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Dia dos Irmãos

por Teresa Power, em 31.05.14

A APFN (Associação Portuguesa das Famílias Numerosas) e as suas congéneres europeias sugeriram a criação do Dia Internacional dos Irmãos, com celebração a 31 de maio. A esse propósito, pedi à Clarinha um texto para este blogue. Aqui fica...

 

Escrito pela Clarinha:

 

A qualquer família numerosa, as pessoas perguntam como é ter muitos filhos ou irmãos. Eu respondo sempre: "É fixe!" Mas as pessoas insistem: "Não dá muito trabalho?" Claro que sim! Uma casa onde todos desarrumam e sujam é uma casa onde há muito que fazer! E não é só o sujar que dá trabalho; o barulho e a confusão, as perguntas todas a surgirem ao mesmo tempo e de todos os lados também dão trabalho (especialmente ao cérebro)!

Há uma frase que a minha mãe adora dizer no final do dia: "Vamos passar um pente-fino na casa! Todos a ajudar!" A nossa reacção é sempre a mesma: "Oh!" No entanto, quando acabamos parece que fica tudo mais calmo.

Na nossa casa temos três quartos: um para os meus pais e, eventualmente, para um maninho até ter idade suficiente para passar para outro quarto; o "quarto das meninas", onde durmo eu, a Lúcia e, agora, também a Sara; e o "quarto dos meninos" onde dormem o Francisco, o David e o António. No início, a ideia de partilhar um quarto era excitante, mas agora... Torna-se um pouco maçador, não posso ler à noite deitada na minha cama ou dançar sem bater em qualquer coisa, pois as camas ocupam espaço!

Porém, ter irmãos é hilariante. Fazem-nos rir nos momentos mais tristes e sérios ou acordam-nos a fazer "cucu" a meio da noite. É bom ter uma família grande onde todos ajudam. A melhor parte de ter irmãos é sentir e saber que mesmo quando nos zangamos - e zangamos muito - eles estão sempre lá para brincarmos juntos e para nos ajudar.

 

 

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publicado às 07:48

Espírito Santo, o Grande Educador

por Teresa Power, em 30.05.14

- Amanhã começamos a Novena do Pentecostes.

- O que é o Pentecostes?

- É o dia em que o Espírito Santo desceu sobre os Apóstolos e Maria, Mãe de Jesus. A partir do dia em que Jesus subiu aos Céus, eles rezaram todos os dias juntos, pedindo a Jesus que lhes enviasse o seu Espírito, como prometido. E finalmente, nove dias depois, o Espírito Santo desceu sobre eles.

- Como é que era o Espírito Santo?

- Não podemos ver o Espírito Santo, David, porque Deus não cabe nos nossos olhos! Mas para que eles compreendessem o que era o Espírito Santo, Deus mostrou-lhes o fogo. Um fogo bom, que não queimava e que lhes aquecia o coração.

- O fogo do Amor!

- Isso mesmo, Clarinha.

 

Há duas semanas atrás, uma mãe veio cá a casa pedir-me ajuda. Estava com problemas com um dos filhos e não sabia o que fazer para os resolver. Segundo me disse, já tinha lido toda a literatura que há para ler sobre educação, e não havia conceito que não dominasse. Mesmo assim, nenhum dos livros que lera lhe oferecia a resposta.

Basta-nos passar um olhar distraído pelas estantes das principais livrarias para nos depararmos com uma vasta literatura sobre educação. Cada especialista tem a sua escola, a sua doutrina, os seus defensores e os seus atacantes, e é capaz de debater cada tema até à exaustão. A verdade é que eu conheço crianças perfeitamente sãs e equilibradas, educadas a partir de escolas de psicologia opostas. E a História tem provado que aquilo que hoje defendemos tão acerrimamente, amanhã deixará de fazer sentido. Onde estará pois o segredo de uma educação feliz? Que conselho posso eu dar à mãe que me veio procurar, tão aflita? 

