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Somos uma família católica, abençoada com seis filhos na Terra e um no Céu. Procuramos viver a fé com simplicidade e generosidade. Queremos partilhar com outras famílias a alegria de sermos Igreja Doméstica na grande família da Igreja Católica.
O Niall, o Francisco e a Clarinha já sairam para a vigília pascal. Este ano, coube-me a mim ficar em casa, para guardar o sono do David, da Lúcia, do António e da Sara. Amanhã irei eu à missa de Páscoa! Na verdade, os quatro mais pequeninos ainda não seriam capazes de aguentar duas horas e meia de vigília. O David já foi valente o suficiente para ir, pela primeira vez, à Via Sacra. Por agora chega...
Mas não deixamos de fazer a nossa "vigília pascal" caseira, para que também os mais novos tenham a experiência da ressurreição de Jesus, acordando a noite com a Luz que não tem fim. Assim, iluminámos o Canto de Oração com muitas velas, acendemos as nossas velas de baptismo, e cantámos a plenos pulmões que Jesus ressuscitou! A Sara tentou apanhar as chamas das velas com a mão, mas o Francisco protegeu-a bem, como bom irmão mais velho, como poderão ver. Cliquem no vídeo e cantem connosco!
Mim Ré Dó Si7
Ressuscitou! Ressuscitou! Ressuscitou! Aleluia!
Sol Ré Dó Si7
Aleluia! Aleluia! Aleluia! Ressuscitou!
Sábado santo. Dia de uma esperança alegre e serena: Jesus vai vencer a morte, Jesus vai ressuscitar! Logo à noite, na grande vigília pascal, a noite mais bela da cristandade, iremos fazer uma fogueira e acender nela o círio pascal, o símbolo da nossa fé em Jesus Cristo Ressuscitado. Por enquanto, preparamos a nossa casa para a Ressurreição de Jesus!
A Clarinha ofereceu-se para fazer o "Túmulo Vazio", símbolo da vitória de Jesus sobre a morte. Com esferovite, tecido, tintas, linhas e agulhas, ela imaginou e criou este belo centro de mesa, que será a decoração principal da nossa refeição de Páscoa, amanhã. Está ou não está lindo?
Depois, escrevemos e recortámos a palavra "Aleluia" para o centro da nossa cortina no Canto de Oração:
Retirámos as fitas vermelhas e colocámos as brancas, guardámos os cartões dos mistérios dolorosos e expusémos os cartões dos mistérios gloriosos:
Cada um de nós tirou a sua pegada do Canto de Oração e escreveu ou desenhou nela uma linda oração para Jesus Ressuscitado. Alegremente, oferecêmo-las ao Senhor:
S. João, o único evangelista presente na morte de Jesus, atestou que, do seu Coração trespassado, brotou sangue e água:
"Um dos soldados trespassou-Lhe o peito com uma lança e logo brotou sangue e água." (Jo 19, 34)
No Apocalipse, Jesus explica-nos porquê:
"Vem! Quem tem sede que se aproxime. E quem deseja, beba gratuitamente da água da vida!" (Ap 22, 17)
Estamos a fazer a novena de Jesus Misericordioso, preparando-nos o melhor que podemos para a grande festa da sua misericórdia, no segundo domingo de Páscoa. A imagem que Jesus revelou à irmã Faustina mostra-nos dois raios luminosos, um branco e um vermelho, a sair do coração de Jesus: a água do Baptismo, o sangue da Eucaristia. Assim, decidimos colocar no nosso Canto de Oração uma vasilha de barro, como símbolo deste Coração tornado Fonte de Vida; dela, jorram o sangue e a água, simbolizados numa fita branca e numa fita vermelha:
Os meninos estão encantados e cheios de perguntas. Porque não está a pedra sobre o túmulo? O que é essa vasilha de barro? Donde vem o sangue? Porque jorra a água? Das perguntas, nasce a meditação, e da meditação, a contemplação. Hoje à noite já rezaremos num Canto de Oração Pascal, porque nesta grande noite, os desertos floresceram e a alegria encheu o ar!
