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À mesa

por Teresa Power, em 21.12.14

Sentar uma família numerosa à volta de uma mesa não é fácil. Primeiro, claro, está o problema da mesa. Este ano achámos que estava na altura de mandar fazer uma mesa bastante maior, para os meninos se poderem sentar sem refilar. Ultimamente, na verdade, as refeições tinham alguns refrães incomodativos: "Chega-te para aí!" "Baixa as asas!" "Não me dês pontapés!" "Como é que queres que corte a carne com os braços tão juntos do corpo?" "Não entornes o meu copo!" Acabámos por nos convencer que uma mesa grande não é um luxo, quando se tem seis filhos em crescimento. Agora, até temos espaço para colocar no centro a coroa de Advento, nos domingos:

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Mas o tamanho da mesa não diminuiu o tamanho das birras, pelo menos de algumas. Para nosso grande desapontamento, apercebemo-nos que o refrão mudou, mas continua a existir... Às vezes é a sopa que está quente, outra, o mano que mesmo antes de vir para a mesa tirou um brinquedo. Já chegámos a ter os quatro mais novos a chorar ao mesmo tempo, todos por razões diferentes, o que fez os dois mais velhos dar uma gargalhada e comentar: "A família Power está particularmente bem disposta hoje!" Com receio que vocês não acreditem nas minhas palavras, apanhei o David em flagrante delito de choro à mesa, mesmo com uma magnífica "Apple crumble" diante dele:

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Um outro problema natural das nossas refeições é a quantidade de vezes em que precisamos de nos levantar. Felizmente agora já partilhamos essa tarefa com o Francisco e a Clarinha! O Niall costuma cantarolar um pequeno refrão do filme clássico do Winnie the Pooh, em inglês: "Up, down, turn around..." ("Levanta, senta, dá uma voltinha...") Um dia, li o dito divertido de uma humorista: "Desde que me tornei mãe, passei a comer tudo frio, excepto os gelados." Como eu a entendo!

 

Porque insistimos, então, em comer todos juntos? Porque não facilitamos e sentamos os meninos diante da televisão, ou cada um em frente do seu computador, ou porque não comemos separadamente? Porque somos cristãos. E o cristianismo nasceu e celebra-se à volta da mesa - a mesa da Eucaristia! Aliás, o cristianismo é a única religião onde podemos comer de tudo e com todos. "Comei tudo o que vos for servido" (1Cor 10, 27), disse S. Paulo. Jesus ficou bem conhecido por se sentar à mesa com publicanos e pecadores.

 As nossas refeições têm muito choro, mas também muitas gargalhadas. Enquanto jantamos, e mesmo com a música de fundo das birras, conversamos. À volta da mesa, aprendemos a comer de tudo o que nos é servido, sem esquisitices e sem fundamentalismos; aprendemos a escutar o outro, e aprendemos a esperar a nossa vez de falar. Às vezes, são os mais velhos que dominam a conversa, e os pequenos escutam sem entender muito bem; outras, são os pequeninos que nos presenteiam com as suas brincadeiras, enquanto os mais velhos engolem a vontade de os interromper; outras ainda, é o pai que relata os acontecimentos do mundo, ou a mãe que conta o que aconteceu na escola. A conversa é só uma.

Esta insistência nossa na partilha da vida em família parece dar frutos! Ontem, durante a refeição, o António decidiu que não comia a sopa, fazendo como de costume um grande espalhafato, com lágrimas e tudo. Nós, como de costume também, ignorámos a cena e continuámos a comer. Mas houve alguém que não ignorou: a Sara. Cansada de ver o irmão chorar, a Sara pegou-lhe no braço e fez com ele o gesto de levar a colher à boca, enquanto repetia:

- Papa, Tóno! Papa, Tóno!

Fui imediatamente buscar a máquina fotográfica, para partilhar convosco a cena...

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 À volta da mesa, tornamo-nos família; e tornamo-nos família de Deus! Quando deixamos a mesa, cheios de alegria e felizes por termos conseguido ultrapassar todos os obstáculos, experimentamos a generosidade do Senhor, como nos diz o Evangelho:

 

"Todos comeram e ficaram saciados; e do que lhes tinha sobrado, ainda recolheram doze cestos cheios." (Lc 9, 17)

 

 

 

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publicado às 06:34

Uma caravana no deserto e um novo blogue

por Teresa Power, em 20.12.14

O Advento já vai adiantado. Cá em casa, a cortina sobre o presépio está replecta de estrelas luminosas:

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No início do Advento, lancei o desafio de me enviarem as fotos do vosso Canto de Oração iluminado com as boas obras dos vossos filhos. Respondendo ao desafio, muitos dos nossos leitores não tardaram em me enviar belas fotografias, que hoje aqui publico com imenso orgulho.

