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Obrigada, meu Deus, porque me criaste!

por Teresa Power, em 14.03.14

Escrito pela Clarinha...

 

"Obrigada, meu Deus, porque me criaste". Era assim que Santa Clara rezava. Faço hoje treze anos, e rezo também assim!

Obrigada, Jesus, porque me criaste com tanto amor e porque me ajudas naqueles momentos mais difíceis. Tenho sentido a tua presença. Muito, muito obrigada por isso!

 

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publicado às 07:51

"Vou levar-te ao deserto..."

por Teresa Power, em 13.03.14

Foi há sete anos atrás. Era o início da quaresma. O Niall foi confessar-se ao seminário de Aveiro. Quando chegou a casa, vinha pensativo.

- Na capela do seminário havia um cartaz com um versículo bíblico - disse-me. - Dizia assim:

 

"Vou levar-te ao deserto e falar-te ao coração." (Os 2, 16)

 

- É uma frase do profeta Oseias - disse-lhe eu. - É natural que esteja em destaque durante a quaresma, pois os quarenta dias da quaresma representam os quarenta anos que foram necessários para o povo de Deus encontrar a Terra Prometida, caminhando pelo deserto.

- Não entendeste - continuou ele - Aquela frase era para mim! Deus quis dizer-me qualquer coisa com aquela frase... E eu não consigo descobrir o quê. E isto está a incomodar-me!

- Fica atento - disse-lhe por fim - e descobrirás!

 

Não foi preciso esperar muito tempo. Dois dias depois, dávamos entrada nas urgências do Hospital Pediátrico de Coimbra com o Tomás, o nosso terceiro filho, na altura com 15 meses. Vomitava sem parar e estava completamente desidratado. Os médicos fizeram-lhe uma TAC e a resposta chegou de imediato: tumor cerebral maligno. O nosso querido menino viveu mais dois dolorosos meses, e por fim, partiu para Casa.

 

Nunca esquecerei o cuidado com que Deus nos preparou para os tempos difíceis que se avizinhavam, naquela tarde de quaresma. Com que carinho nos falou do deserto, lá onde se testam os limites do ser humano, lá onde se experimenta a fome, a sede, o calor, o frio, o cansaço... O deserto da solidão, da dor, da angústia, do medo, da morte.

Mas em momento algum Deus nos abandonou, ou nos sentou no "banquinho do castigo", como escrevi no meu último post. Em momento algum ficámos sozinhos na nossa dor. Porque no deserto, Deus tomou-nos pela mão e, com uma ternura indizível, falou-nos ao coração...

A voz do Senhor continua a ressoar com poder e majestade na nossa vida, falando-nos ao coração através de toda a Palavra das Escrituras. Do céu, o Tomás continua a ser sinal de que Deus está connosco, como o foi no dia do seu nascimento.

 

Ainda não chegámos à Terra Prometida. Mas o deserto já se cobriu de flores!

 

Tomás, reza por nós!

 

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publicado às 16:53

Mesmo que a mãe se esqueça...

por Teresa Power, em 13.03.14

Hora do banho. Enquanto ensaboo a Lúcia, converso com ela como costume.

- Hoje a tia Fátima disse que há pais que se esquecem que têm filhos - disse-me ela muito séria. A "tia" Fátima é uma educadora muito querida no infantário dos meus filhos, o Centro Social S. José de Cluny. Brasileira, cheia de vida, costuma dar catequese às crianças do pré-escolar e falar com elas sobre alguns temas mais difíceis. Aproximando-se o dia do pai, a "tia" Fátima deve ter tentado explicar aos meninos por que razão alguns papás não vão estar disponíveis para fazer os trabalhinhos relacionados com a festa, ou para participarem na oração da manhã, especialmente preparada para eles.

 

O que eu não estava à espera era do que se seguiu. Num tom levemente preocupado, a Lúcia perguntou:

- Alguma vez te esqueceste que tens filhos, mamã?