FELIZ E SANTA PÁSCOA para todos os leitores deste blogue e para as vossas famílias! Que Jesus Ressuscitado vos cubra de bênçãos!
E já agora... Enviem-nos fotos dos vossos Cantos de Oração Pascais!
AMEN! ALELUIA! JESUS RESSUSCITOU!
Noite de Sexta-feira Santa. Pelas ruas de Mogofores, acabamos de fazer a Via Sacra, acompanhando Jesus no seu longo caminho da cruz. Claro que a nós não custou nada... A Ele, custou a vida!
A Via Sacra pela noite na aldeia é das mais bonitas manifestações de fé que conheço. As ruas enchem-se de pequeninas velas, e às portas das casas, as famílias aguardam a passagem do Senhor. Cada estação é rezada à porta de uma casa previamente marcada, para que cada família possa preparar um pequeno altar digno deste momento solene. Entre cada estação, cantamos e rezamos, de vela na mão e coração atento...
Deixo-vos esta "foto reportagem" da beleza luminosa da nossa noite santa!
Escrito pela Clarinha:
Sexta-feira Santa é um dia muito solene e triste. Mas também é o dia em que Jesus deu a vida por nós, por isso é um dia feliz! Se Jesus não tivesse morrido na cruz, hoje não teríamos uma vida tão boa e com tantas alegrias. Se Jesus não tivesse sofrido por nós, não me seria tão fácil ultrapassar pequenas dificuldades.
Hoje a igreja não estava cheia. Havia inúmeros bancos vazios. Isso fez-me lembrar como, no tempo de Jesus, quase todos os seus amigos O abandonaram. Muitas pessoas hoje em dia não têm tempo para ir à missa nos dias santos. Ficam a cortar a relva, a arrumar a casa, a preparar a comida e os doces para o domingo de Páscoa. Tudo coisas que não se comparam à inocente morte de Jesus. Também no tempo de Jesus estavam com pressa para prepararem a Páscoa, e por isso sepultaram Jesus o mais próximo possível de Jerusalém. Escutei isso hoje na leitura da Paixão.
Jesus é Rei, mas por coroa teve espinhos, por trono uma cruz, por jóias, três cravos. E nós continuamos a colocar espinhos na sua Cabeça e no seu Coração!
S. João termina o seu evangelho dizendo:
"Há ainda muitas outras coisas que Jesus fez. Se elas fossem escritas, uma por uma, penso que o mundo não teria espaço para os livros que se deveriam escrever." (Jo 21, 25)
Ao longo da História, Deus tem colmatado esta "lacuna" através de visões e revelações oferecidas a santos que a Igreja já canonizou ou beatificou. Ontem contei-vos como cá em casa gostamos de meditar nos escritos da irmã Faustina, tão querida de João Paulo II. Hoje quero falar-vos da Beata Anna Catharina Emmerich, ainda pouco conhecida pela generalidade dos cristãos, e que é para a nossa família uma fonte de inspiração. Catharina foi uma irmã alemã que viveu no século XIX e que teve comoventes visões da paixão de Jesus e da vida de Nossa Senhora depois dos grandes acontecimentos da Páscoa. Ler os seus escritos é mergulhar no mistério do amor de Deus de uma forma profundamente avassaladora. Mel Gibson inspirou-se nestes escritos para o seu magnífico filme A Paixão de Cristo. Ora leiam esta passagem e digam lá se não reconhecem a cena do filme de Mel Gibson:
"Quando Jesus, depois da flagelação, caíra ao pé da coluna, mandara Cláudia Prócula, a mulher de Pilatos, um fardo de grandes panos à Mãe de Deus. Não sei mais se julgava que Jesus ficaria livre e a Mãe do Senhor lhe devia tratar as feridas com esses panos ou se a pagã compadecida mandou os panos para o fim o qual SS. Virgem os empregou.
