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Desculpa!

por Teresa Power, em 22.03.14

- Desculpa, António. A mãe portou-se mal.

- Ai portou?

- Sim. Tu portaste-te mal primeiro, mas eu exagerei. Não devia ter gritado tanto, porque te assustei. E isso é muito feio, assustar uma criança. E também te bati com muita força no rabo. Fiquei com a mão a doer!

- Ai ficaste? E já passou?

- Já, já passou. E a ti?

- A mim também já passou. Eu portei-me muito mal!

- Sim, às vezes todos nos portamos mal. Portámos os dois!

- Então os pais também se portam mal?

- Pois claro que sim. Desculpa.

- Está bem. Desculpa tu também!

- E se fossemos os dois pedir desculpa a Jesus?

- Como?

- Vamos ali ao Canto de Oração. Anda! Ajoelhamos e dizemos: "Perdoa, Jesus, porque nos portámos muito mal. Ajuda-nos a sermos melhores!"

 

O Papa Francisco disse numa homilia recente que as famílias precisam de três palavras para serem felizes:

 

"Com licença, obrigado, desculpa!" (26/10/13)

 

E S. Paulo recomenda aos cristãos de Éfeso:

 

"Que o sol não se ponha sobre a vossa ira." Ef 4, 26)

 

Recordo-me de muitas zangas na nossa família, de muitos excessos de gritos, de muitos amuos e de muitas palavras más. Mas não me recordo de algum dia o sol se ter posto sobre a nossa ira.

Claro que nem sempre o perdão se traduz de imediato em alegria. Algumas feridas custam mais a sarar, e é preciso muita paciência connosco e com os outros para que a dor acalme. Mas uma vez dado e recebido, o perdão começa a abrir o seu caminho de paz no casal e na família.

A nossa oração familiar, antes do dia terminar, não começa sem que todos se sintam perdoados. Cada vez somos mais exigentes neste ponto, tanto entre nós, casal, como entre os nossos filhos. De outra forma, como podemos rezar o Pai-Nosso? É preciso pedir perdão e perdoar, os pais entre si, os irmãos entre si, os pais aos filhos e os filhos aos pais, para podermos experimentar o perdão divino. Só quem se sabe perdoado é capaz de amar!

 

 

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publicado às 07:42

Fitas brancas

por Teresa Power, em 21.03.14

Nos meus tempos de jovem animadora dos Convívios Fraternos, costumava escutar com prazer o padre Armando, que já partiu para Casa, falar-nos do perdão. Contava ele, parafraseando a parábola do Filho Pródigo:

 

Um jovem decidira sair de casa. Depois de gastar todo o seu dinheiro, começou uma vida de indigente, drogado e ladrão. Um dia, por fim, pensou em regressar, mas teve receio da reacção do pai. Então escreveu uma carta, onde dizia: "Pai, lembras-te daquela árvore que plantámos juntos, tantos anos atrás, na entrada da nossa quinta? Lembras-te como eu gostava de nela subir, cheio de alegria? Se tu me perdoaste já o meu pecado, se estás disposto a receber-me de volta, peço-te que ates uma fita branca num ramo, para que eu saiba, ao aproximar-me da nossa quinta, que sou bem-vindo..." E o jovem pôs-se a caminho. Um dia depois, subia nervoso a última encosta do percurso. Estava quase a ver a árvore... E eis que de repente, a mais bela visão da sua vida lhe encheu a alma de gratidão: nos ramos da árvore que plantara com o pai não estavam uma, mas milhares de pequeninas fitas brancas, oscilando à brisa da tarde.

 

Nestes dias de primavera, sempre que olho para o jardim e vejo as árvores de fruto cobertas de minúsculas flores brancas, recordo-me desta história. Deus plantou connosco cada uma destas árvores para nos falar do seu perdão. Como diz o papa Francisco,

 

"Deus nunca se cansa de nos perdoar. Não nos cansemos nós de lhe pedir perdão!" (24/3/13)

 

O salmo 50, escrito pelo Rei David depois de ter cometido dois graves pecados em conjunto - adultério e homicídio - é um hino à misericórdia do Senhor. Cheio de confiança filial, David sabe que Deus tem poder para lavar o seu pecado até ao último grão de poeira:

 

"Lava-me, e ficarei mais branco do que a neve!" (Sl 50, 9)

 

A quaresma, como a primavera, é o tempo das flores novas. E hoje, 21 de março, é Dia da Árvore! Apressemo-nos, com alegria e gratidão, a receber o sacramento do Perdão, e encontraremos a árvore do Senhor coberta de fitas brancas...