Dei uma boa gargalhada.

Bem, a verdade é que uma vez ia arrancando do colégio, na hora da recolha, sem o David... Felizmente tenho o hábito de fazer "a chamada" antes de começar a viagem de regresso a casa! E recordo-me ainda do dia em que sentei o António e a Lúcia  em cima das suas camas para cumprirem um castigo de dois longos minutos... A Sara teve de mudar a fralda, o David precisou de ajuda no trabalho de casa, e cerca de quinze minutos mais tarde (que horror!) lembrei-me deles... Ainda estavam calmamente sentados nas camas!

Mas apesar destes percalços de família numerosa, pude responder com verdade à Lúcia:

- Não, filha, nunca me esqueci que tenho filhos!

 

A Clarinha escutou a nossa conversa. Interrompendo, disse à irmã:

- Sabes, Lúcia, mesmo quando algum pai ou alguma mãe se esquece de que tem filhos, Deus não se esquece! - E voltando-se para mim, perguntou: - Como é mesmo aquela passagem da Bíblia que diz isso?

 

Às vezes pensamos que Deus Se esqueceu de nós sentados num banquinho de castigo. Às vezes sentimo-nos abandonados por todos, e infelizmente, há quem seja abandonado pelos pais, e quem seja abandonado pelos filhos...

Para que ninguém tenha dúvidas do amor imensurável de Deus por nós (não, Ele não nos deixa sentados num banquinho de castigo), aqui fica a passagem que a Clarinha me recordou:

 

"Sião reclama: «O Senhor abandonou-me, o Senhor esqueceu-Se de mim!» Pode uma mulher esquecer o seu bebé, deixar de querer bem ao filho das suas entranhas? Mesmo que alguma esquecesse, Eu não te esqueceria! Eis que Eu te gravei na palma das minhas mãos!»" (Is 49, 14-16)

 

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publicado às 07:22

O céu nocturno

por Teresa Power, em 12.03.14

A noite, ontem, estava tão amena, o céu tão cheio de estrelas, que decidi levar as crianças ao jardim, depois da oração familiar.

- Depressa! - Disse - O céu está lindo lá fora! Venham ver!

Excitadíssimas por poderem ir ao jardim à noite, as crianças correram lá para fora. Que magnífico céu nos esperava! Ao longe, os sons da primavera enchiam o ar, entre grilos, cigarras e rãs. Passeámos pelo jardim contemplando a noite...

 

 

- Que constelação é aquela tão bonita?

- Onde está o "T" do teu nome, mãe?

- Vi um avião! Olha a luzinha a brilhar!

- Dad, uma estrela cadente! Olhem todos para ali!

 

 

 

- Onde está o Francisco? Ficou lá dentro?

- Estou aqui! - Ouviu-se uma voz vinda do alto. Claro, devíamos ter imaginado...

 

De pé sobre o tecto da garagem, o Francisco foi-nos apontando as constelações que conhece e informando àcerca das últimas descobertas da NASA sobre o universo.

- E pensar que cada uma destas estrelas está a anos-luz de distância! - Exclamou a Clarinha, contente por já ter aprendido em Físico-Química tanta coisa importante.

 

Dez minutos mais tarde estávamos de volta à sala.

- Mamã, porque é que não vemos as estrelas durante o dia? - Quis saber a Lúcia.

- Eu não sabia que havia tantas tantas tantas! - Acrescentou o António.

 

Sorri diante das suas perguntas. Depois pensei em como o céu nocturno nos fala de Deus...

Na vida, é preciso esperar pela noite - pelas dificuldades, pelos obstáculos, pela doença, pela solidão, pela morte... - para descobrir as estrelas. Só avançando no escuro, guiados pela fé, descobrimos a imensidão de Deus. As cores do dia escondem o segredo das estrelas nocturnas. A mundanidade e a superficialidade escondem o mistério de Deus.

E afinal, tal como as estrelas, Ele está sempre lá...

