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Somos uma família católica, abençoada com seis filhos na Terra e um no Céu. Procuramos viver a fé com simplicidade e generosidade. Queremos partilhar com outras famílias a alegria de sermos Igreja Doméstica na grande família da Igreja Católica.
- Francisco, talvez hoje possas levar o David a dar uma grande volta de bicicleta - sugeriu o Niall. - Ele já tem idade para fazer um passeio valente!
- OK. Não te preocupes, que eu cuido dele. David!
O David nem cabia em si de contente. O mano mais velho e ele iam sozinhos de bicicleta, pelas ruas e atalhos da nossa aldeia! Fantástico! A toda a pressa, colocou o capacete, verificou o ar dos pneus e montou na bicicleta. E lá partiram os dois, tão felizes... Fiquei a vê-los do muro do jardim:
E continuei a olhar, mesmo depois de desaparecerem na curva da estrada... Chegou a sua vez de dobrarem a curva da estrada:
Quando nos mudámos para esta casa, era o David bebé, uma das coisas que mais me atraiu foi - não se riam - a curva da estrada, lá adiante. Lembrava-me o final do meu livro preferido ao longo de toda a minha infância e juventude (e que já é um dos preferidos do Francisco e da Clarinha também), Anne of Green Gables (Anne e a sua Aldeia), de Lucy Montgomery:
"Se o caminho que se estendia diante dos seus pés tivesse de ser estreito, ela sabia que seria semeado de flores de felicidade serena. E havia sempre a curva da estrada."
Na verdade, olhando para trás, para o caminho percorrido na minha vida, dou-me conta da sua beleza. A felicidade não depende da largura do caminho, mas da capacidade de o semearmos de flores. Quando, aos dez, doze, quinze anos, eu lia e relia a história da Anne, que tive de reencadernar de tanto uso, estava longe de imaginar até onde a estrada me levaria. Tantas flores de felicidade serena - e tantos espinhos...
Como o David, precisamos de pedalar com empenho, com coragem, com determinação, com suor, com esforço - e com imenso prazer, que o cristão é por natureza alegre! Como o David, não nos podemos lançar à estrada sem um guia seguro, pois na estrada da vida, somos sempre crianças! De curva em curva, vamos avançando nesta estrada, sem nunca conseguir espreitar para diante, mas confiando em absoluto na mão que nos guia. Diz o salmo 139/138:
"Senhor, Tu examinas-me e conheces-me,
sabes quando me sento e quando me levanto;
de longe penetras o meu pensamento,
estás atento a todos os meus passos.
Tu me envolves por todo o lado
e sobre mim colocas a tua mão."
"Vê se é errado o meu caminho
e guia-me pelo caminho eterno."
Se não me puser a caminho, nunca saberei o que está para além da curva da estrada. Se Abraão não tivesse deixado a sua terra, nunca se teria tornado o pai do povo judeu e cristão; se José não se tivesse levantado durante a noite, que teria acontecido a Jesus, perseguido por Herodes?
Onde nos levará a estrada? Algumas curvas são bem difíceis de contornar... Às vezes é preciso (não é, David?) desmontar da bicicleta e dar a mão ao Senhor, para não nos magoarmos demasiado. A morte do Tomás foi assim. Mas do outro lado da curva, quanta beleza! E de curva em curva, sem ceder ao medo - sabemos que o Senhor nos envolve por todo o lado e sobre nós coloca a sua mão - caminhamos rumo ao céu.
O Francisco e o David regressaram uma hora mais tarde, felizes e transpirados, com sorrisos cúmplices nos lábios.
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