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Somos uma família católica, abençoada com seis filhos na Terra e um no Céu. Procuramos viver a fé com simplicidade e generosidade. Queremos partilhar com outras famílias a alegria de sermos Igreja Doméstica na grande família da Igreja Católica.
No domingo passado entrámos em cheio na maior semana dos cristãos, a mais bela, a mais santa, a mais solene e a mais misteriosa: a Semana Santa.
Para nós, foi uma entrada um pouco abrupta! Eu explico: acordámos de manhã com os saltos da Sara e do António sobre nós. Queriam entrar na nossa cama para um miminho. Acedemos e deixámo-nos ficar ainda mais um pouco, sem pressas, porque era bastante cedo (pensávamos nós...). Por fim, o Niall levantou-se para fazer as famosas panquecas, mas desistiu, porque não tinha farinha suficiente.
- Vou comprar pão. Vai levantando os meninos! - Disse-me, enquanto pegava nas chaves do carro para sair. Eu fui dar o pequeno-almoço à Sara e ao António, com muita calma, e deixei os outros dormir mais um pouco. Alguns minutos mais tarde, o Niall entrou em casa a gritar:
- Despachem-se! Teresa, larga tudo e vai para a igreja, que já devem estar à tua espera para a música! Corram!
- Calma, Niall, são oito e um quarto, temos tempo!
- Não são nada! A hora mudou, e já são nove e um quarto! Ouvi no rádio!
É o que faz não ver televisão! A missa de Domingo de Ramos começa às nove e meia com a bênção dos ramos...
Poupo-vos os pormenores dos dez minutos seguintes, com crianças a saltar das camas, estremunhadas, meninas a sair de casa sem se pentearem (só dei conta a meio da missa...), meninos a comer o pão pelo caminho.
- Ai o meu ramo! Não me posso esquecer do meu ramo!
- E eu queria levar um vestido!
- Não há tempo de escolher vestidos. Depressa, todos para o carro!
- Quero fazer chichi!
- E eu! E eu!
- Sim, Sara, e tu. Carro!
Às nove e meia em ponto, estávamos em frente da pequena igreja paroquial, onde se daria início à belíssima festa dos ramos. O David, todo orgulhoso, segurava a caldeirinha da água benta, ao lado do senhor padre. Respirei fundo, e procurei no meu coração a tranquilidade necessária para o que se iria seguir, pois apesar da minha confusão horária,
"Chegou a hora de se revelar a glória do Filho do Homem."
(Jo 12, 23)
Conseguem identificar o meu pequeno acólito?
Ao som de cânticos e ao ritmo da oração, fizemos uma pequena procissão entre a igreja paroquial e o santuário. Por fim, e com grande alegria, entrámos no santuário, proclamando a realeza de Jesus, como já o profeta Zacarias profetizara tantos séculos antes:
"Exulta de alegria, filha de Sião!
Solta brados de júbilo, filha de Jerusalém!
Eis que o teu rei vem a ti;
Ele é justo e vitorioso;
vem, montado num jumentinho, filho de uma jumenta!"
(Zc 9, 9)
Dentro da igreja, de ramos levantados em aclamação, cantámos e tornámos a cantar: "Deus é Rei!"
Obedecendo às palavras de Jesus, que gostava das crianças à sua volta e não admitia que as afastassem, na nossa paróquia os mais pequeninos sentem-se em casa e vão passeando pelos bancos e pelas coxias laterais, felizes. No domingo estavam especialmente contentes, de ramos na mão!
Pouco a pouco, a alegria dos ramos vai cedendo lugar ao mistério da Paixão, tal como aconteceu naquela primeira semana santa da História. A longa proclamação do Evangelho, relatando passo a passo a entrega de Jesus por nós, cai pesada no nosso coração silencioso. A solenidade destes dias instala-se, e toda a liturgia se adensa. Somos convidados a estar lá, em Jerusalém, no Templo escutando Jesus, no Jardim das Oliveiras fazendo-Lhe companhia, no Caminho da Cruz ao lado de Maria, Verónica e João, diante da sua imensa Cruz, a seu lado na nossa talvez, como o Bom Ladrão.
Jesus morreu por nós, e graças à liturgia, nós podemos estar junto d'Ele, sem barreiras de tempo e de espaço, no preciso momento em que Jesus nos dá a sua Vida. Na missa, todos os dias, mas com maior solenidade nestes dias santos, a Páscoa acontece aqui e agora. Nunca poderemos agradecer suficientemente ao Senhor a graça da Eucaristia!
Feliz Semana Santa para todos vós, queridos leitores! E se ainda não se deram conta de que "a hora chegou" e a Semana Santa está aqui, façam como nós: "saltem da cama" e apressem-se a correr ao encontro do Senhor...