 

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publicado às 21:14

Via-Sacra com piquenique

por Teresa Power, em 12.03.14

Nossa Senhora é, sem qualquer sombra de dúvida, a Mãe na nossa casa. Ainda o Niall e eu namorávamos, e já rezávamos o terço em conjunto, ou ao mesmo tempo embora separados por 2000km de distância - ele na Irlanda, eu em Portugal, depois de nos termos conhecido em Erasmus enquanto estudantes... - e assim continuámos a fazer, durante a nossa vida de casados, até hoje. À medida que cresciam, os nossos filhos foram-se associando a esta belíssima oração, que marca o ritmo da nossa vida e nos oferece um encontro diário com Jesus, o filho de Maria.

 

Casámos em Fátima, terra de Nossa Senhora. E no seu cuidado maternal, Nossa Senhora trouxe-nos, há sete anos atrás, de Aveiro para esta sua outra terra, Mogofores, onde se ergue, cheio de simplicidade, o Santuário Nacional de Nossa Senhora Auxiliadora. Lembro-me de ser criança e de passar de combóio, na linha norte, pela estação de Mogofores. Lembro-me de contemplar o pináculo do Santuário, de admirar a imagem de Nossa Senhora nele erguida, e de pensar: "Que bonito! Que igreja será esta, tão bela e tão grandiosa, aqui perdida no meio do campo?" Foram precisos muitos anos para eu descobrir... E sem me dar conta, vim viver à sua sombra! Maria quer-nos bem perto de si, está visto. Afinal, no dia do nosso matrimónio consagrámo-nos a Ela, como propomos hoje a todas as Famílias de Caná. Estamos convencidos de que, no céu, iremos ficar maravilhados ao descobrirmos o quanto Nossa Senhora fez por nós e o quanto Lhe devemos!

 

 

O cheirinho a primavera, o sol a brilhar lá fora, as flores a brotar... Depois de um inverno tão longo e tão chuvoso, não apetece ficar em casa! Assim, decidimos ir fazer um piquenique no próximo sábado, caso o tempo se mantenha. Cá em casa adoramos piqueniques, nem que seja no descampado no fim da rua! Mas desta vez, o destino será Fátima, onde poderemos fazer a Via-Sacra pelos Valinhos, numa bela caminhada a pé!

Pensamos ir de manhã ao Santuário, onde nos confessaremos e rezaremos um pouco; Depois iremos fazer uma visita às casas dos pastorinhos, claro, que é uma grande catequese de simplicidade e alegria para as crianças - e para nós; faremos em seguida um piquenique num lugar bonito perto da Rotunda Sul, e depois de almoçar e brincar, percorreremos o caminho de Jesus, pelos campos floridos, na companhia de Nossa Senhora. Levaremos connosco uma guitarra, uma Bíblia, algumas meditações, e muita alegria. Terminaremos na Capela Húngara, onde faremos a nossa oração familiar final.

 

E agora, o CONVITE: se algum dos nossos leitores e a sua família, ou alguma Família de Caná nos quiser acompanhar, sede muito bem-vindos! Não deve ser difícil localizar uma família barulhenta de oito pessoas em Fátima, ao redor do Santuário, na capela das confissões, na Capelinha das Aparições... Teremos todo o gosto em partilhar convosco o Caminho Sagrado, a nossa oração, as nossas gargalhadas - e a nossa merenda!

 

 

(Imagem retirada do site oficial do Santuário de Fátima)

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publicado às 07:00

O sol da nossa vida

por Teresa Power, em 11.03.14

O sol brilha finalmente. E quando o sol brilha, parece que tudo brilha também! Depois de um fim-de-semana passado entre brincadeiras e trabalhos no jardim, podando as roseiras, cortando a relva, revolvendo a terra para semear e plantar, contemplando os botões de flores a desabrochar, jogando à bola, andando de bicicleta e patins, subindo à oliveira, saltando à corda... até a alegria que partilhamos é maior!

