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Somos uma família católica, abençoada com seis filhos na Terra e um no Céu. Procuramos viver a fé com simplicidade e generosidade. Queremos partilhar com outras famílias a alegria de sermos Igreja Doméstica na grande família da Igreja Católica.
1 de abril. Sentados à mesa de jantar, conversamos e rimos alegremente. Os mais pequenos partilham anedotas e inventam mentiras, porque afinal o 1 de abril é o dia das mentiras. De repente, o António desata a chorar.
- Que se passa, António? Estavas tão contente! O que aconteceu agora?
- Todos sabem dizer mentiras menos eeeeeeuu! Eu não sei dizer mentiiiiiiiiras!
E diante de tão grande problema, o António soluça a bom soluçar!
A birra que ontem o António fez à mesa de jantar foi uma excepção a uma regra muito, muito recente: é que há quase uma semana que o António não faz birras! Um record digno do Guiness Book, como concordarão todos os que conhecem as birras do António.
Depois de o ajudar a secar as lágrimas e, já agora, a inventar uma pequena mentira para contar aos irmãos, decidi elogiá-lo diante de todos:
- Já viram, filhos? O António porta-se agora sempre tão bem! Por isso tem oferecido tantas flores a Jesus. Que maravilha!
- A mamã ensinou-me - explicou o António, escondendo a cara na minha camisola, cheio de vergonha - e eu aprendi! Já tenho quatro anos...
No belíssimo capítulo 13 da sua Primeira Carta aos Coríntios, S. Paulo diz assim:
"Quando eu era criança, falava como criança, raciocinava como criança, pensava como criança; mas quando me tornei homem, abandonei as coisas de criança." (1Cor 13, 11)
Uma afirmação tão óbvia, e no entanto... Quantas vezes me comporto como uma criança birrenta com a minha família ou até no meu trabalho? Quantas vezes causo problemas em casa com atitudes semelhantes às do António?
Há uns anos, discuti com o Niall à mesa, porque o arroz que ele fizera tinha demasiada água. Ele respondeu-me que o meu era demasiado seco, e eu resmunguei qualquer coisa de volta. E assim continuámos durante um bom bocado. Enquanto discutíamos, os nossos filhos olhavam uns para os outros, perplexos. Por fim, desataram a rir.
- Querem que nós decidamos quem faz melhor o arroz? - Perguntou o Francisco, divertido.
Olhámos um para o outro e apercebemo-nos do ridículo da situação. Decidimos rir também. Ainda hoje, quando nos vêem discutir, o Francisco e a Clarinha aproximam-se sorrateiramente e dizem num tom provocador:
- É por causa do arroz?
Crescer é deixar para trás as birras infantis. Os nossos primeiros anos de casados estavam recheados deste tipo de discussões, altamente desgastantes e perfeitamente ridículas. Hoje rimo-nos a bom rir daquilo que há alguns anos nos enervava tanto. E perguntamo-nos onde encontrávamos nós o tempo e a energia para discutir assim! Crescemos. Como o António. Mas como ele, ainda temos muito para crescer!
Naquela mesma carta, S. Paulo conta-nos o segredo para podermos vencer as nossas birras e crescer até à estatura de filhos de Deus:
"O amor é paciente, o amor é bondoso, o amor não é invejoso, não é orgulhoso, não se envaidece, não é descortês, não é interesseiro, não se irrita, não guarda rancor, não se alegra com a injustiça, mas rejubila com a verdade. Tudo desculpa, tudo crê, tudo espera, tudo suporta. No presente permanecem estas três coisas: fé, esperança e amor. Mas a maior delas é o amor." (1Cor 13, 4-7.13)