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A sede e a fonte

por Teresa Power, em 05.08.15

A nossa casa de férias ficava elevada num socalco. E no socalco imediatamente abaixo, havia este magnífico tanque:

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A água jorrava, pura, abundante, fresca, sem cessar. Desde muito pequena que adoro tanques, e lembro-me de me meter dentro deles para brincar, na quinta dos meus avós, ou de ver as lavadeiras a esfregar a roupa, na aldeia. Não imaginam a alegria que me invadiu quando vi este tanque! A máquina de lavar a roupa que havia na casa alugada deixou de me interessar, e várias vezes por dia desci os degraus perfumados de hortelã-pimenta para me dedicar a esta belíssima atividade, rodeada, claro, de crianças curiosas:

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Ainda mais vezes ao dia, porém, havia uma outra atividade que nos encantava a todos:
- Quem vai encher a jarra?
- Eu!
- Eu!
- Eu!
Até a Sara queria ir, se nós, claro, a deixássemos! Descalços na terra, os meninos desciam os socalcos e traziam cuidadosamente a jarra cheia, que colocavam sobre a mesa. A água da fonte sabia-nos infinitamente melhor, apesar da água canalizada ser também muito boa.

- David, importas-te de encher a taça dos cães? - Pediu um dia o Niall, distraído a fazer o jantar. Uns  bons cinco minutos mais tarde, o David apareceu no terraço, rabugento:

- Estou todo molhado! A taça está sempre a entornar!

Olhámos para ele, espantados: o David tinha ido à fonte com a taça dos cães, e trazia-a encostada à barriga, cheia de água.

- David, os cães bebem a água da torneira, como aliás também nós bebemos em casa! - Explicou-lhe o pai - Não era preciso ir à fonte!

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 Na nossa vida moderna, raramente sentimos sede, sede a sério. Aos primeiros sinais, dirigimo-nos à cozinha, abrimos a torneira, enchemos um copo e bebemos. Mas em algumas partes do mundo não é assim... Ainda há quem não tenha água canalizada, e milhares de crianças, da África à Índia, têm de fazer diariamente vários quilómetros para ir buscar a água de que a sua família necessita. Será que sabemos o que significa a palavra "sede"?

Cada vez que descia os degraus de terra com uma jarra na mão, cada vez que bebia até à saciedade daquela água cristalina e fresca, cada vez que subia os degraus com cuidado, para não perder uma única gota, eu lembrava-me das palavras do salmista:

 

"Ó Deus, Tu és o meu Deus, anseio por Ti!

A minha alma tem sede de Ti,

todo o meu ser anela por Ti,

como terra árida, ressequida, sem água."

(Sl 63/62)

 

Terei eu verdadeira sede de Deus? Estarei eu consciente de que tenho sede? Serei eu capaz de deixar o conforto da minha casa e da minha vida para fazer a caminhada necessária até à Fonte? E quando encontro a Água, lembro-me de a trazer com cuidado comigo, para com ela saciar os que vivem na minha casa, e que também têm sede?...

A Fonte está tão próxima, jorrando abundante, fresca, cristalina em cada igreja paroquial, a alguns metros das nossas casas... E quantos morrem de sede sem nunca a encontrar!...

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publicado às 06:20

S. José - Da casinha de Nazaré à casinha da montanha

por Teresa Power, em 04.08.15

Marcámos as nossas férias muito tarde, quando já quase tudo estava reservado. Como sempre, queríamos ir para a montanha – visto termos a praia tão perto durante todo o verão – e pensámos na Serra da Estrela, onde já passámos algumas das melhores férias da nossa vida. Mas os lugares que conhecíamos e que o nosso orçamento familiar permitia já estavam reservados. Então, o Niall e eu fizemos o que costumamos fazer nestas ocasiões: confiámos as nossas férias a S. José. A nossa oração foi mais ou menos assim:


- S. José, na tua vida terrena, tu tiveste uma bela missão: entre muitas outras coisas, coube-te encontrar uma casinha para Jesus nascer, organizar a fuga para o Egito, procurar certamente muitas outras casinhas para viver em terra estrangeira, encontrar o caminho de regresso a Nazaré e, de novo, uma casinha para Maria e para Jesus. Tu sabes que nós precisamos de umas pequenas férias, e sabes também que amamos muito a tua Maria e o teu Jesus… Assim, pedimos-te o grande favor de nos encontrares uma casinha de férias na montanha. O lugar fica à tua escolha! Aceitaremos o que nos ofereceres. Obrigado!