 

O único verdadeiro educador é o Espírito Santo. Segundo as Palavras de Jesus: 

 

"O Espírito Santo, que o Pai enviará em Meu nome, esse é que vos ensinará tudo, e há-de recordar-vos tudo o que Eu vos disse." (Jo 14, 26)

 

Todos os dias, peço ao Espírito Santo que me ilumine, para que eu possa educar os meus filhos para a santidade. Sei que, sem Deus, nada alcançarei, a não ser a frustração de falhar continuamente como mãe. Mas se abrir o meu coração ao Espírito, esse Espírito que Jesus derramou sobre mim na Cruz, então Ele mesmo conduzirá a minha família "por sendas direitas, para glória do seu nome; e nenhum mal temerei" (Sl 22/23). Só o Espírito Santo nos poderá fazer compreender as Escrituras Sagradas e nos permitirá praticar os seus ensinamentos. É à sua luz que todas as noites lemos em família as três leituras da missa do dia, procurando encontrar nelas propostas concretas de felicidade. Diz o Livro da Sabedoria, falando do Espírito Santo:

 

"A sabedoria facilmente se deixa ver por aqueles que a amam e encontrar por aqueles que a buscam. Antecipa-se a manifestar-se aos que a desejam." (Sb  6, 12-13)

 

De joelhos, tudo se torna tão simples! Até mesmo a educação dos nossos filhos...

                (Canto de Oração Pascal)

 

Deus olha para os nossos esforços e não para os nossos sucessos. E se estiver contente com os nossos esforços, dar-nos-á de acordo com os nossos desejos!

 

Hoje, no carro a caminho da escola, começámos a fazer a Novena do Espírito Santo. Escrevi esta novena a partir das palavras da Escritura, pois é assim que gostamos de rezar e meditar cá em casa. A Bíblia tem milhões de palavras por onde escolher! Se quiserem rezar connosco, podem abrir este PDF e imprimi-lo: Novena do Pentecostes.

Depois, abandonem qualquer receio, qualquer sentimento de culpa, qualquer resto de frustração, e entreguem todos os assuntos da educação ao Divino Educador...

 

 

 

 

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publicado às 08:41

Voar contra o vento

por Teresa Power, em 29.05.14

- David, no verão vamos para o campo de futebol lançar aviões. Vou aprender a construir um pequeno avião estas férias, e tu vais ajudar-me!

- Ena, Frankie, ainda melhor que o carro de rolamentos!

- Sim, e vais ajudar-me a pô-lo a voar!

- Claro!

- Temos de aproveitar um dia de vento.

- O vento empurra o avião para cima?

- Pelo contrário! Sabes que os aviões descolam e aterram contra o vento?

Eu escutava distraída a conversa entre os dois rapazes, enquanto estendia roupa. A última questão do Francisco deixou-me curiosa.

- Ora explica lá isso melhor! - Pedi-lhe.

O Francisco explicou-me então as leis da aerodinâmica, utilizando termos como sustentação, gravidade, etc. Não reti muito de toda esta informação, pois a física não é o meu forte. Mas entendi o suficiente...

 

Ser cristão é levantar voo contra o vento, claro! Jesus disse-o antes ainda de morrer na cruz:

 

"Vão deitar-vos as mãos e perseguir-vos, metendo-vos nas prisões; hão-de conduzir-vos perante reis e governadores, por causa do meu nome. Assim, tereis ocasião de dar testemunho. Gravai, pois, no vosso coração, que não vos deveis preocupar com a vossa defesa, porque Eu próprio vos darei palavras de sabedoria, a que não poderão resistir ou contradizer os vossos adversários. Sereis entregues até pelos pais, irmãos, parentes e amigos. Hão-de causar a morte a alguns de vós e sereis odiados por todos, por causa do meu nome. Mas não se perderá um só cabelo da vossa cabeça. Pela vossa constância é que sereis salvos." (Lc 21, 12-19)

 

Estou convencida de que o cristianismo irá renascer na Europa, exactamente por causa da perseguição que, também na Europa, se está a intensificar contra os cristãos. Sem ventos contrários, não podemos levantar voo!

No momento em que escrevo, os cristãos na Síria, na Nigéria, no Iraque e em tantas outras partes do mundo estão a ser violentamente impedidos de professar a sua fé. No momento em que escrevo, o mundo aguarda a libertação de mais de 200 meninas cristãs, barbaramente raptadas há dois meses atrás quando frequentavam a sua escola cristã; no momento em que escrevo, uma mãe sudanesa encontra-se presa por ter cometido o delito de casar com um cristão. Tal como Jesus previu, esta mulher foi entregue pelos seus familiares. Junto dela, está um filho de 20 meses; no seu ventre, o segundo filho, com oito meses de gestação. O tribunal condenou-a à morte assim que termine a amamentação do bebé que está para nascer. O que devia Miriam fazer para salvar a sua vida? Renegar a sua fé. Com uma calma e uma segurança impressionantes, Miriam diz que nunca o fará. Miriam irá levantar voo contra todos os ventos, e alcançar uma coroa de glória que brilhará por toda a eternidade. Aqui fica o link para poderem assinar a petição pela libertação desta grande mulher, feita pela Amnistia Internacional.

