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Somos uma família católica, abençoada com seis filhos na Terra e um no Céu. Procuramos viver a fé com simplicidade e generosidade. Queremos partilhar com outras famílias a alegria de sermos Igreja Doméstica na grande família da Igreja Católica.
Quando chegámos à igreja paroquial da Quinta do Conde, para o Retiro Famílias de Caná, reparámos de imediato nas grande bilhas que estavam colocadas à porta, ornamentando o pequeno e cuidado jardim. “Bilhas!” Pensei. “Bom começo para um retiro sobre As Seis Bilhas das Famílias de Caná…”
Ao entrar na igreja, apercebi-me de que estava cheia, transbordante de crianças, com os seus risos, a sua alegria, a sua inquietude.
Ainda na véspera do retiro, o Niall e eu tínhamos estado a contar as crianças e os jovens inscritos, e tínhamos sido assaltados por uma espécie de pânico: 64! 64 crianças e jovens para acolher, para evangelizar, para ajudar a fazer encontro com o Senhor enquanto os pais me escutariam, descansados. Como iria ser possível? A equipa que ia trabalhar connosco era grande e estava entusiasmadíssima. A troca de e-mails, nos dias anteriores ao retiro, tinha sido uma verdadeira loucura, e todos pareciam andar a trabalhar a mil à hora… Mas 64 é um número muito elevado, mesmo para uma grande equipa!
Durante a Eucaristia, as crianças foram convidadas a sentar-se à frente, sobre uns tapetes dispostos no chão em sua honra. Os nossos filhos, claro, estavam felicíssimos, e tivemos de lhes lembrar continuamente que a conversa era para pôr em dia lá fora, depois da missa. Eu sorria: que abençoados eles são! De retiro para retiro, ganham novos amigos e vão cimentando as amizades antigas.
Chegou a hora do Pai-Nosso. O celebrante, visivelmente satisfeito com a afluência de crianças, convidou-as a subir os degraus do altar para rezarem juntos a oração dos filhos de Deus. Algumas responderam ao convite, e o altar encheu-se de crianças. A Sara bem tentava espreitar por detrás do altar, mas a sua baixa estatura não lhe permitiu grande visão! De mãos dadas, transbordantes de alegria, elas rezaram: “Pai Nosso, que estais nos céus…”
Mas foi durante a comunhão, quando Jesus Salvador entrou no meu coração, que me deixei tomar totalmente pelas suas Palavras:
“Deixai vir a Mim as criancinhas, não as impeçais,
porque é delas o Reino dos Céus!”
(Lc 18, 16)
De repente, apeteceu-me rir e chorar ao mesmo tempo, emocionada perante a quantidade de crianças que se aproximaram do altar para receber Jesus, ou simplesmente serem abençoadas, em seu nome, pelo sacerdote. “Deixai vir a Mim as criancinhas…” E de um momento para o outro, fui libertada daquela sensação de pânico. 64 crianças? Podiam ser muitas mais! Se é Jesus quem as chama; se é Jesus quem nos dá esta ordem clara de não as impedir de caminhar ao seu encontro, por que hei de ter medo?
Recordei-me das bilhas de barro à porta da igreja apontando para o essencial: cada criança é uma pequena bilha que o Senhor nos confia, para que nela derramemos a sua Água Viva até transbordar! Quantas bilhas confiou o Senhor a cada um de nós?
Na nossa casa, são seis. No retiro foram 64… O Senhor tem-nos vindo a revelar, pouco a pouco, a sua vontade para este movimento nascente que são as Famílias de Caná. Uma das suas surpresas tem sido o espantoso número de crianças que levamos a Jesus em cada retiro e em cada encontro, e a abertura magnífica ao dom da vida – também através da adoção e do acolhimento de crianças - que as Famílias de Caná vão experimentando nas suas casas, à medida que crescem em proximidade com o Senhor. Uma igreja ou uma casa a transbordar de crianças é um dos mais belos sinais de esperança no nosso mundo!
O dia foi pleno, profundo e belo. Conversando no carro, a caminho de casa, o Niall e eu sentimo-nos felizes por não termos colocado entraves à obra do Senhor, limitando o número de crianças. Deus gosta de multiplicações!
Mais tarde vim a saber que naquele mesmo domingo, no encerramento do VIII Encontro Mundial das Famílias em Filadélfia, no qual estiveram presentes mais de um milhão de fiéis, o Papa Francisco dizia: "A ação de Deus no nosso mundo ultrapassa a burocracia, o oficial e os círculos restritos. Deus quer que todos os seus filhos tomem parte na festa do Evangelho.”
Que as Famílias de Caná sejam a ilustração viva das palavras inspiradas do nosso Pastor! Ámen.