Na verdade, a Escritura guarda uma palavra profética sobre a missão de S. José:

 

“Não entrarei na minha tenda

nem me deitarei no meu leito de descanso,

não deixarei dormir os meus olhos

nem descansar as minhas pálpebras,

enquanto não encontrar uma casa para o meu Senhor.”

(Sl 132/131)

 

Nessa mesma noite, o Niall regressou à pesquisa no Google. E nessa mesma noite, encontrou o que não encontrara durante toda a semana anterior: uma casa na montanha, dentro do nosso orçamento, disponível na semana que pretendíamos! Percebi que se tratava da casa que S. José escolhera para nós. Quando fiz o telefonema para reservar e a voz do outro lado não levantou qualquer obstáculo ao facto de termos seis crianças e dois cães, tive a certeza.
A nossa casinha de férias ficava situada numa aldeia minúscula, com esta vista:

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A nossa rua chamava-se assim:

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A palavra “Mestre” não vos lembra nada? A casa de S. José, na Galileia, foi certamente a casa do único e verdadeiro Mestre…


- Vi que há uma bela igreja nesta aldeia – Comentei eu com a senhora que nos abriu a porta – Será que há missa aqui ao domingo?
- Ao domingo e três vezes por semana! – Respondeu-me a senhora, cheia de alegria – Sempre que há missa, eu vou. Olhe, amanhã é às nove horas da manhã!
Sorri para comigo. Claro, tendo a casa sido arranjada por S. José, não podia faltar a Eucaristia diária!
No dia seguinte, às nove da manhã, lá estávamos nós na igreja, para a Eucaristia. A igreja era lindíssima, cheia de luz, de cor e de vida, com mais fiéis reunidos em oração, em dia de semana, do que muitas igrejas da cidade:

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 O António gostou particularmente desta imagem…

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 E eu gostei desta, claro!

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S. José, Castíssimo Esposo de Maria e Pai de Jesus, rogai por nós! Ámen.

 

 

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publicado às 06:07

Neblinas de verão

por Teresa Power, em 26.06.15

Sair de casa às nove da manhã, entrar no carro e fazer trinta quilómetros com o limpa-parabrisas a funcionar...

- Isto é chuva, mãe?

- Não, filha, não é. São só gotas de orvalho!

Seria uma pena não aproveitar a única manhã livre de todos, sem exames do Francisco ou trabalho na escola da mãe - exceção feita para o pai, que só terá férias em agosto.

O nosso destino é o paredão dos pescadores, na Praia da Barra, onde a ria se encontra com o mar e os navios entram para o porto... A neblina é húmida e fresca, mas ninguém se importa: de patins nos pés ou com os pés no chão a dar balanço na bicicleta sem pedais, a alegria é completa.

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 Depois de uma hora a patinar, o lanche sabe mesmo bem!

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O mar estende-se, imenso, diante de nós...

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 - Mãe, estamos cheios de calor! Podemos ir tomar banho ao mar?

- Vá lá!

- Vá lá!

Há duas grandes vantagens em ir à praia com mau tempo: temos muito espaço para brincar, e não gastamos tempo e dinheiro em... protetor solar!

- OK, então vão lá dar um mergulho!

E assim acontece... E não, não encontrei cubinhos de gelo a boiar na água, embora tenha procurado :)

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Não será esta também uma forma de pobreza evangélica? Aproveitar as circunstâncias da nossa vida, sejam elas quais forem, para saborear o amor de Deus? Só um coração verdadeiramente pobre é um coração grato, porque reconhece que nada lhe é devido e a nada tem direito... Embora o tempo atmosférico seja das circunstâncias mais fáceis de aceitar - quando comparado a uma doença, ao desemprego, a um divórcio, a uma traição - é capaz de gerar tanto descontentamento no nosso povo!

 

"Aleluia!

Como é bom cantar ao nosso Deus!

O Senhor cobre os céus de nuvens,

prepara a chuva para a terra,

faz brotar a erva sobre os montes...

Ele faz cair a neve como lã,

espalha a geada como cinza,

lança granizo aos punhados.