 

Fico a pensar na quantidade de vezes em que adio o "voo" porque os ventos estão contrários... Se nos falta o tempo, deixamos de rezar; se nos falta o dinheiro, deixamos de ajudar os outros; se o marido ou a mulher não querem ir à missa, deixamos nós de ir; se a vida corre mal, perdemos a fé; se todos fazem, fazemos também; se ninguém faz, deixamos de fazer...

De que temos nós medo? Não prometeu Jesus cuidar até dos cabelos da nossa cabeça? Com medo dos ventos contrários, perdemos a oportunidade de voar!

 

 

Celebremos a Solenidade da Ascenção do Senhor - começando já esta quinta-feira, mas em especial no próximo domingo - levantando os olhos, o coração, a mente e a vontade para esse Céu, onde só um vento contrário nos pode lançar!

 

 

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publicado às 08:23

Tesouro no Céu

por Teresa Power, em 28.05.14

- Diogo, o teu teste está muito bom. Tens para cima de 90%. Mas não creio que tenhas cinco no fim do ano! Já conversámos o bastante sobre a tua falta de interesse, a forma como perturbas todas, todas as aulas, a não realização dos trabalhos de casa, etc.

- Não tem qualquer problema! Não pretendo ter cinco. Só quero o Muito Bom no teste.

- Ai sim? E porquê?

- Porque são os Muito Bons, e não os cincos, que me trazem dinheiro.

- Pagam-te por cada Muito Bom que tu tiras? E pode-se saber quanto?

- Não lhe diz respeito, professora. Pagam-me o suficiente para me manterem interessado nisto.

 

Fiquei alguns segundos a olhar para o Diogo com tristeza, enquanto a turma ria e reforçava a sua atitude. O Diogo tem uma colecção enorme de jogos de computador, conseguida também à custa dos seus Muito Bons, que ainda vão sendo alguns. Os colegas invejam-no por isso. No entanto, não é um menino feliz. Bem pelo contrário! Conheço um pouco da sua história familiar para saber o que lhe custa a vida. E mais triste me sinto.

 

Um dia, um jornalista foi entrevistar a Madre Teresa de Calcutá. Depois de a ver trabalhar junto dos leprosos, que morriam caídos nas ruas, e que a Madre recolhia na sua Casa do Moribundo, o jornalista comentou, enojado:

- Não tocaria nesse leproso nem por um milhão de dólares!

- Nem eu - respondeu a Madre com simplicidade. E continuou a tratar do leproso carinhosamente.

 

Deve ser muito triste trabalhar, estudar, ajudar ou fazer qualquer coisa na vida por algumas - ou muitas - moedas... Que recompensa tão pobre! Tanto esforço, tanto suor, e no final, que alcançamos? Um objecto inanimado? Um pacote de gomas? Um jogo de computador? Um telemóvel novo? Ou talvez umas férias no Hawai? Ou um carro topo de gama? Ou uma casa grande? Ou a possibilidade de ficar sem trabalhar até ao fim da vida? Ou a possibilidade de contractar uma empregada doméstica? Ou uma segunda casa, para férias? Ou... Ganhar o Euromilhões continua a ser uma recompensa muito fraca para uma vida de trabalho... Que é uma casa de férias comparada com a morada que Jesus nos preparou na eternidade? Que é um pacote de gomas comparado com a doçura com que Deus nos irá cobrir, na eternidade?

 

"Não acumuleis tesouros na terra, onde a traça e a ferrugem os corroem e os ladrões arrombam os muros, a fim de os roubar. Acumulai tesouros no Céu, onde a traça e a ferrugem não corroem e onde os ladrões não arrombam nem furtam. Pois onde estiver o teu tesouro, aí estará também o teu coração." (Mt 6, 19-21)

 

Significa isto que não teremos qualquer tipo de recompensa aqui na terra? Ontem à tarde fiquei uns momentos a observar o Francisco e o seu grande amigo Manuel a trabalharem no carrinho de rolamentos. Estavam, como sempre, entusiasmadíssimos. À noite, perguntei ao meu filho:

- Francisco, se vocês não ganharem a corrida e, sobretudo, o prémio de carro mais original, já na próxima quarta-feira... Como vai ser?

