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Somos uma família católica, abençoada com seis filhos na Terra e um no Céu. Procuramos viver a fé com simplicidade e generosidade. Queremos partilhar com outras famílias a alegria de sermos Igreja Doméstica na grande família da Igreja Católica.
Quando nos vieram visitar, os jovens do Monte Horeb e os seus fantásticos animadores, a Paula e o irmão Guillermo, do Colégio de La Salle ofereceram-nos uma belíssima imagem de Nossa Senhora do Bom Conselho. A imagem é tão linda, tão linda, que não me sai do pensamento. O Niall, o Francisco e a Clarinha fartam-se de rir cada vez que me vêem parada diante dela, entronizada à entrada da nossa casa. Realmente, não consigo passar diante deste imagem de Maria com o seu Menino sem a contemplar e lhe dirigir a minha oração. Ora vejam lá se não tenho razão:
E agora contemplem o pormenor dos rostos... Deixem-se tocar pelo amor que circula entre Mãe e Filho:
Que paz, que serenidade! Jesus pressiona a sua carinha suavemente contra a face materna de Maria, ao mesmo tempo que olha para o céu, como que agradecendo ao Pai a Mãe extraordinária que Lhe deu.
E Maria, olhando para baixo, olhando para cada um de nós, desafia-nos a confiar sem limites. O nosso Salvador é o bebé que Ela segura nos braços e que a envolve em carinho; o que havemos de temer? Como podemos resistir-lhe? Como podemos ficar indiferentes a tanto amor? A ternura de Maria e de Jesus Menino é verdadeiramente inspiradora para a nossa vida familiar. Afinal, Maria é tão parecida com qualquer outra mãe, agradecida pelo dom de seu filho, e Jesus faz-me lembrar a minha Sara! Deus fez-Se realmente "Carne da nossa carne, Osso dos nossos Ossos" (Gen 2, 23), para que cada um de nós possa ser "imagem e semelhança" da Trindade (Gen 1, 26). Que mistério!
Esta bela imagem é uma réplica da imagem da igreja do Mosteiro de Bujedo, em Espanha. Esta escultura foi terminada em 1942 e é possivelmente a única escultura entronizada no mundo da imagem miraculosa da Virgem de Genazzano, a Mãe do Bom Conselho. Eu não conhecia a história e procurei informar-me. Meu Deus, há tantas histórias maravilhosas da nossa fé que desconhecemos! Fiquei simplesmente encantada...
A imagem original de Nossa Senhora do Bom Conselho estava exposta numa igreja da Albânia, em Scutari. Em 1467, esta cidade foi conquistada pelos turcos muçulmanos. Foi então que o milagre se deu, tendo sido testemunhado por populações inteiras tanto na Albânia, como em Itália, e reconhecido como autêntico por vários papas, entre os quais, João Paulo II: a imagem foi miraculosamente envolta em nuvens de luz e transportada da pequena igreja de Scutari para uma igreja em reconstrução em Genazzano, Itália. Esta igreja foi mais tarde elevada à condição de Basílica Menor, e nela podemos confirmar o milagre permanente desta imagem, que continua exposta à veneração dos fiéis sem que nada a suporte ou a segure à parede da igreja. As graças atribuídas a Nossa Senhora do Bom Conselho não páram de crescer!
Em 1993, João Paulo II visitou a Albânia e, como presente, ofereceu à igreja de Scutari uma réplica da imagem que de lá partira no dia 25 de abril de 1467, confirmando assim a história do milagre de Genezzano.
A humildade de Nossa Senhora é tão grande, que Ela conseguiu esconder-se dos nossos olhos até nas Escrituras Sagradas! De facto, os evangelhos falam muito pouco da nossa Mãe... Mas Deus tinha reservado para os cristãos este presente imenso: tornar Maria conhecida ao longo de toda a História, para que a possamos amar e, amando, receber das suas mãos imaculadas o seu Filho Jesus.
Agora, a imagem da Virgem do Bom Conselho está em minha casa, para que eu nunca me esqueça de a invocar, de a louvar e de a imitar... A ela entrego hoje, dia 15 de maio, as famílias do mundo inteiro, para que Maria sempre seja a sua conselheira.
E por falar no dia mundial das famílias... Que tal inscreverem-se no retiro de famílias? Ainda temos espaço para muitas inscrições!
Falei ontem nos presentes de Deus... Nem a propósito: gritando de entusiasmo, o António entrou hoje na cozinha a correr:
- Mamã, olha uma prenda para ti!
Deixei o que estava a fazer e abri a caixinha que ele me oferecia. Depois contive um pequeno grito: lá dentro, uma minhoca retorcia-se desajeitadamente.