 

 (fotografia tirada em Fátima, no jardim da Casa da Jacinta e do Francisco)

 

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publicado às 08:36

S. José

por Teresa Power, em 20.03.14

Oração familiar, Dia do Pai. Sentados no nosso Canto de Oração, lemos as leituras da missa do dia de S. José.

 

"José, filho de David, não temas receber Maria, tua esposa, pois o que nela foi gerado vem do Espírito Santo. Ela dará à luz um filho, e tu pôr-Lhe-ás o nome de Jesus." (Mt 1, 20-21)

 

- Que privilégio o de S. José! Conviver diariamente com Maria e Jesus! - Comentei, quando acabámos de ler o Evangelho.

- Sim, deve ter sido fantástico, ensinar Jesus a ler, a trabalhar a madeira, a rezar...

- Foi S. José que ensinou Jesus a rezar? Que giro!

- Ensinou-Lhe a rezar o "Escuta Israel" que nós hoje rezamos?

- S. José teve muita sorte!

- E pensar que a Bíblia fala tão pouco dele... Quando chegarmos ao Céu é que vamos conhecer de verdade este grande santo!

- Sim, a sua humildade é tão grande, que até a Bíblia o esquece!

       (Estátua no Centro Social S. José de Cluny)

 

- S. José não teve privilégios muito diferentes de todos os outros pais... - Disse então o Niall, que escutava os filhos com atenção. - Afinal, cada um dos nossos filhos é em primeiríssimo lugar filho de Deus. E como S. José, nós somos convidados a dar-lhes um nome, a educá-los, a ajudá-los a crescer!

- Claro! - Continuei eu, percebendo o seu raciocínio. -O baptismo faz de nós verdadeiramente filhos de Deus! Quando apresentamos um filho à Igreja para ser baptizado, o sacerdote pergunta-nos: "Que nome dais ao vosso filho?" Deus pede-nos, como pediu a José, que demos um nome e um apelido, o nosso, aos seus filhos! Como a José, Deus confia-nos o que de melhor tem, os seus próprios filhos! Eles não são nossos, mas d'Ele.

- É por isso que ontem Jesus dizia no Evangelho:

 

"A ninguém chameis pai na Terra, porque um só é o vosso Pai, que está nos céus" (Mt 23, 9)?

 

- Sim, David. Os nossos pais da terra são, como S. José, os pais que Deus nos deu para que nos eduquem e nos amem em seu nome, enquanto vivermos. Porque Pai, Pai, só há um, Deus!

 

Ser pai é uma responsabilidade imensa. Como S. José, também nós, pais e mães cristãos, recebemos um dom imensurável, um tesouro inegualável nesta vida: um filho de Deus para amar! Saibamos responder à altura de tamanho dom, imitando S. José em santidade! Um dia, Deus pedir-nos-á contas da forma como ensinámos ou não, aos seus queridos filhos, o caminho para Casa...

 

 

 

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publicado às 08:47

Dia do Pai

por Teresa Power, em 19.03.14

Escrito pelo Niall...

 

Nos primeiros anos de casado, perguntavam-me por vezes o que provocava em mim mais saudades da Irlanda. Eu respondia invariavelmente: "the craic". Trata-se de uma expressão irlandesa (gaélica) que significa  "divertimento", sempre ligado a riso forte e gargalhada. Pois parecia-me que o sentido do humor dos portugueses nada tinha a ver com este sentido dos irlandeses e tinha saudades dele. Mas estava enganado.

 

Tenho 3 irmãs e 6 irmãos. Sou número 7 na lista, o que quer dizer que convivia maioritariamente com irmãos mais velhos - rapazes e raparigas cheios de bom humor e sempre predispostos ao "craic".