- Como vai ser o quê? Queremos lá saber do prémio! Foi tão divertido construir o carro! E agora que o verão e as férias estão a chegar, temos já tantos projectos para o desenvolver ainda mais! Que dizes do nosso sistema de luzes? E a pintura, que tal?

 

A recompensa do bem, do trabalho, do esforço, não se mede em dinheiro, nem sequer em sucesso; mede-se em felicidade!

 

 

 

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publicado às 07:19

A cruz e as rosas

por Teresa Power, em 27.05.14

No fim do retiro, a Olívia tinha um presente para nós: uma dezena do rosário lindíssima, adquirida junto de uma amiga, a Isabel Figueiredo. O que me surpreendeu nesta dezena, mais ainda do que a beleza de cada conta e da forma como estão ligadas, foi o crucifixo. Ora vejam com atenção:

 

Sim, é uma roseira! A Olívia recordava-se do post sobre a poda das roseiras, que escrevi na quaresma passada, e da reacção dos meninos aos espinhos das rosas. E assim, pediu à sua amiga que rematasse a linda dezena com um crucifixo em forma de roseira. Domingo à noite, antes a procissão de Nossa Senhora Auxiliadora, o senhor padre abençoou esta dezena, e foi com ela entre os dedos que rezei.

Para colhermos as rosas que nesta altura do ano iluminam o nosso jardim, precisamos de não ter medo dos espinhos. Às vezes, eles ferem-nos os dedos e deixam que uma gota de sangue caia na terra. Mas que importa isso diante da beleza de cada rosa? Com um encolher de ombros, limpamos o sangue e concentramo-nos no perfume. No jardim, onde crescem ao sol, ou no Canto de Oração, onde alegram o pequeno altar de Maria, tudo nas rosas nos fala de alegria, de cor e de luz. Quem se lembra dos espinhos então?

 

Na sua primeira homilia papal, a 14 de março de 2013, o Papa Francisco recordou-nos:

 

"Quando professamos um Cristo sem cruz não somos discípulos do Senhor"

 

Na verdade, a cruz onde Jesus nos amou até ao fim tornou-se para nós em Árvore da Vida, e é esse o mistério pascal, que celebramos de forma mais intensa nestes dias. Temos problemas financeiros, profissionais, e até familiares? Custa-nos a rotina diária, o cuidar da família, o cuidar dos outros? Estamos doentes? O teste correu mal? O Pantufa fez um arranhão? O amigo magoou-nos? Dói a cabeça? A mãe ralhou sem razão, e o professor também? O filho fez-nos perder a paciência? Choveu durante todo o piquenique? Que alegria, podermos partilhar alguns dos espinhos que coroaram o nosso Rei! Pois se a sua coroa floriu, a nossa também florirá. Se partilharmos o seu trono (já sabem cantar aquele pequeno refrão sobre a realeza de Jesus?), com Ele reinaremos também. Disse Jesus - e neste tempo pascal já escutámos estas palavras na Eucaristia:

 

"Eu sou o Caminho, a Verdade e a Vida. Ninguém vai ao Pai a não ser por Mim." (Jo 14, 6)

 

Parece-me importantíssimo ensinarmos os nossos filhos - e vivê-lo nós também - este grande mistério: tudo, tudo, tudo pode ser, na nossa vida, fonte de alegria, desde que realizado com amor e por amor, em íntima união com o Amor, que por nós deu a vida numa cruz. É este o segredo da felicidade cristã, a razão profunda que faz com que os cristãos estejam sempre alegres!

 

No meu jardim, e no meio de muitos espinhos, as roseiras estão em flor...

 

É agora que se inspiram para fazer as vossas dezenas ou os vossos terços caseiros?...

