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Histórias de quaresma

por Teresa Power, em 06.03.14

Como propus neste ensinamento Atravessando o deserto 1_3_14.pdf às Famílias de Caná, este ano decidimos contar, em família, as histórias do Livro do Êxodo durante a quaresma. Para que os mais pequenos possam acompanhar as histórias e guardar uma recordação da sua caminhada quaresmal, procurei na Net desenhos para colorir com o tema "Moisés" e imprimi os que ilustravam as histórias que seleccionei: a Travessia do Mar Vermelho, o Dom do Maná, a Água da Rocha, a Revelação de Deus no Sinai. Fiz um pequeno caderno com os desenhos para cada um dos mais novos e juntei-lhe algumas folhas em branco para eles poderem ir também desenhando as histórias enquanto as conto. Depois coloquei os cadernos no Canto de Oração, prontos para serem utilizados.

 

Ontem, quarta-feira de cinzas, contei a primeira história. Eles adoraram a narração do Tsunami que abriu o Mar Vermelho em dois e deixou passar o povo da escravidão para a liberdade. Depois deixei-os entretidos a colorir os desenhos enquanto preparei o jantar. E fui escutando a conversa...

 

- Viste como o Faraó se riu de Deus? Ena pá, ele pensava que Deus não existia!

- E os bons atravessaram o mar montados nos seus burros! Deve ser mesmo giro!

- Até levaram as ovelhas! Desenhaste as ovelhas? Não te esqueças!

- Os maus não os conseguiram apanhar, porque o mar se voltou a fechar. Que sorte!

- Depois fizeram uma festa. Gosto tanto de festas!

 

A meditação cristã não precisa de muita coisa... A meditação cristã só precisa da Palavra de Deus, conversada e trabalhada desde a infância. O resto é obra do Espirito Santo!

Colorindo e desenhando, conversando e fazendo silêncio, o David, a Lúcia e o António fizeram a sua meditação quaresmal...

 

 

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publicado às 08:45

Que desperdício!

por Teresa Power, em 05.03.14

A Clarinha tem andado muito ocupada a costurar aventais, cintos, coroas de flores e outras maravilhas, para que o traje que vai vestir nas Jornadas Culturais do Colégio fique perfeito. Cheia de entusiasmo, procurou pela casa trapos e tecidos esquecidos para cortar, coser e enfeitar. Encontrou muita coisa, mas o avental foi feito especialmente a partir de uma toalha de linho antiga, guardada num armário da garagem.

A Isabel, nossa grande amiga e madrinha da Lúcia, costuma dar uma ajuda (uma grande ajuda...) nestas coisas da costura, pois infelizmente eu não sei fazer nada com uma agulha. Ora bem, quando a Isabel viu o pano que a Clarinha tinha cortado e cosido e voltado a cortar e voltado a coser, levou as mãos à cabeça. E no seu tom brincalhão, mas falando a sério, comentou:

- Que desperdício! Já não existe linho puro assim! Tu nem imaginas a relíquia que tinhas aqui, e agora está transformada num avental para brincar... Que desperdício!

Confesso que fiquei bastante admirada. Para mim, um pano de linho não é muito diferente de um pano de qualquer outro material. Se precisar de repente de um trapo para limpar uma janela ou atar uma ferida a sangrar, não saberei distinguir entre um trapo de qualidade e um trapo sem qualidade. Desculpem-me os entendidos nestas matérias!

Depois da Isabel levar o avental para sua casa e de lhe dar "um jeitinho", cosendo-lhe um magnífico pedaço de tecido colorido e um bordado para rematar, o avental da Clarinha ficou assim:

 

 

Mas eu fiquei a pensar...

Quantas vezes desperdiço o dom de Deus?

Recebi o baptismo em bebé, que fez de mim filha do Rei do Universo, e portanto, Princesa do Reino de Deus. Comporto-me como filha de quem sou? Sou fiel às minhas promessas?

Quantas vezes comungo, ao domingo na missa, para logo me esquecer de Quem recebi no meu coração, não Lhe dedicando nem um minuto de atenção?

Quantas vezes desperdiço o tempo que Deus me oferece, sentada em frente do televisor ou entregando-me a futilidades?

Quantas vezes desperdiço as ocasiões que Deus me dá para ser melhor, para ser feliz, para ser santa?

Quantas vezes desperdiço os talentos que o Senhor me confiou?

 

A minha vida é um pano de linho do mais puro e do mais caro. Afinal, a minha salvação custou todo o sangue de Jesus! S. Pedro lembra-nos na sua carta:

 

"Não fostes resgatados da vossa conduta fútil por meio de bens perecíveis como a prata e o ouro, mas pelo sangue precioso de Cristo." (1Pe 1, 18-19).

 

Fomos comprados por um alto preço! E no entanto, como aquele pano de linho antigo, às vezes deixamo-nos transformar em trapos...

 

A quaresma, que hoje começa, parece-me a mim ser o tempo ideal para recuperar a nossa beleza e a nossa glória, vivendo à altura do sonho de Deus!

