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Árvore caída

por Teresa Power, em 07.04.16

Durante as férias da Páscoa, fomos ao parque da Curia, como já é habitual. O Francisco, a Clarinha e o David fizeram de bicicleta os dois quilómetros que nos separam da Curia, e eu segui no carro com os três mais novos.

O parque estava lindo, cheio de luz e de sombras, de caminhos enlameados onde se refletiam os raios de sol, que teimavam em espreitar pelas altas copas das árvores.

- Vamos explorar, mãe! Até já! - Disseram quase todos ao mesmo tempo, deixando-me com a Sara pela mão. Mas a Sara também quis explorar, claro, e obrigou-me a correr pelos carreiros atrás dos meus filhos.

- Mãe, vem cá ver! Encontrámos uma coisa maravilhosa!

- Maravilhosa! A melhor brincadeira do mundo!

- Nem imaginas! Dá para fazer coisas fantásticas!

- Já subimos e descemos e já andámos de baloiço ali e tudo!

Fiquei cheia de curiosidade. O que seria? Cheguei a uma clareira, e vi... Bem, vejam vocês comigo:

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 Julgo que terá sido uma das recentes tempestades a lançar por terra estas árvores grandiosas e belas, que fazem do parque da Curia um lugar tão especial...

Árvores caídas. Árvores arrancadas pela raiz. Árvores que já não se elevam para os céus, mas se misturam com a lama e a terra. Árvores que em vez de raizes, enterram as folhas e as flores. Para nós, adultos, a visão de uma árvore tombada é desoladora.

Mas os meus filhos não vêem as coisas assim...

Para eles, as árvores tombadas transformaram-se em baloiços, labirintos, paredes de escalada, lugar de brincadeira. Foi ali mesmo, ao lado daquelas pobres árvores, que lanchámos e que passámos a maior parte da tarde.

De regresso a casa, dei comigo a sorrir sozinha. É tão giro ver as crianças a tirar proveito de tudo! A árvore já não nos dá oxigénio? Sempre nos pode servir de baloiço. A árvore já não abriga os passarinhos? Mas agora abriga as centopeias... Razão tem o Senhor ao dizer que precisamos de um coração de criança para sermos verdadeiramente felizes!

Fiquei a pensar na quantidade de coisas e acontecimentos da vida que podemos, como as crianças, explorar de forma diferente daquela com que foram planeados ou desejados: o emprego que tenho não me dá a riqueza que eu merecia? Talvez me torne rico em humildade... O namoro não correu bem? Quantas lições me ensinou! Os filhos não aprendem com facilidade? Vão certamente aumentar a minha paciência. Os professores não explicam como deveriam? Se explicassem, nunca me teriam feito procurar as respostas por mim mesmo. Sofri uma injustiça? Que ótima oportunidade para unir o meu coração ao de Jesus! Não encontro ninguém com quem casar, ou não consigo engravidar? Talvez esta "árvore caída" me ofereça uma oportunidade novinha em folha de responder a uma vocação diferente e especialíssima do Senhor! A reunião de trabalho parece interminável? Espero que me poupe pelo menos meia hora de purgatório :)

Através de Isaías, o Senhor assegura-nos que é no deserto que brotam os seus rios divinos, e da terra queimada que surgem os seus lagos:

 

"As águas jorrarão do deserto e a terra queimada mudar-se-á em lago, as fontes brotarão da terra seca." (Is 35, 6-7)

 

Cada vez que recordo as gargalhadas no nosso piquenique na Curia, vem-me ao pensamento uma oração... Rezem-na comigo: "Jesus, dá-me um coração de criança, para que eu saiba sempre brincar em cima de qualquer árvore caída na minha vida! Ámen."

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publicado às 06:00


13 comentários

De Bruxa Mimi a 07.04.2016 às 07:08

Olhar para as árvores caídas da vida com uma nova perspetiva é um desafio interessante e provavelmente útil. O mais difícil é quando a árvore cai em cima de nós - se calhar só mais tarde conseguiremos descobrir outro ângulo de visão, enquanto estamos por baixo da árvore é mais complicado...

De Marisa Duro a 07.04.2016 às 07:27

Obrigado, querida Teresa :)

De lucília a 07.04.2016 às 09:05

Também quero agradecer por esta partilha, que me fez ver que com as coisas simples podemos ser muito felizes.