Aleluia!" (Sl 147)

 

 

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publicado às 06:10

Vinde a Mim

por Teresa Power, em 20.06.15

A pedido de algumas famílias, aqui fica a letra de um dos meus cânticos. Como todos os cânticos que escrevo, a letra é muito pouco original: podem encontrá-la quase palavra por palavra na Bíblia!

Este cântico em particular, escrevi-o há dois ou três verões passados, no cimo da serra do Caramulo, enquanto as crianças brincavam na água. Quando o canto, a Clarinha sente saudades do verão e dos nossos longos passeios em família, de tal maneira o cântico evoca nela a memória da água, do campo, da tranquilidade do Caramulo... Realmente, naquele dia ela passou o tempo a mergulhar, e eu passei o tempo de guitarra na mão, a cantar!

 

VINDE A MIM

Mi                                                        Lá
Vinde a Mim, vós todos que andais oprimidos
Si 7                 Mi
E Eu vos aliviarei! (Mt 11, 28)
Sobre o Meu peito reclinai vossas cabeças (Jo 13, 25)
E a paz encontrareis!


Mi                                            Lá
1 – O mundo está sempre em mudança
            Si7               Mi
Como a areia sob a maré.
                  Dó#m     Fá#m
Mas em Ti pus a confiança
            Si7                     Mi
Na Tua Palavra eu tenho fé.
                               Lá
Sobre esta Rocha vou construir
           Si7             Mi
Serei feliz se Te seguir! (Lc 6, 47-49)


2 – Tu que alimentas os passarinhos
E os lírios vestes com tanto amor
De mimTe ocupas com carinho
Nada me falta, oh meu Senhor!
Teu Reino em primeiro lugar
E tudo o mais Tu me irás dar! (Mt 6, 25-34)

 

3 – Há ondas fortes em alto mar
Meu barco querem engolir.
Tu prometeste comigo estar
Mas não Te sinto... vais a dormir!
Ensina-me a confiar
E a tempestade vem acalmar! (Mt 8, 23-27)

 

4 – Estreita é a porta, duro o caminho
Que à vida eterna nos conduz. (Mt 7, 13-14)
De fora deixo tudo o que tenho
E sigo atrás da Tua cruz.
Se por amor a vida der
De Ti a hei-de receber! (Mt 10, 38-39)

 

A música, encontram-na na nossa entrevista familiar à rádio Terranova :)

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                (Caramulo, verão de 2013)

 

 

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publicado às 06:15

Os gatinhos e a paternidade de Deus

por Teresa Power, em 28.05.15

Os nossos gatinhos têm sido uma fonte de animação cá em casa. Lembram-se de como deixámos a Tiger e os seus quatro filhotes fechados na garagem, para que ela se ajeitasse com eles durante a noite e encontrasse um ninho fofo para os criar? Pois bem, no dia seguinte, logo de madrugada, descalços e em pijama, corremos para a garagem. Estávamos desejosos de ver como os gatinhos tinham passado a noite.

Qual não foi a nossa desilusão quando, ao entrar na garagem, não encontrámos sinais dos gatinhos! Que se teria passado? Procurámos debaixo da mesa, dentro da máquina da roupa, sobre as estantes de sapatos e ferramentas, até que a porta entreaberta de um roupeiro chamou a atenção:

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 Naquele armário só temos roupa fora de uso, à espera que sirva a alguém. Cá em casa, reciclamos a roupa entre irmãos e entre família e amigos. Será que...? Decidimos espreitar:

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Que belo ninho a Tiger arranjou! Não teríamos escolhido melhor!

A Tiger saiu do ninho, e pudemos contemplar os seus filhotes:

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Ei-los!

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Temos dois branquinhos como o pai, um todo preto e um preto e branco. Não são lindos?

Ontem fiz este curto filme, para poderem também aí em casa, com os vossos filhos se for o caso, contemplar esta maravilha da natureza que é o instinto maternal em ação:

 

Quando contemplo a ternura de uma gata ou de qualquer outra mãe do reino animal; quando contemplo a ternura de uma mãe humana para com o bebé, não posso deixar de pensar no amor infinito de Deus...

Diz-nos o Génesis que fomos criados à imagem e semelhança de Deus. Portanto, se a natureza é capaz de gestos maternais desta intensidade, é poque antes de existirmos, já Deus era maternal. Jesus tratava-O por Pai, Pai que é também Mãe, e muito mais do que Mãe. S. Paulo diz-nos:

 

"Dobro o meu joelho diante do Pai, do qual procede toda a paternidade que há no céu e na terra." (Ef 3, 14-15)

 

Que a contemplação da natureza e a intensidade dos nossos próprios sentimentos nos desafie a acreditar no amor infinito que Deus tem por cada um de nós!