Maria, voltando a si, viu passar o Divino Filho dilacerado, conduzido pelos soldados; Ele enxugou o sangue dos olhos com a túnica, para fitar a SS. Virgem, que Lhe estendeu as mãos, num transporte de dor e Lhe seguiu com a vista as pegadas sangrentas. Logo depois vi a SS. Virgem e Madalena, quando o povo se dirigia mais para o outro lado, aproximarem-se do lugar da flagelação. Cercadas e ocultas pelas outras santas mulheres e outra gente boa, que se aproximara, prostraram-se por terra, ao pé da coluna da flagelação e apanharam com os panos todo o sangue de Jesus, por toda a parte onde encontraram algum vestígio."
De acordo com Catharina Emmerich, a oração preferida de Nossa Senhora depois da morte e da ressurreição de Jesus era a Via Sacra. Ou melhor: foi a oração de Nossa Senhora que deu origem à Via Sacra! Maria encontrava grande consolo em percorrer o caminho que Jesus percorrera com a cruz. Ela lembrava-se perfeitamente de cada passo, de cada queda, de cada olhar. Acariciava a rocha que Jesus cobrira de sangue, beijava a terra que O amparara, chorava sentada nos degraus que Ele pisara.
Mais tarde, Maria mudou-se para Éfeso, para uma pequena casa de pedra mandada construir por S. João. Os detalhes da visão desta humilde freira conduziram a escavações e à descoberta desta casa de Maria, em tudo condizente com a descrição de Catharina. Hoje, as ruínas da casa de Nossa Senhora em Éfeso foram transformadas um humilde Santuário Católico, visitado por milhares de cristãos, entre eles os últimos papas. Aí, Maria meditava na Via Sacra em forma de caminhada, marcando, na colina por detrás da sua casa, cada acontecimento doloroso da paixão de Jesus com uma pequena cruz:
"Por trás da casa, até certa distância, na encosta da montanha, Maria Santíssima fizera para si uma Via Sacra. Enquanto morava em Jerusalém nunca deixara, desde a morte do Senhor, de percorrer-lhe o caminho da Paixão, chorando de saudade e compaixão. De todos os lugares do caminho onde Jesus sofrera, ela tinha medido a distância a passos: o amor imenso de Mãe extremosa não lhe podia viver sem a contínua contemplação desse caminho doloroso.
Pouco tempo depois de chegar àquela região, eu via-a diariamente, em visão interior, caminhar até certa distância, subindo a colina atrás da casa, nessa meditação da Paixão e morte do Filho amado. A principio ia sozinha, medindo pelo número de passos que tantas vezes contara as distâncias dos lugares onde Jesus sofrera certos tormentos. Em todos esses lugares erigia uma pedra ou, se havia ali uma árvore, marcava-a. O caminho conduzia a um bosque onde, numa elevação, marcou o Monte calvário e numa gruta de outra colina, o sepulcro de Jesus Cristo.
Depois de ter medido desse modo as doze estações da Via Sacra, percorria-a, em silenciosa meditação, acompanhada da criada; em cada estação da Paixão se sentavam, recordando no coração o mistério do respectivo sofrimento e louvando ao Senhor por seu infinito amor, com lagrimas de compaixão. Depois arranjaram as estações ainda melhor e vi que a Santíssima Virgem escrevia com um buril, na pedra assinalada, a significação do lugar, o número dos passos, etc. Vi também, depois da morte da Santíssima Virgem, os cristãos percorrerem esse caminho, prostrando-se por terra e beijando o chão”. (Vida, Paixão e Glorificação do Cordeiro de Deus, Anna Catharina Emmerich)
E assim nasceram as estações da Via Sacra!
Hoje à noite, teremos na nossa paróquia a via sacra, percorrendo as ruas da nossa aldeia. Iremos cantar, rezar e meditar, como Maria gostava de fazer. As ruas estarão iluminadas com centenas de pequeninas velas e perfumadas com flores primaveris. Jesus vai passar, e nós estaremos a seu lado...
- Mãe, fazes um sacrifício e deixas-nos ver televisão?
- Mãe, se nos deixares ver televisão podes oferecer uma flor a Jesus logo à noite!
