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O passarinho

por Teresa Power, em 08.04.15

Durante as férias, quando me dirigia ao jardim para estender um cesto de roupa, um passarinho caiu no chão mesmo diante dos meus pés. Baixei-me para o apanhar. Não ofereceu resistência, tão pequenino era. Chamei os meninos, que correram a ver:

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- Oh, tão pequenino!

- Coitadinho!

- Tem os olhinhos tão abertos! Não está nada aflito!

- Parece estar muito contente na tua mão! Posso fazer uma festinha?

- Claro. Com mais jeitinho, Sara, que esmagas o pobrezinho!

- E agora?

Ficámos um pouco indecisos. Não sabíamos de que ninho tinha ele caído, pois não conseguíamos ver nenhum, e não sabíamos o que fazer. Por fim, lembrámo-nos da casinha para passarinhos que os meninos tinham construído nas férias grandes.

- Vão buscá-la, para o passarinho ficar protegido lá dentro. - Sugeri.

- Eu ponho lá ervinha!

- E eu, um pratinho com água.

- David, vai buscar um bocadinho de ração das galinhas.

- Vou a correr!

A casinha ficou pronta, e colocámos lá dentro o passarinho. Eu não tinha esperança que sobrevivesse, tão fraco ele estava, mas não queria vê-lo nas garras dos gatos, pelo que a casinha era a melhor solução.

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O passarinho sobreviveu mais algumas horas, bem vigiado pelos quatro pequeninos, com uma espreitadela de vez em quando dos dois mais velhos. Ninguém se foi deitar nessa noite sem verificar que o passarinho estava vivo e feliz na sua nova casinha.

Mas na manhã seguinte, confirmou-se a sua morte. Era na verdade muito pequenino! O David e a Lúcia ficaram particularmente tristes.

- A mamã e o papá do passarinho devem estar aflitos - Dizia-me o David.

- Tenho tanta pena dele! Agora que a primavera está a chegar, tinha de morrer!

- Pelo menos não foi brinquedo para gato.

Poucas horas depois, chegaram os primos. E no meio das alegres brincadeiras que inventaram todos juntos, decidiram também fazer um funeral digno de passarinho, em Náturia:

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Cantaram, cavaram um buraco, embrulharam o passarinho em folhas e depositaram-no no seu túmulo. Horas mais tarde, a Lúcia chegou a casa eufórica:

- Mamã, mamã, o passarinho já está no céu! O passarinho já ressuscitou!

- Como sabes?

- Fui ao seu túmulo e ele já lá não está!

- Ah...

 

A história do passarinho acaba aqui. Mas pela minha mente passou uma outra história, a história de Jonas. Sim, aquele que esteve três dias no ventre de uma baleia e que foi vomitado numa praia branca, em Nínive, para pregar o arrependimento a um povo de pecadores... O que nem todos sabem é que, no final do Livro de Jonas, surge um episódio muito pitoresco, não com um passarinho, mas com uma planta que desconheço e se chama rícino. Diz a história que

 

"O Senhor Deus fez crescer um rícino, que se levantou acima de Jonas, para fazer sombra à sua cabeça e o proteger do Sol. Jonas alegrou-se grandemente por aquele rícino. Ao outro dia, porém, ao romper da manhã, enviou Deus um verme que roeu as raízes do rícino, e este secou." (Jn 4, 6-7)

 

Jonas ficou tristíssimo com a morte do rícino. Deus então disse-lhe:

 

"Sentes pena de um rícino que não te custou trabalho algum para o fazeres crescer, que nasceu numa noite, e numa noite pereceu! E não hei-de Eu compadecer-me da grande cidade de Nínive, onde há mais de cento e vinte mil pessoas que não sabem distinguir entre a sua mão direita e a sua mão esquerda, e um grande número de animais?" (Jn 4, 10-11)

 

Jonas, na verdade, estava irritado porque Deus perdoara ao povo de Nínive, povo que, segundo Jonas, não merecia o perdão divino. Somos tão parecidos com Jonas! É tão fácil para nós encontrar quem não mereça o perdão divino! Desde o vizinho do lado ao piloto do avião que se despenhou... No entanto, todos foram criados por Deus e amados antes mesmo de existirem. Como não há de o Senhor compadecer-se dos pecadores?

