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Somos uma família católica, abençoada com seis filhos na Terra e um no Céu. Procuramos viver a fé com simplicidade e generosidade. Queremos partilhar com outras famílias a alegria de sermos Igreja Doméstica na grande família da Igreja Católica.
Em busca daquela luz abençoada que irradia da Eucaristia, tenho procurado ir mais vezes durante a semana a uma das várias igrejas abertas, onde Jesus permanece escondido no sacrário. Geralmente, estão vazias, num silêncio quase palpável. Sabe bem, este silêncio completo, quando os meus dias são preenchidos com tantas vozes - dos alunos aos filhos!
De joelhos, em voz alta (gosto de rezar em voz alta), digo a Jesus aquilo que Lhe quero dizer, com simplicidade e sem afetação. Será isto, rezar? Será isto, rezar bem? Não sei. Tenho muitas dúvidas! Mas não me debruço demasiado sobre elas. Sei que a oração bem feita não depende dos meus sentimentos ou das minhas emoções, nem sequer da capacidade de me abstrair de tudo à minha volta para contemplar o Senhor. Às vezes, passo o tempo de oração a lutar contra as distrações; outras, sinto-me transbordante de amor. Talvez a primeira oração seja, no entanto, mais agradável ao Senhor, porque me ajuda a tomar consciência do nada que sou! E talvez a outra oração, cheia de fervor, seja também cheia de vaidade... Jesus nunca deu importância aos sentimentos. Não há nenhuma passagem no Evangelho em que Jesus diga: "Vai em paz, os teus sentimentos te salvaram." Mas há inúmeras passagens onde Jesus diz:
"Vai em paz. A tua fé te salvou!" (ex: Mc 5, 34)
Enquanto contemplava o sacrário fechado, onde apenas uma luzinha me deixava perceber a Presença Real, recordei-me de um belíssimo episódio da vida da Madre Teresa. Aquela Madre tão santa passou metade da vida numa aridez espiritual total, sem conseguir sequer sentir, por momentos que fosse, a presença de Jesus na sua alma. "Se o inferno existe, deve ser assim", desabafou ela um dia. E no entanto, quanto maiores as suas trevas interiores, mais belo o seu sorriso, que todos recordamos. No final da sua vida ocorreu o episódio que passo a citar:
"Nos últimos anos da sua vida, a Madre recebeu a graça de ter o Santíssimo Sacramento no quarto do hospital, e queria tê-l'O sempre consigo. Em Agosto teve outro ataque de coração. Meteram-lhe um tubo até aos pulmões, para a ajudar a respirar. Antes de os tubos terem sido finalmente retirados, o médico disse-me: "Padre, vá a casa buscar a caixa para a Madre." Por momentos, eu fiquei sem saber o que queria ele dizer. "Que caixa - a caixa dos sapatos?" Ele respondeu: "Aquela caixa, para onde a Madre está sempre a olhar. Quando a trazem e a põem aqui no quarto, a Madre fica calmíssima. Era bom estar aqui antes de retirar os tubos." Percebi que ele se referia ao tabernáculo com o Santíssimo Sacramento. E ele continuou: "Quando a caixa está aqui no quarto, ela fica a olhar, a olhar, a olhar para aquela caixa." O médico, que era hindu, tinha sido uma testemunha involuntária do poder que a Eucaristia tinha sobre a nossa Madre." (Vem, sê a Minha Luz, página 328)
Mesmo sem "sentir" o amor de Jesus irradiante do sacrário, a Madre vivia deste amor. A oração bem feita não depende de nada, absolutamente nada que eu faça, sinta ou pense, por muito belo que me pareça a mim. É Jesus, e só Jesus, Quem tudo faz nas almas e nas vidas...