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Brincando aos manos

por Teresa Power, em 23.03.14

Os meus filhos mais novos gostam muito de brincar aos pais e às mães. O António é o filho, a Lúcia a mãe, o David o pai, e vão trocando papéis até todos estarem felizes na sua função. Mas ontem dei com eles a brincar de forma diferente: estavam a brincar aos manos.

- Olá mana! - Dizia o António.

- Olá mano! - Respondia a Lúcia.

- Vamos dar um passeio, mana? - Perguntava o António.

- Vamos, mano! - Respondia a Lúcia.

Fiquei a observá-los durante uns instantes. Depois não resisti:

- A que é que vocês os dois estão a brincar?

- Aos manos! - Foi a resposta.

- Mas vocês são mesmo manos!

- Pois, mas agora estamos a brincar aos manos. É diferente - Explicaram.

 

Fiquei a pensar na utilidade de tal brincadeira.

Também nós, cristãos, somos todos irmãos. A nossa oração distintiva diz assim: "Pai Nosso..." No entanto, quantas vezes nos lembramos de que somos, de facto, irmãos? Se nos lembrássemos disso mais vezes, haveria tanta gente a morrer de fome no mundo?

 

Timothy Tadcliffe, um autor que muito admiro, escreveu assim a propósito do baptismo:

 

"Muitas vezes, os pais preferem um baptismo privado, em família. Mas isto é um pouco estranho, já que no baptismo a criança é entregue à família mais alargada do amor ilimitado de Cristo. E por isso, faz mais sentido realizar-se o baptismo no dia de reunião de assembleia paroquial e, até, que haja muitos bebés diferentes a serem baptizados ao mesmo tempo, rodeados dos seus novos irmãos e irmãs em Cristo, o primeiro e mais importante título de cada cristão." (Imersos na Vida de Deus, página 64)

 

E Bento XVI escreveu, quando ainda era cardeal:

 

"A Eucaristia não é um assunto privado no círculo de amigos que constituem um clube de pessoas com as mesmas afinidades, em que todas se buscam reciprocamente. Pelo contrário, do mesmo modo que o Senhor Se submeteu publicamente à cruz, fora das muralhas da cidade, à vista de todo o mundo, e do mesmo modo que as suas mãos se estenderam de tal forma que abraçam a todos, assim também a celebração da Eucaristia significa uma assembleia pública de culto de todos os convocados pelo Senhor, a Quem é indiferente quem são os que a compõem. Os homens de qualquer partido, de qualquer posição ou de qualquer ideologia são congregados no momento culminante da sua palavra e do seu amor." (Homilia para a festa do Corpo de Deus, 25-5-78)

 

Enquanto os cristãos de todas as confissões e com diferentes visões da Igreja não viverem como irmãos, partindo um só Pão, o mundo não vai acreditar no nome de Jesus. Foi Ele quem o disse:

 

"Que eles sejam um, para que o mundo acredite que Tu, ó Pai, Me enviaste." (Jo 17, 21)

 

Aos domingos, na missa, somos tratados por "irmãos" e tratamos os estranhos que se sentam ao nosso lado por "irmãos" também: 

"Confesso a Deus, Todo Poderoso, e a vós, irmãos..."

"Orai, irmãos, para que este sacrifício seja aceite..."

 

Pelo baptismo, somos irmãos de Jesus e irmãos uns dos outros. A missa é uma bela ocasião para "brincar aos manos", treinando em oração o grande jogo da vida!

 

                           (Festa da Palavra, novembro 2012)

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publicado às 08:07




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