E os passarinhos caem do céu, e Deus dá-nos um coração compassivo...

Senhor, que eu saiba compadecer-me! Ensina-me a experimentar um bocadinho da tua grande misericórdia para com cada passarinho, cada rícino, mas acima de tudo, cada ser humano, que criaste com tanto amor. Ámen!

 

 

 

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publicado às 06:26

Faltam famílias para o Retiro - precisam-se inscrições!

por Teresa Power, em 07.04.15

Acabo de saber que o Retiro de Viana pode não se realizar por falta de famílias inscritas, da parte da paróquia de Viana. Através do blogue tenho três famílias. Será mesmo possível que tenha de cancelar o retiro, no Domingo da Misericórdia?... Reabram lá as vossas agendas e apressem-se a inscrever-se! Na coluna lateral deste blogue está o link para o fazerem. E unam-se a nós em oração, para que o Senhor faça brilhar a sua face sobre nós e sobre muitas famílias neste domingo tão belo...

 

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publicado às 15:05

O trabalho em férias e o Aleluia da Sara

por Teresa Power, em 07.04.15

 As minhas férias da Páscoa foram cheias de trabalho. Para além do trabalho da escola, que este ano se intensificou para os professores de Inglês, a braços com ações de formação obrigatórias por causa do novo "exame" do nono ano, foi preciso preparar os próximos retiros, adequando ensinamentos antigos à nova proposta que o nosso bispo nos fez, no Retiro de Quaresma, das Seis Bilhas de Caná.

Mas como férias significa, essencialmente, tempo de família, o meu trabalho fez-se em episódios semelhantes a este:

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Não se admirem, pois, se encontrarem algum erro nestes posts recentes :)

E se quiserem ficar a conhecer as Seis Bilhas de Caná, venham ao retiro de Viana! Inscrevam-se online, clicando no link na coluna lateral deste blogue. Segundo me disse o senhor padre Vasco Gonçalves, o Convento de São Domingos tem espaço para todos vós!

A Sara deve ter percebido que eu ando com pouco tempo para escrever no blogue, e por isso decidiu fazer ela um post cantado e dançado, cheio de aleluias pascais. A Clarinha filmou-a em plena atividade! Deixo-vos pois com o seu convite à alegria da Páscoa:

 

Se a quiserem acompanhar, aqui fica o cântico, a partir do salmo 148:

 

"Glória a Deus! Glória a Deus! No alto dos céus!"

Louvor e glória ao teu nome, aleluia! Aleluia!

Senhor Deus do Universo, aleluia! Aleluia!"

 

E não me digam que não é isto o que ela está a cantar... :)

 

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publicado às 06:33

Domingo de Páscoa e as histórias da ressurreição

por Teresa Power, em 06.04.15

Aleluia! Aleluia!

 

"Porque buscais entre os mortos aquele que vive? Não está aqui; ressuscitou, como havia dito!"

(Lc 24, 5-6)

 

Acordámos cedo, porque a visita pascal não se faz esperar. Logo pela manhã, depois de procurarem ovos pintados e ovos de chocolate escondidos pela casa, os meninos correram para o jardim, atentos ao som dos sinos:

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E eis que eles chegam, primeiro ao longe, depois mais perto... Sim, a visita pascal!

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O senhor padre entrou em nossa casa, trazendo-nos a bênção do Senhor. Com o Francisco a tocar guitarra, cantámos todos juntos cânticos de ressurreição. Que alegria!

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 Perto da hora de almoço, chegaram a avó, os tios e os primos. De repente, a casa ficou cheia!

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 O sol, o calor e a felicidade da reunião familiar prolongaram-se durante toda a tarde. Na nossa bela quinta de Náturia, as crianças entretiveram-se a brincar, explorando, construindo passagens secretas... Que é aquilo que as primas construíram?

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 Vamos ver mais de perto...

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 Uma cabana! Os primos mais pequeninos não perderam a oportunidade de ali brincar:

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 Ena, tanta brincadeira!