 

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publicado às 08:43

O retiro e Nossa Senhora Auxiliadora

por Teresa Power, em 26.05.14

Sábado estivémos em retiro, como tínhamos anunciado. Cinco belas famílias juntaram-se a nós, vindos de vários pontos do país, e como sempre, pontualíssimas! Foi giro ver chegar os carros e ver sair as pessoas que nunca antes tínhamos visto, mas que já tinhamos "lido" em comentários neste blogue e em e-mails, fazendo assim a ponte entre palavras e rostos, ideias e gestos, estranhos e amigos. Sim, porque a amizade foi, posso dizer, imediata! As crianças saltavam dos carros e dois minutos depois já corriam e andavam de triciclo com os nossos filhos; e nós, os pais, nem desses dois minutos precisámos, pois há muito que ansiávamos por este encontro!

 

A Vera e a São, educadoras de infância há muitos anos e verdadeiras mães de Famílias de Caná, encantaram os mais novos com as histórias da Bíblia que lhes contaram e os trabalhos que com eles fizeram, entre muitas brincadeiras:

 

 

 

 

Os jovens trabalharam o dia todo com o Niall. Começaram com uma bela caminhada até ao Centro Hípico, onde o Francisco costuma montar a cavalo, e onde todos puderam explorar a natureza e reflectir sobre a presença de Deus entre nós:

 

 

 

Depois, de volta ao Centro Social, os jovens construíram um magnífico estandarte com a mensagem da sua reflexão: "Levanta-te!" - a Palavra que Deus dirigiu a Abraão, a Moisés, e a todos os santos ao longo da História, pois há um caminho a percorrer e uma meta a alcançar...

 

 

Juntos, pais e filhos, tivémos momentos intensos de oração, onde até dançámos para o Senhor:

 

 

Juntos, rimos à gargalhada com o espectáculo de ilusionismo do Francisco...

... que terminou com uma Avé-Maria diante da imagem de Nossa Senhora Desatadora dos Nós:

 

E claro, enquanto os mais novos faziam os seus trabalhos, nós os pais reflectíamos sobre os mais variados aspectos da vida cristã. Todas as famílias estavam felizes por encontrarem um movimento nascente que envolve a família inteira num dinamismo de oração, alegria e vida sacramental, em que pais e filhos podem partilhar o mesmo retiro e vivê-lo intensamente, cada um de acordo com a sua idade, mas unidos de coração.

 

No final, os mais novos queriam ficar e continuar a brincadeira. E os mais velhos? De repente, já todos marcávamos piqueniques em conjunto, novos momentos de oração comum, e tantas outras ideias giras! O retiro foi, com toda a certeza, o começo de amizades para a vida.

Claro, à porta, a receber-nos, estava Nossa Senhora Auxiliadora, a verdadeira Mãe de Caná, cuja festa celebrávamos no próprio dia do retiro, 24 de maio. Como em Caná, Maria ensinou-nos a escutar a Palavra de Jesus e a fazer tudo o que Ele nos diz. Como em Caná, Ela esteve atenta às nossas mais pequenas necessidades e cuidou para que nada, nada nos faltasse... Graças ao seu auxílio maternal, as novas Famílias de Caná puderam provar do "vinho" novo, do "vinho" bom, do "vinho" do Reino de Deus!

 

E é deste "vinho" que queremos beber, durante o resto da nossa vida...

 

Nossa Senhora Auxiliadora, Mãe de Caná, ensina-nos a fazer tudo o que Jesus nos disser. Ámen!

 

 

 

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publicado às 07:05

Livros III

por Teresa Power, em 25.05.14

- António, tenho uma surpresa para ti.

- Uma surpresa? É uma prenda?

- É. Adivinha! Bem, é melhor não. Eu digo-te: hoje fui comprar uns livros a uma livraria e, finalmente, encontrei...

- A história do santo António!

- Exactamente! Encontrei a história do teu santo, num livrinho pequenino com muitos desenhos. Há tanto tempo que andamos à procura deste livro, não é?

- Conta, mamã! Conta a história!

- Chama os manos. Sentem-se aí todos na relva que eu vou contar um bocadinho...

O António estava delirante. Contei-lhes o episódio do sermão aos peixes, da mula que se ajoelhou diante do Santíssimo, dos passarinhos que não comeram o trigo enquanto o menino foi à missa. O António pedia sempre mais. E no fim, voltando-se para os irmãos, disse com orgulho:

- Santo António fez coisas muito importantes! É muito forte!

- Mas não é mais forte do que o Rei David - atalhou o David muito depressa.

Cortei a discussão de imediato:

- Toca a brincar! Se não se portam bem, não volto a contar histórias!