- ...???!!!
(Dizia-me uma amiga, uma super-mãe de nove filhos: "Era tão fácil criar estes filhos todos se não fosse preciso educá-los! Se bastasse sentá-los diante do televisor e deixá-los fazer o que lhes apetecesse!...)
- Mãe, quando podemos comer os ovos de chocolate?
- No domingo, David. Ainda não é tempo de fazer festa!
- Porquê?
- Primeiro temos de acompanhar Jesus no seu sofrimento. Temos de subir com Ele ao calvário, fazendo sacrifícios, oferecendo-Lhe tudo o que pudermos. Gestos de amor, coisas difíceis... Só depois é que acontece a Páscoa! Aí sim, podes comer ovos de chocolate!
O mundo não faz distinção entre sexta-feira santa e domingo de Páscoa. Ambos são feriados, e para muita gente, só isso conta. Isso e, claro, o futebol... Como preparamos nós a maior celebração cristã do amor de Deus? Agora precisamos de nos apressar, porque Ele está próximo...
Hoje à noite, Jesus estará de novo no Jardim das Oliveiras, a rezar enquanto os seus amigos dormem. Onde vamos nós estar?
Como não pôde ver televisão, a Lúcia foi fazer lego; e fez esta bela cruz! Pediu-me para tirar uma fotografia e colocar no blogue, já que fiz o mesmo com o desenho do David. Está ou não está bonita?
A cruz é o grande símbolo dos cristãos. Nestes últimos dias antes da Páscoa, é preciso ajoelhar diante dela e oferecer a Jesus uma palavra de gratidão!
A mensagem da misericórdia de Deus, que Jesus revelou à irmã Faustina, polaca, foi a grande inspiração do pontificado de João Paulo II. No ano 2000, ao mesmo tempo que canonizava a irmã Faustina, João Paulo II instituia o Domingo II de Páscoa como a Festa da Divina Misericórdia, de acordo com o pedido de Jesus. Assim, esta revelação privada, belíssima e longa, na linha da revelação do Sagrado Coração a Santa Margarida Maria, foi aceite pela Igreja como verdadeira (embora ninguém esteja sob obrigação de nela acreditar). Para poderem conhecer um pouco esta revelação, deixo aqui quatro curtas passagens:
"As chamas da Misericórdia consomem-Me; desejo derramá-las sobre as almas dos homens. Oh que grande dor Me causam, quando não querem aceitá-las!"
"Anuncia, minha filha, que Eu sou o Amor e a própria Misericórdia."
"Em cada alma realizo a obra da Misericórdia; quanto maior o pecador, tanto mais direito tem à Minha Misericórdia!"
"Alegro-Me por pedirem tanto, porque o meu desejo é dar muito, mesmo muito. Fico triste quando as almas pedem pouco!"
Como preparação para a Festa da Divina Misericórdia, Jesus pediu a Santa Faustina - e João Paulo II pediu à Igreja - que se preparasse através de uma novena, começando na Sexta-feira Santa. As novenas pertencem à tradição milenar da Igreja. Porquê o número nove e não outro qualquer? Terá um valor de superstição? Claro que não! Nem sequer é um detalhe simplesmente "popular" ou "ignorante". Nove meses foi o tempo que Jesus levou a formar-Se no seio de Maria; nove dias é o tempo que oferecemos a Deus para nos preparar para a festa do seu Amor! Deus é trino, e multiplicando 3 por 3, queremos dar a Deus um sinal da nossa admiração por Ele! Assim, ao fazermos uma novena, antes ainda das orações que realmente vamos fazer, já estamos a dizer tudo isto a Jesus!
Cá em casa vamos fazer esta novena em família. Rezá-la-emos logo ao acordar, para não chegarmos à noite sem a concluir. Cliquem no site que indiquei acima, e vejam como se reza, para o fazerem connosco!
Como prometi, contei aos meus filhos a história das três árvores. O David deu um salto quando falei na manjedoura para animais:
- Já sei! Nossa Senhora vai lá colocar Jesus, e assim já fica o tesouro na árvore!
