

O David tem toda a razão. O mais importante da vida é o encontro com Jesus, pois só Ele é "o Caminho, a Verdade e a Vida" (Jo 14, 6). Assim, em primeiro lugar no dia de um cristão tem de estar Deus. Claro que isso não significa que tenhamos de passar o dia de joelhos! Significa sim que precisamos de fazer tudo com Deus, na sua companhia, sob o seu olhar. A religião não pode ser um compartimento da vida sem qualquer relação com o resto, mas antes a janela que me permite olhar para o mundo. Assim, um cristão vê na matemática, na física, na biologia, nas línguas, na arte, na literatura e em todas as criações humanas o reflexo da criação divina.

 

Precisamos urgentemente de manuais escolares que transmitam a visão cristã da vida, das ciências e das artes. Precisamos de livros de matemática que não apresentem só problemas sobre lucro, compra e venda, mas também problemas sobre partilha e dádiva; precisamos de livros de física que levantem pontos de interrogação lá onde começa o universo e não tenham medo do nome de Deus; precisamos de livros de português capazes de deslumbrar os nossos filhos com poemas sobre o Natal de Jesus; precisamos de livros de História que conheçam os nomes dos sacerdotes que celebraram as primeiras missas na África e na América, a par dos nomes dos primeiros descobridores; precisamos de livros de línguas estrangeiras que na rotina diária introduzam palavras como "missa" e "oração familiar", e que, a par do ídolos da música pop e do cinema, apresentem aos alunos os grandes santos da actualidade.

 

Fundamentalista? Não. Cristã. Coloquei os meus filhos numa escola católica, onde se aprende a ser cristão. Estou muito feliz por isso. Mas faltam manuais cristãos em Portugal. E como é sabido, nenhuma educação é neutra, nem nenhum manual é neutro. Todos têm por detrás uma determinada visão da vida. Porque não há-de surgir no mercado também a cristã? Não haverá cristãos entre os autores dos manuais? Tenho direito a que o cristianismo atravesse todas as áreas das vidas dos meus filhos, incluindo o estudo. Não para lhes limitar o pensamento, mas para o alargar até ao infinito. Porque limitado e censurado já ele está, nesta sociedade que tem medo dos crucifixos e medo de pronunciar o nome de Jesus em público. Imaginam algum dos nossos políticos pedir a ajuda de Deus para governar? Somos demasiado evoluídos. Isso só nos Estados Unidos...

 

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publicado às 08:59

A Festa da Fé II

por Teresa Power, em 21.01.14

Hora de jantar. Depois de conseguir acalmar algumas birras, tirar o garfo da Lúcia da mão da Sara, expulsar a Bella da cozinha, ajudar o Francisco e a Clarinha a decidir quem vai lavar a loiça e assegurar o António que quem não quer a sopa também não come mais nada, finalmente houve dez segundos de silêncio. Aproveitei para perguntar:

- Alguém sabe por que razão levámos as velas do baptismo para a missa ontem?

- Porque a minha lanterna está estragada.

- Que disparate, António! Porque era a Festa da Fé.

- Sim, David, e o que é que a fé tem a ver com luz?

- A luz é Jesus escondido.

- Sim, Lúcia, Jesus é a luz. E o baptismo? O que é o baptismo?

- Torna-nos filhos de Deus, não é, mãe?

- A Clarinha tem razão. O baptismo faz de nós fillhos de Deus. Quando somos baptizados, passamos a caminhar na luz de Jesus! E onde acendemos nós as velas?

- Na vela grande!

- Nas velas uns dos outros!

- Na tua vela!

- Pois é, a fé é um dom que recebemos de Deus, através da sua Igreja. Os pais oferecem este dom aos seus filhos, quando pedem o baptismo para eles. E os filhos irão passar este dom aos seus filhos também! Tal como passámos a luz na igreja, de vela em vela.

 

 

O baptismo faz de nós filhos de Deus. Talvez estejamos tão habituados a esta afirmação - somos filhos de Deus - que perdemos a capacidade de deslumbramento. Mas se nos detivermos alguns minutos a pensar no que significa isto de ser filho de Deus, não poderemos deixar de ficar profundamente emocionados... Diz S. João:

 

"Vede que amor tão grande o Pai nos concedeu, a ponto de nos podermos chamar filhos de Deus; e somo-lo de facto!" (1Jo 3, 1)

 

Mas se Deus é nosso Pai, quem nos "dá à luz", no sacramento do baptismo, é a Igreja, esposa de Cristo! Assim, a relação dos baptizados com a Igreja não é a relação de alguém com o seu clube de futebol ou o seu partido político. É antes a relação de um filho com a sua mãe. Pertencer à Igreja é pertencer a uma família cheia de problemas, cheia de dificuldades - mas acima de tudo, cheia de amor. E como qualquer família, pode ter todos os defeitos do mundo, mas é a nossa!