 

 

 

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publicado às 08:11

O nosso Canto de Oração quaresmal

por Teresa Power, em 04.03.14

Almoço de domingo. No meio da algazarra geral, e depois de várias tentativas, consigo formular uma frase inteira sem ser interrompida:

- Meninos, a quaresma está aí e é preciso preparar muita coisa.

- Os sacrifícios?

- Sim, David, os sacrifícios que vamos fazer para acompanhar Jesus no seu grande sacrifício por nós.

- E o Canto de Oração? Vai ficar como, desta vez?

- Precisamos de ideias, Clarinha.

- Bem, primeiro precisamos de um tema.

- Sim, Francisco, este mês sugeri às Famílias de Caná o tema do deserto, a travessia do deserto, como cenário da nossa quaresma.

- Os quarenta anos de Moisés no deserto?

- Sim, Clarinha.

- Então podemos colocar o pano amarelo na parede! O deserto é amarelo!

- Òtima ideia! E como o vamos decorar?

- Com as flores que vamos dando a Jesus, não é?

- Sim, Lúcia. E tu, António, vais dar flores a Jesus?

- Vou fazer coisas muito boas. Já tenho quatro anos!

- Pois já. Então despachem-se a comer para começarmos a trabalhar!

 

O pano amarelo foi passado a ferro e colocado na parede. Depois, a Clarinha e eu procurámos na Bíblia um texto bonito sobre o deserto. E encontrámos em Isaías um capítulo lindíssimo, o capítulo 35. Nele, Isaías fala dos acontecimentos maravilhosos que irão acompanhar a vinda do Messias: o deserto cobrir-se-á de flores, a água jorrará da terra seca, e Deus abrirá um caminho sagrado, por onde Ele próprio passará, acompanhado de todos os justos...

- Um caminho sagrado? Que caminho é esse?

- Acho que é a Via Sacra, Clarinha. Vê lá tu: quinhentos anos antes de Jesus nascer, Isaías viu o caminho que nos trouxe a felicidade: o caminho da cruz!

- Então vamos fazer esse caminho no nosso pano! Temos aí uma fita vermelha, cor de sangue...

- Claro! O caminho que Jesus nos abriu é um caminho de sangue... O Caminho da Cruz atravessa os nossos desertos interiores e conduz-nos à Vida. Vai ficar lindo!

 

Do capítulo 35 de Isaías, escolhemos dois versículos:

"Que o deserto se cubra de flores!" (Is 35, 1)

"Deus abrirá um caminho. Chamar-se-á Via Sagrada!" (Is 35, 8)

 

Depois, a Clarinha escreveu-os em letras grandes, recortámos o texto e colámo-lo sobre o pano amarelo.

Pendurámos uma fita vermelha atravessando o pano, como sugerido pela Clarinha. E nesse caminho marcámos as principais "paragens": os mistérios dolorosos do Rosário, que são um resumo da Via Sacra.

 

Finalmente, cada membro da família teve de desenhar o contorno da sua pegada numa folha de papel. Queríamos poder colar as nossas pegadas às pegadas de Jesus, caminhando com a cruz pela Via Sacra!

 

 Ai as cócegas!

 

 A Sara estendeu o pé com decisão. O que os irmãos fazem, ela também quer fazer, pois então!

 

 No pano, cada um de nós colou a sua pegada. Ao longo da quaresma, iremos aprender a caminhar nesta Via Sacra...

 

 

 

 

 

 

Depois precisámos de desenhar e recortar muitas, muitas flores, que serão lançadas no "deserto" de cada vez que conseguirmos fazer algo de belo para o Senhor, segundo uma expressão aprendida com a Madre Teresa de Calcutá ("Something beautiful for God"). Com papel de lustro e um molde desenhado em cartão, a Clarinha e eu trabalhámos afincadamente. O Francisco tinha saído para fazer ilusionismo numa festa de anos, fugindo assim à parte mais aborrecida da construção do nosso Canto de Oração!

 

Tudo pronto. Chamamos o pai, que de galochas e gabardine, trata do jardim. Ele sorri. Trabalho aprovado! Agora é preciso viver o que construímos, cobrindo de flores o deserto da vida e caminhando nas pegadas ensanguentadas do nosso Salvador, com fidelidade e persistência. Ámen!

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publicado às 09:42

A confissão para a Clarinha

por Teresa Power, em 03.03.14

Escrito pela Clarinha (12 anos, quase 13)...

 

Ouvimos muitas vezes pessoas a dizer: "O senhor padre não tem nada que saber os meus pecados!" Ou então: "A confissão não faz diferença!" Mas tudo tem um sentido. Pensando bem e respondendo às dúvidas das pessoas, Jesus Ressuscitado deu a todos os padres o poder para confessar os pecados dos homens em seu nome. Assim, porque é que tanta gente tem vergonha de se confessar, se quem está a falar connosco durante a confissão é o próprio Deus? Bem, se nós não temos vergonha de falar com os nossos pais, também não precisamos de ter vergonha de falar com Deus.