Quando cheguei à parte do barco, foi a vez da Lúcia dar um salto na cadeira:
- Tu já nos contaste como Jesus disse "shiu" ao mar e ao vento, por isso nesse barco só pode estar Jesus!
Finalmente, falámos da cruz, aquele pedaço de madeira esquecida tornado, afinal, verdadeiramente Árvore da Vida, quando Jesus, o Salvador, estendeu os braços e Se deixou cravar nela.
-Durante estes dias, vamos olhar para a cruz com muita atenção - Expliquei - porque a Cruz deu-nos a mais bela prenda do amor de Deus!
O Francisco e a Clarinha também escutaram a história com imenso prazer. E eu fiquei com lágrimas nos olhos quando contei como aquela árvore se transformou em cruz. É que estava a pensar na vida de tanta gente que eu conheço... Parecem vidas destruídas, parecem sofrimentos sem sentido, e afinal, basta darem um passo, para que o Crucificado tome posse do seu Trono Real - a cruz das nossas existências...
O David quis fazer um desenho sobre a história, e fez esta bela banda desenhada:
Contaram a história aí em casa? Se tiverem desenhos bonitos como este, enviem para o meu mail, que eu publico aqui!
Há dois dias que tenho três crianças "extra" cá em casa: os meus três sobrinhos catalães, filhos da minha irmã mais nova, que vivem em Barcelona e vêm a Portugal de férias. A casa da tia é, naturalmente, um paraíso de natureza, brincadeira e confusão, e eles adoram a estadia! Assim, em vez de seis, fiquei com nove filhos durante dois dias. Dois dias parecem-vos pouco? Experimentem...
Na foto, há um que está tapado pelo irmão... Foto do pequeno-almoço! Eu fiquei na sala a servir, e ia gritando para o Niall, que ficou na cozinha: Sai um nestum! Sai um leite com chocolate! Sai um leite de soja! Saem dois pães com fiambre! Divertido, não? (A verdade é que é mesmo divertido, e nós rimos às gargalhadas no meio da confusão!)
Dois priminhos a brincar!
Mais alguns a desenhar! Bem, até a mesa de piquenique se partir com eles a saltar em cima... Agora já não existe!
- Mãe, encontrámos um ninho!
- E desenhámos um passarinho para colocar lá dentro!
Muitas outras coisas podiam ter sido fotografadas - se eu tivesse tido tempo! Por exemplo, a luta entre os sete primos mais novos pelo baloiço - só há um! Ou o jogo das escondidas pelo jardim e pelos armários da casa; ou as brincadeiras à volta do galinheiro, oferecendo às galinhas ervas e legos; ou a palhaçada na hora dos banhos; ou...
Durante a tarde, alguém nos bateu à porta. Era um amigo que precisava de uma palavra. Nunca tinha vindo a minha casa. Estava acompanhado dos filhos, e um deles, depois de observar a minha casa por uns instantes, perguntou:
- Isto aqui é um ATL?
Na Bíblia, as crianças são sempre o maior dos dons de Deus. A promessa de Deus cumpre-se nas crianças! A "anunciação" do nascimento de Isaac, no primeiro livro da Bíblia, deu origem ao Antigo Testamento; a anunciação do nascimento de Jesus deu origem ao novo. E pelo meio, quantas anunciações de nascimentos de profetas e santos! Acolher uma criança é sempre, sempre, mas sempre, acolher o Senhor. Ele mesmo o disse:
"Quem receber uma criança em meu nome, é a Mim que recebe" (Mt 18, 5)
É por isso que é tão bom ter uma casa cheia de crianças!
Férias é também tempo para estar com a família alargada, estreitando laços. Ver os meus sobrinhos e os meus filhos construir uma amizade sólida e crescer juntos é das mais belas sensações da vida!
