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Amigos

por Teresa Power, em 12.02.15

O dia de anos do António começou muito cedo. Seis horas da manhã, e já cantavam galos e meninos! Feliz, o António abria presentes e recebia abraços. Ena, as figurinhas do Jake e dos Piratas! Ah, e balões, que prenda magnífica! E tanto papel de embrulho para espalhar por todo o lado... Na cozinha havia croissants e pães com chocolate. E sobre a banca, o bolo que a Isabel fizera, pronto para ir para a escola.

Como nas tardes de quarta-feira não tenho aulas, o aniversário do António foi especial: na escolinha, os seus amigos cantaram os parabéns e partilharam o bolo; e logo depois do lanche, fui buscar o António e mais quatro amigos, para continuarem a festa cá em casa. Foi a primeira vez que o António festejou o seu aniversário com amigos da escola, e estava tão feliz!

 

Eu confesso que estava desejosa de conhecer mais de perto os seus amigos. Recordo as festas de anos do Francisco e da Clarinha, quando eram assim pequeninos... Ainda ontem me cruzei com um dos amigos do Francisco, que costumava vir aqui brincar nas festinhas e a quem tive de consolar mais do que uma vez, sentando-o ao meu colo por alguém lhe ter tirado um brinquedo. Ontem tive de olhar para cima para o poder cumprimentar... Meu Deus, como o tempo passa, e como eles crescem! As amigas da Clarinha estão altas e bonitas. Continuam a vir cá a casa, mas já não brincam com as bonecas: agora dançam no quarto, ou vão juntas dar um passeio de bicicleta.

O David tem grandes e bons amigos, que vêm cá brincar de vez em quando. Também já conheço as amigas da Lúcia, e elas também já conhecem a nossa casa, com tudo o que lhe pertence - os cães, os gatos, as galinhas, o barulho, a confusão.

Ontem fiquei a conhecer os amigos do António, de quem ele já falava há muito tempo. E pude observá-lo a brincar, a ser generoso, a zangar-se, a sorrir, a partilhar, a gerir emoções e pequenos conflitos...

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- Vai chamar o teu primo - Diz um dos amigos, filho único.

- Não é primo, é mano - Responde o António.

- Mano? E o outro também? - Pergunta, admirado.

- Sim, são todos manos!

 

- Vou ver bonecos - Diz-me outro menino, entrando disparado na sala e procurando qualquer coisa com o olhar. - Onde está o comando?

- Nós não vemos televisão cá em casa senão ao fim-de-semana - Respondo, sorrindo.

- Então com que é que brincam?

- Com os bonecos de brincar, não de ver. Já viste a coleção de animais do António? Vem que eu mostro-te!

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O António e os seus amigos irão crescer. Qualquer dia deixo de conseguir pegar-lhes ao colo ou intervir nas suas disputas. Alguns irão afastar-se, outros permanecerão fiéis, novos amigos se lhes juntarão. Como os irmãos, também o António terá de aprender a construir amizades, o que não é assim tão fácil! Agora está apenas a dar os primeiros passos.

Para se ter um amigo, é preciso reconhecer, antes de mais, que não se é o centro do mundo.  E alguns meninos, habituados ao primeiro lugar dentro da sua família - idolatrados, mas não necessariamente mais amados - irão descobrir isso demasiado tarde...

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Os amigos dos nossos filhos são um pouco também nossos filhos. Damos-lhes o lanche, abrimos-lhes a porta da nossa casa e da nossa vida, e oferecemos-lhes a gratidão que sentimos por quererem bem aos nossos. A vida sem amigos torna-se tão triste e vazia! Bem diz o Senhor:

 

"Um amigo fiel é uma poderosa proteção:

quem o encontra, encontra um tesouro."

(Ecl. 6, 14)

 DSC00956.JPG

 Abençoa, Senhor, os amigos dos meus filhos e os meus amigos! Que eles Te encontrem na luz da nossa amizade...

 

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publicado às 06:19


4 comentários

De Sónia a 12.02.2015 às 09:47

E que dia tão bom que o António teve :)

Beijinhos

De Alexandrina Andrade a 12.02.2015 às 13:53

Os verdadeiros amigos fazem-nos felizes, estão sempre na nossa mente mesmo que passem anos sem os vermos. Mas esses, os verdadeiros, contam-se com os dedos.
Há uns tempos atrás a Mariana desabafou comigo algo que a perturbava. Como podia ela confiar nos amigos se eles estão sempre a falar mal dos outros quando eles não estão presentes, e quando estes aparecem é

só beijinhos e abraços? E dizia-me mais, "Se falam mal dos outros com certeza também falam mal de mim quando não estou com eles". Na altura respondi-lhe que ela fosse sempre autêntica, sempre sincera e nunca, mas nunca, falasse mal de ninguém pelas costas. Os verdadeiros amigos haveriam de aparecer! Há coisa de um mês ela contou-me uma conversa que teve com uma colega que lhe disse: "Sabes, Mariana, acho que tu és a minha melhor e única amiga. Nunca criticas ninguém, nunca falas mal de ninguém! Ajudas-me sempre que eu preciso sem exigir nada, nem sequer a minha amizade!". A Mariana, claro, ficou muito sensibilizada, afinal nem todos os colegas vivem na superficialidade das amizades.
Tenho a certeza que os seus filhos também serão uns amigos maravilhosos.
Tudo de bom!
Beijos
Alexandrina

De Anónimo a 12.02.2015 às 21:42

"Obrigado, Senhor, pelos amigos que nos deste.
Os amigos que nos fazem sentir amados sem porquê.
Que têm o jeito especial de nos fazer sorrir.
Que sabem tudo de nós, perguntando pouco.
Que conhecem o segredo das pequenas coisas que nos deixam felizes.
Obrigado, Senhor, por essas e esses, sem os quais, caminhar pela vida não seria o mesmo.
Que nos aguentam quando o mundo parece um sítio incerto.
Que nos incitam à coragem só com a sua presença.
Que nos surpreendem, de propósito, porque acham mal tanta rotina. Que nos dão a ver um outro lado das coisas, um lado fantástico, diga-se.
Obrigado pelos amigos incondicionais.
Que discordam de nós permanecendo connosco.
Que esperam o tempo que for preciso.
Que perdoam antes das desculpas.
Essas e esses são os irmãos que escolhemos.
Os que colocas a nosso lado para nos devolverem a luz aérea da alegria.
Os que trazem, até nós, o imprevisível do teu coração, Senhor".
P. Tolentino de Mendonça in "Um Deus que dança"

De Fm a 15.02.2015 às 10:51

Tão importante conhecer os amigos dos filhos. Dizem-nos tanto. Pena que muita gente não perceba isso,e simplesmente os ponha "no quarto de brincar" e entenda isso como "pelo menos estão ocupados"...

É difícil fazer amigos, mas mais difícil é ser capaz de os manter...

(Gosto muito da política da televisão, aqui em casa é igual. Rara, muito rara.)

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