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Somos uma família católica, abençoada com seis filhos na Terra e um no Céu. Procuramos viver a fé com simplicidade e generosidade. Queremos partilhar com outras famílias a alegria de sermos Igreja Doméstica na grande família da Igreja Católica.
- Niall, acabei de ler uma história fascinante de um casal de santos.
- É do novo livro?
- Sim, do livro que os nossos amigos nos enviaram por correio: Esposos e Santos. Posso contar-te?
- Agora? Não pode ser depois de eu lavar a louça?
- Não. Depois de lavares a louça tens de ir limpar a garagem, que os gatos portaram-se mal, e arrumar os brinquedos do jardim, que esta noite vai chover. E eu tenho de ir passar a ferro e fazer um teste para o nono ano.
- Bem, então conta lá!
Giovanni Gheddo e Rosetta Franzi, que se casaram em 1928, viveram uma vida comum, de esposos e pais, em Itália. Rosetta morreu de parto com 32 anos, deixando três filhos pequeninos, e Giovanni morreu durante a Segunda Guerra Mundial, num acto de heroísmo caridoso, ao oferecer-se para tomar o lugar de um colega condenado.
Em tão pouco tempo de vida em conjunto - seis anos -, como puderam Giovanni e Rosetta alcançar a santidade, que lhes é reconhecida por todos quantos com eles conviveram?
Ambos pertenciam à Acção Católica e ambos trabalharam activamente na sua paróquia e na sua aldeia. O seu curto namoro foi vivido num clima de pureza e simplicidade invulgares. Depois de casarem, iam todos os dias juntos à primeira missa da manhã; e ao serão, rezavam o terço com os filhos e faziam a sua leitura espiritual. Os pobres e infelizes tinham lugar privilegiado nas suas atenções, e são muitas as histórias que as pessoas da aldeia contam sobre isso!
- Niall, o que eu te queria dizer sobre este casal é... Bem, era uma nota de esperança para ti!
- Não te estou a entender.
- Bem, vou ler-te um bocadinho do texto, escrito pelo seu filho sacerdote:
"Giovanni, desenhador técnico, durante o dia trabalhava muito, visitando as quintas e as aldeias vizinhas de bicicleta, mas de manhã acordava-nos às cinco e meia para nos levar à primeira missa na paróquia, que era às seis. E às sete, começava o seu trabalho nas quintas. Nós, os dois mais velhos, ajudavamos à missa, e o Mário ficava com o pai no coro, atrás do altar. Uma recordação maravilhosa daquelas missas de madrugada é que eu fora incumbido pelo pai, se ele não aparecesse, de ir ao coro chamá-lo para a comunhão, pois às vezes, ele adormecia! Vinha imediatamente e, depois da missa, ia a sacristia, pedir desculpa ao sacerdote."
O Niall riu-se, e eu pisquei-lhe o olho.
- Vês, Teresa, não sou só eu que adormeço a rezar! - Disse-me, divertido.
Na verdade, de vez em quando o Niall adormece enquanto rezamos o terço em família, pois tal como Giovanni, também trabalha muitas horas e viaja muito. O cansaço, por vezes, é mais forte... A partir de agora, ele já sabe quem invocar quando todos o atacarmos por se deixar adormecer!
Com demasiada frequência, acusamos as circunstâncias da vida moderna de não nos permitirem uma oração familiar digna do nosso nome de cristãos. O trabalho, as viagens, os horários, as actividades dos filhos, o cansaço e o direito legítimo ao descanso, tudo nos parece desculpa suficiente para não procurarmos, criativamente, formas de nos aproximarmos de Deus em família. É por isso que nos faz bem conhecer os exemplos de santidade do passado mais recente, em que o amor maior tudo tornava possível! E mesmo que passemos pelo sono durante a oração, vencidos pelo cansaço, saibamos que
"aos seus amigos, Deus dá o pão até durante o sono..." (Sl 127/126)