Os anos passaram. À medida que os meus filhos vão crescendo, vou reencontrando este meu sexto sentido, "the craic", no meio deles. Pois descobri que não é o sentido de humor dos irlandeses ou dos portugueses que está em causa afinal. É antes a partilha da vida no seio de uma família numerosa: são os comentários dos meus filhos mais velhos, que me conhecem bem e sabem troçar-me com ironia e sátira para me fazer rir de forma irresistível; ou são as brincadeiras dos mais pequenos que me surpreendem e dou comigo a rir à gargalhada. É o "craic" de volta na minha vida a matar as saudades de outros tempos.


O riso é um dom de Deus. Adoro rir. E sei que Deus também tem um bom sentido de humor. Aliás, a Antiga Aliança começou com uma gargalhada - a gargalhada de Sara, ao saber que ia ter um filho na sua velhice:

 

"O Senhor disse: «Voltarei a ti no ano que vem e Sara, a tua mulher, já terá um filho.» Sara ouvia da entrada da tenda que estava detrás daquele que falava. Abraão e Sara já eram velhos, e para ela já havia cessado o período regular das mulheres. Por isso, Sara pôs-se a rir.

Sara concebeu e deu a Abraão um filho na velhice, no prazo fixado por Deus. E Abraão deu o nome de Isaac (que significa "riso") ao seu filho. E Sara disse: «Deus fez-me rir, e todos os que o souberem vão rir-se comigo.»" (Gen 18, 10-12. 21, 3-5)

 

E a Nova Aliança começou com a saudação do anjo Gabriel, pedindo a Maria que se risse também, pois ia conceber na sua virgindade:

 

"Alegra-te, ó Cheia de Graça!" (Lc 1, 28)

 

Educar uma família numerosa dá muito trabalho e tem momentos muito difíceis. Mas no fim do dia, só nos lembramos das coisas boas. Na minha vida, tal como na Bíblia, os filhos são fontes de riso. Quando olho para estes quinze anos de paternidade, recordo sobretudo gargalhadas!

 

 

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publicado às 08:41

Quarenta e seis meias

por Teresa Power, em 18.03.14

Apanhei a roupa da corda com alguma dificuldade, pois a Sara decidiu ajudar-me... Competimos durante algum tempo pelas molas, depois fizémos um "jogo" que consistia em - eu - colocar as meias no alguidar e - ela - retirá-las de imediato e atirá-las para a relva. Finalmente o trabalho ficou concluído e trouxe o alguidar para dentro.

 

 

Hora de oração familiar. Sentei-me num banquinho diante do Canto de Oração, o alguidar das meias aos meus pés. Escutámos as leituras da missa do dia, partilhámos a nossa oração, rezámos o terço - e eu sempre a dobrar meias... Quando a oração terminou, e todas as meias estavam dobradas, decidi contá-las. Eram vinte e três pares, ou seja, quarenta e seis meias! Famílias numerosas são também famílias com muitos pés... Não posso esperar pelos dias quentes de verão, em que aqui em casa se anda descaço de manhã à noite!

 

Rezar em família é tão simples, que podemos fazê-lo no meio de várias tarefas domésticas.

 

Mateus encontrou-se com Jesus enquanto cobrava impostos (Mc 2, 13); Pedro encontrou-se com Jesus durante a pesca (Lc 5, 1-11) Saul foi ungido Rei de Israel enquanto procurava as suas jumentas pelos campos vizinhos (1Sam 9) Eu encontro-me com Jesus enquanto dobro meias. Ámen!

 

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publicado às 08:37

Um telefonema urgente

por Teresa Power, em 17.03.14

Aconteceu nas "férias" do carnaval. Por incrível que a mim me pareça, aconteceu a sério. O Niall foi com a Lúcia e o António ao hospital, pois a febre não cedia ao fim de uma semana de gripe. A recepcionista perguntou rotineiramente, enquanto procurava as fichas dos meus filhos no computador:

- Quais as datas de nascimento das crianças?

O Niall pensou durante um bocado. Um bom bocado. Depois disse que... não sabia.

- O senhor não sabe a data de nascimento dos seus filhos? - Repetiu a recepcionista, incrédula.

- Não. Bem, eles são seis... É um bocado confuso...

- Ah, seis! Entendo! - Respondeu a recepcionista, parecendo de repente muito mais descansada.

