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Somos uma família católica, abençoada com seis filhos na Terra e um no Céu. Procuramos viver a fé com simplicidade e generosidade. Queremos partilhar com outras famílias a alegria de sermos Igreja Doméstica na grande família da Igreja Católica.
Com a nossa crescente participação em encontros e retiros fora da nossa paróquia, graças às Famílias de Caná, nem sempre participamos na missa paroquial de Mogofores, aos domingos. E como somos oito, incluindo algumas crianças traquinas, a nossa ausência faz-se logo notar! A missa, imagino eu, decorre com mais calma, e as pessoas suspiram de alívio.
Ou não... Foi com surpresa que outro dia escutei a pergunta de uma simpática paroquiana:
- Os meninos estiveram doentes? Sentimos tanto a falta deles no domingo passado!
Bem, não foi apenas surpresa: foi um justo orgulho de pertencer a uma comunidade que acolhe as crianças e se alegra com a sua presença.
É sempre com estranheza que eu recebo os olhares indignados dos paroquianos que se ofendem com a agitação dos meus bebés, e mais ainda, dos celebrantes que se mostram, pelas atitudes e pelas palavras, incomodados com a presença dos mais novos. Que enorme contradição! A Igreja assume-se definitivamente pró-vida e recusa a contraceção (a nova exortação pastoral do Papa Francisco mantém a clareza absoluta sobre o tema). Como pode então algum católico sentir-se incomodado, na missa, com o fruto de um matrimónio fecundo? Como pode um sacerdote defender a vida e, simultaneamente, afastá-la do interior das suas igrejas? Hoje, como ontem, Jesus repete aos seus Apóstolos e a todos os seus discípulos:
"Deixai vir a Mim as criancinhas, não as impeçais" (Mt 19, 14)
É para mim uma honra enorme pertencer a uma comunidade capaz de acolher os mais novos. Ao longo da Eucaristia, multiplicam-se os sorrisos serenos nos rostos dos paroquianos perante as traquinices controladas dos pequeninos, ou perante a cena ternurenta do bebé que recebe o batismo. Como é natural, esta capacidade de acolhimento tem a sua origem no pastor particular que o Senhor nos concedeu, o nosso pároco. Em vez de se irritar, ele alegra-se com a presença dos pequeninos, parecendo estranhar quando há pouco barulho:
- Hoje a missa esteve muito silenciosa. Que pena que os pais com filhos pequenos não tenham vindo louvar o Senhor!
Ou:
- Hoje, graças a Deus, a nossa missa foi um bocadinho barulhenta. É sinal de que estava cheia de crianças!
Claro que levar as crianças à missa não significa deixá-las fazer tudo o que quiserem, ou permitir que estejam na missa como no parque. Se as levamos à Eucaristia, não é porque não tenhamos com quem as deixar, mas porque queremos que elas recebam todas as graças que jorram da cruz de Jesus. É um direito que as assiste, como batizados, como filhos queridos de Deus. A graça, para ser recebida, precisa de encontrar terreno fértil, nas crianças como nos adultos. Assim, é preciso que desde muito pequenina, a criança pressinta o mistério da Eucaristia e se deixe maravilhar.
(Reconhecem a família que ontem nos veio visitar? Com que serenidade os três meninos participaram da Eucaristia...)
Que pena, quando durante a Eucaristia desperdiçamos oportunidades de conduzir os nossos filhos a Deus, preferindo, para os distrair, passar o tempo a encorajar as suas brincadeiras, a oferecer-lhes brinquedos pouco apropriados, a rir das suas palhaçadas ou a empanturrá-los com bolachas e rebuçados, uns atrás dos outros! Quantos batismos celebrados na eucaristia dominical giram em torno da interação pais-filho, com os pais e padrinhos a procurar tirar o maior número de fotografias possível durante a cerimónia, completamente obliviados da grandeza do mistério que celebram!
Pelo contrário, quando as crianças se apercebem de que, na Eucaristia, o pai e a mãe não estão centrados neles, mas em Deus; não conversam com eles, mas com Deus; não os adoram a eles, mas a Deus - então também eles, como pequenos girassóis, irão aprender a voltar-se para o divino sol.
Os nossos filhos vão à missa desde o seu nascimento. Por princípio - há exceções - vamos sempre juntos em família, pois a Eucaristia é o centro e o cume da nossa vida familiar. Quando estão particularmente irrequietos, o pai leva-os lá fora durante a homilia, para que não incomodem ninguém. Mas durante o resto do tempo, procuramos que também eles se centrem no mistério de Deus - ao seu nível, claro! Esta aprendizagem do mistério começa ainda em casa, uma hora antes da eucaristia, quando escolhemos a roupa de festa para a ocasião especial do encontro com o Senhor. Depois, ao entrar na igreja, é preciso que saibam fazer uma genuflexão e o sinal da cruz. Do alto dos seus três aninhos, a Sara é exímia nestes gestos! Finalmente, ao longo de toda a Eucaristia é preciso ir falando ao ouvido dos mais pequeninos: "Ouves as canções? É para louvar o Senhor! Sim, agora podes bater palmas!" "Shiu, é preciso escutar porque é a Palavra do Senhor. Faz silêncio... Como fazemos em casa quando lemos as leituras!" "Olha, agora é mesmo Jesus que vai ficar entre nós, no pão e no vinho..."
Alguns domingos são pacíficos, outros são um verdadeiro teste à nossa paciência e resistência. Assistir a uma birra sem poder dar um grito ou sem poder castigar é uma autêntica tortura (pelo menos para nós, pais imperfeitos)! Que alívio, quando o amigo simpático decide ajudar, distraindo como pode o nosso filho, ou quando o paroquiano sentado a nosso lado finge que não se sente minimamente incomodado!
Ora reparem no filhote mais pequenino da Carla, que só se calou quando a mãe o deixou subir os degraus e correr para o colo da irmã acólita... Ninguém na assembleia perdeu a concentração ou pareceu sequer reparar, para além de um ou outro sorriso; nem sequer a Matilde, a doce mana do Miguel, ficou perturbada... Bem, acho que só a Carla ficou aflita!
Para mim é uma enorme alegria poder levar os meninos a Jesus, como Ele nos pediu. Não os privaria da graça da Eucaristia por nada deste mundo! "Mas, Teresa, eles não entendem a missa!" Eu também não... Porque se eu entendesse alguma coisa deste amor louco do Senhor, que por mim se faz pão, que por mim se entrega, que por mim morre na cruz, que por mim ressuscita, que por mim ficou na Terra até ao fim dos tempos, há muito que me teria santificado.