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 Ao fim do dia, depois da avó, dos tios e dos primos irem embora, fomos todos juntos à missa, celebrar em família a ressurreição de Jesus. Afinal, apenas metade da família tinha participado na vigília pascal, e não queríamos deixar passar o dia mais belo do ano sem celebrarmos juntos a entrega de Jesus por nosso amor!

Por fim, no nosso canto de oração bem iluminado, cantámos aleluias ao Senhor e rezámos o Terço da Misericórdia, fazendo a novena em família.

- Mamã, contas a história da Páscoa? - Pediu o António, antes de dormir. Hesitei, porque o cansaço - dele e meu - já era grande. Mas depois pensei... Como é que as crianças cristãs hão de aprender as histórias da Páscoa, as verdadeiras histórias da Páscoa, aquelas que os evangelistas recolheram nas últimas páginas dos seus livros, se ninguém lhas contar?

- Claro que conto! David, Lúcia e António, sentem-se no sofá que eu conto a história.

Escutaram muito atentos, enquanto lhes falei do espanto da Madalena na manhã de Páscoa, da confusão de anjos e jardineiros, da surpresa dos discípulos, da corrida a ver quem ganha entre Pedro e João, das dúvidas de Tomé, da paz que Jesus a todos trouxe. Para hoje à noite guardei a história de Emaús, e para os próximos dias, o encontro com Jesus à beira do lago...

Que Jesus ressuscitado nos inunde da sua paz. Aleluia! Aleluia!

 

 

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publicado às 06:30

Ressuscitou! Aleluia!

por Teresa Power, em 05.04.15

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Com as imagens da nossa "vigília pascal caseira", com os mais novos já de pijama, uma hora antes dos mais velhos e do pai partirem para a sua grande e bela Vigília Pascal, desejo-vos a todos uma Santa Páscoa! Aleluia! Aleluia!

 

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publicado às 06:30

Do Lava-pés à Via Sacra

por Teresa Power, em 04.04.15

Hoje, sábado santo, é dia de imitar Nossa Senhora, que guardava no seu coração todos os acontecimentos alegres, tristes, luminosos ou dolorosos da vida de Jesus, para neles meditar continuamente. Sem quebrar o silêncio deste dia, deixo-vos as fotografias dos momentos mais solenes e dramáticos que vivemos, em comunhão com toda a Igreja, uns com os outros, e todos e cada um de nós com Jesus - "Nós, Jesus":

 

Quinta-feira Santa, Eucaristia às nove da noite. Celebrámos em comunidade a instituição da Eucaristia e do sacerdócio. Reconhecem o David?

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S. João diz-nos que a Eucaristia significa receber em nós a vida de Jesus, deixarmo-nos lavar por Ele e imitar o seu amor. O Lava-pés simboliza isto mesmo. Na nossa comunidade, o senhor padre lavou os pés a uma criança, adolescente ou jovem de cada um dos doze anos de catequese:

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 Ups! Estas fotografias estão aqui por engano:

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Não, não estão! Os dias santos são também dias de muita brincadeira. Sem brincadeira familiar, é difícil explicar aos mais novos o que é isso do amor...

 

Sexta-feira santa. De manhã, o David foi ao ensaio de acólitos, e nós fizemos o ensaio dos cânticos. Depois, às três horas da tarde, a hora de Jesus, todos nos reunimos no santuário para celebrar a Paixão do Senhor. A cerimónia da Paixão do Senhor é impressionante pela sua densidade dramática e a sua universalidade. Ali, aos pés da Cruz imensa de Jesus, colocamos o mundo inteiro:

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À noite, as ruas de Mogofores encheram-se de luz e de povo, para juntos colocarmos os nossos pés nas pegadas de Jesus e seguirmos atrás da sua cruz, como diz o Livro de Job:

 

"Tenho os meus pés colados às suas pegadas, segui os seus caminhos sem me desviar."

(Jb 23, 11)

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O Niall ficou em casa, rezando a Via Sacra na companhia do Papa Francisco, pela televisão, enquanto vigiava o sono do António e da Sara.

O Francisco foi o fotógrafo da noite, a Clarinha cantou sempre a meu lado. O David segurava a sua tocha com extrema atenção, e a Lúcia saboreava a sua "saída noturna" com entusiasmo. "Já saio à noite!" Repetia, de mão dada comigo. E a cada velinha iluminando a rua, dava saltinhos de alegria.

