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As rãs, as teorias da conspiração e a oração familiar

por Teresa Power, em 28.08.15

Na quarta-feira fomos passar a tarde ao pequeno refúgio da serra do Caramulo, onde gostamos de fazer piqueniques e de nadar. Pela primeira vez desde que conhecemos este lugar paradisíaco, há três anos, partilhámos o "nosso" lago com desconhecidos: duas crianças, talvez da idade do David, brincavam alegremente na água. A sua conversa em francês permitiu-nos concluir que se tratavam de filhos de emigrantes, de férias na sua aldeia natal.

Surpreendidos com estes companheiros inesperados de brincadeira, o David, a Lúcia e o António tentaram uma aproximação. As crianças eram simpáticas e bem dispostas, mas estavam a fazer algo que horrorizou os nossos filhos: pegavam em pequenas rãs e apertavam-nas entre os dedos.

- Deixa-a em paz! - Gritava o David, muito aflito. - Não vês que vais matar a rã?

- Mas ela é venenosa! - Respondia o rapazinho, num português trapalhão. - Sabes que as rãs são venenosas?

Os nossos filhos abriam os olhos de espanto:

- Venenosas? As rãs?

- Sim! Elas têm uns furinhos na cabeça por onde ejetam um veneno que te pode cegar para sempre! Para sempre! São muito, muito más!

E com um gesto propositado, o rapazinho estendia o punho cerrado com a rã lá dentro diante do narizito da Sara, tentando assustá-la. A Sara, claro, ficava impávida e serena.

rã5.JPG

Observando a interação entre as crianças, passaram-me muitas perguntas pela mente.

Como terão aquelas crianças chegado à conclusão de que as rãs são animais perigosos e merecedores da morte? E da mesma forma - como terão os meus filhos descoberto a beleza das rãs, a sua fragilidade e a sua riqueza? (Bem, esta é fácil...)

De que forma olhamos nós para o mundo que nos rodeia, em particular os nossos vizinhos, as nossas escolas, os nossos locais de trabalho? Vemos veneno em toda a parte, ou procuramos encontrar em tudo a beleza escondida de Deus? Há tantas "teorias da conspiração" a sugar-nos a alegria de viver!

Deverei eu afastar os meus filhos dos locais onde convivem meninos "maldosos"? Serão eles más companhias? De novo, prefiro a perspetiva oposta: os meus filhos é que são boas companhias para essas crianças... Serão as escolas locais seguros? A esmagadora maioria dos professores são pessoas bem intencionadas, procurando educar as crianças nos valores humanos universais.

Quem poderá destruir os nossos filhos e roubar-lhes a inocência? Bem, muita gente, mas apenas - e esta é a grande questão - se nós, pais, deixarmos brechas abertas por onde os ladrões assaltem. Pais que abandonam os seus filhos em frente do televisor ou do computador, ou por horas sem fim no ATL ou na escola; pais que não têm tempo para escutar e observar, conversar e ensinar, são pais que deixam assaltar o seu castelo.

Há um caminho seguro para educarmos uma criança. Tem sido percorrido pelos crentes desde o tempo de Moisés:

 

"Estes mandamentos que hoje te imponho estarão no teu coração. Repeti-los-ás aos teus filhos e refletirás sobre eles, tanto sentado em tua casa, como ao caminhar, ao deitar ou ao levantar. Escrevê-los-ás sobre as ombreiras da tua casa e nas tuas portas." (Dt 6, 6-9)

 

Na sua catequese nesta mesma quarta-feira, 26 de agosto, o Papa atualizou esta Palavra: 

"Na vida da família, além das horas de trabalho e dos momentos de festa, há também o tempo da oração. Sabemos como o tempo é sempre pouco; nunca chega para tudo. É frequente ouvir este lamento: «Devia rezar mais…, mas não tenho tempo». Quem tem uma família, aprende a resolver uma equação que nem os grandes matemáticos conseguem: dentro das vinte e quatro horas do dia, fazem entrar o dobro. Há pais e mães que merecem o Prémio Nobel por isso! O segredo está no afecto que provam pelos seus.

É belo ver as mães ensinando aos filhos pequeninos a mandar um beijo a Jesus ou à sua Mãe bendita. Está aqui o espírito da oração, que nos leva a arranjar tempo para Deus, fazendo-nos sair da obsessão duma vida onde sempre falta tempo, para encontrar a paz das coisas necessárias. E a coisa verdadeiramente essencial, a «parte melhor» do tempo é aquela em que se escuta o Senhor, como fez Maria de Betânia. O Evangelho, lido e meditado em família, é como um pãozinho bom que nutre o coração de todos."

Sejamos então capazes de resolver a grande equação que nos propõe o Papa e, nas vinte e quatro horas de cada dia, dar à catequese e oração familiares o primeiro lugar! A Palavra de Deus, escutada, meditada, partilhada compensará qualquer outra influência que os nossos filhos possam ter recebido durante o seu dia e moldará os seus corações e as suas vidas.  Olhemos para Santa Mónica e Santo Agostinho, que a Igreja celebra nos dias 27 e 28 de agosto: a oração da mãe obteve do céu a santidade do filho...

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publicado às 06:12


1 comentário

De Teresa A. a 28.08.2015 às 09:50

Desde que comecei a vir a este blog mais assiduamente (agora estou viciada), sempre encontro a resposta às perguntas que me coloco actualmente.
É o caso do post de hoje: eu andava para pedir à Teresa para comentar a questao dos refugiados. Na Alemanha, onde eu vivo, têm havido cenas muito tristes, é verdade. Mas também têm havido muitas pessoas que dao a cara e apoiam a causa dos refugiados. Felizmente!

Este post dá uma resposta tao bela!
"De que forma olhamos nós para o mundo que nos rodeia, em particular os nossos vizinhos (...)? Vemos veneno em toda a parte, ou procuramos encontrar em tudo a beleza escondida de Deus? Há tantas "teorias da conspiração" a sugar-nos a alegria de viver!"

Eu escolhi procurar a beleza escondida de Deus e a minha filha de 5 anos ajudou-me a ir comprar artigos de higiene e a separar roupa de cama e toalhas para irmos levar à igreja, que depois vai dar à Cruz Vermelha. Ela sabe que nós temos muito e que por isso devemos ajudar os que nao têm nada.

Obrigada, Teresa!

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