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Somos uma família católica, abençoada com seis filhos na Terra e um no Céu. Procuramos viver a fé com simplicidade e generosidade. Queremos partilhar com outras famílias a alegria de sermos Igreja Doméstica na grande família da Igreja Católica.
Os alunos de uma das minhas turmas do curso vocacional (curso alternativo ao percurso escolar normal, que visa permitir a conclusão do ensino básico a alunos que, de outra forma, nunca o fariam) estão a ter sérios problemas de comportamento. Em conjunto, temos procurado estabelecer regras e delinear estratégias, mas nada parece resultar. Na última reunião que tivemos, o director de turma contou-nos:
- Sabem como é que o pai do B. se referiu ao filho, quando o convoquei para vir à escola tomar conhecimento das faltas disciplinares? Não vão acreditar... Ele nunca disse "o meu filho"; mas repetiu vezes sem conta "aquele indivíduo"...
É chocante, para nós pais dedicados, imaginar o tipo de relação que existirá numa família assim. Se o jovem B. é para o seu pai "aquele indivíduo", para quem será ele filho? E se não for filho para ninguém, com quem aprenderá a amar?
Mas o jovem B. tem um pai, sim - o Pai que em primeiro lugar o chamou à vida, e que o ama ao ponto de, por ele, dar a vida: o Senhor, nosso Deus. Terá B., algum dia, a felicidade de descobrir a sua verdadeira filiação? Se a descobrir, a sua vida não terminará na delinquência ou na droga, mas converter-se-á, isto é, mudará de rumo de uma forma absoluta e total. É que nada é mais poderoso que a descoberta do amor de Deus por nós!
Teremos já nós feito esta descoberta? Será Deus para todos nós um Pai, com quem gostamos de estar e que amamos e respeitamos? Sabemo-nos filhos queridos, profundamente amados? Ou referimo-nos ainda a Deus como "aquele indivíduo", falando das regras de convivência da sua Casa como imposições grosseiras, evitando sentarmo-nos com Ele à mesa da Eucaristia, recusando os seus convites para uma conversa íntima através da oração, ignorando a sua Palavra paternal? Quem é Deus para nós? E quem somos nós para Deus?...
Quando Jesus se levantou das águas do Jordão, depois de ter sido baptizado por João,
"...os céus abriram-se e o Espírito Santo desceu sobre Ele de forma corpórea, como uma pomba. E do céu ouviu-se uma voz: «Tu és o meu filho muito amado, em quem pus todo o meu enlevo.»" (Lc 3, 22)
O maior título de glória de Jesus, aquele no qual somos abençoados todos os dias da nossa vida, não é o de Senhor, Messias ou Salvador, mas o de Filho. E o maior título de glória de Deus Pai não é o de Criador, mas precisamente o de Pai. Quando nos revelou o nome de Deus, tornando-o pronunciável, Jesus revelou-nos a Trindade:
"Ide e fazei discípulos em todas as nações, baptizando-os em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo." (Mt 28, 19)
Em Jesus, Deus adoptou-nos a todos como filhos muito amados. No preciso instante em que surgimos do nada, um espírito e um corpo numa minúscula célula dentro das nossas mães, a voz de Deus ressoa, paternal, por toda a eternidade:
"Tu és o meu filho muito amado."
No dia soleníssimo do nosso baptismo, quando os céus se abrem e o Espírito desce sobre nós, a voz de Deus ressoa de novo, desta vez acompanhada do sinal poderosíssimo do Sangue de Jesus entregue por amor, no qual somos baptizados:
"Tu és o meu filho muito amado."
Deixemos que esta voz ressoe agora dentro de nós... Deixemo-nos amar incondicionalmente pelo Pai! Então, o nosso coração converter-se-á, totalmente rendido a este amor absoluto e eterno.
Que assim seja para B., e que assim seja para cada um de nós! Ámen.