Então o Niall fez aquilo que já fez em várias outras ocasiões, diante do mesmo problema: telefonou-me!

 

(Tantos aniversários para celebrar...)

 

Numa das suas catequeses sobre o baptismo, o Papa Francisco perguntou à assembleia se alguém se recordava da sua data de baptismo. Depois acrescentou muito depressa: "Não precisam de levantar a mão: não quero envergonhar nenhum cardeal!" Na verdade, um cristão que desconhece a sua data de baptismo faz a mesma figura do Niall no Hospital da Mealhada...

 

Uma das maravilhas do cristianismo é a quantidade de datas que podemos celebrar em família. Os aniversários de baptismo, os aniversários da primeira comunhão, os aniversários de matrimónio; os santos padroeiros, cujo nome nós e os nossos filhos herdámos; os santos queridos da nossa família, pelas mais variadas razões e, claro, as caminhadas de advento, quaresma, natal e páscoa... Quantas ocasiões para uma oração familiar mais solene!

Neste domingo, na homilia, a propósito dos quarenta dias da quaresma, o nosso pároco lembrou-nos que as datas litúrgicas não são meros números marcados num calendário; cada data litúrgica é antes uma ocasião para nos encontrarmos com o Senhor!

 

A Bíblia repete incessantemente uma palavra: "Lembra-te". E um pensamento:

 

"Lembra-te, ó Israel, de que foste escravo no país do Egipto e que o Senhor, teu Deus, te libertou." (Dt 15, 15)

 

Aliás, a Bíblia foi escrita para que nunca nos esquecêssemos! De geração em geração, o povo de Deus transmitiu esta mensagem, até hoje.

Celebrar as datas da nossa fé é celebrar a libertação que Deus nos ofereceu, pela cruz de Jesus, nosso único Salvador. E é recordar as maravilhas do Senhor e o quanto Ele nos quer.

Celebremos então! Anotemos as datas significativas da nossa caminhada na fé em família e inventemos formas de celebrar, trazendo Deus para o centro da festa. Se houver por aí sugestões interessantes e criativas, partilhem... Enviem fotos dos vossos Cantos de Oração para o meu mail e digam-nos como fazem!

          (celebrando S. José na escolinha...)

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publicado às 08:48

Via-Sacra com piquenique III

por Teresa Power, em 16.03.14

Escrevi sobre a nossa visita às casas dos pastorinhos no post Via-Sacra com piquenique II. Aqui fica a continuação do nosso dia de retiro familiar.

 

Entrámos em Fátima pela Rotunda Sul, para podermos estacionar nos enormes parques por detrás da Igreja da Santíssima Trindade. A primavera também já chegara ali, e os meninos divertiram-se a brincar na relva, antes ainda de nos irmos confessar. E depois ficaram com fome... Assim, eram dez e meia da manhã, e os meus filhos já tinham comido quase todo o piquenique!

 

O único problema com esta fome toda foi termos sido forçados a uma visita a "Fátima City", isto é, aos cafés e às lojas que rodeiam o Santuário, à procura de comida. Os mais pequenos, naturalmente, não descansaram enquanto não lhes comprámos uns pequenos brinquedos. Até aí tudo bem. Mas a vendedora lembrou-se de ser simpática com tão numerosa família e ofereceu a cada um dos nossos filhos um postal musical, que entoava o Avé de Fátima sempre que se abria. Os mais velhos cederam os seus postais aos quatro mais novos, que ficaram assim com seis só para eles. Enfim, a simpatia da vendedora transformou a nossa viagem de regresso numa autêntica tortura musical...

 

Ao longo do dia, foram muitas as árvores onde subiram, rindo e desafiando-se uns aos outros:

 

Perto da casa dos pastorinhos está esta enorme árvore, onde muito provavelmente também eles gostavam de brincar! O Francisco subiu pelo tronco onde o David está a "fazer cavalinho" e empoleirou-se mesmo lá em cima.

- Acho que o Francisco, o pastorinho, também devia gostar de subir aqui - disse.

- Mas há cem anos, esta árvore devia ser muito pequenina! - Contestou o David.

