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Somos uma família católica, abençoada com seis filhos na Terra e um no Céu. Procuramos viver a fé com simplicidade e generosidade. Queremos partilhar com outras famílias a alegria de sermos Igreja Doméstica na grande família da Igreja Católica.
O Livro de Isaías é um dos mais belos livros da literatura universal. No Advento, a liturgia diária recolhe muitas passagens deste livro cheio de esperança e alegria. Hoje lemos uma delas:
"Quem criou as estrelas? Aquele que as conta e as faz marchar como um exército e as chama a todas pelos seus nomes. Tal é a sua força e tão grande é o seu poder, que nenhuma falta à chamada." (Is 40, 26)
O David interrompeu a leitura:
- Ena pá! Isso é bué de fixe! Deus conhece as estrelas todas todas?
- Sim, todas. E são mais que milhões!
- E sabe o seu nome? E faz a chamada todos os dias?
- Imagina tu, faz a chamada todos os dias e elas respondem! Pois se foi Ele quem as criou!
O Francisco chegou a casa com o pai nessa altura. Vinham do hospital, onde tinham ido para o Francisco tirar a tala do dedo da mão direita, que traz há um mês. Partiu um dedo a jogar volley, imagine-se, ele que salta a cavalo e anda de bicicleta na estrada nacional... Vinha desanimado: o ortopedista que o viu decretou mais quinze dias com tala! As férias a começar, e o Francisco sem poder praticar os desportos que adora, sem poder escrever, sem poder fazer magia (terá de cancelar dois espectáculos!) Claro que há coisas muito piores. Ele sabe-o bem, pois perdeu um irmão bebé quando tinha seis anos. E por isso, o Francisco nunca se queixou, desde o primeiro momento. Com o seu costumeiro bom humor, nunca levou muito a sério o seu incómodo. Mas hoje está desanimado. Tantos planos para férias!
Talvez seja preciso sentar-se por uns momentos diante do presépio e ler sozinho as leituras de hoje. E que diz o Senhor nos versículos seguintes do Livro de Isaías?
"Até os adolescentes se cansam e se fadigam e os jovens tropeçam e vacilam. Mas aqueles que confiam no Senhor renovam as suas forças. Têm asas como a águia, correm sem se cansar, marcham sem desfalecer." (Is 40, 30-31)
O Francisco recuperou o seu sorriso:
- Isto é para mim!
- Claro que sim. Hoje és um adolescente cansado... Mas também uma estrela de Deus... E tens de responder à chamada!
É preciso aprender a entregar ao Senhor todos os nossos problemas, os pequenos e os grandes. E de repente, nos braços de Deus descobrimos que temos asas e podemos voar...
A cada dia, o nosso Canto de Oração ganha novas estrelas. Para as lançarem no céu do presépio, os meninos têm de fazer "something beautiful for God" (algo de belo para Deus), como a Madre Teresa nos ensinou a dizer. E eles sabem tirar proveito da situação:
- Não me tires o lego, porque ficas sem estrela!
- Mãe, o António bateu-me, fica sem estrela!
Mas também:
- Mãe, dei o meu desenho à Sara para ela riscar. Posso pôr uma estrela hoje à noite?
Claro que as estrelas ajudam a combater as desgraças familiares cá por casa. Por estes dias, é mais fácil conseguir um abraço entre dois irmãos zangados, fazer o Francisco ajudar a Clarinha com a Matemática ou secar as lágrimas da Lúcia por tudo e por nada. Basta lembrar: "Queres oferecer uma estrelinha a Jesus logo à noite?" Pouco a pouco, as crianças vão percebendo que as estrelas não são algo que se merece ("Hoje portei-me bem!") mas algo que se oferece. São o nosso presente para Jesus que vem.
Os mais velhos já sabem fazer a sua boa acção sem a divulgar. Mas uma mãe consegue adivinhar intenções secretas, quando vê a filha mais velha especialmente solícita durante a refeição, levantando-se para meter os pratos na máquina ou cortando a carne ao irmão sem precisar de ser lembrada. Ou o filho mais velho recusar uma bolacha de chocolate. E é bom ter alguém a servir-nos uma chávena de chá ao serão, quando nos sentamos pela primeira vez no sofá.
Outro dia zanguei-me excessivamente com o António. Depois, como costume nessas ocasiões, pedi-lhe perdão e abracei-o. Ele respondeu com naturalidade:
- Está bem, mamã, hoje já podes pôr uma estrelinha a Jesus.
Fiquei a pensar. Não adianta pedir-lhes o que não fazemos. E o Advento é também a minha oportunidade de me tornar melhor. Ao longo do dia, preciso com urgência encontrar ocasiões para também eu oferecer algo belo ao Senhor. Daqui a pouco é Natal, e eu também preciso de ter o meu céu cheio de estrelas.
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