De Catarina Silva a 07.04.2016 às 11:19

Lindo post Teresa,

Tantas árvores caídas na nossa vida que não sabemos "explorar".
Já guardei a oração, para poder rezá-la todos os dias. Especialmente nos dias em que as árvores tombam...nesses dias vou fazer um esforço (um enorme esforço) para rezá-la com alegria. Obrigada!

De rosa irene a 07.04.2016 às 15:55

Não sei de quem a quem pertence o pensamento, mas fique com ele quando o li, de passagem, numa Igreja aí perto (Avelãs de caminho) e é mais ou menos assim:

"Se pararmos para observar, encontramos sempre motivos para nos maravilharmos"

E é assim mesmo, o Senhor, encheu a terra das suas maravilhas.

De Anónimo a 07.04.2016 às 19:33

Quando a árvore cai em cima de nós talvez seja altura de olhar com o mesmo olhar deJesus caído debaixo da cruz...e confiar!
Muito bom este seu post, Teresa. Também eu ando a tentar brincar em cima dessas árvores, tal como os seus filhos e os meus.

Bj

De Bruxa Mimi a 07.04.2016 às 22:22

Exato, o próprio ato de confiar é ver a árvore de uma nova perspetiva... o que por vezes é difícil. Vale a pena? Sim, certamente, mas às vezes não se consegue logo!

De Anónimo a 08.04.2016 às 11:06

Acho que sou eu próprio uma árvore caída e que, à minha volta, há outras árvores talvez mais caídas ainda que só querem desistir. Eu quero servir de qualquer maneira e ajudar os outros a sentirem que continuam a ter dignidade apesar dos fracassos, mas é difícil e muitas vezes sigo a corrente. Obrigado por este post.

De ana santos a 09.04.2016 às 11:05

De há uns meses para cá tenho feito esse "exercício" cada vez com mais frequência, olhar para as dificuldades que me vão surgindo, novas árvores ou ainda mais frequentemente outros ramos de árvores já conhecidas, como meios de Deus me ensinar algo. Por vezes as lições são repetidas, muitas vezes, pois eu teimo em não aprender...Enfim, para mim não é fácil aprender a paciência, a humildade e a confiança plena em Deus, que conduz com infinita sabedoria o barco das nossas vidas!
Mas o treino continua, e Deus tem uma paciência infinita connosco, é o que nos vale.
Obrigada Teresa:)

De Anónimo a 09.04.2016 às 14:01

Gostei deste post, mas, por favor, Teresa, não alimente aquela ideia de que só se «vai para freira» porque não se arranja com quem casar! É uma ideia tão triste, mas que ainda existe na mentalidade de muita gente, e não devemos alimentá-la.
É preciso afirmar que as freiras o são porque Deus as chamou para tal, não é uma segunda escolha, um «prémio de consolação». Por favor, não ensine as pessoas a pensar assim! Note que o blogue tem muitos leitores que olham para si como alguém que é um exemplo a seguir em termos de fé cristã: é preciso acabar com esse mito.

De Teresa Power a 09.04.2016 às 17:32

Querido leitor
Este comentário já levou várias voltas, já foi escrito e apagado, como deve ter dado conta, porque temi que fosse mal interpretado. Assim, quero em primeiro lugar agradecer o seu comentário, por me ter permitido ver que talvez outras pessoas tenham interpretado da mesma maneira aquilo que eu escrevi. Ao escrever o parágrafo em causa, estava muito longe de pensar em vocação como simplesmente uma decisão sobre vida matrimonial, sacerdotal ou religiosa. Vocação, para mim, para a Igreja, é um chamamento divino, e no parágrafo em questão, eu estava a pensar na vocação para o acolhimento ou a adoção de crianças, por exemplo, ou para o trabalho voluntário numa ONG ou num qualquer apostolado da Igreja. Nunca me referiria à vocação religiosa como "vocação especialíssima", pois considero-a uma vocação tão "normal" como a vocação matrimonial ou sacerdotal, e peço todos os dias a Deus que venha buscar a minha casa uma vasta variedade destas vocações... O "especialíssima" referia-se a uma vocação dentro da vocação, como é o caso do acolhimento de crianças ou da adoção voluntária de uma criança portadora de deficiência, exemplo que eu tenho na minha família alargada e que tinha em mente também ao escrever o post. Um abraço.

De margarida a 12.04.2016 às 13:46

Ámen!!

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