Saltar para: Post [1], Comentários [2], Pesquisa e Arquivos [3]
Somos uma família católica, abençoada com seis filhos na Terra e um no Céu. Procuramos viver a fé com simplicidade e generosidade. Queremos partilhar com outras famílias a alegria de sermos Igreja Doméstica na grande família da Igreja Católica.
O nosso piquenique na semana passada teve a agradável companhia de amigos. O tempo estava encoberto, a água estava fria, mas os meninos não pareciam cansar-se de mergulhar e apanhar rãs! Por fim, decidimos que eram horas de todos se vestirem e de fazermos uns passeios pela aldeia. E foi assim que os nossos seis filhos e o seu pequeno amigo tiveram a alegria de explorar uma aldeia de granito, com casas lindíssimas, ruas estreitas e íngremes, e muitas, muitas ruinas. Haverá alguma coisa mais interessante para se fazer aos cinco, aos seis, aos nove anos do que explorar casas em ruinas e imaginar aventuras fantásticas no seu interior?
Ou aos aos catorze, ou aos dezasseis anos, claro!
Espreitando por entre os pilares de um espigueiro abandonado, vislumbrei a torre da igreja paroquial, envolvida em nuvens...
Enquanto os meninos exploravam as ruinas com alegres gargalhadas, a minha imaginação fértil pôs-se a recriar esta mesma aldeia há muitos anos atrás, quando as famílias tinham dez, doze filhos, e as crianças brincavam em bando, rua acima, rua abaixo... Ao domingo, o sino da igreja congregava as famílias para a festa da eucaristia, e aos serões, rezava-se o rosário...
Talvez não fosse tudo assim tão cor-de-rosa como no meu sonho, ou talvez o meu sonho ainda esteja por realizar. Recordo-me das palavras poderosíssimas do Papa Francisco na homilia sobre as Bodas de Caná, que fez no dia 6 de julho de 2015:
"O melhor dos vinhos aguardamo-lo com esperança, ainda não veio para cada pessoa que aposta no amor. O melhor vinho ainda não chegou para aqueles que hoje vêem desmoronar-se tudo. Murmurai isto até acreditá-lo: o melhor vinho ainda não veio. Murmurai-o cada um no seu coração: o melhor vinho ainda não veio. Deus sempre Se aproxima das periferias de quantos ficaram sem vinho, daqueles que só têm desânimos para beber; Jesus sente-Se inclinado a desperdiçar o melhor dos vinhos com aqueles que, por uma razão ou outra, sentem que já se lhes romperam todas as talhas."
Afinal, o nosso Deus é um Deus acostumado a restaurar ruinas. Ao longo da História de Israel, não fez Ele outra coisa! Com grande entusiasmo, os profetas ensinam-nos a exultar de alegria, mesmo quando a nossa vida não passa de um monte de ruinas:
"Ruinas de Jerusalém, irrompei em cânticos de alegria, porque o Senhor consola o seu povo, com a libertação de Jerusalém!"
(Is 52, 9)
"As velhas ruinas serão restauradas, levantarão os antigos escombros, restaurarão as cidades destruídas e os escombros de muitas gerações!" (Is 61, 4)
E Jesus não hesita em transformar a nossa água em vinho, se Lhe oferecermos as nossas bilhas, as nossas talhas, os pequenos tanques da nossa vida...
Talhas rotas, escombros de muitas gerações, casas abandonadas, ruinas de vidas inteiras... Ah, se tivermos a coragem de tudo oferecer ao Senhor, e nos abrirmos à sua ação libertadora, irromperemos em cânticos de alegria!
Um dia, a nossa vida ressurgirá dos escombros e seremos plenamente felizes!
Um dia - e não é só um sonho lindo - as antigas aldeias ressurgirão renovadas, brilhantes como pérolas preciosas, transbordando de crianças e de vizinhos que se entreajudam. Não estarão já entre nós, como Aldeias de Caná?...