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Somos uma família católica, abençoada com seis filhos na Terra e um no Céu. Procuramos viver a fé com simplicidade e generosidade. Queremos partilhar com outras famílias a alegria de sermos Igreja Doméstica na grande família da Igreja Católica.
Ontem fui buscar os manuais escolares do Francisco, da Clarinha, do David e da Lúcia ao colégio. A pilha de livros era tão alta, que um simpático funcionário se ofereceu para me ajudar a levar tudo até ao carro!
Quando cheguei a casa, tinha a Lúcia à minha espera junto do portão. Estava desejosa de ver os seus livros novos.
- Lúcia, tenho boas novidades para ti - Disse-lhe, ao sair do carro. - A tua professora vai ser a professora do Francisco! Ele gostava muito dela! E os teus livros são muito bonitos. Olha só!
Felicíssima, a Lúcia ajudou-me a levar os seus manuais para casa e sentou-se a folheá-los. Depois guardou-os cuidadosamente na sua mochila a cheirar a novo:
O David, o Francisco e a Clarinha não pareceram assim tão entusiasmados com os manuais novos, mas estão igualmente impacientes por rever os amigos e regressar à escola. A Clarinha decidiu fazer a sua própria mochila:
Está ou não bonita?
E o Francisco anda às voltas com os Maias... Como o interesse não parece ser muito (passe o eufemismo), ficou acordado que a leitura dos Maias (que tem de estar concluída antes das aulas começarem) serve de desculpa para não arrumar a cozinha! Talvez funcione...
A escola está à porta. Com ela, é uma grande caminhada que recomeça! S. Paulo alerta-nos:
"Eu corro, mas não sem direcção; eu luto mas não como quem dá socos no ar." (1Cor 9, 26)
"Corro para a meta, para o prémio celeste, para Deus que nos chama..." (Fil 3, 14)
Para onde corremos nós? Hoje nas escolas fala-se em metas curriculares e em muitas outras coisas que ninguém sabe exactamente o que é. E corre-se tanto sem direcção! No início de mais um ano lectivo, precisamos de saber qual é na verdade a nossa grande meta. Na escola, no meio do estudo intenso, junto dos colegas, dos amigos, dos professores e daqueles de quem não gostamos tanto, no recreio e dentro da sala de aula, na cantina ou em casa, a grande meta é sempre o Céu. Não o percamos nunca de vista...
A Clarinha tem passado grande parte das férias a realizar belos trabalhos manuais. A máquina de costura, que recebeu nos seus anos, não tem parado! Com ela, a Clarinha faz carteiras, bolsas, sacolas, bonecas de pano para a Lúcia e a Sara, bolas de trapos. Com missangas, continua a fazer terços e dezenas, que oferece aos amigos ou guarda para os retiros. A Sara anda toda bonita com um colar que a mana lhe fez, e a Lúcia nem pode esperar que a sua carteira nova esteja pronta!
Mas tanta criatividade tem um preço. Ora apreciem as imagens:
Sim, o preço chama-se desarrumação!
Já antes referi uma frase muito bonita do Papa Francisco, por altura do Natal:
"Muitos cristãos parecem ter na porta do coração um letreiro a dizer: Não perturbar!" (23/12/13)
Na verdade, quando Deus entra na nossa vida, desarruma sempre um bocadinho... Enquanto não nos deixarmos desarrumar por Ele, varrendo para os cantos as ideias feitas, os preconceitos, mas acima de tudo, aquilo que pensamos já saber, já fazer, já ter adquirido, já ser suficiente - "Eu já cumpro tudo isso desde a minha juventude" (Mc 10, 20), disse o jovem rico a Jesus... - enquanto não nos deixarmos perturbar por Deus, seremos sempre cristãos de fato e gravata, muito certinhos, muito cumpridores, mas também muito pouco criativos, muito aborrecidos e muito pouco ousados.
Vem, Espírito Santo, vem com o teu vento e desalinha os meus cabelos, levanta a poeira, desarruma as ideias e espalha os perfumes...
"Ao ouvir estas palavras, Maria ficou perturbada." (Lc 1, 29)
Possamos nós também ficar perturbados! Como o quarto da Clarinha, a nossa vida ficará de pernas para o ar, mas será extremamente criativa!