 

 

 

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publicado às 06:16

Uma praia, umas vasilhas de barro e um retiro

por Teresa Power, em 25.05.15

 

Escrito pelo Francisco:

 

No dia do retiro, eu e a Clarinha acordámos os dois com o mesmo pensamento: “Qual será a atividade que o meu pai preparou para os jovens do retiro?”. Ele arranja sempre cada uma! Nunca sabemos se vamos fazer um estandarte, uma ponte, um mosaico de arroz, uma torre de papel, um boneco de lego… e o mais surpreendente é que há sempre uma ligação entre estas atividades e a palavra de Deus. “O que será desta vez?”

Depois da missa, o Niall reuniu os jovens e, feitas as apresentações, dirigimo-nos para o mar, uma praia a 200 metros da casa do retiro. Realmente, com aquele espaço fantástico, aquele sol acolhedor, aquele bater das ondas nas rochas, a praia é o melhor sítio para fazer seja o que for! Portanto foi nas dunas, sob a sombra natural das árvores que nos rodeavam, que tivemos o nosso ensinamento da manhã, a partir do livro da minha mãe, Os Mistérios da Fé.

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O tema era… vasilhas!? Sim, começámos por meditar na passagem do Antigo Testamento que conta como uma viúva, vendo que lhe seriam tirados os filhos para se fazerem escravos se ela não pagasse uma certa quantia de dinheiro, foi ter com o profeta Eliseu a pedir ajuda. O profeta disse-lhe para pegar na única vasilha de azeite que ela tinha em casa e com ela encher todas as vasilhas que conseguisse encontrar. A mulher teve fé e assim fez. E o azeite multiplicou-se de modo a encher todas as vasilhas, que ela depois vendeu, podendo assim libertar os filhos. (2Rs 4, 1-7)

Tal como a maior parte das histórias do Antigo Testamento, esta história tem um paralelismo no Novo Testamento que nos é bem familiar: As Bodas de Caná! Foi à volta destas duas histórias, ambas envolvendo muita fé e vasilhas, que fizemos a nossa reflexão. Vimos que, tal como a viúva teve que dar o seu pouco e insignificante azeite e os criados nas Bodas de Caná tiveram que encher as talhas com a insignificante água, nós também temos que colocar os nossos dons, sofrimento, alegrias na nossa “vasilha” e oferece-la a Deus, para Deus os fazer render, valer muito mais. Por muito que façamos de bom, por muitos sacrifícios que façamos, se não oferecermos tudo a Deus, de nada nos vale. O importante é a união com Ele, que podemos viver todos os dias e lembrar na oração: "Nós, Jesus!"

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Para complementar toda esta reflexão, o meu pai sugeriu que construíssemos nós próprios as nossas vasilhas com barro (fiquei a perceber porque é que a mala que trouxemos estava tão pesada…). Acima eu disse que a praia é o melhor sítio para fazer seja o que for. Bem, eu estava errado, a praia é o pior sitio para fazer alguma coisa com barro! Foi um verdadeiro desafio, e muito divertido, fazer vasilhas de barro sem deixar a areia estragar tudo, sem deixar que a maré, que estava a subir, encharcasse os nossos sapatos…

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No final fizemos uma oração em silêncio, pedindo a Deus que fizesse as nossas “vasilhas” render.
Da parte da tarde continuámos as construções de barro e fomos passear pela praia, onde aproveitamos para rezar em voz alta, contra o vento…

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“Valeu a pena? Tudo vale a pena, se a alma não é pequena!” (Fernando Pessoa)

Sim, este dia valeu mesmo a pena, como todos os retiros. Muita reflexão, muita diversão, e voltamos para casa sempre mais alegres e com uma fé maior, com as nossas "vasilhas" a transbordar!

