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Como um amigo com o seu amigo

por Teresa Power, em 14.12.15

Foi há cinco ou seis anos atrás, não me lembro bem. No Colégio, iria haver uma vigília de oração, e o Francisco, acompanhado pelo Niall, iria participar pela primeira vez, enquanto eu ficava em casa com os outros meninos.

Passava das onze da noite quando o Niall e o Francisco chegaram a casa. Vinham contentes, mas cansados.

- Então, Francisco, rezaste muito? - Perguntei, enquanto lhe aquecia um copo de leite achocolatado.

- Nem por isso - Respondeu-me.

Fiquei confusa:

- Como assim, nem por isso? Então estiveste mais de duas horas numa vigília de oração, e não rezaste muito?

O Francisco suspirou, e respondeu com simplicidade e sem qualquer malícia:

- Mamã, eu explico: a vigília foi muito bonita, mas havia tanto para ler, tanto para dizer, que não sobrava tempo para falar com Jesus!

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Quando perguntaram a Santa Teresinha como gastava ela o seu tempo de oração, Santa Teresinha respondeu: "Excetuando o Ofício Divino, não tenho ânimo para procurar nos livros belas orações. Isso cansa-me a cabeça, pois são tantas, e cada uma mais bonita do que a outra! Não poderia recitá-las todas e, não sabendo qual delas escolher, faço como as crianças que não sabem ler. Digo simplesmente a Jesus o que Lhe quero dizer, sem procurar belas frases, e Ele sempre me entende."

Faz-me pensar em Moisés, o maior dos profetas, exaltado pela Bíblia como nenhum outro, e porquê? Diz o Livro do Êxodo:

 

"Moisés falava com Deus face a face, como um amigo com o seu amigo." (Ex 33, 11)

 

DSC04975.JPG

O Menino de Belém é o rosto mais perfeito da ternura e da simplicidade. Diante de um recém-nascido, todos os nossos pensamentos elevados se derretem como cera, e as palavras complicadas ficam desconfortáveis. Quantas palavras tolas, quantas canções trauteadas improvisamos nós quando temos o nosso bebé ao colo?

Rezar em família ou rezar em grupo não precisa de ser complicado, nem precisa de nos pôr nervosos, tímidos ou aflitos, como tantas vezes acontece. Diante do Senhor que nos reúne, podemos meditar, lendo a Bíblia, o Catecismo, os escritos dos santos. A Via Stellae é uma proposta de meditação que vos ofereço neste tempo de Advento e Natal, e os meus livros Os Mistérios da Fé contêm meditações curtas baseadas na Palavra de Deus para todas as épocas litúrgicas, podendo ser trabalhadas individualmente, em família ou em grupo.

Mas depois de meditarmos nos mistérios do amor de Deus, encontremos tempo de silêncio, para que todos possam falar com o Senhor como um amigo com o seu amigo, no íntimo do coração, como o Francisco teria gostado de fazer naquela longa vigília. Na família ou em grupos familiares, em que nos sentimos à vontade uns com os outros, estas palavras soltas e breves podem ser partilhadas em voz alta, com simplicidade, entrecortadas por silêncios orantes.

Cá em casa, durante a oração familiar, meditamos na Palavra e nos ensinamentos da Igreja, rezamos algumas - muito poucas - orações vocais, cuidadosamente selecionadas e todas elas bíblicas, como o Shemá e a Consagração à Mãe de Caná, ou as orações do terço. Mas o tempo forte de oração é feito de palavras simples e espontâneas, que agradecem, que intercedem, que louvam, que adoram, que pedem, que exprimem o amor... Como um amigo com o seu amigo.

 

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publicado às 06:00




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