 

A Paula contou-nos que, na sua casa, durante o Advento os seus seis filhos procuram oferecer a Jesus o maior número possível de "beijinhos", essas conchas pequeninas e enroladas que se encontram em algumas praias mais solitárias. Cada beijinho de concha representa um beijo de amor a Jesus Menino - um pequeno serviço prestado, uma pequena renúncia. Vejam como está lindo o seu presépio:

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Em casa da Olívia, o céu azul escuro foi-se cobrindo de estrelas muito sentidas e esforçadas. Para ajudar a concretizar a conversão, a proposta de esforço foi semanal, procurando cultivar uma virtude por semana.

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A família Nunes optou por criar um calendário de Advento com uma tarefa para cada dia. Vejam que bela ideia!

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A nossa Árvore de Jessé tem sido um sucesso. Todas as noites, durante a oração familiar, conto aos meninos a história da Bíblia proposta, lendo depois a pequena passagem bíblica ilustrativa. Os mais novos lançam-se então ao tabuleiro dos símbolos, tentando cada um ser o primeiro a encontrar o símbolo correspondente à história. À vez, para evitar conflitos, eles penduram o símbolo na Árvore. Digam lá se não está bonita?

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Também a Olívia tem a sua Árvore de Jessé bem recheada da Palavra de Deus:

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 A Árvore de Jessé da Carla vem directamente do Polo Norte, parece-me...

Arvore de Jessé da Carla.JPG

Entretanto, os presépios foram surgindo em muitas casas.

Em casa da Alexandrina, todos trabalharam para construir estas belas figuras, com pasta de moldar. O pai, merceneiro, fez o resto. Fantástico!

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No domingo passado, antes da missa, o João, um dos meninos do nosso coro infanto-juvenil, tinha um presente para mim: um presépio miniatura, feito com a ajuda do pai. Achei a ideia muito original, e fácil de imitar aí em casa:

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Na casa da família Nunes, por insistência da pequena Margarida, todos construíram as figuras do presépio com muito carinho:

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A luz não falta também. A Joana enviou-me uma foto da entrada da sua casa, com duas velas de Advento acesas:

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E a família da Helena, que descobriu o blogue há pouco tempo, decidiu neste advento tornar-se... Família de Caná! O seu Canto de Oração está cheio de luz:

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 Há algumas semanas, descobri uma história da Bíblia que desconhecia e que me encantou: Jacob, filho de Isaac, pôs-se a caminho de Canaã, a Terra Prometida, onde se queria instalar. Com ele, levava os rebanhos, as duas mulheres, as escravas, e todos os seus filhos. Quando Esaú, seu irmão, o desafiou a caminharem juntos, Jacob recusou, por uma boa razão:

 

“O meu senhor sabe que as crianças são delicadas e que o gado miúdo e graúdo, que ainda mama, exige os meus cuidados; se os apressarem, ainda que só por um dia, todo o gado novo perecerá. Que o meu senhor queira passar adiante do seu servo; eu caminharei devagar, ao passo da caravana que me precede e ao passo dos meninos, até juntar-me ao meu senhor, em Seir.” (Gn 33, 13-14)

 

Preparar o Natal é, para a maioria de nós, uma longa e árdua caminhada no deserto. Caminhar em família, respeitando os ritmos uns dos outros, caminhar por vezes ao lado de um marido ou mulher não crente, ou ao lado de um esposo difícil, caminhar ao lado de filhos adolescentes com um mundo de perguntas sem resposta, ou de crianças birrentas, ou de bebés exigentes, enfim, não é fácil. As estrelas na cortina, as conchinhas no presépio, as tarefas propostas para cada dia são tudo formas de concretizarmos esta difícil travessia... Somos uma caravana de Jacob.

Ao ler o ensinamento do mês de Dezembro que escrevi para as Famílias de Caná, precisamente sobre a história da caravana de Jacob, a família Nunes sentiu-se desafiada. Lá em casa, a caravana também parece avançar muito lentamente, mas com determinação! Assim, e para minha grande alegria, decidiram criar um novo blogue de Famílias de Caná: Uma Caravana no Deserto. Visitem-no, e deixem-se inspirar!