 

 

Depois de mais um piquenique, lá pelas duas da tarde, começámos então a Via-Sacra. Na Rotunda Sul, ela está assinalada como "Caminho dos pastorinhos", pois foi recortada no caminho que todos os dias a Lúcia, a Jacinta e o Francisco faziam de suas casas até à Cova da Iria, onde Nossa Senhora apareceu. É um caminho pedestre, uma verdadeira explosão de cor e de luz na primavera.

- Nossa Senhora tem bom gosto - comentou o Niall - Ela sabe escolher os locais das suas aparições!

 

Trouxémos patins para o David e a Lúcia, uma bicicleta para o António e a cadeirinha de passeio para a Sara. Foi uma óptima ideia, pois evitou-nos ter de levar crianças ao colo ao fim de duas estações!

 

 

 

 

 

 

 

Escolhemos, para a nossa meditação, a Via-Sacra feita a partir das meditações de A Verdadeira Vida em Deus. Esta obra é um conjunto de revelações de Jesus a uma mística ortodoxa dos nossos tempos. Embora a Igreja ainda não se tenha pronunciado sobre estas revelações (que escapam ao âmbito católico, pois Vassula é ortodoxa), deu autorização aos fiéis católicos para as lerem se assim o desejarem. Nós aprendemos a escutar a voz de Jesus, que ressoa em toda a Bíblia, a partir destas meditações. Por isso, decidimos levá-las connosco.

 

- É chocante escutar Jesus a falar da sua Paixão e Morte - disse o Francisco, quando chegámos ao final.

- Nunca tinha pensado em todos estes pormenores - continuou a Clarinha. - Jesus diz-nos que nos ama tanto. E que sofreria de novo a paixão, se fosse preciso, por cada um de nós! Incrível!

Os nossos dois filhos mais velhos estiveram sempre muito pensativos...

 

 

A Via-Sacra termina na chamada Capela Húngara. Um final glorioso para um caminho tão belo!

 

No regresso, entre risos e canções, houve corridas nos campos e apanha de flores. Mas também algum cansaço e a necessária entreajuda entre irmãos, que isto de ser família não é só para os momentos fáceis!

 

 

 

- Voltamos outra vez? - Querem todos saber, quando acabamos a Via-Sacra e regressamos ao carro.

- Claro que sim!

 

Vamos voltar. A paz que se recebe em Fátima é naturalmente dom de Deus. A primavera, as flores, o sol, os caminhos bem cuidados, o asseio de todo o Santuário, as tonalidades claras, o branco e o azul celeste, a beleza das construções, a simplicidade e a pureza dos locais das aparições e dos vestígios do passado religioso, tudo nos prepara para acolher o dom de Deus.

Mas se o coração não estiver disponível, o dom não nos tocará. Se não nos tornarmos recipiente, Deus não será Torrente em nós. Assim dizia Jesus a Santa Catarina de Sena (uma mística católica que recebeu muitas revelações de Jesus na Idade Média):

 

"Faz-te recipiente, e Eu far-Me-ei torrente!"

 

É o trabalho da quaresma...

 

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publicado às 14:39

Via-Sacra com piquenique II

por Teresa Power, em 15.03.14

Ir a Fátima em retiro familiar e em clima de festa, nos primeiros dias da primavera. Que dia tão feliz na terra de Nossa Senhora!

Começámos o dia na Capela da Reconciliação, acolhendo o perdão de Jesus através do sacramento da confissão dos pecados. Só a Sara, o António e a Lúcia não se confessaram. É uma simbologia tão bonita, descer as escadas para nos confessarmos, e voltar a subir para a Luz, depois de lavados de todas as nossas faltas!

Com o coração cheio de paz, entrámos na Igreja da Santíssima Trindade e participámos na missa. Coincidiu aquela missa ser especialmente dedicada às crianças, pelo que os nossos mais pequenos puderam subir ao altar e receber uma bênção especial!

 

 

Depois fomos visitar as casas dos pastorinhos. Foi com toda a certeza a melhor catequese do dia! Entrar naquelas casas tão simples, tão pobres, tão pequeninas, e pensar que nelas couberam famílias tão numerosas...

 

- Onde dormia a Lúcia? - Perguntou a Lúcia à simpática senhora que nos recebeu na Casa da Lúcia.

