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Somos uma família católica, abençoada com seis filhos na Terra e um no Céu. Procuramos viver a fé com simplicidade e generosidade. Queremos partilhar com outras famílias a alegria de sermos Igreja Doméstica na grande família da Igreja Católica.
Sábado, nove e meia da manhã. A família Power estaciona os dois carros em frente do Paço Episcopal: o senhor bispo D. António Moiteiro vai conceder-nos gentilmente uma hora do seu tempo, para conversarmos sobre as Famílias de Caná!
- Ah, veio a família inteira! Quantos são? - Pergunta a senhora que nos abre a porta, com um sorriso simpático, ao ver tantas crianças a subir a escadaria a correr.
- Seis - Esclareço, cumprimentando-a. - Eu sei que o senhor bispo está à minha espera e do meu marido, mas decidimos trazer também as crianças...
E as crianças já entraram na casa episcopal.
- Ena, que giro! - Diz o David, adiantando-se na sala e observando os cadeirões vermelhos.
- David, espera! Temos de esperar aqui - Sussurro.
- Não, o David tem razão, podem entrar e esperar pelo senhor bispo na sala. Talvez os meninos se possam sentar naquele sofá comprido. Cabem todos?
Mas os meninos não querem sentar-se no sofá. Seria uma perda de tempo, quando a toda a volta há coisas tão giras de ver! Entretanto, o senhor bispo entra na sala, cumprimentando-nos. Que alegria, podermos estar com ele nesta manhã! Sentamo-nos, e começamos a nossa conversa. Queremos falar-lhe das Famílias de Caná, da espiritualidade totalmente familiar deste novo movimento, dos milagres e das conversões que o Senhor tem operado, e de como precisamos da sua bênção. Procurando comportar-se adequadamente, mas fazendo algum barulho, as crianças são a perfeita ilustração do que tentamos explicar:
- Na verdade, senhor bispo, não é fácil rezar o terço quando se têm bebés a choramingar e crianças pequenas a brincar por perto - Vou dizendo - Não é fácil estar na missa e ter de mandar calar, ou encontrar tempo para evangelizar em casa...
O senhor bispo acena, concordando, enquanto sorri perante as brincadeiras da Sara e os comentários que os meninos vão fazendo.
- Quero fazer chichi! - Diz de repente o António. A senhora que nos abriu a porta apressa-se a mostrar-lhe a casa de banho, e todos os nossos filhos a seguem para fora da sala.
A conversa torna-se mais calma e fácil, claro está... Que andarão as crianças a fazer? No final da hora, quando entram de rompante novamente na sala, ficamos a saber:
- Já visitámos o teu quarto! - Diz a Lúcia ao senhor bispo.
- E vimos a Princesa!
- Qual princesa? - Pergunto.
- O cão. Deu uma lambidela na cara da Sara!
- O senhor bispo tem um cão?
Ele sorri:
- É o cão da casa...
- E vimos a cozinha. Havia bananas na despensa e um peixe daqueles enormes tipo tubarão!
- É só um bacalhau - Explica-me baixinho o Francisco.
- E vimos o sotão e a cave.
- E vimos o chapéu vermelho especial!
- Olha, e a senhora deu-nos um saco de tangerinas!
- Esta casa é mesmo gira!
- Pois é!
O senhor bispo sorri enquanto nos despedimos.
- Não se esqueçam das tangerinas! - Acrescenta, estendendo-nos o saco que já ficava esquecido na entrada.
Felizes - embora por razões diferentes, segundo me parece - pais e filhos regressamos aos carros. São horas de voltar para casa!
Enquanto conduzo de regresso a Mogofores, vou pensando em tudo o que o senhor bispo nos disse, em tudo o que lhe dissemos também, mas sobretudo, na alegria que todos sentimos por termos sido recebidos na casa paterna. Na verdade, correr pelas escadarias do paço episcopal, visitar a cozinha e os quartos, brincar com o cão e provar as tangerinas são gestos infantis de quem se sente em casa!
Os cristãos não são orfãos, pois se no Céu têm um Pai e uma Mãe, na Terra têm pais e mães com fartura: em cada paróquia, temos um pai - em inglês, Father, em português, Padre; em cada diocese, temos um bispo; e finalmente, a servir o mundo inteiro, temos o nosso Papá, ou Papa. Os meus filhos também conhecem muitas Irmãs, a quem se referem sempre com carinho, e a Madre (Mãe) Ana-Maria Javouhey. Jesus não veio fundar um partido nem uma organização, mas uma família...
"Quem escuta a Minha Palavra e a põe em prática, esse é meu irmão, minha irmã e minha mãe."
(Lc 8, 21)
Que os nossos sacerdotes e todos os consagrados se descubram, cada vez mais, pais e mães espirituais do seu povo, capazes de nos revelar o rosto familiar do nosso Deus! Ámen.