 

 

Ontem, segunda-feira, ao acordar, o Francisco disse:

- Tenho a sensação de ter estado de férias, e regressar às aulas depois de muito tempo...

 

Na escola, os alunos estão mais barulhentos e também mais simpáticos do que é costume, e por todo o lado, do supermercado à sala de professores, os sorrisos abundam. Milagres do sol, pois então!

 

Todos os domingos à noite, das oito e meia às nove e meia, temos na paróquia uma hora de Adoração Eucarística. Diante de Jesus Sacramentado, um pequeno grupo de cristãos, entre crianças, jovens e adultos de várias idades, cantamos, dançamos, fazemos silêncio, rezamos o terço, partilhamos louvores e súplicas em voz alta, lemos a Bíblia e conversamos sobre a Palavra do Senhor. Tanta coisa numa hora!

 

Os domingos são geralmente dias muito preenchidos na nossa casa, como em qualquer casa de família numerosa. Há tantas brincadeiras para fazer, tantas crianças para cuidar, tanto lixo para apanhar! Quando chegam as oito e meia da noite, dou-me frequentemente conta de não me ter sentado no sofá um único instante do dia - embora tenha "descansado" em pé, naturalmente, empurrando a Sara no baloiço para a frente e para trás, pois ela quer sempre mais... 

É portanto com algum esforço que saio de casa, na companhia do Francisco e da Clarinha, para ir ao Santuário rezar. Sobretudo no inverno, quando lá fora estão quatro graus e na nossa sala quentinha brilha o lume na lareira... Mas nunca faltamos.

E é então que o milagre acontece: depois de uma hora diante de Jesus, rezando não importa o quê, rezando não importa como, sentimo-nos alegres, tranquilos e descansados. Quantas gargalhadas partilhamos entre nós no final daquela curta hora! E até a lareira sabe melhor!

 

Jesus é o sol da nossa vida. Quando nos damos tempo para estar diante d'Ele, tudo parece brilhar! Depois de uma hora com Jesus, a vida torna-se mais fácil e mais bonita. E mesmo no meio de tempestades, navegamos em paz.

Jesus na Eucaristia é o mesmo Jesus que "passou na Galileia fazendo o bem" ( At 10, 38) e curando, com a sua sombra, todos os que d'Ele se aproximavam. Hoje, como há dois mil anos atrás, basta ir ter com Ele para que tudo se componha, pouco a pouco, na nossa vida...

 

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publicado às 06:55

Os espinhos

por Teresa Power, em 10.03.14

Ontem, domingo, reservámos quinze minutos da nossa tarde para fazer a Via-Sacra no Santuário. Queríamos que os meninos contemplassem cada imagem, aprendendo assim a meditar na cruz de Jesus. Pensámos também que, fazendo a Via-Sacra na igreja, teríamos menos motivos para distracções. Bem, em relação a este ponto estávamos completamente errados: os nossos filhos estão tão à-vontade no Santuário de Nossa Senhora Auxiliadora, que correm por entre os bancos como se estivessem em casa. Por segundos, pensei estar prestes a assistir a um voo da Sara directo ao chão, quando a vi em pé num banco, saltitando e batendo palmas, muito feliz... e muito longe do meu alcance! Felizmente o seu anjo da guarda estava atento e manteve-a bem agarrada ao banco enquanto nos aproximámos devagar, para não a assustar...

 

Mas estávamos certos em relação às imagens: pela primeira vez, e mesmo no meio de muita brincadeira, os mais novos escutaram toda a história da paixão de Jesus, contemplando uma a uma as imagens da Via-Sacra. O Francisco e a Clarinha, por seu lado, faziam perguntas novas e descobriam pormenores em que nunca antes tinham pensado, relacionando a História com os Evangelhos.

 

 

 

 

Quando voltámos para casa, fomos trabalhar para o jardim. O pai cortou a relva e eu e o Francisco podámos as roseiras, com a ajuda dos mais novos.