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publicado às 06:20

Uma bênção especial

por Teresa Power, em 18.05.15

O Retiro de Neiva foi magnífico, e para nós, o fim-de-semana foi verdadeiramente especial. Amanhã ou depois conto-vos tudo... Mas hoje quero falar-vos da nossa surpresa ao regressarmos a casa, domingo ao fim da tarde. Vínhamos cansados e felizes, e trazíamos o carro completamente atulhado de material, desde fatos de banho molhados (sim... ) a restos de piquenique. À nossa espera, como costume, estavam a Winnie e o Jack, que ladraram e saltaram de alegria até mais não poderem; estavam as galinhas, que cacarejaram excitadas ao escutarem as nossas vozes; e estavam os nossos gatinhos.

- Mãe, reparaste como a Tiger está magrinha? - Disse-me o David, abraçando a gatinha às riscas. - Acho que vocês se esqueceram de lhe deixar comida! Vou tratar dela.

O Niall e eu estávamos tão ocupados a descarregar os carros que não demos importância à observação do David. Mas de repente, o Niall deu um grito:

- Meninos! Venham todos!

Corremos atrás da sua voz, e quase esbarrámos uns com os outros à entrada do quarto da Clarinha. E foi então que... Bem, antes de estragar a surpresa, espreitem connosco:

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 Pois... Debaixo da cama da Sara, encontrámos isto:

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Não imaginam a excitação e a alegria cá em casa! Se a casa já estava de pernas para o ar, com a chegada das nossas mini-férias (leia-se Retiro Famílias de Caná), a surpresa que a Tiger nos fez tornou tudo muito mais interessante! 

É verdade que desconfiávamos da sua gravidez, pois o seu cio fora notório, e a barriguita estava bem crescida, mas não tínhamos a certeza de nada. Chegar a casa e descobrir quatro gatinhos amorosos foi verdadeiramente um presente do Senhor!

A Sara estava muito orgulhosa da predileção que a Tiger demonstrara pela sua caminha. Naturalmente que a Tiger teve os seus gatinhos no jardim, pois a nossa casa ficou bem fechada durante o fim-de-semana, mas bastou abrir as portas dos quartos, para deixar entrar o ar, e logo a Tiger transportou os seus filhotes para o quarto das meninas.

Depois do jantar, e porque a Sara queria ir dormir, foi preciso pegar nos gatinhos e levá-los com cuidado para um novo abrigo, que o Niall preparou na garagem. Será aí que, esperamos, eles vão crescer, certamente sob o olhar atento de muitas crianças! 

Quando pudermos, mostraremos fotos atualizadas destes nossos novos gatinhos. Não querem um aí para casa, quando estiverem desmamados?...

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Enquanto contemplava a ternura da mãe gata com os seus gatinhos, e a ternura dos meus filhos com tão bela surpresa, pensei nas palavras da Bíblia:

 

"Todas estas bênçãos estarão contigo, se ouvires a voz do Senhor, teu Deus. Serás abençoado na cidade e abençoado nos campos. Bendito o fruto das tuas entranhas, o fruto da tua terra, o fruto do teu gado, as crias dos teus bois e os filhotes das tuas ovelhas. Bendito o teu cabaz e a tua arca. Bendito serás quando entrares, e bendito quando saíres." (Deut 28, 2-6)

 

Nós entrámos e saímos, porque ouvimos a voz do Senhor, que nos enviou em missão a Castelo de Neiva, a Viana do Castelo e a Barcelos. E as suas bênçãos estão connosco numa abundância perfeitamente desmedida... até sob a forma de gatinhos pequeninos! Obrigado, Senhor!

 

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publicado às 06:20

Instantes de eternidade

por Teresa Power, em 11.05.15

 - Meninos, preparem-se, amanhã vamos à praia!

- Viva!

- Urra!

- Uau!

- Vamos!

- E se chover?

- Se chover vamos na mesma! Estamos sempre a adiar o primeiro dia de praia, ou porque está frio, ou porque está chuva, ou porque não temos tempo. Amanhã não há nada que nos impeça de ir à praia. Portanto, podem sonhar com o mar esta noite!

O sábado amanheceu nublado e fresco, mas a decisão estava tomada. Levámos os cães connosco, calculando que a praia estaria suficientemente deserta para lhes permitir brincar sem incomodar ninguém, e durante a meia hora de viagem que nos separa do mar rezámos o terço, como costume. Ainda não eram nove e meia da manhã e já todos saltávamos na areia, felizes e animadíssimos.

