Saltar para: Post [1], Pesquisa e Arquivos [2]
Somos uma família católica, abençoada com seis filhos na Terra e um no Céu. Procuramos viver a fé com simplicidade e generosidade. Queremos partilhar com outras famílias a alegria de sermos Igreja Doméstica na grande família da Igreja Católica.
Um dos objectos mais cobiçados cá em casa é a lanterna que o Niall tem guardada na mesa-de-cabeceira, para utilizar quando, durante a noite, alguma criança acorda. Com três filhos em cada quarto, não podemos acender as luzes de cada vez que temos de encontrar, a meio da noite, uma chupeta perdida ou levar alguém a fazer chichi, e daí a lanterna bem guardada na mesa-de-cabeceira. Bem guardada não é a palavra exacta, pois a maior parte das vezes, a lanterna anda desaparecida, para finalmente ser encontrada no meio dos brinquedos dos mais novos.
Assim, quando pensámos nos presentes de Natal, a lanterna estava no topo da lista. Nos sapatinhos do António, do David e da Lúcia, ao lado da bola e dos carrinhos da HotWheels, ao lado das fraldas e da chupeta do Nenuco, estava uma pequena lanterna.
Durante todo o dia de Natal, o António brincou com a sua lanterna. E tanto brincou, que a perdeu. A torrente de lágrimas dos seus olhos e o som terrível dos seus gritos obrigou toda a família a correr a casa inteira à procura da famosa lanterna. Mas foi preciso o David chutar a sua bola de futebol nova para cima do armário do quarto (a chuva lá fora faz com que se jogue futebol cá dentro...) para a lanterna aparecer. Como é que a lanterna foi parar em cima do armário do quarto, não me perguntem, nem perguntem ao António, porque segundo consta, ele também não sabe!
No dia seguinte, o António continuou a brincar com a sua lanterna. Mas quando chegou a hora de dormir, nova torrente de lágrimas: desta vez, a lanterna estava partida! Um dia de brincadeira, e já não dá luz! Seria das pilhas? Não: o António tinha muita curiosidade em conhecer os mecanismos ocultos da lanterna, e decidira desmontá-la...
- Agora arranja, papá! - Pediu ele, ou melhor, ordenou, estendendo os pedaços de lanterna ao Niall. E o Niall, desejoso de estancar as lágrimas e os berros, lá juntou todas as peças o melhor que pôde.
Parece que agora a lanterna funciona só quando lhe dá na "cabeça". Quanto tempo durará?
Às voltas com a lanterna do António, fiquei a pensar nos presentes que Deus nos dá. Quantos dons Ele coloca nas nossas mãos! Alguns chegam de surpresa, outros são ardentemente desejados, como o António desejou a lanterna.
Todos os dias, Deus presenteia-nos com 24 horas novinhas em folha, novos relacionamentos, oportunidades no trabalho, ocasiões para amarmos e crescermos em família, talentos pessoais para O servirmos nos irmãos, e até dificuldades e problemas para nos tornarmos mais fortes e mais corajosos. E que fazemos nós com tanto dom?
Desperdiçamos o tempo, estragamos as relações, descuidamos o casamento, resmungamos dos problemas, atiramos com os nossos talentos para cima de um armário poeirento...
Como o António com a sua lanterna, tratamos os presentes de Deus com muito pouco cuidado. Às vezes perdemo-los, outras vezes escondemo-los, outras ainda, quebramo-los em pedaços.
E depois?
Depois, pegamos nos cacos e vamos ter com Deus, para que Ele os conserte...