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 Cá fora, a lua cheia da Páscoa iluminava o céu...

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publicado às 06:25

Raiz em terra árida

por Teresa Power, em 03.04.15

Até ao ano passado, a D. Isaura ajudava-nos com a lida da casa duas ou três vezes por semana. Este ano letivo já não tivemos esta grande ajuda, mas a D. Isaura continua a visitar-nos regularmente, cada vez que passa de bicicleta diante da nossa casa. Às vezes, levamo-lhe uma galinha para ela fazer o favor de matar e preparar (que nós não gostamos de fazer esse serviço), e pedimos-lhe conselhos sobre a melhor forma de cuidar da nossa horta, que a D. Isaura é muito mais sábia do que nós nessas matérias. Mas acima de tudo, acarinhamos a sua amizade bondosa.

Assim, no sábado, os meninos gritaram de alegria e os cães saltaram de satisfação, e todos - crianças e cães - correram para o portão: era a D. Isaura!

- Bom dia, meninos! Que lindos, a brincar no jardim!

A Sara saltou-lhe para o colo, e o António deu-lhe a mão. Depois, a D. Isaura deu uma volta ao nosso jardim, onde o Niall trabalhava afincadamente.

- Que bonita que está a horta! - Disse-nos.

O Niall sorriu: - Estaria muito mais bonita se não tivéssemos cães, gatos ou crianças. Estes três grupos de seres vivos destroem tudo o que eu tento construir, e pisam onde eu acabo de plantar. Enfim, D. Isaura, cada um tem o que merece!

A D. Isaura deu uma gargalhada e dirigiu-se ao galinheiro. Tal como eu, também ela adora ver as galinhas a esgravatar e escutar o seu cacarejar contínuo.

- Já repararam que têm um pessegueiro a crescer no galinheiro? - Disse-nos a D. Isaura, depois de breves segundos de inspeção.

- Um pessegueiro? - O Niall não conteve o espanto. - Está a falar desta erva daninha?

- Erva daninha qual quê! Um pessegueiro, sim senhor. A terra dos galinheiros costuma ser muito fértil, pois por um lado, atiramos para lá todo o tipo de restos de alimentos, caroços de fruta, etc., e por outro lado, está bem regada de estrume...

Bem, a D. Isaura estava a falar disto:

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E o galinheiro em questão é este:

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 - Ai, D. Isaura, quantas vezes eu me estafo a comprar e a plantar belas árvores, que depois não consigo que floresçam! E este pessegueiro brotou no meio do estrume. Que ironia! - O Niall estava divertidíssimo com o achado - A D. Isaura tem de ir passando por aqui para me dar estas boas notícias!

Todos nos rimos. Ficou combinado transplantarmos o pessegueiro daqui a algum tempo, quando estiver suficientemente forte para aguentar a mudança. Foi também assim que, no ano passado, colhemos os melhores tomates alguma vez produzidos no nosso quintal! A D. Isaura descobriu a dita erva no galinheiro e o Niall transplantou-a para a horta, onde veio a dar muito fruto. Esperemos que o mesmo aconteça agora.

 

Ao fim do dia, muito depois da nossa simpática visita ter ido embora, fui fotografar o pessegueiro e escutar o cacarejar das minhas queridas galinhas. Enquanto observava a natureza, lembrei-me da descrição que o profeta Isaías faz do Messias Doloroso, do Servo de Deus:

 

"O Servo cresceu diante do Senhor como um rebento,

como raiz em terra árida,

sem figura nem beleza.

Vimo-lo sem aspeto atraente,

desprezado e abandonado pelos homens,

como alguém cheio de dores,

habituado ao sofrimento,

diante do qual se tapa o rosto..."

(Is 53, 2-3)

 

Perdoem-me a expressão: na estrumeira deste mundo, Deus plantou a Árvore da Cruz do seu próprio Filho, para que crescesse sem beleza nem esplendor, mas capaz de dar muito fruto... Quanto amor!