 

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publicado às 06:32

Um artista, um pincel e uma tela

por Teresa Power, em 19.12.14

No santuário do Loreto na Moita, aqui bem perto de nós, que visitámos no domingo, está uma pintura magnífica da Virgem da Visitação - Nossa Senhora grávida, descendo à pressa as escadas de sua casa para partir ao encontro da sua prima Isabel, como nos diz a Bíblia:

 

"Naqueles dias, Maria pôs-se a caminho e foi apressadamente às montanhas para uma cidade de Judá. Entrou em casa de Zacarias e saudou Isabel." (Lc 1, 39-40)

 

Este quadro foi encomendado pelo pároco, o padre Vitor Espadilha, a uma pintora local, Natália Reis. Durante a pintura, as sombras sob os pés da Virgem não estavam a ficar como a pintora desejava, e por cinco vezes, ela procurou modificar a pintura, em vão. Por fim, desolada, desistiu. Foi então que olhou mais atentamente para a mancha escura que o seu pincel criara e que ela tentara eliminar:

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Sim, é um esboço do perfil de Jesus, coroado de espinhos! Que presente magnífico o Senhor nos fez, através de um pincel singelo nas mãos de uma pintora!

Na verdade, o Cristo que Maria levava dentro de si, cheia de alegria, é o mesmo Cristo que Ela aprenderá também a oferecer ao mundo, trinta e três anos mais tarde, numa dor imensa... Os passos apressados e alegres de Maria, descendo as escadarias de Nazaré, já nos falam de outros passos, passos mais lentos, mais dolorosos, mas igualmente alegres, de Jesus subindo as escadarias de Jerusalém... A salvação que Jesus nos oferecerá na cruz, coroado de espinhos e sangrando, já está operante no seio da Virgem da Visitação.

 

Enquanto contemplava aquele magnífico quadro, veio-me ao pensamento um texto de Santa Teresinha, que conheço de cor desde pequena e que me tem servido de inspiração ao longo da vida:

"Se a tela pintada por um artista pudesse pensar e falar, certamente não se queixaria por ser retocada sempre por um pincel e não teria inveja da sorte desse instrumento, pois saberia que não é ao pincel, mas ao pintor que o dirige, que ela deve a beleza que a cobre. Por seu lado, o pincel não poderia glorificar-se com a obra-prima feita por ele, sabe que os artistas não se apertam, que zombam das dificuldades, que gostam, às vezes, de usar instrumentos vis e defeituosos... Madre querida, sou um pincelzinho que Jesus escolheu para pintar sua imagem nas almas que me confiastes." História de Uma Alma - Manuscrito C

Sejamos dóceis pincéis, completamente abandonados à vontade de Deus! Deixemos que Ele Se sirva do nada que somos para pintar o seu rosto no mundo que nos rodeia... Ámen!

 

 

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publicado às 06:24

Irmãos e companheiros

por Teresa Power, em 18.12.14

Durante este primeiro período, o David sentiu-se sempre um pouco desanimado com a Matemática, e eu também. O professor foi repetindo que o David tinha capacidade para ser aluno de excelência, mas os resultados não correspondiam.

- Deixa lá, David, tu estás a dar o teu melhor! - Consolava-o eu. Como professora, conheço muitos alunos a quem os pais precisam de castigar quando tiram maus resultados. Os meus filhos, porém, castigam-se a si próprios, com mais ou menos lágrimas de tristeza, e por isso, a mim cabe apenas consolar. Antes isso!

- Talvez o David precise de uma ajuda maior da nossa parte - Dizia-me o Niall. Como ele chega sempre a casa depois dos trabalhos de casa estarem arrumados, essa ajuda, subentende-se, seria minha. Mas os meus fins de tarde são muito atribulados, com a Lúcia a aprender a ler, o António e a Sara a querer atenção, o jantar para fazer... Foi então que me lembrei do Francisco, para quem a Matemática é um hobby engraçado:

- Francisco, tenho um desafio a fazer-te: o David não está a conseguir ter bons resultados a Matemática. Precisamos que lhe dês, por semana, pelo menos uma hora de explicação. Que dizes?

O Francisco ficou calado por uns momentos. Depois tentou esquivar-se:

- Não faço a menor ideia do que ele anda a aprender! Além disso, não tenho jeito para professor.

- Eu também não faço a menor ideia do que ele anda a aprender, mas há uma maneira de ficarmos a saber: consultamos o manual. Quanto ao jeito para professor, Francisco, não te preocupes, que ao fim de duas semanas já o adquiriste!

Com um suspiro, o Francisco percebeu que não tinha alternativa. E com a sua natural paixão por desafios, decidiu agarrar este serviço com ambas as mãos. Assim, nas últimas semanas repetiram-se cenas como esta:

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Na última semana de aulas, o David chegou a casa exultante: tinha conseguido mais de 90% a Matemática! Feliz, deu um abraço ao irmão.