Uma das coisas mais bonitas que têm acontecido neste blogue é a amizade. Ela nasce virtual, mas depois cresce, amadurece e torna-se real. Foi assim com o Serge, a Rute e os seus três pequeninos, que depois de nos "conhecerem" virtualmente no blog vieram fazer a experiência do retiro para Famílias de Caná. Entre nós nasceu uma belíssima amizade, que já não precisa do blogue para se alimentar. E é assim que vai acontecendo também com outros leitores, que esperamos encontrar em breve num próximo retiro para Famílias de Caná (fiquem atentos!).
De uma destas nossas grandes leitoras, chegou-me ontem aos comentários do blogue esta belíssima história. Foi retirada de um livro, que aqui indico como sugestão de prenda de Páscoa para filhos e afilhados: Parábolas sobre a Fé de Darlei Zanon (Editora Paulus Brasil 2005). É um pequeno livro com 23 parábolas e tópicos para meditação. Obrigada, Olívia, pela partilha!
As três árvores
Diversas coisas que acontecem na natureza parecem um acaso, mas podemos sempre tirar boas lições delas. O destino de algumas árvores, por exemplo.
Havia três árvores que sonhavam com o seu destino após serem cortadas e levadas da floresta. Uma delas a olhar para o céu, viu as estrelas e disse:
- Eu quero ser o baú mais precioso do mundo, cheio de tesouros. Faria tudo para isso acontecer.
A segunda árvore olhou para o riacho que corria ali perto e até podia senti-lo nas suas raízes e disse:
-Eu quero ser um grande navio. Quero transportar reis e rainhas nas suas demoradas viagens. Por fim a terceira árvore manifestou-se dizendo:
- Quero ser uma torre no alto da montanha. Quero crescer tanto que as pessoas ao ver-me, levantem os olhos e pensem em Deus.
Passados alguns anos a vida continuava normal e as árvores estavam sempre a pensar no futuro que as aguardava. Certo dia vieram alguns lenhadores e cortaram as três árvores ao mesmo tempo. - Chegou o dia! - pensaram.
Contudo, lenhadores e árvores não falam a mesma língua. Por isso não podiam saber qual o sonho de cada uma delas.
A primeira árvore foi usada para construir uma manjedoura de animais, coberta de feno. A segunda para um pequeno e simples barco de pesca, para carregar pescadores e peixes todos os dias. A terceira foi cortada e deixada de lado num depósito para usar no futuro. Com uma grande frustração desabafavam: - Como é que aconteceu uma coisa destas? Eu não sou nada, não tenho utilidade.
Dias depois, numa noite mais iluminada do que costume, com um ar de paz e alegria, uma jovem mulher pôs o seu bebé recém-nascido na manjedoura.
O maior tesouro do mundo estava depositado na simplicidade da manjedoura.
A segunda, depois de anos a levar pescadores pelo mar, acabou por transportar o Homem que usou o barco para uma série de milagres, que andou sobre as águas para o alcançar, que chamou os seus donos para seguirem os seus passos. Percebeu que transportou o Rei do Universo por diversas vezes.
A terceira árvore já se tinha esquecido do seu sonho. Tantas vezes abandonada, já não tinha esperança.
Todavia, um dia vieram alguns soldados e levaram-na para um monte. Ela estranhou a forma como fora pregada, em forma de cruz, mas esperou para ver o que acontecia. Trouxeram um Homem muito ferido, que mal conseguia andar e pregaram-no nela.
Soube que era um inocente condenado à morte, pela ganancia, pela incompreensão e pela dureza do coração. Como podia ser usada para condenar um inocente? Mas três dias depois sentiu uma grande alegria e realização. Soube que tinha servido como trono para o Salvador da Humanidade e que seria sempre lembrada como símbolo da Salvação.
Cada vez que alguém olha para ela sente a presença de Deus.
A Olívia disse que, na sua casa, se vai meditar nesta história num destes serões da semana santa. Vou contá-la hoje aos meus filhos também!
Como ilustração, deixo-vos uma fotografia que a Marina me enviou. A Marina e a sua família são também uma Família de Caná empenhada, e nesta quaresma arriscaram construir o crucifixo de molas de madeira que sugeri há uns tempos. Está ou não está bonito?