- Dormia nesta cama pequenina, com duas outras irmãs...

- Três meninas numa cama tão pequena?

- Sim...

- E onde está a mesa para eles comerem? - Quis saber o David, na Casa da Jacinta e do Francisco.

- Mesa? Não cabia aqui uma mesa para tantos! Sentavam-se em volta do lume, em banquinhos, com a malga na mão...

- Nunca mais me queixo de estar apertada à mesa - murmurou-me a Clarinha ao ouvido. Na verdade, as nossas refeições começam quase sempre com muitos resmungos entre os irmãos, que se sentem apertados na mesa da cozinha. Quando a Sara se sentar numa cadeira como as nossas, não sei como será!

 

O que estarão os meninos a ver tão atentamente, por detrás da casa da Lúcia?

 

Ah, já percebi! Olhem só...

- E é a sério, mamã!!!!!

 

Junto ao muro onde os três pastorinhos tiraram a sua mais célebre foto, tirámos nós também uma foto dos nossos seis. O António está quase tão sério como eles estavam!

 

E já repararam nesta menina, a descer as escadas da casa da Jacinta e do Francisco?

 

Visitar as casas dos pastorinhos e ler As Memórias da Irmã Lúcia II, onde Lúcia descreve o dia-a-dia da sua aldeia no tempo das aparições, é uma lição de vida para as famílias de hoje. Temos tanto, e queixamo-nos tanto! As casas dos pastorinhos, onde viviam tantas crianças, cabiam inteiras na minha sala!

 

Registo aqui apenas dois dos muitos exemplos que a Lúcia dá, nas suas Memórias, sobre o clima de partilha que se vivia então:

 

"Por vezes, a mãe, quando ia à salgadeira buscar a carne para a refeição da família, trazia um bocadinho mais, metia-o na gaveta da mesa que estava na cozinha, dentro de uma folha de couve, e dizia:

- Isto é para o primeiro pobre que aparecer, a pedir esmola." (Memórias da Irmã Lúcia II, página 15)

 

"Outras vezes, a mãe preparava um pequeno açafate que havia lá em casa, entre rosas e flores, com pequenas ofertas que me mandava levar a várias pessoas que ela sabia que não tinham. Umas vezes era com carne, quando se matava o porco, outras com filhoses pelo Natal, etc., outras vezes com fruta conforme o que havia no próprio tempo: figos,maçãs, pêras, ou queijinhos dos que ela fazia do leite das nossas ovelhas; e mandava-me ir a casa dessas pessoas para que comessem à ceia com migas de pão." (Memórias da Irmã Lúcia II, página 96)

 

E agora, em frente da Casa da Lúcia, 3 segundos de oração:

 

Amanhã descreverei a nossa caminhada, rezando a Via-Sacra, e o piquenique, claro!

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publicado às 22:45

Faz isto e serás feliz!

por Teresa Power, em 15.03.14

Oração familiar, segunda-feira à noite. Depois de deitar os três mais novos, meditamos com os três mais velhos nas leituras da missa do dia.

 

"Amarás o teu próximo como a ti mesmo." Concluía o Livro do Levítico, 19, 18.

 

- Eu pensava que Jesus é que tinha ensinado esta lei! - Comentou a Clarinha.

- É o que nós rezamos todos os dias no "Escuta Israel", não é mãe? - Descobriu o David.

- Sim, é verdade. A oração dos judeus, a oração que Jesus rezava desde que aprendera a falar, é retirada do Livro do Deuteronómio e diz assim:

 

"Escuta Israel: o Senhor nosso Deus é o único Senhor.

Amarás o Senhor com todo o teu coração,

Com toda a tua alma

E com todas as tuas forças" (Deut 6, 4-5)

 

Mas Jesus - continuei eu - que conhecia as Escrituras como ninguém, e que as sabia de cor, acrescentou um pequeno mandamento, perdido num texto repleto de mandamentos, dum outro livro da Bíblia, o Levítico. Esse mandamento é o que acabamos de ouvir!

- Então Jesus juntou os dois mandamentos e fez só um?

- Isso mesmo, David. O grande mandamento dos cristãos é amar a Deus e amar ao próximo, em conjunto, amando Deus no próximo e o próximo em Deus.

