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A casa paterna

por Teresa Power, em 21.01.15

Sábado, nove e meia da manhã. A família Power estaciona os dois carros em frente do Paço Episcopal: o senhor bispo D. António Moiteiro vai conceder-nos gentilmente uma hora do seu tempo, para conversarmos sobre as Famílias de Caná!

- Ah, veio a família inteira! Quantos são? - Pergunta a senhora que nos abre a porta, com um sorriso simpático, ao ver tantas crianças a subir a escadaria a correr.

- Seis - Esclareço, cumprimentando-a. - Eu sei que o senhor bispo está à minha espera e do meu marido, mas decidimos trazer também as crianças...

E as crianças já entraram na casa episcopal.

- Ena, que giro! - Diz o David, adiantando-se na sala e observando os cadeirões vermelhos.

- David, espera! Temos de esperar aqui - Sussurro.

- Não, o David tem razão, podem entrar e esperar pelo senhor bispo na sala. Talvez os meninos se possam sentar naquele sofá comprido. Cabem todos?

Mas os meninos não querem sentar-se no sofá. Seria uma perda de tempo, quando a toda a volta há coisas tão giras de ver! Entretanto, o senhor bispo entra na sala, cumprimentando-nos. Que alegria, podermos estar com ele nesta manhã! Sentamo-nos, e começamos a nossa conversa. Queremos falar-lhe das Famílias de Caná, da espiritualidade totalmente familiar deste novo movimento, dos milagres e das conversões que o Senhor tem operado, e de como precisamos da sua bênção. Procurando comportar-se adequadamente, mas fazendo algum barulho, as crianças são a perfeita ilustração do que tentamos explicar:

- Na verdade, senhor bispo, não é fácil rezar o terço quando se têm bebés a choramingar e crianças pequenas a brincar por perto - Vou dizendo - Não é fácil estar na missa e ter de mandar calar, ou encontrar tempo para evangelizar em casa...

O senhor bispo acena, concordando, enquanto sorri perante as brincadeiras da Sara e os comentários que os meninos vão fazendo.

- Quero fazer chichi! - Diz de repente o António. A senhora que nos abriu a porta apressa-se a mostrar-lhe a casa de banho, e todos os nossos filhos a seguem para fora da sala.

A conversa torna-se mais calma e fácil, claro está... Que andarão as crianças a fazer? No final da hora, quando entram de rompante novamente na sala, ficamos a saber:

- Já visitámos o teu quarto! - Diz a Lúcia ao senhor bispo.

- E vimos a Princesa!

- Qual princesa? - Pergunto.

- O cão. Deu uma lambidela na cara da Sara!

- O senhor bispo tem um cão?

Ele sorri:

- É o cão da casa...

- E vimos a cozinha. Havia bananas na despensa e um peixe daqueles enormes tipo tubarão!

- É só um bacalhau - Explica-me baixinho o Francisco.

- E vimos o sotão e a cave.

- E vimos o chapéu vermelho especial!

- Olha, e a senhora deu-nos um saco de tangerinas!

- Esta casa é mesmo gira!

- Pois é!

O senhor bispo sorri enquanto nos despedimos.

- Não se esqueçam das tangerinas! - Acrescenta, estendendo-nos o saco que já ficava esquecido na entrada.

Felizes - embora por razões diferentes, segundo me parece - pais e filhos regressamos aos carros. São horas de voltar para casa!

 

Enquanto conduzo de regresso a Mogofores, vou pensando em tudo o que o senhor bispo nos disse, em tudo o que lhe dissemos também, mas sobretudo, na alegria que todos sentimos por termos sido recebidos na casa paterna. Na verdade, correr pelas escadarias do paço episcopal, visitar a cozinha e os quartos, brincar com o cão e provar as tangerinas são gestos infantis de quem se sente em casa!

Os cristãos não são orfãos, pois se no Céu têm um Pai e uma Mãe, na Terra têm pais e mães com fartura: em cada paróquia, temos um pai - em inglês, Father, em português, Padre; em cada diocese, temos um bispo; e finalmente, a servir o mundo inteiro, temos o nosso Papá, ou Papa. Os meus filhos também conhecem muitas Irmãs, a quem se referem sempre com carinho, e a Madre (Mãe) Ana-Maria Javouhey. Jesus não veio fundar um partido nem uma organização, mas uma família...

 

"Quem escuta a Minha Palavra e a põe em prática, esse é meu irmão, minha irmã e minha mãe."

(Lc 8, 21)

terço.JPGQue os nossos sacerdotes e todos os consagrados se descubram, cada vez mais, pais e mães espirituais do seu povo, capazes de nos revelar o rosto familiar do nosso Deus! Ámen.

 

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publicado às 06:24


2 comentários

De ana santos a 21.01.2015 às 09:01

Amén!

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