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 Premiando a nossa confiança e ousadia, o sol decidiu espreitar, e num instante aqueceu a praia. Tanto, tanto, que os meninos passaram a manhã assim:

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 E para os nossos leitores mais novos irem treinando aí em casa (ou não!), dois vídeos, de oito e de cinco segundos:

Não chegaram a três horas de praia, mas foi tempo suficiente para encher de canções, gritos de excitação, palmas, saltinhos nas ondas, gargalhadas, corridas e abraços. A alegria, a serenidade e a sensação de perfeição prolongaram-se ao longo de todo o dia, e à noite, durante a oração familiar, todos agradeceram esta prenda que o Senhor nos ofereceu.

 

Quando olho as ondas do mar recortadas no céu azul e polvilhadas de gaivotas, penso sempre na eternidade. Eu sei que a eternidade me devolverá todo o tempo de felicidade que experimentei aqui na Terra, todas as gargalhadas e as brincadeiras partilhadas com o Niall e os meus filhos; e sei que me devolverá todas as gargalhadas e as brincadeiras que não tive tempo de partilhar com o Tomás... Em Deus, no seu amor infinito e perfeito, tudo se torna também infinito e perfeito. Cada instante de pura alegria que nos é concedido ou impedido experimentar nesta vida será multiplicado e tornado a multiplicar na eternidade... Confuso? Escreveu S. Paulo:

 

"Nem olho viu, nem ouvido ouviu, nem o coração do homem pressentiu o que Deus preparou para aqueles que O amam..."

(1Cor 3, 9)

 

Se na Terra podemos experimentar tamanha felicidade, como será no Céu, Senhor?...

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publicado às 06:20

Uma rádio e uma praia

por Teresa Power, em 24.04.15

Ontem passei uma manhã especial: estive em Vagos, uma vila do distrito de Aveiro, nas dependências da igreja paroquial. Não, não estive a rezar: estive a gravar um programa de rádio, para a Rádio Vagos FM, 88.8,  a convite da Susana Pires. O programa de rádio chama-se O Mundo nas Tuas Mãos. Foi a primeira vez que gravei uma entrevista em estúdio, e achei tão engraçado, que pedi licença à Susana para lhe tirar uma fotografia, e assim vos poder mostrar como era simpática a minha interlocutora:

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A nossa conversa na rádio foi franca e profunda, e continuou muito para além do programa. Fiquei encantada com esta rádio de inspiração cristã. "Procuro transmitir os valores cristãos em todos os temas abordados", explicou-me a Susana, que é leiga consagrada na Verbum Dei. "Gosto de comunicar boas notícias, notícias que tornem as pessoas mais felizes. Gosto de me centrar no tu, naquele que me escuta, e chegar ao seu coração." Para mim, foi um prazer imenso poder falar das famílias cristãs com esta tonalidade alegre e positiva, distante de moralismos farisaicos ou de pessimismos derrotistas. O mundo está nas nossas mãos, diz a Susana, e ao ver como ela faz uso da sua profissão para evangelizar, só lhe posso dar razão.

Saí da entrevista com o coração cheio. Percebi que estivera a trabalhar lado a lado com a Susana para o mesmo Reino, e percebi que partilhávamos a mesma ânsia de anunciar o Evangelho, embora em apostolados diferentes. O mundo está polvilhado de cristãos simples e alegres, como nós as duas naquele estúdio, desejosos de levar a Boa Nova ao seu próximo. Quando dois ou mais cristãos assim decididos se encontram, podem causar um verdadeiro "terramoto"... Precisamos de nos encontrar mais vezes uns com os outros em projetos de evangelização, dentro e fora das Famílias de Caná, cruzando caminhos entre os diversos movimentos de leigos na Igreja. Disse Jesus:

 

"Onde dois ou três se reunirem em meu nome, Eu estou no meio deles."

(Mt 18, 20)

 

Quando saí do estúdio, e porque Vagos é perto da praia, decidi fazer um curto desvio no meu percurso para ver o mar. Guiei durante alguns minutos por estradas de floresta. Podia escutar o marulhar das ondas e cheirar o seu perfume. A praia é só uma, estendida sem interrupção entre a Barra de Aveiro e a Figueira da Foz, mas os acessos são inúmeros e variados. Finalmente, estacionei o carro diante desta bela escadaria:

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Os degraus cobertos de areia fizeram-me sorrir. A Susana e eu, cada uma de nós no seu trabalho quotidiano e na sua vocação específica, estamos ambas empenhadas em construir, degrau a degrau, uma escada singela e artesanal, capaz de levar ao Céu... Subi, e emocionei-me diante da tranquilidade da praia banhada pelas ondas brancas e luminosas:

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Tantas escadas diferentes, tantas formas diferentes de alcançar a mesma praia!  De joelhos diante do mar, fiz uma oração... Que todos os degraus das nossas vidas, dispersos pelas mais variadas dunas e nascidos nos mais variados caminhos, conduzam à mesma praia do teu Amor, Senhor Jesus. Ámen. Aleluia!