Agora, que estão de férias, o Francisco decidiu ensinar o David a jogar xadrez. E não é que o David está a ficar um craque?

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Escreveu S. Paulo aos filipenses:

 

"Não cuideis apenas dos vossos próprios interesses, mas tende sempre em mira os interesses dos outros." (Fil 2, 4)

 

Uma das nossas maiores preocupações enquanto pais é assegurarmo-nos de que os irmãos crescem solidários. Conheço cada vez mais famílias em que cada filho faz a sua vida, independente dos irmãos e sem qualquer tipo de responsabilidade para com eles. Tive há uns anos duas alunas gémeas que tinham inveja das notas uma da outra e nunca se ajudavam! Também conheço famílias em que os pequenos serviços prestados entre irmãos são pagos pelos pais... Que tipo de humanidade estamos nós a educar?

O David melhorou o aproveitamento a Matemática; mas o Francisco melhorou aspectos da sua personalidade bem mais importantes que a Matemática! Ajudando o irmão, venceu-se a si próprio, aprendeu a renunciar a um bocadinho do seu tempo para servir o outro, e descobriu a alegria de dar. Isto sim, é crescer...

 

 

 

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publicado às 06:32

Uma casa para o Senhor

por Teresa Power, em 17.12.14

Na tarde de domingo passado, fomos a um sítio muito especial. Eu já tinha ouvido falar dele, e já tinha lido alguma coisa na Internet sobre ele, mas nunca o tinha visitado. Com a chegada do Advento, senti uma vontade imensa de o visitar e de ali rezar. Mas como fazer? Este sítio de que vos vou falar fica numa aldeia pequenina aqui nos arredores de Anadia, e eu não fazia ideia de como lá chegar, pois nem sequer sabia bem que aldeia era... Felizmente, a São teve a mesma lembrança:

- Teresa, gostava de lhe mostrar o Santuário do Loreto... Já ouviu falar?

Com a São por guia, e depois de muitas curvas em estradas apertadas, lá chegámos. Sorri, ao pensar como é típico de Nossa Senhora escolher o mais pequenino lugarejo para habitar...

Os meninos iam excitadíssimos: íamos visitar a única réplica, na península Ibérica, do Santuário do Loreto, em Itália! Existem no nosso país muitas igrejas com o nome de Loreto, ou Nossa Senhora do Loreto, mas nenhuma outra é santuário ou pretende ser idêntica, inclusivamente em dimensões, ao santuário italiano.

- E o que é o Santuário do Loreto? - Quiseram saber.

- Diz-se que, na Idade Média, a Casinha de Nazaré, onde Maria, Jesus e José viveram, corria sérios riscos de ser profanada pelos muçulmanos. Então os anjos pegaram nela e levaram-na até Itália, terra do Papa, onde a depositaram gentilmente no lugar do Loreto...

- E isso é verdade?

- Não sabemos, claro! Terão sido anjos? Terão sido os cruzados? Terá sido uma família, como se diz também, de apelido "Anjos"? Ou não terá sido nada disso? A verdade é que a casinha do Loreto, apenas com três paredes, está pousada realmente sobre o solo do Loreto, sem qualquer alicerce; e em Nazaré, naquele que é considerado o lugar da casinha da Sagrada Família, temos uma parede de gruta e alicerces de outras três paredes, inexistentes... O material da casinha do Loreto e as medidas correspondem em tudo à casinha de Nazaré. O resto são suposições!

 

O Santuário do Loreto, no lugar de Vale de Boi, Moita, fica por detrás da igreja paroquial. Em frente da igreja, vive uma senhora, também de nome São, que está encarregue de cuidar da igreja e do santuário e que possui as qualidades necessárias para fazer de guia aos peregrinos. Foi ela que nos acolheu e nos levou ao interior da casinha da Sagrada Família. Durante toda a visita tivemos ainda a companhia do seu enorme e meigo cão:

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Neste belíssimo santuário encontra-se uma pedra do santuário original, que pudemos contemplar:

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 E uma réplica da estátua da Virgem do Loreto:

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Os meninos observaram tudo com imensa atenção, e aproveitaram para brincar um bocadinho...

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 Depois, de joelhos, rezámos a nossa consagração a Nossa Senhora Auxiliadora, Mãe de Caná, e o Angelus, essa belíssima oração de Advento:

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Finalmente, deixámos a casinha do Loreto e entrámos na noite, bela, luminosa, serena... Ao longe, brilhavam as luzes de Anadia e, para além delas, brilhavam certamente as da nossa casa.