 

Como vai sendo cada vez mais frequente, este blogue tem sido para nós uma enorme fonte de enriquecimento pessoal e familiar, pois tem-nos permitido contactar com pessoas maravilhosas, que nos oferecem a sua oração, a sua amizade e a sua sabedoria. Assim, os dois posts sobre livros, aqui e aqui, valeram-nos um alargamento substancial da nossa biblioteca caseira! Entre as inúmeras sugestões, umas através de comentários aos posts, outras através do e-mail, escolhi alguns títulos que já comprei, e outros que encomendei ou tenciono encomendar (quando puder fazê-lo!). Um grande bem-haja a todos os que partilharam as suas leituras!

 

Na caixa de comentários, a Olívia escreveu:

"Gostaria de acrescentar alguns dos livros que me acompanham desde a juventude oferecidos pela mãe, pela catequista e pelo sr. padre:
*Juvenília - Pensamentos para jovens (Pedrosa Ferreira) - Ed. Salesianas
ISBN 972-690-227-4

* Bons dias - Oração jovem - Ed. Salesianas
ISBN 972-690-264-9

*Lendas e parábolas (Pedrosa Ferreira) - Ed. Salesianas

*Jovens para o futuro (Chiara Lubich) - Ed. Cidade Nova
ISBN 972-9159-37-8"

 

O padre Martin Garcia e o padre Pedro Boléo Tomé contactaram-me por mail para me enviarem, gentilmente, a sua lista de livros de espiritualidade adequada às famílias e aos mais jovens. Porque me parecem muito interessantes estes títulos, vou publicá-los aqui também:

 

- A Ceia do Cordeiro - Missa, o céu na terra;

- Primeiro é o Amor - sobre a família;

- Trabalho com Qualidade, Graça e Quantidade.

Estes três livros são todos da autoria de Scott Hahn, o tal pastor protestante que se converteu ao catolicismo, e todos da editora Diel. Foram-me recomendados pelo padre Martin Garcia.

 

E agora vou citar o padre Pedro Boléo Tomé:

 

"- Enrique Monasterio - Quem fez o presépio (DIEL) - um livro delicioso para o Natal, best-seller em espanha (pelo menos tem muitas edições)
- Alessandra Borghese - Com olhos novos (DIEL) - história da conversão de uma princesa. Muito interessante e apelativo. Penso que uma adolescente vai gostar. A história da vida dela é algo trágica e romântica, terminando com a conversão. Recomendo.
- Angelo Comastri - As estrelas que brilham nas trevas (PAULINAS). Histórias de conversões do século XX. Fantástico!
- Angelo Comastri - Onde está o teu Deus? (PAULINAS) São relatos relativamente curtos, com introduções muito interessantes.
- José Ramón Ayllón - Dez ateus mudam de autobus  (Gráfica de Coimbra) - No estilo do livro anterior. Dez conversões de intelectuais famosos."

 

O padre Pedro Tomé ainda me falou noutro livro muito, muito interessante. Mas esse fica para um próximo post...

 

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publicado às 08:26

A curva da estrada

por Teresa Power, em 24.05.14

- Francisco, talvez hoje possas levar o David a dar uma grande volta de bicicleta - sugeriu o Niall. - Ele já tem idade para fazer um passeio valente!

- OK. Não te preocupes, que eu cuido dele. David!

O David nem cabia em si de contente. O mano mais velho e ele iam sozinhos de bicicleta, pelas ruas e atalhos da nossa aldeia! Fantástico! A toda a pressa, colocou o capacete, verificou o ar dos pneus e montou na bicicleta. E lá partiram os dois, tão felizes... Fiquei a vê-los do muro do jardim:

 

E continuei a olhar, mesmo depois de desaparecerem na curva da estrada... Chegou a sua vez de dobrarem a curva da estrada:

 

Quando nos mudámos para esta casa, era o David bebé, uma das coisas que mais me atraiu foi - não se riam - a curva da estrada, lá adiante. Lembrava-me o final do meu livro preferido ao longo de toda a minha infância e juventude (e que já é um dos preferidos do Francisco e da Clarinha também), Anne of Green Gables (Anne e a sua Aldeia), de Lucy Montgomery:

 

"Se o caminho que se estendia diante dos seus pés tivesse de ser estreito, ela sabia que seria semeado de flores de felicidade serena. E havia sempre a curva da estrada."

