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De olhos vendados

por Teresa Power, em 25.11.14

"Abraão! Abraão! Deixa a tua terra, a tua família e a casa do teu pai, e vai para a terra que Eu te indicar." (Gn 12, 1)

 

O chamamento de Abraão é a primeira narrativa histórica do Livro do Génesis. Para trás, ficam os contos e as parábolas sobre a Criação do mundo. Abraão é o primeiro homem histórico de que temos registo capaz de escutar a voz única e inconfundível do Criador, e de Lhe responder "Sim".

 

- Mas Abraão via Deus? - Queriam saber os mais pequeninos, na sala da Lúcia, na catequese.

- Não, não via, apenas ouvia. Era uma voz paternal, forte, profunda, que Abraão ouvia com os ouvidos do coração...

- Ah! E ele obedeceu a Deus?

- Sim. Abraão obedeceu, seguindo a voz que ouvia, mesmo sem ver. Vou mostrar-vos como foi!

E o catequista da Lúcia chamou uma menina, vendou-lhe os olhos e começou a dar-lhe instruções:

- Para a direita! Agora em frente... Dois passos... Isso. Para a esquerda... Boa! Agora podes sentar-te... Ena, acertaste! Tira a venda: estás sentada na minha cadeira!

A Lúcia regressou a casa eufórica com este jogo tão simples.

- Vês, mãe, já sei como é obedecer a Deus! É como jogar à cabra-cega!

cabra-cega.JPG

 Fiquei a pensar nas palavras da Lúcia. Como ela tem razão! A vida assemelha-se tantas vezes a um caminho que percorremos de olhos vendados, totalmente incapazes de vislumbrar o que fica para além da próxima colina ou da curva seguinte... De olhos vendados, sem GPS e sem trilhos marcados, resta-nos apurar os nossos ouvidos interiores e escutar.

 

- Nós temos bem mais sorte do que Abraão - Expliquei eu aos meus catequisandos, mais velhos que a Lúcia.

- E porquê?

- Porque temos mais formas de escutar a voz de Deus...

- Claro! Temos a Bíblia!

- Sim, temos a Bíblia. Milhões e milhões de Palavras de Deus, que podemos escutar sempre que quisermos! Além disso, temos a Igreja, que se esforça por estar atenta ao Senhor, traduzindo a sua Palavra para cada geração. Precisamos de estudar o Catecismo! Se lermos as cartas papais, se lermos as suas catequeses semanais e homilias diárias, por exemplo no site do vaticano, não nos vamos perder no caminho. Naturalmente que, sem a oração pessoal, nenhuma destas palavras, da Bíblia ou do Papa, farão caminho dentro de nós...

 

Oração pessoal, meditação da Bíblia, Catecismo da Igreja Católica: três formas de escutar a voz de Deus! Depois, é preciso abandonar a nossa terra, a nossa zona de conforto, o nosso pecado, os nossos sonhos, os nossos projectos pessoais, e lançarmo-nos à estrada. De olhos vendados, mas de coração atento, saibamos imitar o nosso pai na fé, Abraão, e como ele, montar a nossa tenda no Coração do Senhor...

 

 

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publicado às 06:35


4 comentários

De Marisa a 25.11.2014 às 08:12

Realmente, há alturas em que sentimos que estamos de olhos fechados. Ou que nos vendaram os olhos. Neste momento não consigo perceber nem visualizar o futuro, o que me espera, o que Deus pretende de mim.
Obrigado Teresa por hoje me dizer que não sou a unica a seguir de olhos fechados. Alias pensando bem, parece que esta é a forma que Deus mais utiliza. Para que possamos confiar apenas nele. E só nele.
Obrigado
beijinhos

De Joana Morais da Rocha a 25.11.2014 às 13:16

É verdade e é tão bom! E a nossa intuição? Costumo dizer que a intuição é Deus manifestado em nós. Faço sempre por segui-la, sei que quando não a sigo dá asneira. Mas é preciso esvaziarmos-nos para que a possamos ouvir, para que O possamos ouvir em nós.
Um beijo
Joana

De Teresa Power a 25.11.2014 às 14:42

Sim, Joana, é preciso identificar a nossa vontade totalmente com a de Deus, para que a nossa vontade não nos engane! Ab

De Anónimo a 25.11.2014 às 18:01

É preciso também cuidarmos uns dos outros:
"...afirmar a dignidade da pessoa
significa reconhecer a preciosidade da vida humana, que nos é dada gratuitamente não podendo, por conseguinte, ser objecto de troca ou de comércio. Na vossa vocação de parlamentares, sois chamados também a uma grande missão, ainda que possa parecer não lucrativa: cuidar da
fragilidade, da fragilidade dos povos e das pessoas. Cuidar da fragilidade quer dizer força e ternura, luta e fecundidade no meio dum modelo funcionalista e individualista que conduz inexoravelmente à «cultura do descarte». Cuidar da fragilidade das pessoas e dos povos significa guardar a memória e a esperança; significa assumir o presente na sua situação mais marginal e angustiante e ser capaz de ungi-lo de dignidade." (O papa hoje em Estrasburgo)

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