- Cuidado com os espinhos! - Ia eu repetindo, enquanto os ramos cortados se acumulavam no carrinho de mão.

Depois lembrei-me da Via-Sacra que acabávamos de rezar:

- Jesus teve uma coroa de espinhos como estes cravada na cabeça, já pensaram nisso?

A Lùcia estacou.

- Espinhos a sério? - Perguntou, muito aflita. E acrescentou: - Se Ele era tão bom, porque é que os homens não Lhe fizeram antes uma coroa de flores, como aquela que a Clarinha fez para a festa do Colégio?

O David já sabia a resposta:

- Não vês que os homens foram maus para Jesus?

Depois, devagarinho, os meninos espetaram alguns espinhos, muito ao de leve, na ponta dos dedos.

- Ui! Deve ter doído mesmo!

- Coitadinho do Jesus!

E ali ficaram um bocadinho a meditar, enquanto eu cortava mais alguns ramos. Depois, no meio de gargalhadas, regressaram à brincadeira.

 

 

 

À noite, durante a oração familiar, pediram para cantar o cântico que nos fala da coroa de Jesus, e que já mostrámos num curto vídeo aqui:

 

Dó                      Lám          Rém          Sol                     

"Por coroa, espinhos, por trono uma cruz,

        Mim           Lám             Fá       Sol            Dó

por jóias, três cravos: e és Rei, és Rei, bom Jesus!"

 

Não sei qual foi a melhor catequese  - se a Via-Sacra, se as roseiras...

 

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publicado às 08:48

As Pegadas de Jesus

por Teresa Power, em 09.03.14

O nosso canto de oração quaresmal está decorado com os recortes das oito pegadas da nossa família, como já mostrámos aqui. Queremos, nesta quaresma, seguir o caminho de Jesus, caminhando nas suas pegadas com decisão e entusiasmo. Sabemos que as pegadas de Jesus estão manchadas de sangue e que os seus passos são muito dolorosos. Mas também sabemos que Jesus caminhou alegre, pois não há maior alegria para Deus do que a nossa salvação! Assim, vamos trabalhar por seguir o seu caminho, dando com dor e com amor.

No Livro de Job, um dos mais belos ensaios da literatura universal sobre o sentido da dor, o pobre Job proclama com confiança, no meio de todos os seus sofrimentos:

 

"Meus pés estão colados às suas pegadas, segui o seu caminho sem me desviar." (Job 23, 11)

 

Com estas palavras no coração, na quaresma de há dois anos atrás compus um cântico que gostamos muito de cantar e meditar na nossa família e na nossa paróquia. Ontem reunimo-nos no Canto de Oração para a nossa oração familiar e cantámos:

 

Dó                                           Rém

"Põe teus pés nas Minhas pegadas

       Sol                           Dó

E acerta o teu passo Comigo

            Lám                           Rém

Elas estão de sangue manchadas

                Sol                              Dó 

Mas Meu passo é alegre e decidido!

 

             Fá           Rém                  Sol                      Dó

Nós, Jesus: Tu e eu! Juntos na cruz! Juntos no céu!

            Lám         Rém                 Sol                      Dó

Nós, Jesus: Tu e eu! Juntos na cruz! Juntos no céu!

 

Põe teus pés nas Minhas pegadas

Não te canses de evangelizar!

Elas estão de sangue manchadas

Mas por elas, a Vida vais encontrar!"

 

 

Aprendam-no a cantar também...

E já agora: tenho recebido no meu e-mail lindas fotos dos vossos cantos de oração quaresmais! Continuem a enviar, para um dia destes eu as publicar aqui no blog!