(O retiro perturba, sim, perturba... Estejam atentos às incrições, já amanhã!)
Estas férias, graças ao nevoeiro, ao frio, à chuva, ao arranjo do monovolume, à picada de vespa que prendeu o Francisco ao sofá e à cama durante quase uma semana, e às minhas reuniões nos intervalos de tudo isto, temos passado grande parte do mês de julho em casa. Assim, é preciso pôr a imaginação a funcionar para entreter quatro crianças e dois adolescentes! Já falei as actividades de férias em vários posts, como por exemplo aqui e aqui. Hoje vou mostrar-vos a mais recente:
Ser Família de Caná é um compromisso familiar baseado nas Cinco Pedrinhas: a Consagração a Nossa Senhora, o Canto de Oração, a Vida Sacramental, o Rosário e a Bíblia, e a Visitação. A Rute, o Serge e a sua família costumam passar longas tardes de verão à beira-rio, num local belíssimo coberto de ervas e de pedras lisas e macias, arredondadas pela água. Conhecemos esta linda praia fluvial no domingo, depois do nosso retiro, como contei aqui. Nesse mesmo local, os pequeninos da Rute apanharam cinco pedras, pintaram-nas e com elas decoraram o seu canto de oração. A sua arte criativa foi a nossa fonte de inspiração!
(As Cinco Pedrinhas da Família Almeida com a Mãe de Caná feita pela Clarinha, em feltro)
Ora bem, Famílias de Caná espalhadas por esse país, e Famílias de Caná em potência: apanhem cinco pedrinhas num qualquer piquenique em família durante este verão e ponham mãos à obra! Depois enviem as fotos para o mail (que vem indicado no final de cada post). Iremos publicá-las aqui no blogue!
"Em seguida, David tomou o bastão na mão, escolheu cinco pedras bem lisas no leito do riacho e colocou-as na sua sacola de pastor, que lhe servia como bolsa de funda. Com a funda na mão avançou contra o filisteu..." (1Sm 17, 40).
Como David, possamos nós também vencer todos os gigantes deste mundo, munidos apenas das nossas... Cinco Pedrinhas de Caná! Amen.
Na sexta-feira de manhã, o entusiasmo das crianças era enorme: estávamos prestes a partir para Proença, para fazermos o nosso quinto retiro Famílias de Caná!
- Quanto tempo é a viagem, mamã? - Perguntou o David, aos saltos.
- Duas horas. É muito tempo, por isso não vale a pena começar logo a perguntar se já chegámos!
O David foi a correr ter com a Lúcia.
- Então, já sabes quanto tempo demoramos? - Perguntou a Lúcia.
- Duas missas - Respondeu o David...
Começámos a viagem. Como sempre, distribuí terços pelos meninos para rezarmos pelo caminho.
- Dá tempo para rezarmos o terço, mamã? - Desta vez, a pergunta veio do António.
- Dá tempo para rezarmos muitos terços. Olha, dá tempo para dois rosários - Respondeu o Francisco. E acrescentou muito depressa: - Mas não te preocupes, porque só vais rezar um terço!
Na verdade, o terço familiar, na nossa casa, não demora mais do que quinze minutos. Se cada rosário são quatro terços - mistérios da alegria, da luz, da dor e da glória - então cada rosário é uma hora de oração!
Tão bom, quando os nossos filhos medem as distâncias em terços e em missas...
Amanhã conto-vos tudo sobre o nosso retiro em Proença. Bem, tudo não, porque o melhor não dá para contar... Quem lá esteve sabe que é verdade!
Por hoje, deixo-vos com uma imagem da Mãe de Caná feita com feltro, da nossa grande artista Clarinha. Fê-la para oferecer à Rute e ao Serge, em casa de quem ficámos alojados, e tratados como reis! Se quiserem que a Clarinha vos ofereça uma linda imagem da Mãe de Caná, para fazerem um quadro, peçam para o mail!
Segunda-feira estive o dia inteiro a fazer as matrículas da minha direcção de turma, ao mesmo tempo que entregava as avaliações. A maior parte dos pais vieram acompanhados dos filhos, por isso tive oportunidade de conversar com os meus alunos.
- Que tal as férias? - Perguntei a cada um.