 

Na verdade, olhando para trás, para o caminho percorrido na minha vida, dou-me conta da sua beleza. A felicidade não depende da largura do caminho, mas da capacidade de o semearmos de flores. Quando, aos dez, doze, quinze anos, eu lia e relia a história da Anne, que tive de reencadernar de tanto uso, estava longe de imaginar até onde a estrada me levaria. Tantas flores de felicidade serena - e tantos espinhos...

 

Como o David, precisamos de pedalar com empenho, com coragem, com determinação, com suor, com esforço - e com imenso prazer, que o cristão é por natureza alegre! Como o David, não nos podemos lançar à estrada sem um guia seguro, pois na estrada da vida, somos sempre crianças! De curva em curva, vamos avançando nesta estrada, sem nunca conseguir espreitar para diante, mas confiando em absoluto na mão que nos guia.  Diz o salmo 139/138:

 

"Senhor, Tu examinas-me e conheces-me,

sabes quando me sento e quando me levanto;

de longe penetras o meu pensamento,

estás atento a todos os meus passos.

Tu me envolves por todo o lado

e sobre mim colocas a tua mão."

"Vê se é errado o meu caminho

e guia-me pelo caminho eterno."

 

Se não me puser a caminho, nunca saberei o que está para além da curva da estrada. Se Abraão não tivesse deixado a sua terra, nunca se teria tornado o pai do povo judeu e cristão; se José não se tivesse levantado durante a noite, que teria acontecido a Jesus, perseguido por Herodes?

Onde nos levará a estrada? Algumas curvas são bem difíceis de contornar... Às vezes é preciso (não é, David?) desmontar da bicicleta e dar a mão ao Senhor, para não nos magoarmos demasiado. A morte do Tomás foi assim. Mas do outro lado da curva, quanta beleza!  E de curva em curva, sem ceder ao medo - sabemos que o Senhor nos envolve por todo o lado e sobre nós coloca a sua mão - caminhamos rumo ao céu.

 

O Francisco e o David regressaram uma hora mais tarde, felizes e transpirados, com sorrisos cúmplices nos lábios.

 

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publicado às 06:52

Sonhos

por Teresa Power, em 23.05.14

Falei aqui no sonho que marcou a vida do Francisco aos sete anos de idade, transformando a sua visão da morte e convertendo em alegria as suas lágrimas.

Mas o Francisco não foi o primeiro nem o último a receber a Palavra de Deus em sonhos! A Bíblia está cheia de testemunhos de crentes que, atentos de dia e de noite, atentos enquanto trabalhavam e enquanto descansavam, foram capazes de escutar o Senhor em sonhos. Logo no Livro do Génesis, por exemplo, temos José, o jovenzinho que foi atraiçoado pelos irmãos. Os seus sonhos tornaram-se famosos!

Mas talvez o maior sonhador de todos os tempos seja um outro José, o pai de Jesus. O Evangelho de S. Mateus começa precisamente com um sonho!

 

"Eis que o anjo do Senhor lhe apareceu em sonhos e lhe disse: «José, filho de David, não temas receber Maria, tua esposa, pois o que ela concebeu é obra do Espírito Santo...»" (Mt 1, 20)

E que fez José com o sonho que recebeu? José não hesitou um instante:

"Despertando do sono, José fez como lhe ordenou o anjo do Senhor, e recebeu a sua esposa." (Mt 1, 24)

Mais tarde, José recebeu novo sonho:

"Levanta-te, toma o menino e sua mãe, foge para o Egipto e fica lá até que Eu te avise, pois Herodes procura o menino para o matar." (Mt 2, 13)

E de novo, que fez José?

"José levantou-se de noite, tomou o menino e sua mãe e partiu para o Egipto." (Mt 2, 14)

Haverá maior prontidão do que a deste homem? Haverá maior atenção do que a sua à Palavra de Deus? Só Maria o ultrapassa em santidade!


O Papa Francisco tem na sua casa no Vaticano uma imagem muito especial, que trouxe da Argentina: uma pequena escultura de S. José a, imagine-se, dormir!

(Foto da crónica de Andrea Tornielli)


A dormir, S. José escuta, naturalmente, a voz de Deus. A dormir, S. José escuta também os pedidos de oração do papa e de todos os que vivem a seu lado, contagiados por tal devoção. Os papelinhos vão-se amontoando sob a pequena estátua, formando uma bela "cama" para S. José poder continuar a sonhar - e a rezar!