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Deixei o santuário com uma sensação profunda de paz e de alegria, e uma vontade imensa de ali voltar. Os últimos Papas tem repetido, ao visitarem o Santuário do Loreto,  que ali é a Mãe que nos recebe à porta e nos convida a entrar e a ficar!

Santa Teresinha visitou o Loreto numa peregrinação, e na sua autobiografia falou desta visita com imenso carinho. No santuário da Moita, na parede exterior, está uma placa com a transcrição do texto de Teresinha:

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Ao regressar a casa, ao acender a lareira e começar com os banhos, ao preparar o jantar e ao pôr a mesa, ao brincar com os meus filhos e ao dar-lhes um beijo de boas noites, percebi de repente a misteriosa história do Loreto:

A casinha de Nazaré estava ameaçada. Era preciso encontrar um lugar seguro onde a guardar, para que nada se perdesse... Os anjos pegaram nela e transplantaram-na para o Loreto. Só para o Loreto? Não estarão os anjos encarregues de transplantar a casinha de Nazaré para todos os lugares que a quiserem receber? Não poderão os anjos transplantar a casinha de Nazaré para a Moita? Não poderão os anjos transplantar a casinha de Nazaré para a minha casa, para a vossa casa, para a casa de qualquer cristão que queira acolher a Sagrada Família?

Diz o salmo 132/131:

 

"Não entrarei na tenda de minha casa

nem subirei ao leito de meu repouso,

não concederei aos olhos o sono

nem às minhas pálpebras o descanso,

até encontrar um lugar para o Senhor."

 

A casinha da Sagrada Família esteve ameaçada desde sempre, afinal! Imagino S. José a rezar mentalmente este salmo, enquanto batia a todas as portas de Belém, com Maria prestes a ter o Menino... Imagino de novo S. José a rezar este salmo, a caminho do Egipto, e de novo a caminho de Nazaré... Imagino os anjos a deliberar para onde deviam levar a casinha durante os tempos das perseguições islâmicas... Mas acima de tudo, imagino o Senhor agora, à minha porta, desejoso de saber se aqui há lugar para Ele!

O Advento já vai adiantado. Apressemo-nos a fazer espaço para a Sagrada Família nas nossas casas, nas nossas famílias, nos nossos corações! Não podemos descansar enquanto o não fizermos... Então, os anjos pegarão na casinha de Nazaré e deixá-la-ão aqui mesmo. Ámen!

 

 

 

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publicado às 06:37

Parabéns, Tomás!

por Teresa Power, em 16.12.14

No céu, onde tu habitas, e cá em casa, há hoje uma grande festa: faz dez anos que nasceste! Nesse dia, pensei que eras meu. Eras tão lindo! Tinhas uns olhos azuis grandes e quase nunca choravas. Mamavas bem, dormias sem chupeta, eras o bebé perfeito...

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Um ano e meio depois, compreendi a verdade: afinal, tu não eras meu. Tu pertences a Deus, Tomás, como eu também pertenço. Foste-me confiado por Deus por pouco tempo, para me ensinares muitas coisas, e para me ajudares a crescer.

A tua passagem pela Terra foi curta, mas aos olhos de Deus, foi completa. E sabes porquê? Porque na tua simplicidade de criança, tu não fizeste senão a vontade de Deus. E o tempo é-nos oferecido para isso mesmo! Diz o salmista:

 

"Mil anos a teus olhos são como o dia de ontem, que já passou,

e como uma vigília da noite." (Sl 90)

 

Cada vez que o meu pensamento se demora em ti, sou de novo obrigada a devolver-te ao Senhor e a renunciar à alegria humana de te ver crescer, como vejo os teus irmãos. E é por isso que também te quero agradecer: tu desafias-me a viver na verdade, tomando consciência de que nada do que tenho é meu. Tu desafias-me a perder o medo, especialmente o medo do sofrimento e o medo da morte, pois agora eu sei que "dor" rima com "amor", e que a morte não passa de uma leve cortina oscilando ao vento entre duas realidades.

Que liberdade interior, quando vivemos sem medo de sofrer! Que felicidade, quando percebemos que esta vida é a madrugada da eternidade! Também eu, Tomás, caminho em direcção a Casa, essa Casa onde um dia nos encontraremos em Deus, e então seremos tão felizes!

Reza por esta família que tens aqui na Terra. Pede ao Senhor que, como tu, também cada um de nós seja santo. Parabéns pelo que és, Tomás Emanuel!

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publicado às 06:12

Perigo no presépio

por Teresa Power, em 15.12.14

Ontem, ao contemplar o presépio, algo estranho chamou a minha atenção: misturados com as ovelhinhas, os pastores, as conchinhas da praia e os restantes elementos bucólicos que se espraiam pelo musgo, estavam duas ferozes criaturas...