Estou acostumada aos presentes magníficos que todos os meus filhos gostam de me dar quando têm entre três e seis anos. E já aprendi a reagir com um apropriado "Uau!" a todos eles, sejam desenhos, flores murchas, pedaços de terra, cacos de objectos, pedras brilhantes, pedras escuras, pedras sujas, e naturalmente, minhocas. Sei que a oferta vem revestida de amor, e portanto, nada mais me importa.
Mas quando é Deus o ofertante, tenho muita dificuldade em Lhe oferecer o dito "Uau!" É fácil reagir com alegria aos seus presentes mais agradáveis, como uma palavra simpática de um desconhecido, o sorriso de um aluno, o telefonema de um amigo, um dia de sol, o ordenado ao fim do mês, a cura de uma constipação, o beijo de um filho. Mas não é nada fácil reagir com o mesmo entusiasmo quando o presente é... um dia de chuva, uma doença, a falta de dinheiro para chegar ao fim do mês, uma turma barulhenta, um filho birrento.
E no entanto, o ofertante é o mesmo, e o amor com que o faz é infinito!
Não é Deus quem nos envia os males, claro; mas se os permite, é porque eles nos trazem algo de muito, muito melhor. Diz S. Paulo:
"Sabemos que tudo contribui para o bem daqueles que amam a a Deus!" (Rm 8, 28)
Santa Teresinha registou um episódio maravilhoso de aceitação destes "presentes" pouco agradáveis do Senhor:
"Estava a lavar a roupa em frente de uma irmã que me deitava água suja para o rosto cada vez que erguia os lenços no lavadouro; o meu primeiro movimento foi recuar, limpando o rosto, para mostrar à irmã que me aspergia que me faria um grande favor se estivesse quieta, mas logo pensei que era bem tola ao recusar tesouros que me eram dados tão generosamente, e tive todo o cuidado em não deixar transparecer o meu combate. Fiz todo o esforço por desejar receber muita água suja, a tal ponto que no fim tinha verdadeiramente tomado o gosto a este novo género de aspersão, e prometi a mim mesma voltar outra vez a este feliz lugar onde se recebiam tantos tesouros." (História de Uma Alma, Manuscrito C)
Aprender a receber tudo das mãos de Deus, os bens e os males, e por tudo Lhe agradecer... Eis o segredo da felicidade!
Ontem à tarde, enquanto retirava a roupa do estendal porque a chuva regressara, encontrei um pequeno presente de Deus:
Aquela teia de aranha luminosa, pingando orvalho e reluzindo à fraca luz do dia, falou-me de amor. Chamei toda a família e, juntos, contemplámos a obra do Criador, que Se deleita em criar cada pequenino ser do universo e o reveste de beleza. Como diz o salmista,
"Senhor, como são grandes as tuas obras!
Todas elas são fruto da tua sabedoria!
A Terra está cheia das tuas criaturas!
Todos esperam de Ti que lhes dês o alimento a seu tempo.
Dás-lhes o alimento, e eles o recolhem,
Abres a tua mão e saciam-se do que é bom!" (Sl 104/103, 24.27-28)
Não há chuva, frio, tempestade, doença ou crise que não esconda um pequeno presente de Deus. Rezo para que saibamos estar atentos!
Um dos objectos mais cobiçados cá em casa é a lanterna que o Niall tem guardada na mesa-de-cabeceira, para utilizar quando, durante a noite, alguma criança acorda. Com três filhos em cada quarto, não podemos acender as luzes de cada vez que temos de encontrar, a meio da noite, uma chupeta perdida ou levar alguém a fazer chichi, e daí a lanterna bem guardada na mesa-de-cabeceira. Bem guardada não é a palavra exacta, pois a maior parte das vezes, a lanterna anda desaparecida, para finalmente ser encontrada no meio dos brinquedos dos mais novos.
Assim, quando pensámos nos presentes de Natal, a lanterna estava no topo da lista. Nos sapatinhos do António, do David e da Lúcia, ao lado da bola e dos carrinhos da HotWheels, ao lado das fraldas e da chupeta do Nenuco, estava uma pequena lanterna.
Durante todo o dia de Natal, o António brincou com a sua lanterna. E tanto brincou, que a perdeu. A torrente de lágrimas dos seus olhos e o som terrível dos seus gritos obrigou toda a família a correr a casa inteira à procura da famosa lanterna. Mas foi preciso o David chutar a sua bola de futebol nova para cima do armário do quarto (a chuva lá fora faz com que se jogue futebol cá dentro...) para a lanterna aparecer. Como é que a lanterna foi parar em cima do armário do quarto, não me perguntem, nem perguntem ao António, porque segundo consta, ele também não sabe!
