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Somos uma família católica, abençoada com seis filhos na Terra e um no Céu. Procuramos viver a fé com simplicidade e generosidade. Queremos partilhar com outras famílias a alegria de sermos Igreja Doméstica na grande família da Igreja Católica.
No dia da Imaculada Conceição, na nossa paróquia acontece também a bênção das grávidas. É um momento muito bonito da Eucaristia, em que as mães que aguardam o nascimento dos seus filhos inclinam as cabeças para receber a bênção, geralmente diante do altar.
- Fiquei nervoso quando ouvi o senhor padre anunciar que ia abençoar as grávidas - Disse-me o Niall na brincadeira - É que estava muito curioso para ver se tu te ias aproximar para receber a bênção!
Dei-lhe um encontrão divertido.
- Não gozes!
O Niall piscou-me o olho. Não, desta vez, a bênção não foi para mim!
Mas também não costuma ser para muita gente. É triste ver como são pouco numerosas as mulheres grávidas no nosso país, que está cada vez mais envelhecido. Falta riso, falta choro, falta o barulho alegre das crianças e dos bebés nas Eucaristias, nas praças, nos parques infantis, e até nas escolas. Já contei aqui no blogue a surpresa que foi encontrar tantos bebés na Irlanda, e como até o próprio ar parece diferente quando soam por todo o lado as suas gargalhadas.
É difícil criar um filho em Portugal. Eu tenho seis, e não tenho direito a abono de família, por exemplo!
Mas é muito fácil matar um filho em Portugal. Se o filho tiver menos de dez semanas de vida no útero, basta assinar um papel e tomar uns comprimidos. Já está. Tudo pago com o dinheiro que não chega para pagar os abonos de família; passando à frente de quem aguarda operações para melhorar a sua vida.
Tenho uma amiga que um dia, grávida do quarto filho e num grande sofrimento psicológico, decidiu abortar. Dizia-me ela:
- O aborto é legal, por isso posso fazê-lo, embora me custe muito.
Respondi-lhe que sim, que o aborto era legal de acordo com a lei dos homens; mas o referendo português não alterara uma vírgula na Lei de Deus.
No final da Caminhada pela Vida, no passado dia 4 de Outubro, foi apresentada uma proposta de lei que visa conseguir algumas alterações à lei do aborto. Por exemplo, não permitir que o aborto seja equiparado a uma gravidez a nível de subsídios e isenções; propor realmente alternativas à mulher que quer abortar, e alternativas válidas, de apoios existentes a todos os níveis; não ouvir apenas a mulher grávida, mas conversar também, sempre que possível, com o pai ou com familiares que possam ajudar a gravidez a ir para a frente; e muitas outras pequenas alterações, mas capazes de obter grandes resultados. Talvez a minha preferida seja esta: exigir que a mulher grávida veja uma ecografia do seu bebé antes de abortar...
São precisas 35 mil assinaturas para que esta iniciativa legistativa possa ser entregue no parlamento e levada a plenário. A recolha de assinaturas acontecerá até ao fim deste mês, pelo que todos precisamos de nos empenhar nesta causa.
O Papa Francisco tem repetido muitas vezes uma ideia fundamental, quando se fala em aborto: este tema não é religioso, mas científico. Não há dúvida alguma - embora a cegueira de alguns não tenha limites - de que uma pessoa é uma pessoa desde o momento da sua concepção, sendo essa a única fronteira temporal capaz de marcar o início da vida humana. Todas as outras distinções - mórula, embrião, feto, bebé, criança, jovem, adulto - são pontos marcados mais ou menos arbitrariamente numa recta contínua.
Se quiserem assinar e recolher assinaturas para esta proposta de lei, façam-no aqui.
Entretanto, fiquemos com a alegria exuberante dos bebés Jesus e João Baptista, que se cumprimentaram ainda no seio das suas mães, Maria e Isabel:
"Bendita és tu entre as mulheres e bendito é o fruto do teu ventre! Quando soou em meus ouvidos a voz da tua saudação, o bebé saltou de alegria no meu ventre." (Lc 1, 42-44)
Que os bebés portugueses ainda não nascidos não cresçam com medo de morrer, mas antes saltem de alegria no ventre acolhedor de suas mães. Ámen!