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O tesouro e a pérola

por Teresa Power, em 31.07.14

Um diálogo recorrente em torno do tema "família", com que sou brindada de tempos a tempos, diz assim:

- Quantos filhos tens?

- Seis.

- Seis??? Enfim... Eu tenho dois, mas por opção: os meus filhos têm tudo, não lhes falta nada.

- Pois, compreendo... Aos meus, falta muita coisa! Só não lhes falta alegria, graças a Deus!

 

Seis filhos não podem ter quartos individuais, brinquedos intactos, computadores privados, roupas de marca, campos de férias no estrangeiro. Seis filhos não podem comer bife todos os dias nem ir ao restaurante com frequência. Com seis filhos, a roupa, os sapatos e os brinquedos são herdados dos irmãos. Falta muita coisa, sim! A eles e a nós...

Mas esta semana, o Evangelho de domingo dizia-nos que não podemos "comprar" o Reino de Deus se antes não "vendermos" tudo o que temos; e que precisamos de renunciar ao "tudo" do mundo para termos o "Tudo" de Deus:

 

"O Reino dos Céus é semelhante a um tesouro escondido num campo. Quem o encontra esconde-o de novo e, cheio de alegria, vai vender tudo o que tem e compra o campo.

O Reino dos Céus é também semelhante a um comerciante à procura de boas pérolas. Achando uma preciosa, vende tudo o que tem e compra-a." (Mt 13, 44-46)

 

Nem todos somos chamados a ter famílias numerosas; como também, ser família numerosa não é sinónimo de cumprir o Evangelho, naturalmente! Mas quer tenhamos poucos, quer tenhamos muitos filhos, esforcemo-nos para que lhes falte, sim, alguma coisa, a fim de aprenderem a desejar o que não lhes pode mesmo faltar! Porque todos somos convidados a "vender" tudo o que temos para "comprar" o Reino de Deus. Neste evangelho, como na vida, à renúncia segue-se a alegria...

                                  (À procura de pérolas...)

 

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publicado às 06:30

Meia hora

por Teresa Power, em 26.06.14

Escrito pela Clarinha:

 

"Há alturas do dia em que me sinto cansada. Nessas alturas é perigoso estar ao pé de mim! Quando os manos me pedem para brincar, não faço um esforço para que eles se divirtam. E ficamos todos tristes.

Mas noutras alturas estou completamente ao contrário. Foi o que aconteceu ontem: a minha mãe pediu-me a mim e ao Francisco para tomarmos conta dos manos enquanto ela trabalhava no computador. Cada um tomava conta durante meia hora. Decidimos que primeiro seria eu. Comecei a fazer jogos com eles, corríamos, riamo-nos, deitavamo-nos no sofá durante dez segundos a descansar e começávamos a correria de novo. Foi uma meia hora bem divertida. No final, todos molhados nas costas, fomos beber um copo de água. Finalmente tinha acabado a minha meia hora, mas os manos suplicaram-me que não parássemos de brincar.

Quando nos oferecemos aos outros e os ajudamos a estar felizes, sentimos cá dentro um pequeno lume aceso e nós próprios nos sentimos felizes! É como se tivéssemos estado a fazer algo para nos agradar a nós próprios!"

 

 Apetece-me concluir este texto da Clarinha com uma citação de S. Paulo:

 

"Recordai-vos das palavras que o próprio Senhor Jesus disse: «A felicidade está mais em dar do que em receber»" (Act 20, 35)...

 

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publicado às 07:33

A cruz e as rosas

por Teresa Power, em 27.05.14

No fim do retiro, a Olívia tinha um presente para nós: uma dezena do rosário lindíssima, adquirida junto de uma amiga, a Isabel Figueiredo. O que me surpreendeu nesta dezena, mais ainda do que a beleza de cada conta e da forma como estão ligadas, foi o crucifixo. Ora vejam com atenção:

 

Sim, é uma roseira! A Olívia recordava-se do post sobre a poda das roseiras, que escrevi na quaresma passada, e da reacção dos meninos aos espinhos das rosas. E assim, pediu à sua amiga que rematasse a linda dezena com um crucifixo em forma de roseira. Domingo à noite, antes a procissão de Nossa Senhora Auxiliadora, o senhor padre abençoou esta dezena, e foi com ela entre os dedos que rezei.