 

 

 

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publicado às 07:51

"Onde estão as crianças deste país?"

por Teresa Power, em 08.03.14

O Niall esteve no sábado passado na universidade para, entre outras coisas, receber três dos oitenta estudantes sírios que o governo de Portugal acolheu, num gesto de apoio às vítimas da guerra. Cá em casa, adoramos as inúmeras histórias que o Niall nos conta dos seus contactos diários com estudantes de todas as partes do mundo. Temos tido grandes sessões de cultura geral à hora de jantar, enquanto nos deliciamos com pormenores engraçados, divertidos, sérios, tristes ou simplesmente curiosos, vividos pelo Niall nas suas viagens pela Europa e pela Índia, ou no seu gabinete de Relações Internacionais, na Universidade de Aveiro.

Ontem, o Niall falou-nos dos estudantes sírios. Entrando no seu gabinete, seis dias depois de chegarem a Portugal, os três estudantes vinham cheios de perguntas. E a primeira foi esta:

- Onde estão as crianças?

- Quais crianças? - Quis saber o Niall.

- As crianças de Portugal!

- Como assim?

- As crianças! Não se vêem crianças pelas ruas... Onde estão elas?

- Bem, talvez não haja assim tantas como vocês estavam à espera - respondeu o Niall, sorrindo - Mas não me acusem a mim de falta de contributo para a natalidade deste país!

 

A baixa natalidade em Portugal é também ela sinal dos tempos, não apenas sinal da crise. Há um tabu generalizado em relação ao tema da fertilidade conjugal e ao que a Igreja diz sobre o assunto, pois é certamente um tema incómodo. É mesmo verdade que Deus quer que todos tenhamos muitos filhos? Ao longo de toda a Bíblia, uma família numerosa é sempre uma bênção. Mas Jesus nunca falou do número de filhos que um casal deve ter.

Disse o Papa Francisco, na homilia do dia 21 de fevereiro, que a casuística é sinal de falta de fé. Quem procura regras para tudo, quem pretende uma resposta exacta da Igreja como forma de resolver todos os assuntos, tem a atitude dos fariseus que testavam Jesus com perguntas provocadoras. Jesus sempre ofereceu respostas caso a caso, dialogando individualmente com cada homem e cada mulher com quem Se quis encontrar. E nunca impôs nada a ninguém, optando antes por desafiar os que chamava a chegar mais longe.

 

Jesus nunca falou do número de filhos por casal. Deus não exige que tenhamos um ou dez. Mas Jesus falou de muitas outras coisas, dando-nos pistas de reflexão: falou do abandono confiante nas mãos de Deus, que conhece as nossas necessidades e cuida das mais pequenas flores do campo (Mt 6, 25-34 - um texto para saber de cor!); falou da generosidade da viúva, que deu tudo o que tinha (Lc 21, 1-4); falou da simplicidade e da alegria das crianças, e disse-nos que quem acolher uma criança, é a Ele mesmo que acolhe (Mt 18, 5); falou de radicalidade, de coragem, de audácia; falou das surpresas de Deus, que tem o hábito de mudar os planos dos homens e converter o curso da sua vida, como fez com Abraão, com Moisés e com José; como fez com Sara, com Ana e com Maria; disse-nos que é preciso perder (deixar as nossas "zonas de conforto"...) para ganhar (em felicidade, claro!); disse-nos para não termos medo, e repetiu esta mensagem muitas e muitas vezes, antes e depois da sua ressurreição.

 

Que nos pede Deus então, relativamente ao número de filhos? Pede-nos, como em relação a tudo o resto, para darmos na medida da nossa generosidade e da nossa capacidade conjugal - e não esqueçamos que a viúva pobre, dando uma só moeda, deu mais do que os fariseus ricos, deixando cair muitas moedas; pede-nos para nos abrirmos aos planos de Deus e estarmos disponíveis para reformular os nossos planos, se Ele nos desafiar; pede-nos para não fazermos muitas contas nem nos preocuparmos demasiado, pois o Pai do Céu bem sabe do que precisamos; pede-nos para não termos medo.

A medida do amor de Jesus, conhecêmo-la bem: é a cruz. A nossa? Cada um de nós, e cada casal em uníssono (acima de tudo, a unidade...), deverá responder a este amor com a sua própria medida, uma medida cheia, calcada, a transbordar...

