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Com o dedo na areia

por Teresa Power, em 29.02.16

Grande agitação na minha turma do Curso Vocacional.

- Meninos, por favor, sentem-se! Mas que se passa? O que aconteceu?

- Foi a J. Ela colocou umas fotos no Facebook sobre uns assuntos que já se espalharam por todo o lado.

J. chora a um canto.

- Pronto, meninos, párem com essa conversa. De certeza de que J. já está arrependida do que fez. Vamos esquecer!

- Esquecer como, professora? Todo o mundo pode ver! A professora não sabe que já não dá para apagar? O que está online está online!

- Sim, e não adianta ela dizer que não é verdade, porque todos o podemos provar!

- E agora está cheia de problemas, e por isso é que está a chorar. Se desse para voltar atrás...

A conversa prolonga-se por toda a aula, sem que eu tenha a capacidade (ou o jeito) para a interromper e para ensinar algum Inglês. J. sai para apanhar um pouco de ar, e regressa com grande tristeza. Uns choram com ela, outros riem, outros encolhem os ombros, outros lançam mais achas para a fogueira.

 

J. precisa de aprender a lidar com a internet, e creio que o susto que apanhou lhe servirá de lição, a ela e aos colegas. Mas as novas gerações, que vivem no mundo real e no mundo virtual quase indistintamente, que assistem aos grandes "reality shows" modernos e que se comprazem na descoberta dos pecados alheios também precisam de aprender algo sobre o perdão.

Lembro-me da história do Evangelho, em que uma mulher, apanhada em flagrante delito de adultério, é conduzida à presença de Jesus. O evangelista recorda um pormenor curioso, aparentemente sem qualquer importância:

 

"Jesus, inclinando-se para o chão, pôs-se a escrever com o dedo na terra." (Jo 8, 6)

 

É difícil, hoje, um jovem recuperar de um pecado grave passado, pois a internet e os telemóveis não perdoam, e no espaço virtual não há absolvição. Deus, pelo contrário, não coloca os nossos pecados online, não os revela ao mundo inteiro num grande Big Brother televisivo, nem os escreve na pedra ou no bronze: inclinando-Se para o chão, Deus escreve os nossos pecados sobre a areia... E uma única onda do seu amor misericordioso apaga-os de uma vez.

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publicado às 06:00


2 comentários

De Bruxa Mimi a 29.02.2016 às 07:04

Lindo, Teresa! Obrigada.

De rita teles a 29.02.2016 às 15:19

Boa tarde,

no mundo virtual não há senão o mundo real!!! e tal como dantes, nas aldeias, jamais se esquecia quem fazia o quê, ou em que o estigma da origem perseguia os malnascidos ", continuamos, a despeito de tanta tecnologia, a repetir os mesmos erros.
Um espaço diferente, um suporte diferente, a mesma insensatez em expormos-nos, a mesma crueldade em perpetuar o erro, até ao ponto em que se confunda o sujeito com o erro...
Que a menina se tranquilize, mesmo que existam cópias, alguém terá de se lembrar delas para que venham à superfície, tal como as histórias. Que este incidente possa ser um ponto de viragem, para uma mudança substantiva, de vida, claro!
Que a Nossa Mãe Maria Santíssima guie esta pequena!



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