Eles encolhiam os ombros e respondiam quase invariavelmente:
- Uma seca!
- Então porquê?
- Não há nada para fazer! Durmo até ao meio-dia, depois vejo televisão, jogo computador, vou ao Face, e pronto! Estou sozinho em casa...
Quando regressei a casa, no final do dia, a Clarinha tinha duas surpresas para mim. A primeira era uma linda bolsa de pano para o meu telemóvel, feita com muito carinho na sua máquina de costura:
A segunda era esta bela dezena de elásticos:
Adorei as minhas prendas, claro! E entusiasmei a Clarinha: porque não fazia ela mais algumas para oferecer e até, quem sabe, vender entre amigos? Ela achou a ideia muito boa. Chamou uma amiga, a Marta, e puseram mãos à obra!
Passaram algumas tardes à volta dos elásticos:
Fizeram muitas dezenas e ainda um belíssimo terço:
Já repararam que cada Pai-Nosso é uma letra do nome Jesus? Jesus é, na verdade, o centro da oração do Rosário, o centro de cada Avé-Maria!
Ontem, as duas amigas descobriram que também podiam fazer terços com missangas e fios, e bolsinhas para os guardar. Os crucifixos são em feltro:
Agora resta pedir ao senhor padre para vir até cá fazer-nos uma visita simpática e abençoar, com os seus super poderes, estes belos auxiliares de oração. Depois, ao serão, iremos passar estas lindas missangas entre os dedos ao som das Avé-Marias... A Clarinha já sabe a quem quer oferecer as suas lindas obras de arte. E no seu coração generoso já decidiu que vai levar algumas para os retiros Famílias de Caná, para as poder vender, e assim ajudar a cobrir alguns pequenos gastos com material. Bem, se quiserem que ela vos ofereça algum terço, peçam para o mail!
As férias não têm de ser "uma seca"! Sim, nas férias é importante começar por nos aborrecermos um bocadinho, com a quebra do ritmo escolar. Mas não nos precipitemos a matar esse aborrecimento com a televisão ou o computador! Utilizemo-lo como espaço de criatividade. Deus dotou-nos a cada um com cerca de cem biliões de neurónios, o que, traduzido da biologia para a engenharia, equivale a mais de quatro mil computadores novinhos em folha. Não nos queixemos de faltas de ideias! A preguiça sempre foi tradicionalmente considerada um dos sete pecados capitais, porque na verdade, ela abre a porta ao Maligno. A Bíblia é muito clara na sua condenação da ociosidade:
"Até quando dormirás tu, ó preguiçoso? Quando te levantarás do teu sono?" (Pr 6, 9)
Férias é tempo de descanso, de quebra de ritmo, de mudança de rotinas, de tirar o relógio do pulso, de divertimento e de aventura; mas férias não é tempo de preguiça! Desafiem os vossos artistas a meter mãos à obra. Neste post já deixei algumas sugestões para a construção de terços artesanais. Hoje ficam mais algumas. Enviem as vossas fotos!
E por falar em Famílias de Caná... De que estão à espera para se inscreverem no retiro?
Celebramos hoje a solenidade do Sagrado Coração de Jesus. Respondendo ao nosso desafio, várias famílias decidiram pôr mãos à obra e construir também uma imagem do Sagrado Coração de Jesus, para colocar à porta da sua casa. E como prometido, aqui fica hoje, numa grande homenagem ao Senhor, as fotos recebidas:
Da Raposa, a Olívia, mãe de uma Família de Caná fantástica, enviou esta bela montagem:
No mail, dizia assim: "Como prometido mando a foto do nosso Sagrado Coração de Jesus, fruto dos nossos serões e que hoje, depois de eu colocar a parte dos espinhos (encontrada também numa "Náturia" cá perto), ficou pronto para simbolizar a nossa casa! Os vizinhos vão ficar muito intrigados, provavelmente nem vão perceber, a não ser que perguntem! Mas o importante é que as meninas entenderam e ficaram felizes por também nós termos um Sagrado Coração de Jesus que nos guia, nos protege e nos ensina a amar!
O nosso foi feito com: papel "crepe" vermelho para as flores, cartão para a estrutura, restos de cartolina das chamas do Pentecostes, troços de videira para a cruz (como dizia Jesus: "Eu Sou a videira") e silvas com os espinhos dos nossos pecados. Ficou simples, tal como nós!" Simples e belo, Olívia!