No dia seguinte, o António continuou a brincar com a sua lanterna. Mas quando chegou a hora de dormir, nova torrente de lágrimas: desta vez, a lanterna estava partida! Um dia de brincadeira, e já não dá luz! Seria das pilhas? Não: o António tinha muita curiosidade em conhecer os mecanismos ocultos da lanterna, e decidira desmontá-la...
- Agora arranja, papá! - Pediu ele, ou melhor, ordenou, estendendo os pedaços de lanterna ao Niall. E o Niall, desejoso de estancar as lágrimas e os berros, lá juntou todas as peças o melhor que pôde.
Parece que agora a lanterna funciona só quando lhe dá na "cabeça". Quanto tempo durará?
Às voltas com a lanterna do António, fiquei a pensar nos presentes que Deus nos dá. Quantos dons Ele coloca nas nossas mãos! Alguns chegam de surpresa, outros são ardentemente desejados, como o António desejou a lanterna.
Todos os dias, Deus presenteia-nos com 24 horas novinhas em folha, novos relacionamentos, oportunidades no trabalho, ocasiões para amarmos e crescermos em família, talentos pessoais para O servirmos nos irmãos, e até dificuldades e problemas para nos tornarmos mais fortes e mais corajosos. E que fazemos nós com tanto dom?
Desperdiçamos o tempo, estragamos as relações, descuidamos o casamento, resmungamos dos problemas, atiramos com os nossos talentos para cima de um armário poeirento...
Como o António com a sua lanterna, tratamos os presentes de Deus com muito pouco cuidado. Às vezes perdemo-los, outras vezes escondemo-los, outras ainda, quebramo-los em pedaços.
E depois?
Depois, pegamos nos cacos e vamos ter com Deus, para que Ele os conserte...
Nas suas homilias matinais, o Papa Francisco tem falado muito na mundanidade dos cristãos. Em várias ocasiões, o Papa referiu com tristeza que os cristãos aprenderam a fazer alianças com o mundo, cedendo aos seus costumes e procurando servir a dois senhores ao mesmo tempo. Disse o Papa:
"O espírito do mundo é o inimigo de Jesus" (4 de outubro de 2013)
À medida que o Natal se aproxima, cresce a mundanidade. As lojas estão cada vez mais movimentadas, nos centros comerciais faz-se fila para visitar a casa do Pai Natal, as tags do momento são "descontos", "compras", "prendas".
Onde está o Natal de Jesus? Andaremos, como os magos, às voltas nos palácios de Jerusalém, perdendo o tempo precioso que nos separa do Presépio? Quem é que afinal faz anos - Jesus ou nós? Como se pode rezar e adorar o Menino do presépio no meio de tanto barulho e tanta agitação?
Como pais cristãos, procuramos encontrar as respostas certas a estas perguntas, para educarmos os nossos filhos no verdadeiro sentido do Natal. Assim, durante o mês de dezembro, as crianças não vão connosco às compras (algo que aliás fazem muito raramente). Não queremos que percam o tempo de preparação para o Natal a sonhar com presentes que nunca vão ter. E na manhã de dia 25, esforçamo-nos por trocar prendas simples, diferentes da "prenda grande" do seu aniversário. Queremos que acordem antes do nosso galo cantar (e acreditem que isso é mesmo muito cedo!) e corram para a sala a rebentar de impaciência, queremos que rasguem papel de embrulho por todo o lado, queremos que saltem de alegria, mas não queremos que desviem o olhar do Menino pobre da gruta de Belém.
- Sabes qual é o menino mais importante do mundo, mamã? - Perguntou-me há dias o António.
- És tu? - Pensei ser a resposta adequada...
- Então tu não sabes? É o Menino Jesus! - respondeu ele, muito depressa.
Hora de jantar...
- Vamos lá decidir o que podemos oferecer a Jesus este Natal. António, já pensaste?
- Vou portar-me bem!
- Isso não chega, isso tens de fazer sempre. O que podes fazer de melhor ainda?
- Deixar a Lúcia sentar-se no baloiço quando eu estou lá?
- Boa, assim já é uma prenda! E tu, Lúcia, que dizes?
- Eu não quero que o António se sente no meu baloiço, nunca!
- Mas podes oferecer essa prenda a Jesus... seres mais generosa com o baloiço. Que dizes?
- Amanhã vou ver.
- OK. E tu, David?
- Eu vou ler a Bíblia. Já sei ler sozinho! Posso ler a história do Natal!
- Bela ideia! E que tal aprendermos de cor alguns versículos da Bíblia ao longo de cada semana?
- E declamarmos os versículos sábado à noite?
- Sim, Francisco, podíamos ter um serão bíblico, uma coisa do género. Que acham os mais velhos, Francisco e Clarinha?
- Tudo bem, vamos a isso.
- Eu também alinho.
- Ótimo.
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