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Somos uma família católica, abençoada com seis filhos na Terra e um no Céu. Procuramos viver a fé com simplicidade e generosidade. Queremos partilhar com outras famílias a alegria de sermos Igreja Doméstica na grande família da Igreja Católica.
O Retiro em Coimbra foi das experiências mais belas que temos tido. Digo-o de coração cheio, e de coração profundamente grato pela partilha de vida com famílias verdadeiramente fantásticas. Deus nunca Se deixa vencer em generosidade, e dá-nos sempre muito, muito mais do que ousamos pedir...
Tinhamos oito famílias inscritas - três de Coimbra, duas do Porto, uma de Tomar, uma de Lisboa e outra de Cantanhede. Mas ao longo de todo o sábado, no meio da chuva torrencial que alagou o nosso país, cortou estradas, fechou barras, espalhou viroses e a todos encerrou nas suas casas, as desistências foram chegando. Ficámos com apenas cinco famílias.
- Achas que vale a pena continuar a pensar em fazer retiro? - Perguntava-me o Niall, quase à noite, quando a querida Lilian nos comunicou que estava de cama cheia de febre e, portanto, não podia ir.
- O quê? Desistir agora? Depois do trabalho todo que a Cláudia e o Cristóvão, o João e a Sónia têm tido? E como vais dizer aos teus filhos mais pequenos que já não vão brincar com os seus queridos amigos? Eles estão ansiosos por encontrar a Alice, a Leonor, a Madalena, o Gaspar, o António e o bebé Matias... Não, não podemos fazer uma desfeita dessas!
- Bem, então se não aparecer nenhuma família, ficamos nós e as famílias da Cláudia e da Sónia em amena cavaqueira de Caná.
- Assim é que se fala!
O domingo acordou cheio de chuva, e Coimbra encontrava-se no centro da tempestade. Onde nos iríamos nós meter? Mas as crianças acordaram felizes: era dia de retiro! Sorrimos um para o outro: a Sara nunca conheceu a vida sem retiros Famílias de Caná, e para ela, ir a um retiro é tão natural como ir à escola ou a casa da avó.
-Uum, que cheirinho! - Diziam os meninos, ao acordar. - Bifes panados?
- Sim, estamos a preparar o piquenique - Respondi, da cozinha. Eles riram:
- Piquenique com esta chuva toda? Vai ser divertido!
- Não se preocupem, porque vamos estar sempre dentro do Centro Paroquial. E lá não chove!
Mas durante a viagem choveu. E quando saímos do carro, em Coimbra, caía granizo... Nada que pudesse perturbar o sentimento de felicidade ao sermos acolhidos pelas duas Famílias de Caná com quem já partilhamos tão grande amizade. O Cristóvão, a Cláudia, o João e a Sónia tinham tudo preparado para um dia em cheio, e um abraço amigo para nos receber.
E num instante, o salão encheu-se com as cinco famílias que vieram. Ena, que grande festa! Pudemos finalmente conhecer ao vivo - porque virtualmente já nos conhecíamos e já nos tratávamos por amigos - a família da Sónia e do Tiago , com os seus três lindos filhos, e a família da Marta e do António. Já ouviram falar no projeto que este casal - divertidíssimo, alegre e transbordante de simplicidade - desenvolve? Chama-se datesCatólicos.org e promove o encontro entre pessoas católicas solteiras, que gostariam de encontrar o seu futuro marido ou mulher num ambiente católico. Um projeto bem adequado ao dia de S. Valentim!
Conhecemos também mais algumas famílias, que nos encantaram pela sua simplicidade e disposição de coração, revemos os nossos amigos de Tomar, que com a família da Olívia, dinamizam a Aldeia de S. João Batista, e fomos maravilhosamente acolhidos pelo senhor padre Carlos Pinho na sua paróquia. Quanta profundidade e quanto amor nas suas palavras e nos seus gestos! "Façam boa viagem para lá e para cá!" Disse-nos o senhor padre à despedida, com uma gargalhada simpática. Claro que voltaremos!
Deixo-vos as fotos do dia - o espaço acolhedor, os corações de S. Valentim (ou os nossos corações misericordiosos...) a sorrir e a fazer cara feia, acolhendo ou rejeitando o amor do Senhor, as brincadeiras dos mais novos e os trabalhos dos mais crescidos, a oração, o terço, a adoração, os ensinamentos, a magia, a música, a alegria... Deixo-vos as fotos mas o resto, o essencial, terão de imaginar. Ou, se quiserem, terão de vir experimentar um dia!
- Mamã, quando é o próximo retiro? - Perguntava uma simpática menina loira.
- Oh, temos de ir já embora? - Refilava um rapazinho.
- Só podemos ir embora quando eu encontrar as chaves do carro grande - Respondia eu, já aflita, depois de todo o salão varrido, lavado e arrumado, e do Niall ter carregado o nosso carro mais pequeno. - Niall, ajuda-me! Não encontro as chaves do carrro! - Começávamos a ficar bastante nervosos, os amigos reviraram novamente os caixotes e os restos dos piqueniques, quando o Niall decidiu ir procurar... ao próprio carro. E descobriu que eu deixara as chaves na ignição o dia inteiro
Nos testemunhos finais, antes da última oração, as famílias partilharam a sua perceção do dia e os seus sentimentos. Procurando encontrar uma frase que exprima o sentimento comum manifestado, ocorre-me esta passagem do Livro dos Atos dos Apóstolos:
"Os primeiros cristãos eram assíduos ao ensino dos Apóstolos, à união fraterna, à fração do pão e às orações. Perante os inumeráveis prodígios e milagres realizados pelos Apóstolos, o temor dominava todos os espíritos. Todos os crentes viviam unidos e possuíam tudo em comum..." (At 2, 42-44)