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Somos uma família católica, abençoada com seis filhos na Terra e um no Céu. Procuramos viver a fé com simplicidade e generosidade. Queremos partilhar com outras famílias a alegria de sermos Igreja Doméstica na grande família da Igreja Católica.
O dia de S. Martinho é um dia muito importante no Colégio e no Centro Social que frequentam os nossos filhos: é o dia da fundadora das Irmãs de S. José de Cluny, Ana Maria Javouhey. Assim, a festa é sempre animada com castanhas, fogueiras e uma oração especial, e os meninos aguardam este dia sempre com grande expectativa.
A beata Ana Maria Javouhey, francesa, é uma das mulheres cristãs que eu mais admiro. Ela é verdadeiramente a "mulher forte" dos Provérbios! Napoleão Bonaparte dizia sobre ela: "Com muito gosto a faria General de Divisão no meu exército." E na verdade, era conhecida entre os círculos políticos por "a generala".
Ana Maria tinha dez anos quando a Revolução Francesa rebentou. Os tempos, então, não eram mais fáceis do que os nossos para a Igreja; bem pelo contrário! Ana Maria precisou de toda a sua coragem para se manter firme na fé, enquanto as igrejas eram fechadas e os padres perseguidos. Adolescente, Ana Maria tomou sobre si a responsabilidade de ensinar o catecismo às crianças da sua aldeia, perante a falta de sacerdotes. Tocando tambor pelas ruas, com uma alegria e um dinamismo inegualáveis, procurando convocar toda a criançada, Ana Maria era a própria vida de Deus entre o povo.
Mais tarde, já adulta, Ana Maria foi chamada para levar Deus aos africanos. A ela e à sua jovem congregação coube preparar os escravos para a liberdade. O seu trabalho foi tão frutífero e tão belo, que Ana Maria se tornou conselheira do Governo para a emancipação dos escravos e a independência das colónias francesas, papel que lhe valeu o título de "Grande Homem" do próprio Rei de França!
As aventuras da Ana Maria, narradas em banda desenhada e em livro, são verdadeiramente apaixonantes. Quem nos dera um pouquinho da sua audácia!
Recordo, por exemplo, o episódio em que os escravos, no dia da sua libertação, se apressaram a ajoelhar diante da Madre Javouhey e a depositar nas suas mãos o seu certificado de emancipação, sabendo que tudo lhe deviam. Ou aquele dia em que a Madre, percebendo que os ex-escravos só se sentiriam verdadeiramente livres se tivessem direito a calçar botas "como os brancos", ofereceu um par de sapatos a cada um... que eles penduraram orgulhosamente, pelos atacadores, ao pescoço, depois de tentarem, em vão, calçá-los!
Ana Maria teve uma vida muito, muito difícil. Mas a cruz a sério, a cruz pesada e dolorosa não lhe veio do cansaço e dos trabalhos infindos em terras de África, no meio de privações de todo o género, porque isso foi para Ana Maria fonte de alegria, criatividade e entusiasmo; a cruz a sério, pesada, dolorosa veio da calúnia, da traição e da perseguição no seio da própria Igreja, através de alguns sacerdotes e do seu próprio bispo. Ana Maria foi, inclusive, privada dos sacramentos durante algum tempo! Para quem tanto amava Jesus, este terá sido certamente um sofrimento inegualável. E durante todo este sofrimento, a grande Madre Javouhey tratou estas pessoas por "benfeitores", "porque nos dão ocasião de sofrer". Só um santo pode falar assim! A Madre Javouhey vivia profundamente a bem-aventurança:
"Bem aventurados sereis quando por Minha causa vos perseguirem e, mentindo, disserem todo o género de calúnias contra vós. Exultai e alegrai-vos, porque grande será a vossa recompensa no Céu; pois também assim perseguiram os profetas que vos precederam." (Mt 5, 11-12)
Aos cinco anos, na festa de final de ano no Centro Social S. José de Cluny, a Clarinha representou o papel de Ana Maria Javouhey. Fê-lo de coração, com uma concentração e um empenho invulgares:
"Ana Maria" enquanto jovem camponesa
"A madre Javouhey"
Os fundadores são faróis que brilham mais forte, mostrando-nos o caminho do Senhor. Manter a fidelidade ao espírito com que trabalharam e amaram é um desafio constante para os que procuram seguir os seus passos.
Que a Beata Ana Maria Javouhey seja um farol luminoso para as irmãs, os professores, os educadores, os alunos e os pais nos colégios e centros sociais da ordem! Que o seu tambor continue a convocar para a oração e o serviço! Sejamos, como ela, capazes de "estar em toda a parte onde houver bem a fazer", segundo o seu lema e o das suas irmãs. Ámen!