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A cobra

por Teresa Power, em 03.06.15

Cheguei a casa apenas com os dois mais novos - A Sara e o António - e, como costume, abri a porta da cozinha para que ambos pudessem brincar alegremente no jardim. De repente, os cães começaram a ladrar aflitivamente. Deixei o que estava a fazer e corri para o jardim. Os cães estavam à porta da garagem, numa grande algazarra. Aproximei-me, curiosa. Que teria acontecido? Entrei na garagem, e no momento em que passei pela porta, um enorme e prolongado "zzzzzzzzzzzzzzzzz" fez-me gelar. Não havia dúvidas de que era uma cobra. Mas onde? Sem me mexer, fui procurando com os olhos, até que dei um salto para trás: a cobra estava mesmo ao meu lado, no cimo do escadote que está à entrada da garagem.

cobra.JPG

- O que se passa, mamã? - Perguntou então o António, entrando na garagem com a Sara. Com um grito, afastei-os e levei-os para a cozinha. Depois telefonei ao Niall.

- Estou quase a chegar a casa - Respondeu-me ele. - Por favor, não faças nada! Eu morria de pena se não chegasse a tempo de ver a cobra!

O Niall tem uma paixão por cobras. Em jovens, ambos fizemos expedições na natureza com um sacerdote jesuíta profundamente conhecedor de cobras, que aliás possuía várias no seu gabinete, o padre Carlos Azevedo Mendes. Uma das coisas que nos ensinou foi precisamente a não ter medo e a saber como lhes pegar.

- Niall, mas há os gatinhos e os pitinhos!

Mesmo que esta cobra fosse inofensiva para o ser humano, eu sabia que uma das funções que a natureza lhe atribui é manter controladas as ninhadas de ratos e afins. Os nossos quatro gatinhos e os quatro pintaínhos que entretanto também nasceram corriam sério risco.

- Tens razão. Retira imediatamente os gatinhos do armário e tranca a garagem.

Entrei na garagem com um salto. Rapidamente, abri o armário e reuni os quatro gatinhos num cestinho, que levei para dentro de casa, para deleite da Sara e do António. Depois tranquei a cobra na garagem, e suspirei de alívio.

O Niall chegou entretanto. Entusiasmado, dirigiu-se à garagem, onde foi recebido por um enorme "Zzzzzzzzzzz".

- Ena, que bonita! Mas está tão agressiva! Mantém as crianças longe. Vou baixar o escadote, para ser mais fácil apanhá-la. Depois levo-a para longe da nossa casa, fica descansada.

Assim que o Niall baixou o escadote, uma cena curiosa aconteceu: a Winnie e o Jack, os nossos dois rafeiros atiraram-se à cobra e agarraram-na com os dentes, à vez, chicoteando-a contra o chão com violência. Em menos de dez segundos - para frustração do Niall e para meu alívio - a cobra estava morta.

No galinheiro, os pintaínhos saíram debaixo das asas da sua mamã:

 

E os gatinhos regressaram ao seu armário, onde a mamã se apressou a lambê-los vigorosamente e a dar-lhes de mamar:

DSC02490.JPG

Quais as "cobras sibilantes" que pretendem roubar-nos as nossas "ninhadas"? Deveremos nós, pais, separar os nossos filhos dos contactos humanos "perigosos", impedindo que se relacionem com todo o tipo de pessoas, nomeadamente na escola e noutros lugares lícitos? Não o creio. Afinal, a Boa Notícia do Evangelho é que Jesus, o Filho de Deus, se senta à mesa com os publicanos e as prostitutas, recusando o medo farisaico do contágio. E o que está bem para Jesus, está bem para mim.

Mais perigosos são os canais abertos de "cobras" para o interior das nossas casas e dos corações dos nossos filhos, através dos livros, de várias redes sociais, dos programas de televisão e dos jogos de computador que são visionados sem qualquer discriminação e que nenhum pai ou mãe consegue acompanhar convenientemente. Na verdade, muito do que por aí se produz nos meios de comunicação social tem um objetivo claro ou oculto de destruir os valores da nossa civilização cristã.

Se substituirmos o tempo gasto em visionamentos deste tipo por conversas familiares honestas e profundas em torno de valores, estaremos a equipar os nossos filhos com o necessário para saberem escolher as suas amizades e avaliar os comportamentos de quem os rodeia. Diz-nos S. Paulo:

 

"Tudo o que é verdadeiro, tudo o que é nobre, tudo o que é justo, tudo o que é puro, tudo o que é amável, tudo o que é respeitável, tudo o que possa ser virtude e mereça louvor, ocupe o vosso pensamento." (Fl 4, 8)

 

É o que nós procuramos fazer todos os dias, no tempo de oração familiar, quando confrontamos o dia de cada um com a Palavra de Deus! E para uma maior certeza da vitória, confiamos no auxílio daquela que esmagou a serpente com o calcanhar...

DSC02470.JPG

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publicado às 06:12


3 comentários

De Sara a 03.06.2015 às 11:22

EEEEEEEEEEEEEEEK!

Mais parece uma jibóia! Ai que fiquei toda arrepiada só de ver a foto. Mas cobras e aranhas grandes passo (eu sei que os bichinhos não têm culpa e gosto muito de os ver...assim ao longe)! O Niall ia pegar nela sem um pau...? Virava almoço!!

Eu virava a casa do avesso à procura de mais...e sempre aos pulos.
Sei que esta é uma resposta "levemente" histérica, mas é (era) tão grande!!! brrrrrrrrrrr

De Helena Le Blanc a 03.06.2015 às 14:08

Ola

Muito bom!

Não seria uma boa atividade para os jovens? aprenderem mais sobre animais diferentes? Eu sei que é assustador mas se estiver presente um adulto que sabe o que faz, é uma atividade que poderá cativar, exatamente por ser diferente e assustador, os jovens...

Canais abertos para as nossas famílias... especialmente a TV! Na nossa "fase" (desenhos animados tipo o Mickey , princesa sofia , monstrinho Henry) a coisa ainda não é muito má (parece-me!). Cá em casa se eu estou ocupada, é o Pai que está com ele (a ver, a brincar, a desenhar) ou vice-versa. Vemos os desenhos animados come ele. Estou a tentar é a diminuir o tempo da televisão, e ter outro tipo de atividades . Com o bom tempo agora é mais fácil.
Um abraço

De ana santos a 04.06.2015 às 08:55

Sim é preciso "equipar" os nossos filhos com os valores certos para escolherem o bem, e isso dá muito "trabalho", diário, constante, para que fiquem bem cimentados os valores e não sejam derrubados pelas tempestades do dia a dia.

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