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Somos uma família católica, abençoada com seis filhos na Terra e um no Céu. Procuramos viver a fé com simplicidade e generosidade. Queremos partilhar com outras famílias a alegria de sermos Igreja Doméstica na grande família da Igreja Católica.
Estou e estarei sempre grata aos meus filhos pela mãe que eles fizeram de mim. Na verdade, os meus filhos têm sido os melhores professores da minha vida. A cada novo dia, eles exigem de mim, sem sequer o saberem, maior generosidade, mais paciência, um sorriso, maior capacidade de escuta e de acolhimento. Graças a eles, vou-me tornando num ser humano mais bondoso e mais sábio e crescendo no conhecimento de Deus.
Nos meus primeiros anos de maternidade sentia-me muito frequentemente frustrada, irritada, perdida e confusa. Tudo parecia tão complicado! Queria fazer tudo bem, e achava que fazia tudo mal. Mas à medida que os filhos foram nascendo, e à medida que fui lendo, perguntando e procurando respostas - se eu tenho alguma virtude, é a de nunca me acomodar ao que já sei ou julgo saber, e procurar sempre aprender com quem me rodeia - fui também aperfeiçoando a arte de gerir as rotinas e os desafios de uma família numerosa.
Mas só mais tarde descobri o imenso poder da oração neste percurso da maternidade. De joelhos, rezando sozinha e em família, compreendi que sem o Espírito Santo, nunca poderia ser uma mãe cristã autêntica. Só Ele pode formar em mim e na minha família o Corpo de Jesus, como formou em Maria de Nazaré. De joelhos, aprendi a pedir perdão sempre que falho. De joelhos, aprendi a vencer o complexo de culpa que nos impede de saborear o momento presente. De joelhos, aprendi a pedir a ajuda do céu para lidar com os problemas que vão surgindo. De joelhos, aprendi a estar em cada momento onde Deus quer que eu esteja, e não onde eu acho que uma super-mulher devia conseguir estar. E tudo se tornou muito mais simples! Compreendi finalmente que Deus não nos pede o impossível - Deus pede-nos que Lhe entreguemos tudo o que somos, com generosidade, para depois Ele mesmo fazer o impossível. Educar uma família numerosa não é uma batalha, mas a escola de santidade onde Deus, meu Pai, me inscreveu. Educar é portanto, em primeiro lugar, pôr-me à escuta do Senhor, para aprender a fazer a sua vontade. O salmista explica isto como ninguém:
"Se o Senhor não edificar a casa,
em vão trabalham os construtores.
Se o Senhor não guardar a cidade,
em vão vigiam as sentinelas." (Sl 127/126)
Os meus filhos ensinam-me muitas coisas boas pelo seu exemplo de vida. Eles fizeram-me interessar por temas que nunca antes me haviam entusiasmado, como ilusionismo, ginástica artística, equitação, parkour, engenharia, trabalhos manuais, carros de rolamentos, costura.
Mas eles ensinam-me também por aquilo que a sua educação exige de mim:
Com o Francisco, vou crescendo na escuta - ele é capaz de contar um episódio inteiro de um programa do National Geographic ou do mais recente site matemático que visitou, durante a nossa refeição familiar, sem que o choro ou o barulho dos irmãos o pareçam incomodar!
Com a Clarinha, torno-me mais carinhosa, pois ela precisa de muitos abraços para crescer.
Com o António, treino-me na paciência. Todos os dias peço ao Espírito Santo o seu dom de paciência, mas é graças ao António que eu o vou alcançando!
Com a Lúcia, cresço em doçura e treino-me a ralhar sem gritar, pois a Lúcia não suporta um grito - e eu sou capaz de gritar bastante!
O David arranca de mim um sorriso quase permanente.
A Sara relembra-me que não posso estar desatenta nem demasiado confortável, enquanto, com o seu passinho incerto, ela caminha de perigo em perigo.
O Tomás abriu em mim a fonte da fortaleza. Depois da sua morte, aprendi a não me queixar da vida.
Os meus filhos obrigam-me a vencer o meu egoísmo e o meu comodismo e a crescer, a cada dia, em generosidade e amor.
Os meus filhos fizeram de mim uma mãe.
Espero que, um dia, eles se orgulhem da mãe que tiveram e do que com ela aprenderam, como eu me orgulho - e muito - da mãe que tenho e de tudo o que com ela continuo a aprender. Mas já não me julgo tão importante nas suas vidas como julguei, já não tenho tanto medo de fracassar como tive, já não me culpabilizo de tudo o que corre mal, já não perco a cabeça porque nada corre como planeei. Agora sei que os meus filhos são antes de tudo, filhos de Deus, e precisam mais de Deus do que de mim. Terá de ser "o Senhor a edificar a casa", e não eu. Se Deus me escolheu para os conduzir até Ele, eu só tenho de agradecer tão grande privilégio! Pois como continua o salmista a dizer:
"Os filhos são uma bênção do Senhor,
o fruto das entranhas, uma verdadeira dádiva." (Sl 127/126)
Cada momento passado com os meus filhos é para mim mais uma oportunidade de aprender nesta escola onde o Senhor me inscreveu e onde Ele Se quer encontrar comigo, agora e na eternidade.
Obrigada Francisco, Clarinha, Tomás, David, Lúcia, António e Sara, pela mãe que fizeram nascer!
Obrigada, Senhor, pelo dom da maternidade!
Ámen.
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