- Mas Jesus ainda disse mais uma coisa, não foi, mãe? - Continuou o David.

- Que coisa?

- Jesus disse: "Faz isto e serás feliz!" (Lc 10, 27-28)

- Tens razão, David. Amar a Deus e amar o próximo é o caminho mais curto para a felicidade!

 

Todas os dias rezamos em conjunto a oração do "Escuta Israel", composta assim por Jesus. Se quiserem ver como o fazemos e rezar connosco, podem visualizar o vídeo com que iniciámos este blogue há uns meses atrás, e podem fazê-lo "clicando" aqui.

 

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publicado às 07:21

Parabéns, Clarinha!

por Teresa Power, em 14.03.14

A nossa primeira menina faz hoje treze anos. Lembro-me da alegria que experimentei quando a abracei pela primeira vez e a chamei pelo nome: Clara!

Clara, como a virgem de Assis, a jovem corajosa que deixou a riqueza em que vivia para seguir Jesus na pobreza. Clara de Assis encontrava o Senhor no canto dos passarinhos, no sofrimento de um pobre, na luz do entardecer, no silêncio do seu convento.

Desde pequenina que a nossa Clara conhece a sua padroeira e a procura imitar no seu amor por Jesus.

 

- Achas que estou a dominar melhor o meu carácter? - Perguntou-me alguns dias atrás, antes de colocar uma flor de papel no Canto de Oração.

Respondi que sim, que notava diferença nela.

- Tenho-me esforçado por não me zangar tanto com os manos - continuou ela, feliz, enquanto oferecia a sua flor a Jesus.

 

Outro dia, encontrei a Clarinha a chorar no quarto. Não tinha conseguido fazer um exercício de ginástica na perfeição, como é da sua vontade. A Clarinha é uma ginasta maravilhosa, embora só treine em desporto escolar no Colégio. Deixei-a chorar um pouco, depois recordei-lhe:

- Clarinha, o que é mesmo importante na vida? Saber fazer o "flick"?

Ela abriu de novo um sorriso:

- "Amarás o Senhor e amarás o próximo..."

- Então vamos a mudar de atitude! Querer fazer sempre melhor é óptimo; achar que o mundo acabou porque não conseguimos o que queríamos, é péssimo!

Depois de ficar sozinha mais alguns minutos, a Clarinha chamou-me. Tinha secado as lágrimas.

- Amanhã vou dizer ao professor para tentar outra vez - disse-me.

Uma semana depois, chegou a casa delirante: já conseguia fazer, não apenas um, mas vários "flicks" seguidos!

 

Por natureza, a Clarinha é uma menina sempre disponível para ajudar. Mas não basta a natureza: é preciso a força do amor para que os nossos talentos frutifiquem. Assim, noto com alegria como a minha filha já aprendeu a vencer a sua vontade, desligando a música ou o computador quando a chamo com urgência para me ajudar; fechando o livro ou pousando a guitarra quando vê, sem que a chame, que preciso de ajuda com os manos, ou com a cozinha, ou com a roupa para estender.

 

A Clarinha cresceu. Gostamos de conversar uma com a outra sobre tanta coisa! Enquanto passeamos no jardim, falamos da escola, dos amigos, do estudo, de Deus. E falamos da educação dos mais novos, pois a Clarinha tem sempre uma opinião para dar!

- Vem depressa cá fora, mãe! - Chama-me ela por vezes. Corro ao jardim. Abraçando-me, a Clarinha aponta para uma flor a despontar, um raio de sol que atravessa as nuvens, um pássaro no ar - Não é bonito? - Em silêncio, contemplamos...

 

Educar um filho, vê-lo passar da infância para a adolescência, vê-lo desabrochar, vê-lo crescer em amor por Jesus, vê-lo a aprender a equilibrar prioridades, vê-lo a descobrir o mundo e a construir o Reino... Para mim, não há trabalho mais belo sobre a Terra.

Parabéns, Clarinha, por aquilo que já és. E parabéns por nunca desistires de te tornares na pessoa que Deus sonhou, quando te imaginou no seu pensamento divino e te entregou, pequena flor em botão, ao meu cuidado...

 

 

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publicado às 08:51




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