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A Festa da Fé II

por Teresa Power, em 21.01.14

Hora de jantar. Depois de conseguir acalmar algumas birras, tirar o garfo da Lúcia da mão da Sara, expulsar a Bella da cozinha, ajudar o Francisco e a Clarinha a decidir quem vai lavar a loiça e assegurar o António que quem não quer a sopa também não come mais nada, finalmente houve dez segundos de silêncio. Aproveitei para perguntar:

- Alguém sabe por que razão levámos as velas do baptismo para a missa ontem?

- Porque a minha lanterna está estragada.

- Que disparate, António! Porque era a Festa da Fé.

- Sim, David, e o que é que a fé tem a ver com luz?

- A luz é Jesus escondido.

- Sim, Lúcia, Jesus é a luz. E o baptismo? O que é o baptismo?

- Torna-nos filhos de Deus, não é, mãe?

- A Clarinha tem razão. O baptismo faz de nós fillhos de Deus. Quando somos baptizados, passamos a caminhar na luz de Jesus! E onde acendemos nós as velas?

- Na vela grande!

- Nas velas uns dos outros!

- Na tua vela!

- Pois é, a fé é um dom que recebemos de Deus, através da sua Igreja. Os pais oferecem este dom aos seus filhos, quando pedem o baptismo para eles. E os filhos irão passar este dom aos seus filhos também! Tal como passámos a luz na igreja, de vela em vela.

 

 

O baptismo faz de nós filhos de Deus. Talvez estejamos tão habituados a esta afirmação - somos filhos de Deus - que perdemos a capacidade de deslumbramento. Mas se nos detivermos alguns minutos a pensar no que significa isto de ser filho de Deus, não poderemos deixar de ficar profundamente emocionados... Diz S. João:

 

"Vede que amor tão grande o Pai nos concedeu, a ponto de nos podermos chamar filhos de Deus; e somo-lo de facto!" (1Jo 3, 1)

 

Mas se Deus é nosso Pai, quem nos "dá à luz", no sacramento do baptismo, é a Igreja, esposa de Cristo! Assim, a relação dos baptizados com a Igreja não é a relação de alguém com o seu clube de futebol ou o seu partido político. É antes a relação de um filho com a sua mãe. Pertencer à Igreja é pertencer a uma família cheia de problemas, cheia de dificuldades - mas acima de tudo, cheia de amor. E como qualquer família, pode ter todos os defeitos do mundo, mas é a nossa!

Não esperemos que os nossos filhos cresçam para decidirem por eles receber o baptismo. Se esperarmos, estamos a roubar-lhes este sentido natural de pertença a uma família que não se escolhe, mas se descobre.

O sacramento do baptismo não precisa de ser uma escolha pessoal. É antes um dom totalmente imerecido, gratuito, generoso, como o dom da vida. Não precisamos de pedir para ser baptizados, como não precisámos de pedir para nascer. Nascemos porque alguém escolheu por nós, somos baptizados porque alguém decidiu por nós. Tenhamos a ousadia de decidir também pelos nossos filhos. Eles têm direito a crescer na Igreja como filhos e não como visitantes. Eles têm direito a experimentar a gratuidade absoluta do amor de Deus, que S. João descreveu assim:

 

"Nisto consiste o amor: não fomos nós que amámos a Deus, foi Deus que nos amou primeiro." (1Jo 4, 10)

 

 No baptismo, os nossos pais acendem a nossa pequenina vela no círio pascal, símbolo de Cristo. E depois, ao longo da infância, colocam-nos a vela na mãos e ajudam-nos a segurá-la. Pouco a pouco, aprendemos a acender outras velas com a luz da nossa. E um dia chega a nossa vez de escolher, para os nossos filhos, a família de Jesus como sua própria família. Um bela escolha de amor!

 

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publicado às 09:57




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