 

A confissão faz uma grande diferença na nossa vida. Quando eu entro no confessionário, sinto-me feliz por poder desabafar com Deus sobre aquilo que me impede de ser uma pessoa perfeita. E quando saio, sinto-me ainda mais feliz, porque sei que posso começar tudo de novo e voltar a tentar fazer o meu melhor, aperfeiçoando o meu carácter.

 

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publicado às 08:43

A cruz

por Teresa Power, em 02.03.14

Na quaresma, a cruz tem lugar de honra. Durante quarenta dias, Deus oferece-nos a oportunidade de meditar num amor capaz de vencer todos os ódios, todas as rivalidades, todas as guerras, todos os pecados. Um amor que se entrega a cada um de nós, numa cruz.

 

Uma das actividades que fazemos com os nossos filhos é a construção de uma cruz, para colocar nos seus quartos ou para oferecer aos amigos e à família. Há uns anos, aprendemos com uma grande catequista da nossa paróquia a fazer cruzes lindíssimas com molas de madeira, abertas em duas. A do David, depois de pintada, ficou assim:

 

 

 

Na visita pascal, o nosso pároco abençoou esta linda cruz, que hoje está bem visível na cabeceira da cama do David.

A do Francisco está assim:

 

 

 

 Para poderem fazer esta cruz em casa, precisam de:

- 13 molas de madeira, depois de retirada a parte metálica

- cola branca para madeira

- tintas de diversas cores

- papel de jornal para colocar debaixo da cruz, enquanto ela seca

- muita paciência, pois a cruz demora um pouco a colar, sendo necessário apertar as molas entre os dedos e fazer bastante pressão para que tudo corra bem!

 

Na foto seguinte pode ver-se o "Corpo de Jesus" em construção e uma das cinco partes iguais necessárias para construir a cruz:

 

Depois de bem colada, deve virar-se a cruz ao contrário e, na parte de trás, colar um reforço de molas:

 

Com a chuva a cair lá fora, o frio e a gripe (que parece estar a passar férias na nossa casa!), há muito tempo nestes dias de Carnaval para o fabrico de cruzes! Façam as vossas cruzes em família e digam-nos como correu!

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publicado às 09:29

Festa

por Teresa Power, em 01.03.14

O António já coloriu as nove imagens do menino a rezar, na sua "página de esforço" (para quem não sabe o que se passou, ler aqui). Chegou a altura de festejar! A gripe e a chuva não nos deixam fazer a oração lá fora, como ele pedira, de lanterna acesa. Mas diante do Senhor, como o Rei David diante da Arca da Aliança, cantamos e dançamos demoradamente. O António, no centro, escolhe as canções.

 

Celebrar as pequenas vitórias de uma criança é uma exigência da educação. Contudo, poucos se sentem seguros na forma de o fazer.

Como professora e como mãe, apercebo-me de uma cultura da recompensa e do castigo baseada em aspectos materiais. O meu filho mais velho tem colegas que, por cada Excelente obtido nos testes, recebem entre cinco a vinte euros. A rir, o Francisco costuma dizer-me que, se cá em casa adoptássemos a mesma estratégia, ele já nos teria levado à ruina. Na verdade, os nossos filhos mais velhos (os outros ainda estão a começar!) têm muitos Excelentes e nunca receberam qualquer recompensa por causa disso. E porquê? Simplesmente porque não vem a propósito. O Francisco não tem boas notas para receber dinheiro; o António não aprendeu a portar-se bem na hora de rezar para receber um presente. Oferecer-lhes algo material seria comprar o seu esforço, chantagear o seu crescimento e enganar o seu sentimento de felicidade.

 

E no entanto, apesar da falta de recompensas materiais, qualquer um dos meus filhos se sente extremamente recompensado! Quando, cá em casa, se obtém sucesso em alguma área da vida, do desporto ao estudo, da magia ao trabalho de voluntariado, da oração à capacidade de ajudar em casa - e nenhuma destas áreas é mais ou menos importante que as outras - , celebramos na hora da oração familiar. Partilhando a oração em voz alta, agradecemos ao Senhor a prontidão do Francisco em arrumar a cozinha, a rapidez com que a Lúcia seca as lágrimas depois de uma birra, a postura do António a rezar, a nova capacidade da Clarinha para passar a ferro, o resultado do David na Matemática, as primeiras palavras da Sara.

 

É a Deus que é devido todo o louvor e toda a gratidão. Deus presenteou-nos com muitos e variados talentos; não fazemos mais do que a nossa obrigação se os colocarmos a render! Como o servo da parábola de Jesus, precisamos de correr ao seu encontro e de Lhe devolver o seu presente, multiplicado segundo a nossa capacidade (Mt 25, 14-30). E o Senhor, que recompensa um simples copo de água oferecido com amor (cf Mt 10, 42), não deixará de nos preparar, no dia feliz do nosso encontro face a face, uma festa de arromba!

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publicado às 09:18

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