Talvez hoje o Senhor me fale em sonhos, durante a noite... Ou talvez Ele me fale em sonhos, durante o dia! É preciso, como o Francisco e como S. José, estar desperto, mesmo durante o sono. E uma vez recebida a Palavra, é preciso levantarmo-nos de imediato e pô-la em prática, sem encontrarmos desculpas para nós próprios como a falta de tempo ou de jeito. Quantas vezes nos recusamos a dar a Deus um quarto de hora de oração em família, ou um dia de retiro, ou um dia de serviço aos irmãos, ou uma hora de visita aos doentes, ou uma hora semanal como catequistas, ou até mesmo a hora da missa dominical, por razões tão pequeninas como um cesto de roupa para passar a ferro! S. José levantou-se durante a noite e, com Maria e um recém-nascido, abandonou a sua própria casa sem saber quando a ela regressaria, só porque o Senhor falou...


S. José, pai sonhador de Jesus, ajuda-nos a sonhar como tu, escutando a voz de Deus e dispondo-nos a fazer tudo o que Ele nos disser. Amen!

 

 

 

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publicado às 08:49

Se queres um amigo, cativa-me!

por Teresa Power, em 22.05.14

Que será que os meninos estão tão concentrados a observar, atrás dos arbustos?

Eu mostro-vos:

Sim, o Pantufa é o nosso mais recente amiguinho de quatro patas! Como disse no post sobre a Bella, os gatinhos na nossa casa não parecem durar muito. Talvez porque tenhamos uma estrada à frente e outra atrás, ou talvez porque a liberdade do jardim aberto e dos telhados vizinhos seja atraente... O facto é que os nossos gatos não têm sete vidas, mas o oposto - precisamos de sete gatos para conseguir a duração de uma vida de gato! Assim, por alturas da Páscoa, a Bella e o Charlie deixaram-nos no espaço de uma semana. Nunca os encontrámos mortos na estrada, pelo que mantemos uma secreta esperança de um dia os rever. Mas entretanto, recebemos o Pantufa. Não é bonito?

A Sara parece achar que sim. E sem dar qualquer importância ao pavor do gatinho, que só se quer esconder, persegue-o pelo jardim com determinação:

 

 

Finalmente, a sua persistência é recompensada:

 

E agora, o Pantufa já ronrona, feliz, ao nosso colo ou deitado no sofá, como se aqui tivesse nascido!

 

"Se queres um amigo, cativa-me", disse a Raposa ao Principezinho, no clássico do Exupéry. A amizade dá trabalho! Educar também. Como professora, sei bem o trabalho que dá cativar um aluno rebelde. E sei que é muito mais fácil desistir e fingir que não conseguimos...

E como mãe?

 

Disse Jesus:

 

"O que quiserdes que vos façam os homens, fazei-o também a eles." (Mt 7, 12)

 

Uma das palavras que me mais me marcou na minha vida de mãe foi esta, lida quando o Francisco e a Clarinha eram muito pequeninos, e escrita a partir destas palavras de Jesus que citei em cima:

 

"Faça aos seus filhos aquilo que gostava que os outros lhes fizessem". (Os Pais e a Educação Emocional, Pergaminho, capítulo 1)

E inversamente, "Não faça aos seus filhos aquilo que não gostava que os outros lhes fizessem."

 

Se alguém gritasse com os meus filhos como eu às vezes grito? Se alguém lhes dissesse o que eu às vezes digo? Porque não havemos de ser tão simpáticos com os nossos filhos como com os filhos dos outros, que vêm lanchar a nossa casa? Porque não havemos de ser tão simpáticos com os nossos filhos como queremos que os pais dos seus amigos e os seus professores sejam?...

Esta máxima da educação emocional tem-me ajudado imenso a controlar, ou pelo menos a esforçar-me por controlar a minha irritação com as crianças pequenas ao longo de todo o processo de educação de seis traquinas. E a perceber que também em casa é preciso cativar... Como a Sara com o Pantufa, precisamos de brincar, de chamar, de sentar no chão ao seu lado, de rir ao seu lado, de tropeçar na relva ao seu lado, até que eles - aos dois anos como aos doze - se sintam seguros na nossa companhia e se deixem afagar...

 

 

 

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publicado às 08:47

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