A Maria de Jesus, de S. Pedro do Sul, outra maravilhosa mãe de Família de Caná, enviou esta foto:
Também a Maria de Jesus nos explicou o trabalho e o amor depositados neste belíssimo Coração: "Como as meninas ainda são pequenas e eu achei importante que elas participassem na elaboração do coração, este foi feito em cartolina, papel crepom e raminhos secos do nosso quintal. A Margarida ajudou a enrolar o papel vermelho para imitar flores (pequenos gestos de amor que damos a Jesus), a Inês amachucou os papéis amarelos para representar o fogo, ajudando depois a colar ambos, a mãe atou os raminhos e assim se fez um singelo coração de Jesus." Lindo, Maria de Jesus!
Ao longo do mês, esta família pôs também em prática uma ideia muito engraçada: todos os dias, as duas meninas fazem o seu exame de consciência. Se durante o dia foram capazes de fazer boas obras, oferecem um pequeno coração de cartão a Jesus, colando-o no cartaz no Canto de Oração:
Hoje, na missa, a segunda leitura é tirada da 1ª Carta de S. João. Diz assim:
"Caríssimos, amemo-nos uns aos outros porque o amor vem de Deus, e todo aquele que ama nasceu de Deus e chega ao conhecimento de Deus. Aquele que não ama não chegou a conhecer a Deus, pois Deus é amor. E o amor de Deus manifestou-se desta forma no meio de nós: Deus enviou ao mundo o seu Filho Unigénito, para que, por Ele, tenhamos a vida. É nisto que está o amor: não fomos nós que amámos a Deus, mas foi Ele mesmo que nos amou e enviou o seu Filho como vítima de expiação pelos nossos pecados." (1Jo 4, 7-10)
Celebrar o Sagrado Coração de Jesus é anunciar esta boa notícia a toda a terra: o Criador do Universo, o Deus que rege o destino do cosmos tem Coração! Somos amados pelo próprio Amor! E tudo o que façamos de bom e de belo na nossa vida, fazemo-lo porque primeiro, Ele nos amou. Que a nossa vida seja então um grande "obrigado" a Jesus...
- Meninos, dia 1 começa o mês do Sagrado Coração de Jesus. Como vamos fazer para celebrar este mês?
- Diz lá tu, mãe!
- Gostava que espreitassem aqui o post sobre o Sagrado Coração no blogue At the Foot of the Cross. Acham que seriam capazes de fazer alguma coisa parecida?
- Está lindo! Podíamos fazer um Coração de Jesus com flores de plástico, como eu fiz a minha grinalda na festa do colégio.
- Boa, Clarinha! Tu e o Francisco podem pegar na bicicleta e ir à loja comprar as flores. Que mais precisam?
- Arame... Gosto mais de usar arame. Deixa que eu trato de tudo.
- OK, Francisco, confio no vosso gosto. Vamos lá pôr mãos à obra!
Durante os serões, o Francisco e a Clarinha foram trabalhando no Coração. Separaram todas as flores vermelhas de plástico do seu caule e fixaram-nas a fios de arame, que depois moldaram em forma de coração:
Repetiram os mesmos gestos para fazer e moldar o "fogo" que brota do Coração de Jesus, segundo a imagem revelada a Santa Margarida Maria:
O coração de flores esteve durante alguns dias sobre a nossa mesa de trabalho. Ontem à tarde entrei na sala e descobri quem achou este coração mesmo muito confortável:
Parece uma imagem montada para aqueles postais fofos com corações e animais, mas acreditem que foi mesmo assim que encontrei o Pantufa!
Em Náturia (se não conhecem Náturia, cliquem aqui), o Francisco encontrou espinhos suficientes para fazer uma coroa de espinhos, que a Clarinha fixou sobre o coração de flores:
Se virarmos o coração do avesso, vemos o emaranhado de arame e a forma como ele se encaixa para que nada saia do seu lugar:
Finalmente, com duas ventosas e um pouco de bostick para a cruz, fixámos esta bela imagem do Coração de Jesus na porta da entrada.