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Como terão o leão e o tigre ido parar ao presépio? Fiquei em pânico, com medo que algo pudesse acontecer ao Menino Jesus, tão frágil, deitado numa manjedoura pequena demais para Ele, e já com um pezinho partido à custa de beijinhos desajeitados... Mas depois lembrei-me de que talvez o leão e o tigre conhecessem a profecia de Isaías, e daí o terem arriscado caminhar até à gruta de Belém:

 

"Então o lobo habitará com o cordeiro e o leopardo deitar-se-á com o cabrito. O bezerro, o leãozinho e o animal cevado estarão juntos, e um menino os conduzirá. A vaca e o urso pastarão lado a lado, as suas crias deitar-se-ão juntas, e o leão comerá feno como o boi. A criança de peito brincará junto à toca da víbora, e a criança desmamada porá a mão na cova da serpente." (Is 11, 6-8)

 

Um urso a pastar ao lado de uma vaca e um leão a comer feno como um boi é verdadeiramente uma revolução grandiosa, difícil de imaginar. Num dia da semana passada, conversando com um aluno da minha direcção de turma, perguntava-lhe:

- Como queremos nós que haja paz na Terra, se vocês, jovens, não conseguem relacionar-se no espaço de uma turma? Escrever insultos no Twitter sobre as tuas colegas não parece uma estratégia muito apropriada para se conseguir ser aceite...

Ele ficou pensativo. Depois assentiu:

- Tem razão, professora. - E acrescentou: - Mas mesmo que eu tente mudar e voltar a ser amigo delas, elas já não acreditam em mim. Ninguém, nem os professores nem os meus amigos, me quer dar outra oportunidade!

Quando ele saiu de junto de mim, fiquei a pensar no que significa isto de fazer a paz. Às vezes, somos nós os leões que precisam de aprender a comer feno; outras, somos o menino que precisa de não ter medo de meter a mão na toca da víbora...

Fazer a paz implica trabalhar o nosso carácter, dominar os nossos instintos e converter o nosso coração; mas também implica dar ao outro a oportunidade de provar que está mudado! Precisamos - na família, no casamento, nas amizades - de muita humildade e de muita confiança em Deus para colocarmos a mão na toca da víbora, acreditando que, desta vez, ela não nos morderá.

Ah, a paz de Jesus é tão exigente!...

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publicado às 06:24

Esposos e Santos

por Teresa Power, em 14.12.14

Como eu tenho muito pouco tempo livre, costumo ter dois ou três livros de leitura espiritual espalhados pela casa, para poder aproveitar cada dois minutos disponíveis. Tenho geralmente também um livro na pasta da escola, para quando chego mais cedo às aulas ou durante os intervalos. Assim, somando todos os meios minutos aqui e ali, consigo uma boa dose de leitura espiritual diária. E confesso que sem ela, acho difícil rezar sem cessar, isto é, pensar em Deus o tempo todo. A leitura espiritual ajuda-me a manter o pensamento ocupado com as coisas divinas e estimula a minha criatividade para as coisas santas.

As crianças aprendem por imitação, claro! Com quem acham que a Sara aprendeu esta forma construtiva de aproveitar o tempo?

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 Há uns tempos atrás, ao chegar a casa, tinha na caixa do correio uma bela surpresa: um embrulho muito bonito com o livro "Esposos e Santos", enviado pelos nossos amigos Carmina e Edu, Tirciana e Vitor, com quem estivemos no retiro de Almada. Já contei aqui uma das histórias que li neste livro magnífico, e vou certamente continuar a falar dele. Afinal, a Palavra de Deus é para todos: 

 

"Sede santos, porque Eu, o Senhor, sou Santo."(Lv 19, 2)

 

Entretanto, pedi à Carmina e ao Edu que me contassem o que descobriram com a leitura deste livro. Deixo-vos aqui o texto que me enviaram, e fica a sugestão deste livro como presente de Natal para toda a família!