 

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publicado às 07:43

"Se tu fosses a Lúcia..."

por Teresa Power, em 07.03.14

A Lúcia detesta que eu a penteie. Assim que me aproximo com a escova, começa a refilar e a fazer birra, queixando-se de que a estou a magoar antes ainda da escova lhe tocar na cabeça. Com muita calma e muito jeito - acho eu - lá lhe vou desembaraçando os cabelos, enquanto repito:

- Não dói nada, Lúcia!

Mas ela responde-me sempre da mesma maneira:

- Dizes isso porque não és a Lúcia. Se tu eras a Lúcia, vias como dói!

 

Educar uma criança é dizer-lhe muitas vezes para se colocar no lugar do outro, e ver como dói. Tiraste as peças do lego ao António? Imagina que és o António... Não ia ser nada agradável, pois não? Bateste no David? Irias gostar que te batessem também? Comeste os chocolates todos... Como seria se fosses tu a ficar sem o chocolate que te era devido?

 

O mundo está cheio de adultos que não são capazes de se colocar no lugar do outro, e ver como dói. E educam os filhos nesta escola de egoísmo. Os exemplos estão nas mais banais situações do quotidiano:

Vejo por todo o lado pais muito preocupados com o bem-estar dos seus filhos, e muito pouco com o bem-estar dos filhos dos outros. Acompanhando os filhos ao autocarro que os levará a uma visita de estudo, segredam-lhes ao ouvido: "Despacha-te para apanhares o melhor lugar!"

Na escola, reparo como são poucas as crianças que se afastam quando eu, professora, quero passar pela mesma porta ao mesmo tempo. Deixar passar um adulto primeiro é um princípio de boa educação, mas é sobretudo um princípio cristão: o outro, seja ele pobre ou rico, negro ou branco, professor ou aluno, está sempre em primeiro lugar!

E de todas as sete vezes em que estive grávida, poucas foram as ocasiões em que, no hipermercado, alguém me cedeu o lugar na fila para pagar.

Se não nos conseguimos colocar no lugar do outro - "in his / her shoes", nos seus sapatos, como se diz em inglês - em situações tão singelas, como conseguiremos em situações realmente importantes?

 

Um dos objectivos do jejum quaresmal é ajudar-nos a imaginar como a pobreza dói. É que, enquanto eu me empanturro com chocolate, os meus irmãos que vivem na pobreza não têm um copo de leite para dar aos filhos.

E é deste jejum que pode então nascer a esmola quaresmal. Diz o Papa Francisco na sua mensagem para esta quaresma: "Desconfio da esmola que não custa nem dói."

 

Queremos um modelo de fraternidade? Que melhor modelo do que o próprio Deus? Desejoso de nos mostrar o caminho da felicidade, "calçou" muito mais do que os nossos "sapatos": assumiu a nossa carne, e não contente com isso, assumiu a carne do último dos homens, o Condenado fora dos muros da cidade, o Crucificado. A partir da Cruz de Jesus, nenhum ser humano à face da Terra está sozinho, pois sofrendo na sua pele, está o próprio Deus.

Na quaresma, medito muitas vezes neste belíssimo hino de S. Paulo, que gosto de repetir de cor:

 

"Cristo Jesus, que era de condição divina,

não se valeu da sua igualdade com Deus,

mas esvaziou-Se a Si próprio.

Assumindo a condição de servo,

tornou-Se semelhante aos homens.

Aparecendo como homem,

humilhou-Se ainda mais,

obedecendo até à morte, e morte de cruz!

Por isso Deus O exaltou

e Lhe deu o nome que está acima de todos os nomes,

para que ao nome de Jesus todos se ajoelhem,

no céu, na terra e nos abismos,

e toda a língua proclame que Jesus Cristo é o Senhor,

para glória de Deus Pai!" (Fl 2, 6-11)

 

 

 

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publicado às 08:44




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