E chegou então o momento mais importante de todo este trabalho. Chamei os seis, que brincavam no jardim, e reuni-os à porta de casa. Os mais pequeninos sentaram-se imediatamente na relva, pois adoram estes nossos momentos de catequese familiar.
- Alguém sabe por que razão o Coração de Jesus tem espinhos?
- Eu sei! Por causa dos nossos pecados.
- Isso mesmo, David. E o que é o pecado?
- É a maldade.
- Sim, Lúcia, cada vez que fazemos mal de propósito, cravamos um espinho no Coração de Jesus. E as flores?
- As flores são as boas obras.
- Pois é, Clarinha, quando fazemos o bem, Jesus fica feliz e transborda de alegria. Até se esquece dos espinhos que Lhe cravámos!
- Mãe, porque é que puseste flores amarelas em cima?
- É para representar o fogo. O fogo do amor! Jesus disse assim:
"Vim lançar o fogo à Terra; e que ânsias, até ele se atear!" (Lc 12, 49)
- E a cruz?
- Isso é porque Jesus morreu na cruz! Assim, com os braços abertos.
- Jesus morreu na cruz porque o seu amor por nós é mesmo muito, muito grande. E agora, alguém descobre porque é que o Coração de Jesus fica à porta da nossa casa?
- ?
- Bem, qual é a nossa casa verdadeira?
- O Céu!
- O Céu!
- O Céu!
- Sim, isso já vocês sabem bem. É verdade, a nossa Casa verdadeira é o Céu. Para entrarmos na nossa casa da Terra, precisamos de passar pela porta. Para entrarmos na nossa Casa do Céu, precisamos de passar pelo Coração de Jesus! E durante todo o mês de junho, cada vez que entrarmos em casa, lembrar-nos-emos da palavras de Jesus:
"Eu sou a Porta. Se alguém entrar por Mim, será salvo. Há-de entrar e sair e achará pastagem." (Jo 10, 9)
Durante todo o dia, os meninos foram meditando neste mistério imenso do amor de Deus, simbolizado no Coração de Jesus. As flores, os espinhos e a porta ofereceram-nos uma bela catequese...
Façam também vocês aí em casa uma imagem do Sagrado Coração de Jesus e enviem as fotos!
No nosso Canto de Oração, temos terços e dezenas (dez contas para rezar a Avé-Maria) de todas as formas e feitios. Alguns foram comprados, outros foram feitos por nós, outros feitos por amigos e oferecidos. Alguns estão partidos, outros ainda inteiros. Tudo depende de quem os segura durante a oração! É que, se alguns de nós passam as contas pelos dedos com calma e cuidado, outros enrolam-nos nas mãos ou deixam-nos cair; e de vez em quando, já me apercebi de que o Francisco treina alguns gestos de "manipulação de objectos" necessários para o seu ilusionismo durante a nossa oração familiar (embora ele jure a pés juntos que nunca tal fez)!
Maio é o mês de Maria e, assim, o mês do terço. Se ainda não experimentaram rezar o terço em família aí em casa, Maio é um bom mês para começar! Foi realmente em Maio que, há muitos anos atrás, nós decidimos rezar o terço com as crianças, na altura apenas o Francisco e a Clarinha. A catequista do Francisco, que frequentava o primeiro ano de catequese, sugeriu aos meninos para rezarem o terço. Ao chegar a casa, o Francisco transmitiu o recado, e nós apercebemo-nos então de que talvez já fosse tempo dele se juntar à nossa oração. E assim foi! A partir daí nunca mais receámos que as crianças fossem demasiado novas para se unirem à oração do terço. Aliás, quando Nossa Senhora pediu aos pastorinhos para rezarem o terço todos os dias, a Jacinta tinha apenas sete anos! Eu confio na sua intuição materna.
Claro que, enquanto eles são pequeninos, não nos preocupamos com o seu grau de atenção ou com as brincadeiras que vão fazendo enquanto rezam. Queremos sobretudo que eles tenham gosto em nos acompanhar na nossa oração e a sintam como importante na sua vida, mesmo sem perceber exactamente o que nela acontece. À medida que crescem, procuramos que se concentrem nos mistérios e nas palavras que rezamos, para que a oração desça dos lábios ao coração. E assim, cheios de imperfeições e de boa vontade, lá vamos caminhando.