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"Esposos e Santos
Ser Santo deve ser objectivo de qualquer baptizado independentemente da forma como vive a fé em Deus ou da vocação à qual é chamado. Crescemos a achar que a santidade não está ao nosso alcance por ser o destino de poucos (certamente muito diferentes de nós), por terem uma vida extraordinária, capacidades sobrenaturais ou uma vida pia, orante ou contemplativa da qual não somos capazes.
Apesar dos constantes apelos à santidade que insistimos em ignorar durante toda a nossa vida (por acreditar que ela é apenas para os outros), a santidade não só é possível, como está acessível e é um dever de todo aquele que, como nós, acredita em Cristo.
O amado Santo João Paulo II não só acreditava nisto como, na sua sabedoria, estava certo de que a santidade não é só para indivíduos, mas também para casais que escolham viver plenamente a sua vocação matrimonial, na fidelidade do amor a Deus vivido através da entrega total ao outro todos os dias, no dia-a-dia da sua vida conjugal e na abertura dos dois aos outros. Assim procurou e encontrou casais que pelo seu testemunho de vida vieram confirmar o que já sabia, que os esposos também podem ser santos.
Se as notícias pareciam boas, estão prestes a tornar-se óptimas: não é preciso ser-se um casal especial nem extraordinário para ser santo, basta amar, o resto vem por acréscimo.
Se formos capazes de viver cada dia confiando em Deus, procurando fazer a Sua vontade e aceitando que a vida não nos pertence temos meio caminho andado, independentemente dos tropeços, quedas ou pecados de ambos ou de cada um.
A cada um de nós compete ser o arauto, o guardião e o garante da santidade daquele que Deus nos confiou para connosco ser um. É nessa unidade, na vida em comum, na certeza da pertença um ao outro e dos dois a Deus que a santidade se torna possível.
Curiosamente, é por sermos dois que escolheram (com e em Deus) viver como um só que temos a vida facilitada no nosso caminho rumo à santidade. O outro não é um estorvo, mas uma ajuda preciosa para o caminho. E esse caminho faz-se todos os dias com e por amor ao outro e Àquele que nos une. Amor esse que se manifesta e se concretiza na entrega e no serviço aos filhos de sangue e/ou de coração, à família, aos amigos, aos colegas, à comunidade, à paróquia, aos estranhos, aos pobres…. em suma, ao próximo.
Para ser santos não precisamos mudar de casa, de vida, nem de rotina, basta trazer Deus para a dentro da nossa casa, para viver connosco e fazer parte da nossa rotina.
O livro Esposos e Santos recentemente publicado pelas Edições Paulinas traz-nos dez maravilhosos testemunhos de casais que, como nós, se amavam, amavam a Deus e estavam dispostos a fazer a Sua vontade. São dez vidas diferentes entre si, mas comuns no amor a Deus e à Igreja, na entrega e no serviço aos outros que só um amor que vem de Deus consegue justificar.
Leiam, deliciem-se e atrevam-se a fazer o que o matrimónio nos exige e Cristo nos pede: sede Santos.


Eduardo e Carmina Cardoso"

 

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publicado às 06:15

O terço e os feijões

por Teresa Power, em 13.12.14

No grupo de oração, depois de louvarmos o Senhor com cânticos, rezarmos o terço e fazermos silêncio, adorando o Senhor-Eucaristia, temos sempre um tempo de meditação bíblica. Na semana passada, a leitura proposta foi tirada do Livro de Neemias. Lemos como todo o povo se empenhou na reconstrução das muralhas de Jerusalém, e como foi necessário estar atento ao inimigo, que queria impedir o trabalho:

 

"Os trabalhadores faziam assim: com uma das mãos faziam o trabalho, e com a outra seguravam a arma." (Nee 4, 11)

 

Ao ler a Bíblia - qualquer livro da Bíblia - experimentem substituir a palavra "Jerusalém" pelo vosso próprio nome, e verão como o Senhor vai falar...

Há realmente muito trabalho a fazer nestes dias antes do Natal. É preciso comprar prendas, organizar as festas de família, enviar postais, cozinhar... Nós, os professores, estamos numa das alturas mais exigentes do nosso ano, e pouco tempo sobra para o resto. A imagem dos trabalhadores empoleirados na muralha de Jerusalém, com a pá numa mão e a espada na outra, é uma imagem sugestiva! Sim, nesta altura do Natal, é preciso trabalhar com uma mão, mas vigiar sobre o nosso interior com a outra; é preciso afadigarmo-nos com o exterior, mas manter o interior ocupado com as coisas de Deus. "Ora et labora", dizia S. Bento, o pai do monaquismo.

 

Ao partilharmos a nossa vivência a partir desta passagem bíblica, uma senhora já de idade, viúva, de belos cabelos brancos e olhar tranquilo, contou-nos como punha em prática a palavra do Senhor:

- Quando estou a passar a ferro, procuro sempre rezar. Como gosto muito de rezar o terço, encontrei há anos uma estratégia muito simples para contar as Ave-Marias e passar a ferro ao mesmo tempo: arranjei dez feijões, e vou pondo de lado um por cada Ave-Maria.

