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Somos uma família católica, abençoada com seis filhos na Terra e um no Céu. Procuramos viver a fé com simplicidade e generosidade. Queremos partilhar com outras famílias a alegria de sermos Igreja Doméstica na grande família da Igreja Católica.
No jardim, a gritaria aumentava de volume. Às vezes pergunto-me o que é que as pessoas pensarão ao passar na rua e ouvir os gritos que somos capazes de dar aqui, várias vezes por dia... Por enquanto, ainda ninguém decidiu chamar a Protecção de Menores!
- Francisco, vai ver o que se passa com os teus irmãos que eu estou ocupada - gritei eu também, procurando fazer-me ouvir através dos auscultadores que o Francisco tinha na cabeça. Ele correu lá para fora e regressou para me chamar:
- Vem depressa, não consigo separá-los!
Quando espreitei pela porta da cozinha, decidi pegar na máquina fotográfica para guardar este momento e poder partilhá-lo convosco. Olhem só o que eu vi:
Já me perguntaram por que razão não comprei dois baloiços em vez de um. A resposta está aqui: para que os meus filhos bulhem entre si pelo baloiço! E depois de gritarem, de se baterem e de darem pontapés, descubram outra forma de resolver o problema. Quero que eles experimentem várias formas de resolução de conflitos e cheguem à conclusão que há espaço e tempo para todos, se todos forem generosos.
E quero que eles aprendam tudo isto em família, onde amam e são amados; e que aprendam tudo isto com um, dois, três, quatro e cinco anos, enquanto ainda não deixaram passar nenhuma oportunidade de fazer amigos. Esta é, na verdade, uma das maiores vantagens em se ter irmãos!
Também se aprende a resolver conflitos no infantário, mas no infantário falta o amor incondicional e "resistente a altas temperaturas" que só a família estruturada possui; também se aprende a resolver conflitos passados os anos da primeira infância, mas para muitos, já é tarde demais e já se perderam oportunidades preciosas para se ser feliz. Uma família mais ou menos numerosa é a melhor escola de socialização que conheço! É possível educar bem um filho único? Claro que sim - conheço filhos únicos fantásticos; mas é preciso que os seus pais se esforcem mais! Os pais de uma família numerosa não precisam de ser tão bons, pois a tarefa da educação passa também pelos irmãos...
Logo no início da Bíblia, no Livro do Génesis, encontramos um dos primeiros conflitos em família. Aconteceu com Abraão e Lot, tio e sobrinho:
"A terra não era bastante grande para nela se estabelecerem os dois, porque os bens de ambos eram avultados. Houve questões entre os pastores dos rebanhos de Abraão e os pastores dos rebanhos de Lot. Abraão disse a Lot: "Peço-te que entre nós e os nossos pastores não haja conflitos, pois somos irmãos. Aí tens essa região toda diante de ti. Separemo-nos. Se fores para a esquerda, irei para a direita; se fores para a direita, irei para a esquerda." (Gen 13, 6-9)
Quanta magnanimidade, a de Abraão! Cheio de amor, com a generosidade que o caracterizava, Abraão deu a Lot a escolha total dos pastos. E Lot escolheu os mais férteis! Mas foi Abraão o abençoado e o pai de muitas gerações.
Aprender a resolver conflitos na primeira infância é uma verdadeira fonte de bênçãos e uma lição que acompanhará os nossos filhos a vida inteira.
A Lúcia e o António resolveram o seu conflito e decidiram andar no baloiço à vez. Foi então que a Sara apareceu e também quis andar. A Lúcia e o António perceberam que tinham pela frente uma batalha perdida. Largando o baloiço, foram jogar à bola; e a Sara, a raínha, lá ficou a baloiçar...