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Somos uma família católica, abençoada com seis filhos na Terra e um no Céu. Procuramos viver a fé com simplicidade e generosidade. Queremos partilhar com outras famílias a alegria de sermos Igreja Doméstica na grande família da Igreja Católica.
- Não quero ir à escola - Dizia-me ontem o António, ao acordar - Quero que sejam férias para sempre!
- Bem sabes que tens de ir, António. As férias já acabaram!
- Mas eu quero ficar em casa. Ou então quero ir à missa. Ou férias, ou domingo. Escola não!
- Pois é mesmo escola hoje, António. Vá lá, mostra que és grande!
Por fim, o António tomou consciência de que tinha mesmo de ser: as férias estavam terminadas! Com algum esforço para conter as lágrimas, lá ficou, muito direito, muito homenzinho. Antes de me vir embora, dei-lhe mais um beijinho e mais um abraço. Saltando-me para o pescoço, o António disse:
- Não faz mal que te vás embora. Eu sei que depois do lanche tu vens logo logo!
- Pois é, António. Venho sempre depois do lanche.
- Eu sei - disse ele - Depois do lanche olho um bocadinho para a porta, e de repente tu estás lá! E nunca, nunca faltas, pois não?
- Não, nunca falto.
- O dia é rápido, não é? Tu estás lá à minha espera depois do lanche!
Assegurei-o outra vez do meu rápido regresso. Ele sorriu, disse-me adeus com a mão rechonchuda e lá foi a correr, brincar com os amigos.
A conversa entre Jesus Ressuscitado e os discípulos foi mais ou menos assim também!
"Não me detenhas" (Jo 20, 17), disse Jesus a Madalena, que a seus pés, insistia para que ficasse ali com ela. "Não me detenhas", tento eu dizer ao António. Jesus tinha de partir para que os discípulos crescessem (é mesmo, António...). Mas logo logo, Ele volta, e quando olharmos para a porta da eternidade, ali do outro lado da morte, Ele estará lá à nossa espera, como estará à espera da humanidade no fim dos tempos, "depois do lanche" que não sabemos bem quando será...
O António brincou o dia inteiro na escola, muito feliz. Quando o fui buscar, estava transpirado e corado, com um sorriso aberto, rodeado de amigos. Pendurando-se ao meu pescoço, gritou:
- Eu sabia que tu vinhas!
E foi essa certeza absoluta, essa confiança total no meu amor e no meu regresso, que permitiu ao António aprender, brincar, trabalhar, descansar e ser feliz durante todo o dia.
Como se distingue um cristão de um ateu? Pela maneira de "brincar"? Não: por esta atitude de confiança total e absoluta no amor de Deus, por esta certeza de que Ele está à nossa espera e não tardará em nos tomar nos braços e envolver de carinho. É a isto que chamamos de esperança cristã! E é esta esperança que nos enche de felicidade e nos faz sorrir no meio de todas as dificuldades que possamos encontrar pelo caminho.
Antes de morrer, Jesus deixou aos discípulos estas palavras ternas, tão semelhantes às que eu disse ontem de manhã ao António, ao deixá-lo no infantário:
"Também vós vos sentis agora tristes, mas Eu hei-de ver-vos de novo! Então o vosso coração há-de alegrar-se e ninguém vos poderá tirar a vossa alegria." (Jo 16, 22)
Sim, um cristão é, por natureza, um ser humano muito alegre!