Dentro de cada um de nós há certamente "estrume" suficiente para que o amor cresça e frutifique. O sofrimento de cada dia, as dificuldades, os obstáculos, a nossa insuficiência de tudo, a nossa imensa pobreza, e até o nosso pecado assumido e chorado - tudo pode ser terreno fértil! Precisamos de treinar o nosso olhar, para não confundirmos a Cruz que o Senhor nos oferece com qualquer erva daninha...

 

PS - Hoje vamos começar a rezar a Novena à Divina Misericórdia, como expliquei neste post do ano passado. Alinham?

 

 

 

 

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publicado às 06:20

Via Sacra e a brincadeira de Deus

por Teresa Power, em 02.04.15

No domingo à tarde, como costume durante a quaresma, fomos juntos ao Santuário fazer a Via Sacra no interior da igreja, contemplando os belíssimos quadros que nos contam a Paixão de Jesus. Esta quaresma demo-nos conta de que rezar a Via Sacra é um exercício magnífico: não é monótono, porque a oração é acompanhada de uma breve caminhada e de muita beleza visual; é rápido - geralmente, demoramos quinze minutos - e centra-nos no mistério da Paixão e Morte do Senhor, o mistério da nossa salvação. Já decidimos que iremos rezar mais vezes a Via Sacra durante todo o ano, e não apenas na quaresma, pois como diz o profeta Isaías:

 

"Pelas suas chagas fomos curados." (Is 53, 5)

 

A oração da Via Sacra pode ser acompanhada simplesmente com a leitura de um dos evangelhos da Paixão do Senhor, ou com a leitura de um dos Cânticos do Servo, de Isaías (Isaías 42, 49, 50 e especialmente 53), ou ainda com algumas passagens de S. Paulo. Existem também muitas meditações da Via Sacra disponíveis em livro ou na internet. E, claro, a Via Sacra que eu escrevi e que já partilhei convosco, mas que de novo aqui deixo: Via Sacra.pdf. Soube por mail que um grupo de escuteiros do nosso país fez a sua Via Sacra a partir deste meu texto, o que me deixou muito honrada. Que o Senhor vos abençoe, querida Aida e queridos escuteiros!

 

- Mãe, podemos ir rezar a Via Sacra ao Santuário? - Pediram-me o António e o David em conjunto, no domingo à tarde.

- Vamos já. Deixem-me acabar de passar esta roupa.

- Agora! Agora!

Nesta altura, já vocês estarão admirados com a santidade dos meus queridos filhos, tão pequeninos e com tanta vontade de rezar. Não se iludam... A Via Sacra demora quinze alegres minutos, mas o Santuário é muito mais do que uma igreja. Na verdade, o Santuário fica no recinto do Colégio Salesiano, que aos domingos está vazio... Reparem nas fotos, e perceberão o que quero dizer:

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 O Francisco não esteve connosco este fim-de-semana, mas se tivesse estado, encontra-lo-iam nos matraquilhos, e depois a fazer parkour sobre os muros... Ups! Isto não é para os senhores padres salesianos lerem :)

Associar a oração familiar a momentos de alegria, partilha e convívio familiares é uma base segura para que a oração faça parte da vida dos nossos filhos. Quinze minutos de oração em família seguidos de três quartos de hora de brincadeira em família pode parecer desproporcionado, mas eu quero acreditar que esteja dentro das proporções de Deus...

Hoje começa o Tríduo Pascal. As cerimónias da Semana Santa são as cerimónias mais impressionantes do ano litúrgico, com uma densidade única de cor, ritual, gestos, beleza: o Lava-Pés, a instituição da Eucaristia, a Adoração da Santa Cruz e, por fim, os belíssimos ritos da luz na Vigília Pascal... Se "atarmos" todas estas cerimónias com o "cordel forte" de um "Tempo de Família" alegre e prolongado, experimentaremos realmente a Páscoa do Senhor!

 

 

 

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publicado às 06:28

Domingo de Ramos e a hora de Jesus

por Teresa Power, em 01.04.15

No domingo passado entrámos em cheio na maior semana dos cristãos, a mais bela, a mais santa, a mais solene e a mais misteriosa: a Semana Santa.