Para colhermos as rosas que nesta altura do ano iluminam o nosso jardim, precisamos de não ter medo dos espinhos. Às vezes, eles ferem-nos os dedos e deixam que uma gota de sangue caia na terra. Mas que importa isso diante da beleza de cada rosa? Com um encolher de ombros, limpamos o sangue e concentramo-nos no perfume. No jardim, onde crescem ao sol, ou no Canto de Oração, onde alegram o pequeno altar de Maria, tudo nas rosas nos fala de alegria, de cor e de luz. Quem se lembra dos espinhos então?

 

Na sua primeira homilia papal, a 14 de março de 2013, o Papa Francisco recordou-nos:

 

"Quando professamos um Cristo sem cruz não somos discípulos do Senhor"

 

Na verdade, a cruz onde Jesus nos amou até ao fim tornou-se para nós em Árvore da Vida, e é esse o mistério pascal, que celebramos de forma mais intensa nestes dias. Temos problemas financeiros, profissionais, e até familiares? Custa-nos a rotina diária, o cuidar da família, o cuidar dos outros? Estamos doentes? O teste correu mal? O Pantufa fez um arranhão? O amigo magoou-nos? Dói a cabeça? A mãe ralhou sem razão, e o professor também? O filho fez-nos perder a paciência? Choveu durante todo o piquenique? Que alegria, podermos partilhar alguns dos espinhos que coroaram o nosso Rei! Pois se a sua coroa floriu, a nossa também florirá. Se partilharmos o seu trono (já sabem cantar aquele pequeno refrão sobre a realeza de Jesus?), com Ele reinaremos também. Disse Jesus - e neste tempo pascal já escutámos estas palavras na Eucaristia:

 

"Eu sou o Caminho, a Verdade e a Vida. Ninguém vai ao Pai a não ser por Mim." (Jo 14, 6)

 

Parece-me importantíssimo ensinarmos os nossos filhos - e vivê-lo nós também - este grande mistério: tudo, tudo, tudo pode ser, na nossa vida, fonte de alegria, desde que realizado com amor e por amor, em íntima união com o Amor, que por nós deu a vida numa cruz. É este o segredo da felicidade cristã, a razão profunda que faz com que os cristãos estejam sempre alegres!

 

No meu jardim, e no meio de muitos espinhos, as roseiras estão em flor...

 

É agora que se inspiram para fazer as vossas dezenas ou os vossos terços caseiros?...

 

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publicado às 08:43

Mães abençoadas

por Teresa Power, em 05.05.14

O David e a Lúcia foram passar parte da tarde de sábado a casa de uns amigos. É uma casa grande, situada numa magnífica quinta, cheia de terra, areia, árvores, casebres abandonados, torres habitadas por morcegos vampiros (pelo menos eles juram que sim), hortas, silvas, uma eira, e até uma capela em ruínas (já em fase de restauração), onde o David praticou alguns gestos de futuro padre (foi o que ele explicou), como abrir os braços com muita força. A casa é realmente grande, mas o seu tamanho é justificado: lá dentro vivem nove crianças! Quando os fui buscar, levei o António e a Sara, e por lá andaram todos a brincar juntos, enquanto nós, as mães, punhamos a conversa em dia, passeando atrás deles. Ao colo, a minha amiga levava a filha mais nova, uma bebé linda, com trissomia 21.

- Esta bebé é uma verdadeira bênção na nossa vida - dizia-me.

- E uma bênção para os amigos, que têm a oportunidade de conviver com uma criança diferente e de aprender a amá-la - Acrescentei.

Continuámos a caminhar. De vez em quando, a Sara queria colo. Os outros corriam ao longe, gritando de alegria. A minha amiga ainda tinha outra coisa a dizer:

- O que nós desejamos acima de tudo é que os nossos filhos alcancem o céu. E eu sei que esta linda bebé tem o céu assegurado. Isso enche-me de verdadeira alegria! Tomara poder dizer o mesmo para os outros oito! Além disso, desde que esta bebé nasceu deixei de pensar: "Daqui a uns anos acaba-se o trabalho com as crianças e posso ficar descansada no sofá a ver televisão!" O meu horizonte mudou, sei que provavelmente esse dia nunca chegará. E isso também é uma bênção de Deus! É que ficar sentada no sofá não traz santidade!