Fazer terços ou dezenas com as crianças é uma óptima forma de despertar o seu interesse por esta magnífica oração. The Catholics Next Door ensinam-nos a fazer terços com nós de uma forma muito simples e bonita. Para aprenderem com eles, através de um vídeo ou de instruções escritas e desenhos, podem clicar aqui.
A Vera e a Lurdes, duas magníficas educadoras de infância e catequistas da nossa paróquia, fizeram terços a partir de missangas com as crianças do último retiro para famílias. E quando vieram participar nesse mesmo retiro, a Rute, o Serge e os seus três filhos ofereceram a cada um dos nossos filhos uma dezena feita por eles. Fotografei todas estas dezenas para vos mostrar:
Gosto especialmente da dezena feita com botões. Temos sempre tantos botões perdidos em nossas casas! Esta é uma óptima forma de os reutilizar. A Rute fez os crucifixos a partir de um cinto de cabedal velho, que cortou e trabalhou com arte. Tirei uma foto mais de perto para vos inspirar a fazer as vossas próprias dezenas:
Agarrem o desafio, façam um terço ou uma dezena com as crianças, usando nós, missangas, botões ou o que quer que a vossa criatividade vos sugira, e enviem a foto para o meu mail, que eu encarrego-me de a publicar aqui no blog! Possamos todos, neste mês de Maio, honrar a nossa Mãe e Mãe de Jesus, rezando-lhe com fé e alegria. Ámen!
Sábado santo. Dia de uma esperança alegre e serena: Jesus vai vencer a morte, Jesus vai ressuscitar! Logo à noite, na grande vigília pascal, a noite mais bela da cristandade, iremos fazer uma fogueira e acender nela o círio pascal, o símbolo da nossa fé em Jesus Cristo Ressuscitado. Por enquanto, preparamos a nossa casa para a Ressurreição de Jesus!
A Clarinha ofereceu-se para fazer o "Túmulo Vazio", símbolo da vitória de Jesus sobre a morte. Com esferovite, tecido, tintas, linhas e agulhas, ela imaginou e criou este belo centro de mesa, que será a decoração principal da nossa refeição de Páscoa, amanhã. Está ou não está lindo?
Depois, escrevemos e recortámos a palavra "Aleluia" para o centro da nossa cortina no Canto de Oração:
Retirámos as fitas vermelhas e colocámos as brancas, guardámos os cartões dos mistérios dolorosos e expusémos os cartões dos mistérios gloriosos:
Cada um de nós tirou a sua pegada do Canto de Oração e escreveu ou desenhou nela uma linda oração para Jesus Ressuscitado. Alegremente, oferecêmo-las ao Senhor:
S. João, o único evangelista presente na morte de Jesus, atestou que, do seu Coração trespassado, brotou sangue e água:
"Um dos soldados trespassou-Lhe o peito com uma lança e logo brotou sangue e água." (Jo 19, 34)
No Apocalipse, Jesus explica-nos porquê:
"Vem! Quem tem sede que se aproxime. E quem deseja, beba gratuitamente da água da vida!" (Ap 22, 17)
Estamos a fazer a novena de Jesus Misericordioso, preparando-nos o melhor que podemos para a grande festa da sua misericórdia, no segundo domingo de Páscoa. A imagem que Jesus revelou à irmã Faustina mostra-nos dois raios luminosos, um branco e um vermelho, a sair do coração de Jesus: a água do Baptismo, o sangue da Eucaristia. Assim, decidimos colocar no nosso Canto de Oração uma vasilha de barro, como símbolo deste Coração tornado Fonte de Vida; dela, jorram o sangue e a água, simbolizados numa fita branca e numa fita vermelha:
Os meninos estão encantados e cheios de perguntas. Porque não está a pedra sobre o túmulo? O que é essa vasilha de barro? Donde vem o sangue? Porque jorra a água? Das perguntas, nasce a meditação, e da meditação, a contemplação. Hoje à noite já rezaremos num Canto de Oração Pascal, porque nesta grande noite, os desertos floresceram e a alegria encheu o ar!
FELIZ E SANTA PÁSCOA para todos os leitores deste blogue e para as vossas famílias! Que Jesus Ressuscitado vos cubra de bênçãos!