Para nós, foi uma entrada um pouco abrupta! Eu explico: acordámos de manhã com os saltos da Sara e do António sobre nós. Queriam entrar na nossa cama para um miminho. Acedemos e deixámo-nos ficar ainda mais um pouco, sem pressas, porque era bastante cedo (pensávamos nós...). Por fim, o Niall levantou-se para fazer as famosas panquecas, mas desistiu, porque não tinha farinha suficiente.

- Vou comprar pão. Vai levantando os meninos! - Disse-me, enquanto pegava nas chaves do carro para sair. Eu fui dar o pequeno-almoço à Sara e ao António, com muita calma, e deixei os outros dormir mais um pouco. Alguns minutos mais tarde, o Niall entrou em casa a gritar:

- Despachem-se! Teresa, larga tudo e vai para a igreja, que já devem estar à tua espera para a música! Corram!

- Calma, Niall, são oito e um quarto, temos tempo!

- Não são nada! A hora mudou, e já são nove e um quarto! Ouvi no rádio!

É o que faz não ver televisão! A missa de Domingo de Ramos começa às nove e meia com a bênção dos ramos...

Poupo-vos os pormenores dos dez minutos seguintes, com crianças a saltar das camas, estremunhadas, meninas a sair de casa sem se pentearem (só dei conta a meio da missa...), meninos a comer o pão pelo caminho.

- Ai o meu ramo! Não me posso esquecer do meu ramo!

- E eu queria levar um vestido!

- Não há tempo de escolher vestidos. Depressa, todos para o carro!

- Quero fazer chichi!

- E eu! E eu!

- Sim, Sara, e tu. Carro!

Às nove e meia em ponto, estávamos em frente da pequena igreja paroquial, onde se daria início à belíssima festa dos ramos. O David, todo orgulhoso, segurava a caldeirinha da água benta, ao lado do senhor padre. Respirei fundo, e procurei no meu coração a tranquilidade necessária para o que se iria seguir, pois apesar da minha confusão horária,

 

"Chegou a hora de se revelar a glória do Filho do Homem."

(Jo 12, 23)

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Conseguem identificar o meu pequeno acólito?

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 Ao som de cânticos e ao ritmo da oração, fizemos uma pequena procissão entre a igreja paroquial e o santuário. Por fim, e com grande alegria, entrámos no santuário, proclamando a realeza de Jesus, como já o profeta Zacarias profetizara tantos séculos antes:

 

"Exulta de alegria, filha de Sião!

Solta brados de júbilo, filha de Jerusalém!

Eis que o teu rei vem a ti;

Ele é justo e vitorioso;

vem, montado num jumentinho, filho de uma jumenta!"

(Zc 9, 9)

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 Dentro da igreja, de ramos levantados em aclamação, cantámos e tornámos a cantar: "Deus é Rei!"

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 Obedecendo às palavras de Jesus, que gostava das crianças à sua volta e não admitia que as afastassem, na nossa paróquia os mais pequeninos sentem-se em casa e vão passeando pelos bancos e pelas coxias laterais, felizes. No domingo estavam especialmente contentes, de ramos na mão!

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 Pouco a pouco, a alegria dos ramos vai cedendo lugar ao mistério da Paixão, tal como aconteceu naquela primeira semana santa da História. A longa proclamação do Evangelho, relatando passo a passo a entrega de Jesus por nós, cai pesada no nosso coração silencioso. A solenidade destes dias instala-se, e toda a liturgia se adensa. Somos convidados a estar lá, em Jerusalém, no Templo escutando Jesus, no Jardim das Oliveiras fazendo-Lhe companhia, no Caminho da Cruz ao lado de Maria, Verónica e João, diante da sua imensa Cruz, a seu lado na nossa talvez, como o Bom Ladrão.

Jesus morreu por nós, e graças à liturgia, nós podemos estar junto d'Ele, sem barreiras de tempo e de espaço, no preciso momento em que Jesus nos dá a sua Vida. Na missa, todos os dias, mas com maior solenidade nestes dias santos, a Páscoa acontece aqui e agora. Nunca poderemos agradecer suficientemente ao Senhor a graça da Eucaristia!

Feliz Semana Santa para todos vós, queridos leitores! E se ainda não se deram conta de que "a hora chegou" e a Semana Santa está aqui, façam como nós: "saltem da cama" e apressem-se a correr ao encontro do Senhor...

 

 

 

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