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Somos uma família católica, abençoada com seis filhos na Terra e um no Céu. Procuramos viver a fé com simplicidade e generosidade. Queremos partilhar com outras famílias a alegria de sermos Igreja Doméstica na grande família da Igreja Católica.
A Via Sacra de Natal levou-nos a percorrer o caminho que os pastorinhos faziam, todos os dias, descalços, entre as suas casas e a Cova da Iria, os Valinhos ou a Loca. As crianças, alegres, lembravam-me esses mesmos pastorinhos, cabriolando pelos campos e apanhando flores, ao som das nossas Avé-Marias:
E enquanto brincavam, faziam amigos:
Vejam por exemplo a cara de felicidade da Helena, ao fundo, caminhando com uma filha aos gritos atravessada nos braços!
Ou imaginem a correria por estas rochas brancas, acima e abaixo, como cabritos monteses!
Os jovens também seguiam em grupo, fazendo amigos enquanto rezavam afincadamente:
E de repente, deixei de saber onde estavam os meus filhos! Calculem que até deixei de saber com quem seguia a Sara, de apenas dois anos, pois tão depressa a via empurrada na cadeirinha pelo paciente João Teles, como às cavalitas da Lilian, como ao colo da Raquel, que com oito anos, insistia em cuidar da minha filha...
Lembrei-me então da caravana da Sagrada Família, entre Nazaré e Jerusalém, todos os anos pela Páscoa:
"Os pais de Jesus iam todos os anos a Jerusalém, pela festa da Páscoa. Quando ele fez doze anos, subiram até lá, segundo o costume da festa. Terminados esses dias, regressaram a casa e o Menino ficou em Jerusalém, sem que os pais o soubessem. Pensando que Ele se encontrava na caravana, fizeram um dia de viagem e começaram a procurá-lo entre os parentes e conhecidos..." (Lc 2, 41-44)
Nunca entendi muito bem como podiam Maria e José ter perdido Jesus. Com seis filhos, como eu, ainda vá que não vá, mas com um?... Maria nem sequer precisava de "fazer a contagem", gesto que eu repito várias vezes por dia, em ocasiões festivas! O que se teria passado?
Em Fátima, no Caminho dos Pastorinhos, entendi. Maria e José viajavam no meio de amigos! Jesus fazia parte de uma grande família - a tribo, a aldeia inteira. Este conceito de família alargada era tão forte na altura, que os judeus usavam a mesma palavra para referir "irmãos" ou "primos". Todos se sentiam unidos pelos laços tribais. E como geralmente as famílias eram muito numerosas, as caravanas deviam ser fenomenais! Se a nossa em Fátima já foi interessante, imaginem as de então...
Assim, Jesus caminharia com os jovens da sua idade, e os seus pais não tinham com que se preocupar. Ele havia de chegar, e chegar bem!
Em Fátima, dei graças a Deus por estas caravanas de amizade, onde os nossos filhos são também filhos de todos, onde cada um cuida dos seus sem esquecer os dos outros. Que alegria, quando as famílias podem confiar nos amigos, certos de que, juntos, havemos de chegar à meta! As nossas tribos são mais latas que as dos judeus, pois podem estender-se a todos os homens e mulheres de boa vontade, de qualquer raça, cor, nação ou religião...
Rezo hoje insistentemente por aqueles que caminham sem nenhuma caravana, segurando os filhos pela mão com medo que se magoem pelo caminho. Rezo para que as nossas Famílias de Caná cresçam em Aldeias, onde os filhos dos outros são meus filhos também, e onde nos podemos perder sem medo, porque à frente ou atrás, à direita ou à esquerda, está um colo, um abraço, uma mão amiga... Ámen!