 

Encontrar verdadeira alegria na dor é privilégio (não exclusivo!) dos cristãos. A partir da cruz de Jesus, tudo faz sentido. O sofrimento deixou de ser o fim, para ser o início. A morte tornou-se porta da vida; a dor, porta da alegria.

Conheço muitas outras famílias com filhos diferentes, e sei que há quem leia este blogue sentado numa cadeira de rodas. Como eu gostaria de lhes anunciar esta felicidade que Jesus nos traz!

 

"Na verdade, Ele tomou sobre Si as nossas doenças, carregou as nossas dores. Pelas suas chagas fomos curados!" (Is 53, 4-5)

 

 

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publicado às 07:37

A esperança

por Teresa Power, em 23.04.14

- Não quero ir à escola - Dizia-me ontem o António, ao acordar - Quero que sejam férias para sempre!

- Bem sabes que tens de ir, António. As férias já acabaram!

- Mas eu quero ficar em casa. Ou então quero ir à missa. Ou férias, ou domingo. Escola não!

- Pois é mesmo escola hoje, António. Vá lá, mostra que és grande!

 Por fim, o António tomou consciência de que tinha mesmo de ser: as férias estavam terminadas! Com algum esforço para conter as lágrimas, lá ficou, muito direito, muito homenzinho. Antes de me vir embora, dei-lhe mais um beijinho e mais um abraço. Saltando-me para o pescoço, o António disse:

- Não faz mal que te vás embora. Eu sei que depois do lanche tu vens logo logo!

- Pois é, António. Venho sempre depois do lanche.

- Eu sei - disse ele - Depois do lanche olho um bocadinho para a porta, e de repente tu estás lá! E nunca, nunca faltas, pois não?

- Não, nunca falto.

- O dia é rápido, não é? Tu estás lá à minha espera depois do lanche!

Assegurei-o outra vez do meu rápido regresso. Ele sorriu, disse-me adeus com a mão rechonchuda e lá foi a correr, brincar com os amigos.

 

A conversa entre Jesus Ressuscitado e os discípulos foi mais ou menos assim também!

"Não me detenhas" (Jo 20, 17), disse Jesus a Madalena, que a seus pés, insistia para que ficasse ali com ela. "Não me detenhas", tento eu dizer ao António. Jesus tinha de partir para que os discípulos crescessem (é mesmo, António...). Mas logo logo, Ele volta, e quando olharmos para a porta da eternidade, ali do outro lado da morte, Ele estará lá à nossa espera, como estará à espera da humanidade no fim dos tempos, "depois do lanche" que não sabemos bem quando será...

 

O António brincou o dia inteiro na escola, muito feliz. Quando o fui buscar, estava transpirado e corado, com um sorriso aberto, rodeado de amigos. Pendurando-se ao meu pescoço, gritou:

- Eu sabia que tu vinhas!

E foi essa certeza absoluta, essa confiança total no meu amor e no meu regresso, que permitiu ao António aprender, brincar, trabalhar, descansar e ser feliz durante todo o dia.

Como se distingue um cristão de um ateu? Pela maneira de "brincar"? Não: por esta atitude de confiança total e absoluta no amor de Deus, por esta certeza de que Ele está à nossa espera e não tardará em nos tomar nos braços e envolver de carinho. É a isto que chamamos de esperança cristã! E é esta esperança que nos enche de felicidade e nos faz sorrir no meio de todas as dificuldades que possamos encontrar pelo caminho.

Antes de morrer, Jesus deixou aos discípulos estas palavras ternas, tão semelhantes às que eu disse ontem de manhã ao António, ao deixá-lo no infantário:

 

"Também vós vos sentis agora tristes, mas Eu hei-de ver-vos de novo! Então o vosso coração há-de alegrar-se e ninguém vos poderá tirar a vossa alegria." (Jo 16, 22)

 

Sim, um cristão é, por natureza, um ser humano muito alegre!

 

 

 

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publicado às 09:38

Dia do Pai

por Teresa Power, em 19.03.14

Escrito pelo Niall...