 

O programa que a Susana gravou vai passar domingo, dia 26 às onze da manhã :)

 

 

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publicado às 06:20

O jasmim florido

por Teresa Power, em 17.04.15

O nosso jardim tem sofrido muito ao longo dos anos. Coitado dele! Este pedaço de terra à volta da nossa casa é alvo das mais acérrimas lutas entre flores e bolas de futebol, relva a crescer e sopas para bonecas em panelinhas de plástico, couves verdinhas e galinhas que se soltam do galinheiro. No outro dia de manhã, à hora do pequeno-almoço, os nossos filhos assistiram, boquiabertos, a esta discussão entre o Niall e eu:

- Niall, há galinhas à solta no jardim, olha só pela janela!

- O quê???? Depois de eu ter passado o fim-de-semana curvado a plantar a horta? Será possível? É desta que acabamos com o galinheiro.

- Nem penses! Eu adoro escutar o cacarejar das galinhas logo de manhã!

- Mas eu adoro ver uma horta bonita, e olha só para a desgraça da nossa horta! E esta primavera vou ter de vedar parte do jardim para a relva poder recuperar.

- Não vedas não, que os meninos precisam de espaço para jogar à bola.

- E como queres que tenham relva para jogar à bola se eu nunca lhe der uma oportunidade para recuperar?

- Mãe, pai, está na hora de irmos para a escola - Interrompeu a Clarinha, trocando olhares divertidos com o Francisco.

- OK, falamos de galinhas e crianças mais tarde - Concluí.

Pela hora de almoço, como costume, telefonei ao Niall.

- Niall, desculpa esta manhã. Se achas melhor destruir o galinheiro, eu aceito - Disse-lhe. - E se quiseres, vedamos parte do jardim também.

- Oh, não, eu queria mesmo telefonar-te para te pedir desculpa - Respondeu-me ele - Eu sei que tu gostas das tuas galinhas e que as achas fofinhas. No sábado vou arranjar o galinheiro e refazer a horta. E a relva há-de crescer, deixa lá!

- Não, destruímos o galinheiro.

- Não, não é preciso. As tuas galinhas são umas queridas...

- Mas eu aceito!

- Mas eu não aceito!

E lá discutimos nós novamente... Desta vez, para decidir quem era o primeiro no amor!

 

O jardim, as bolas de futebol, as sopas de ervinhas para as bonecas, as galinhas e a horta lá continuam a conviver, e nós vamos gerindo tudo isto com muita paciência e, sobretudo, muito amor.

Ontem de manhã acordei com um perfume delicioso, vindo do jardim. Um perfume tão forte, que atravessava as janelas fechadas. Abri as cortinas e as portadas, e deparei-me com o jasmim todo em flor:

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 Lembrem-me então de um dos meus livros preferidos na Bíblia, o Cântico dos Cânticos. Diz o Amado:

 

"Levanta-te! Anda, vem daí, ó minha Amada!

Eis que o inverno já passou,

a chuva parou e foi-se embora;

despontam as flores na terra,

chegou o tempo das canções,

e a voz da rola já se ouve na nossa terra;

a figueira faz brotar os seus figos

e as vinhas floridas exalam perfume.

Levanta-te! Anda, vem daí, ó minha Amada!"

(Ct 2, 10-13)

 

Abracei o Niall. O jasmim florido era a prova de que necessitávamos para acreditar que mesmo os terrenos mais sofridos se podem deixar trabalhar e cobrir de perfume. O mundo, o outro, os meus defeitos e os problemas que se abatem sobre nós ameaçam destruir o pouco que vamos conseguindo construir? O poder de Deus é muito maior! Os jardins da nossa vida e do nosso sucesso teimam em murchar? O importante é que o nosso jardim interior esteja coberto de flores, e o Senhor se agrade passeando nele...

 

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publicado às 06:28



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