Que belíssima ideia! Fiquei exultante. Quando cheguei a casa, e porque não tenho feijões sem ser de lata, procurei nas minhas tralhas dez belos búzios e duas conchas grandes, que apanhámos numa praia da Irlanda, há vários anos atrás. Ontem, ao passar a ferro sozinha, coloquei junto da roupa uma das conchas recheadas de búzios, e ao lado a outra concha, vazia. Enquanto rezava, fui passando os búzios de uma concha para a outra. Consegui assim rezar um terço inteiro sem me perder na conta das Ave-Marias. Glória ao Senhor!

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publicado às 06:23

O Natal (ainda) é a festa de Jesus?

por Teresa Power, em 12.12.14

- Mamã, eu queria um robô super mega fixe no Natal.

- E eu queria um carro telecomandado!

- Tanto disparate, meninos! O David já fez anos, e o António vai fazer em Fevereiro, portanto, ambos recebem uma prenda de anos. No Natal, todos receberão um presente mais simples e pequeno, porque há outra pessoa que faz anos, não é verdade?

- Pois, é Jesus...

- Então quem precisa de prendas é Jesus, e não os meus filhos, que têm brinquedos mais do que suficientes. Já prepararam hoje uma prenda para Jesus?

- Uma estrela?

- Sim, uma estrela...

Suspiros.

- Eu dou a Jesus a estrelinha de não pensar mais no robô...

- E eu não vou fazer nenhuma birra hoje. Prometo!

- Isso seria mesmo bom. Um bocadinho de silêncio nesta casa...

- Mamã, queres fazer um sacrifício para também dares uma estrelinha a Jesus?

- Quero, António, quero sim. Tens alguma sugestão?

- Tenho: fazes o sacrifício de nos deixar ver televisão!

- ????????

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Educar e educarmo-nos para uma vivência profundamente cristã do Advento exige um trabalho contínuo e sério. Não vale a pena deitarmos mãos ao arado se depois olharmos para trás. Não vale a pena começarmos se tivermos medo das comparações inevitáveis que as crianças vão fazer entre o seu Natal e o Natal dos seus amigos.

O Natal como Jesus o quer não está escondido algures na nossa infância. As nossas memórias de simplicidade não contam toda a verdade, pois as crianças que eramos não tinham como entender tudo o que se passava; e nem sempre a simplicidade que algumas famílias recordam estava impregnada de Deus!

O Natal como Jesus o quer está disponível hoje, aqui e agora, no nosso presente. Talvez possamos ir buscar ideias e inspiração à nossa infância; ou talvez precisemos antes de arriscar e de inventar os nossos próprios rituais familiares!

Saibamos integrar-nos com humildade e em clima de harmonia naquilo que são as tradições das nossas famílias alargadas, sem deixar de dar testemunho da nossa fé. A aprendizagem que resulta do encontro festivo da família, mesmo quando este é difícil, é muito superior aos conflitos que vão surgindo! Se forem à caixa de comentários ao post  Tempo de Família em Época de Natal, encontrarão as mais variadas sugestões para simplificar a troca de prendas nas famílias. Na família do Niall (nove irmãos e nove cunhados), no início do Advento um dos irmãos tira à sorte quem vai oferecer um presente a quem, em nome de toda a família. Assim, cada um de nós só precisa de comprar um presente, e não dezasseis.

Dentro das nossas próprias casas, contudo, não estamos dependentes de tradição alguma, e temos liberdade completa para as transformar no presépio onde Deus hoje quer incarnar e habitar. Sim, nós podemos reinventar o Natal! E asseguro-vos de que é fantástico, quando percebemos que estamos a escrever a História da nossa família!

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No início do Advento, Jesus aconselhou-nos a estar atentos, para que a sua chegada não nos apanhasse distraídos com os nossos afazeres, mas centrados no essencial:

 

"Vigiai, portanto, não se dê o caso que, vindo o dono da casa inesperadamente, vos encontre a dormir. O que vos digo a vós, digo-o a todos: vigiai!" (Mc 13, 37)

 

Sentemo-nos hoje mesmo, ao serão, em família, e façamos uma "chuva de ideias" em redor do verdadeiro Natal de Jesus. Como vamos celebrar o seu nascimento na nossa pequena família, antes, depois ou durante todas as festas familiares que acompanham esta época? Sejamos ousados, criativos, alegres e simples. E o Senhor virá, e habitará entre nós! Ámen.

 

PS - Enviem-me por favor, para o mail, fotografias dos vossos céus estrelados, das vossas Árvores de Jessé, ou da forma que descobriram aí em casa de preparar simbolicamente o Natal! Estou a escrever um post com algumas fotografias já recebidas, e teria todo o gosto em publicar as vossas também!

 

 

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publicado às 06:35




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