 

Nos primeiros anos de casado, perguntavam-me por vezes o que provocava em mim mais saudades da Irlanda. Eu respondia invariavelmente: "the craic". Trata-se de uma expressão irlandesa (gaélica) que significa  "divertimento", sempre ligado a riso forte e gargalhada. Pois parecia-me que o sentido do humor dos portugueses nada tinha a ver com este sentido dos irlandeses e tinha saudades dele. Mas estava enganado.

 

Tenho 3 irmãs e 6 irmãos. Sou número 7 na lista, o que quer dizer que convivia maioritariamente com irmãos mais velhos - rapazes e raparigas cheios de bom humor e sempre predispostos ao "craic".

Os anos passaram. À medida que os meus filhos vão crescendo, vou reencontrando este meu sexto sentido, "the craic", no meio deles. Pois descobri que não é o sentido de humor dos irlandeses ou dos portugueses que está em causa afinal. É antes a partilha da vida no seio de uma família numerosa: são os comentários dos meus filhos mais velhos, que me conhecem bem e sabem troçar-me com ironia e sátira para me fazer rir de forma irresistível; ou são as brincadeiras dos mais pequenos que me surpreendem e dou comigo a rir à gargalhada. É o "craic" de volta na minha vida a matar as saudades de outros tempos.


O riso é um dom de Deus. Adoro rir. E sei que Deus também tem um bom sentido de humor. Aliás, a Antiga Aliança começou com uma gargalhada - a gargalhada de Sara, ao saber que ia ter um filho na sua velhice:

 

"O Senhor disse: «Voltarei a ti no ano que vem e Sara, a tua mulher, já terá um filho.» Sara ouvia da entrada da tenda que estava detrás daquele que falava. Abraão e Sara já eram velhos, e para ela já havia cessado o período regular das mulheres. Por isso, Sara pôs-se a rir.

Sara concebeu e deu a Abraão um filho na velhice, no prazo fixado por Deus. E Abraão deu o nome de Isaac (que significa "riso") ao seu filho. E Sara disse: «Deus fez-me rir, e todos os que o souberem vão rir-se comigo.»" (Gen 18, 10-12. 21, 3-5)

 

E a Nova Aliança começou com a saudação do anjo Gabriel, pedindo a Maria que se risse também, pois ia conceber na sua virgindade:

 

"Alegra-te, ó Cheia de Graça!" (Lc 1, 28)

 

Educar uma família numerosa dá muito trabalho e tem momentos muito difíceis. Mas no fim do dia, só nos lembramos das coisas boas. Na minha vida, tal como na Bíblia, os filhos são fontes de riso. Quando olho para estes quinze anos de paternidade, recordo sobretudo gargalhadas!

 

 

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publicado às 08:41

Simplicidade

por Teresa Power, em 28.02.14

Alegria.

Porque a gripe aliviou o suficiente para se poder ir ao carnaval da escolinha, mesmo se apenas durante a manhã.

Porque a madrinha da Lúcia pegou em três sacos do lixo, em papéis velhos, em agulhas e linhas, e confeccionou três fatinhos de Carnaval.

Porque não é preciso ir aos "hipers" e aos "shoppings" para se encontrar um fatinho de carnaval.

Porque não é preciso gastar dinheiro para nos divertirmos.

Porque não são precisos locais diferentes, actividades excitantes, objectos especiais, viagens caras, roupas modernas, para darmos uma boa gargalhada.

Porque são as pequenas coisas que nos fazem felizes.

Porque a simplicidade é um dos nomes da felicidade.

 

 

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publicado às 09:27

Jesus está passando por aqui

por Teresa Power, em 27.02.14

Quando ontem escrevi sobre a necessidade de espalharmos pelo mundo a "doença contagiosa" do Evangelho, disseminando os "vírus" da alegria, do amor, da paz, da generosidade, lembrei-me imediatamente de uma canção muito cantada e dançada cá em casa:

 

Jesus está passando por aqui (2x)

Quando Ele passa, tudo se renova,

A tristeza vai, a alegria vem!

Quando Ele passa, tudo se renova,

A alegria vem para mim e para ti também!

 

À noite juntei a família, coloquei a máquina fotográfica numa mesinha, a filmar, e aqui fica o resultado, para que aí em casa se possa também cantar! Quem sabe o "vírus" não começa a "atacar" com mais força neste nosso mundo?

 

 

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publicado às 09:00



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