Não esperemos que os nossos filhos cresçam para decidirem por eles receber o baptismo. Se esperarmos, estamos a roubar-lhes este sentido natural de pertença a uma família que não se escolhe, mas se descobre.

O sacramento do baptismo não precisa de ser uma escolha pessoal. É antes um dom totalmente imerecido, gratuito, generoso, como o dom da vida. Não precisamos de pedir para ser baptizados, como não precisámos de pedir para nascer. Nascemos porque alguém escolheu por nós, somos baptizados porque alguém decidiu por nós. Tenhamos a ousadia de decidir também pelos nossos filhos. Eles têm direito a crescer na Igreja como filhos e não como visitantes. Eles têm direito a experimentar a gratuidade absoluta do amor de Deus, que S. João descreveu assim:

 

"Nisto consiste o amor: não fomos nós que amámos a Deus, foi Deus que nos amou primeiro." (1Jo 4, 10)

 

 No baptismo, os nossos pais acendem a nossa pequenina vela no círio pascal, símbolo de Cristo. E depois, ao longo da infância, colocam-nos a vela na mãos e ajudam-nos a segurá-la. Pouco a pouco, aprendemos a acender outras velas com a luz da nossa. E um dia chega a nossa vez de escolher, para os nossos filhos, a família de Jesus como sua própria família. Um bela escolha de amor!

 

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publicado às 09:57

A Festa da Fé

por Teresa Power, em 20.01.14

Ontem, na nossa paróquia, foi dia da Festa da Fé. Há alguns anos que celebramos a tradicional "Profissão de Fé" com toda a comunidade, e não apenas com um grupo de catequese.Todos precisamos de renovar a nossa fé de forma solene, pelo menos uma vez por ano!

Adultos, jovens e crianças trazem para a missa a sua vela do baptismo, e enquanto rezamos o Credo, todos nos dirigimos ao altar, para acender a nossa vela no círio pascal. Não precisamos de fazer fila, antes caminhamos para o altar com o mesmo passo com que caminhamos na vida, sem ordem nem ritmo. É um momento muito bonito da missa, e o altar enche-se de gente que sobe e desce, que acende a sua vela e, com ela na mão, vai acender as dos seus filhos, dos seus pais, dos seus amigos, ou dos estranhos que, em Jesus, fazem parte da nossa família. 

 

De manhã foi uma grande atrapalhação, para conseguirmos reunir as seis velas de baptismo das crianças. Precisámos de uma pequena mochila para as transportar todas, pois algumas são bem grandes! Depois, na missa, de vela na mão, eles correram alegremente para o altar e espalharam a sua luz por todo o lado:

 

 

 

Uma família cristã define-se em primeiro lugar por ser uma família de baptizados. Nas suas catequeses de quarta-feira, o papa Francisco tem falado nos sacramentos. E recordou algo tão simples como isto: "Não é a mesma coisa um bebé ser baptizado ou não." Realmente, se fosse a mesma coisa, para quê baptizar alguém?

Fico a pensar: quantos cristãos acreditarão realmente no poder do baptismo? Quantos acreditarão que o baptismo muda tudo na nossa vida? Na vida dos nossos bebés tão pequeninos? Ao subir aos céus, Jesus ordenou aos discípulos:

 

"Ide por todo o mundo e baptizai em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo". (Mt 28, 19-20)

 

O santo padre tem mostrado, com os seus gestos, que o baptismo não se recusa a ninguém, pois a ordem de Jesus não tem fronteiras de qualquer espécie. Todos os que são chamados à vida são chamados ao baptismo, sejam filhos de mães solteiras ou de pais que ainda não estão casados pela Igreja. Não podemos deixar de baptizar um filho porque não temos dinheiro para a festa ou porque não conseguimos reunir todos os amigos que desejamos. Não transformemos o baptismo num acontecimento social, pois ele é divino. É preciso ter pressa em pedir o baptismo para os nossos filhos! Ou então não acreditamos verdadeiramente nele...

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publicado às 11:12

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