E já agora... Enviem-nos fotos dos vossos Cantos de Oração Pascais!
AMEN! ALELUIA! JESUS RESSUSCITOU!
Almoço de domingo. No meio da algazarra geral, e depois de várias tentativas, consigo formular uma frase inteira sem ser interrompida:
- Meninos, a quaresma está aí e é preciso preparar muita coisa.
- Os sacrifícios?
- Sim, David, os sacrifícios que vamos fazer para acompanhar Jesus no seu grande sacrifício por nós.
- E o Canto de Oração? Vai ficar como, desta vez?
- Precisamos de ideias, Clarinha.
- Bem, primeiro precisamos de um tema.
- Sim, Francisco, este mês sugeri às Famílias de Caná o tema do deserto, a travessia do deserto, como cenário da nossa quaresma.
- Os quarenta anos de Moisés no deserto?
- Sim, Clarinha.
- Então podemos colocar o pano amarelo na parede! O deserto é amarelo!
- Òtima ideia! E como o vamos decorar?
- Com as flores que vamos dando a Jesus, não é?
- Sim, Lúcia. E tu, António, vais dar flores a Jesus?
- Vou fazer coisas muito boas. Já tenho quatro anos!
- Pois já. Então despachem-se a comer para começarmos a trabalhar!
O pano amarelo foi passado a ferro e colocado na parede. Depois, a Clarinha e eu procurámos na Bíblia um texto bonito sobre o deserto. E encontrámos em Isaías um capítulo lindíssimo, o capítulo 35. Nele, Isaías fala dos acontecimentos maravilhosos que irão acompanhar a vinda do Messias: o deserto cobrir-se-á de flores, a água jorrará da terra seca, e Deus abrirá um caminho sagrado, por onde Ele próprio passará, acompanhado de todos os justos...
- Um caminho sagrado? Que caminho é esse?
- Acho que é a Via Sacra, Clarinha. Vê lá tu: quinhentos anos antes de Jesus nascer, Isaías viu o caminho que nos trouxe a felicidade: o caminho da cruz!
- Então vamos fazer esse caminho no nosso pano! Temos aí uma fita vermelha, cor de sangue...
- Claro! O caminho que Jesus nos abriu é um caminho de sangue... O Caminho da Cruz atravessa os nossos desertos interiores e conduz-nos à Vida. Vai ficar lindo!
Do capítulo 35 de Isaías, escolhemos dois versículos:
"Que o deserto se cubra de flores!" (Is 35, 1)
"Deus abrirá um caminho. Chamar-se-á Via Sagrada!" (Is 35, 8)
Depois, a Clarinha escreveu-os em letras grandes, recortámos o texto e colámo-lo sobre o pano amarelo.
Pendurámos uma fita vermelha atravessando o pano, como sugerido pela Clarinha. E nesse caminho marcámos as principais "paragens": os mistérios dolorosos do Rosário, que são um resumo da Via Sacra.
Finalmente, cada membro da família teve de desenhar o contorno da sua pegada numa folha de papel. Queríamos poder colar as nossas pegadas às pegadas de Jesus, caminhando com a cruz pela Via Sacra!
Ai as cócegas!
A Sara estendeu o pé com decisão. O que os irmãos fazem, ela também quer fazer, pois então!
No pano, cada um de nós colou a sua pegada. Ao longo da quaresma, iremos aprender a caminhar nesta Via Sacra...
Depois precisámos de desenhar e recortar muitas, muitas flores, que serão lançadas no "deserto" de cada vez que conseguirmos fazer algo de belo para o Senhor, segundo uma expressão aprendida com a Madre Teresa de Calcutá ("Something beautiful for God"). Com papel de lustro e um molde desenhado em cartão, a Clarinha e eu trabalhámos afincadamente. O Francisco tinha saído para fazer ilusionismo numa festa de anos, fugindo assim à parte mais aborrecida da construção do nosso Canto de Oração!
Tudo pronto. Chamamos o pai, que de galochas e gabardine, trata do jardim. Ele sorri. Trabalho aprovado! Agora é preciso viver o que construímos, cobrindo de flores o deserto da vida e caminhando nas pegadas ensanguentadas do nosso Salvador, com fidelidade e persistência. Ámen!
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